Panhard 24: O Arrojo faz a diferença. Lançado há 60 anos
Uma das mais tradicionais e afamadas fábrica francesa de automóveis nasceu da união dos talentos de René Panhard e Émile Levassor. Panhard começou as atividades industriais em 1866 e fez sociedade com Levassor em 1890 fundando a Panhard & Levassor . O primeiro automóvel circulou em 1891 com motor Daimler de dois cilindros em V. Porém um especialista em patentes conseguiu registrar o motor na França. Com este modelo, Levassor fez uma viagem de 250 quilômetros. Levou três dias pois o veículo não passava de 10 km/l. Contudo foi uma feito notável para a época.
Antes da Primeira guerra mundial, em 1914, a Panhard era o primeiro construtor francês. E famoso também por seus veículos militares muito eficientes, destacando um automóvel transformado que transportava uma metralhadora pesada. E também por soluções mecânicas que foram adotadas em vários automóveis do mundo. Foram os primeiros a montar um motor dianteiro com tração traseira e com grade para proteger o propulsor de pedras, poeira, etc…
Após a primeira guerra, ousou lançando o modelo “panorâmico” 6CS em 1934. Tratava-se de um carro com linhas muito aerodinâmicas, linhas curvas, quatro portas e ótima visibilidade. E fez sucesso como carro de família. Em 1935, Hippolyte Panhard, filho do fundador foi um dos pioneiros em se preocupar com os carros antigos e fundou um clube para cadastra-los e reuni-los.Após a Segunda Guerra, a empresa especializou-se em carros de pequeno porte como o Dyna de linhas pouco ortodoxas. Era popular e acessível. E várias montadoras francesas famosas deixaram de existir. Foram as Talbot, Hotchkiss, Delahaye, Voisin, Dion-Bouton e Bugatti. E todas fizeram carros de destaque.
Na década de 50 os modelos principais eram o Dyna Junior, um tanto feio e o Dyna Z que também se destacava no trânsito pelas suas linhas curvas e também distintas. Eram carros com carroceria pouco convencionais. E se inspiravam bastante na aerodinâmica dos aviões. Alguns causavam estranheza aos olhos mais convencionais. Os modelos Junior, dentro de suas categorias, obtiveram vitórias nas 24 Horas de Le Mans em 1951, 52 e 53. Em 1955 a Panhard foi encampada pela Citroën. E já estavam com planos de lançar um carro de caráter esportivo com a marca Panhard.
Em 1963 era lançado o modelo Panhard PL 24. Este número era em homenagem as glórias conquistadas em Le Mans. Era um três volumes, com 4,26 metros de comprimento, estrutura monobloco, cupê e suas colunas muito estreitas permitiam ótima visibilidade. Na frente faróis redondos duplos carenados que serviram de inspiração na reestilização do DS em 1967. E este carro tinha um “ar” Citroën. Era um carro bonito, de estilo bem diferente e atraente. Visava um público jovem. Um dos seus concorrentes eram o Auto Union 1000 SP que tinha mecânica de três cilindros em linha e motor de dois tempos.
Os para-choques cromados dianteiros e traseiros eram envolventes. Como nos antecessores Z e PL 17, seu estilo era inconfundível. Foi desenhado por Louis Bionier e também, como opção, podia receber carroceria em dois tons. O acesso ao interior era ótimo graças ao tamanho e ao ângulo de abertura das portas.
Por dentro os bancos dianteiros confortáveis tinham longos trilhos. Tinham regulagem em altura e memória mecânica. Movidos toda a frente e reclinados os encostos, juntavam-se ao assento traseiro tornando-se uma cama. Bom para descansar e namorar … era confortável para quatro adultos.
O motor tinha dois cilindros opostos com 848 cm³. Bloco e carter faziam uma só peça. Tinha 48 cavalos. Era alimentado por uma carburador simples da marca Zenith e sua velocidade máxima era de 140 km/h Um pouco mais potente era o 24 CT. Tinha potência de 50 cavalos a 5.750 rpm e taxa de compressão de 8:1 . Seu torque máximo era de 7,75 mkgf a 3.600 rpm. Refrigerado a ar também tinha uma turbina para auxiliar. Era alimentado por uma carburador de corpo duplo da marca Zenith em posição invertida. Sua tração era dianteira, a embreagem monodisco a seco e cambio de quatro marchas sincronizadas. A alavanca era no assoalho. Graças ao perfil da carroceria e do peso de 805 quilos, atingia com facilidade os 150 km/h. Apesar de ser muito confortável em retas e curvas, o motor era barulhento. Um dos poucos aspectos negativos deste automóvel destacável.
Sua suspensão dianteira era independente com molas helicoidais e barras de torção. A traseira tinha eixo rígido e barras de torção. Usava pneus 145 x 380 e tinha ótima estabilidade. Em curvas muito fechadas e velozes, chegava a levantar a roda traseira em até 10 centímetros. Com emoção e muita segurança. Destaque para o painel muito bem equipado. O volante, regulável em altura, tinha bom diâmetro e dois raios. Bem visíveis era os relógios do completo painel com fundo preto. Tinha velocímetro, conta-giros e relógio de horas. Também nível do tanque de combustível e amperímetro.
Um ano depois, o CT recebia o motor Tigre M 8 S que lhe fornecia 60 cavalos. Estava mais veloz e chegava a 160 km/h. E já contava com freios a disco com duas pinças na dianteira e tambor na traseira. Passava a contar com duplo escapamento traseiro.
Em 1965 o modelo CT contava com quatro freios a disco que eram muito eficientes. Interessante que o freio de estacionamento, mecânico, tinha acionamento dianteiro. E contava com pneus 145 x 15. Também tiveram a distancia entre eixos aumentada. Passavam a ter 4,49 metros de comprimento. E estavam mais atraentes.
Em agosto de 1967 a Citroën pôs fim as atividades da Panhard para desgosto de muitos fãs da marca. Foram construídos por volta de 18.000 modelos 24 que até hoje tem muitos admiradores. Em estudos estiveram um conversível e um quatro portas (abaixo).
Chegou a ser exposto um modelo (abaixo) com a frente um pouco mais alongada que recebia o motor do Citroën DS 23. E também uma com motorização Maserati do Citroën SM que tinha 240 cavalos e chegava aos 245 km/h.
Infelizmente não passaram do estágio de protótipos.
E o Panhard PL 24 de Jay Leno. Impecável !
Texto e montagem Francis Castaings. Demais fotos de divulgação. Primeira foto Site Hemmings e foto do carro vermelho Citroën Club Argentina.
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