Holden Panel Van:Lazer na terra do Canguru
Assim como o canguru tem a bolsa para carregar o filhote, uma perua fechada, tipo um furgão, é bom para dois passageiros e cargas. E é um excelente automóvel para trabalho para fazer entregas. Mas na Austrália, país ilha continente, imenso, ele é usado para lazer. E muito apreciado. Aqui no Brasil amavam tanto carro de duas portas… cada país com sua paixão !
A Holden australiana começou suas atividades em 1917 construindo carrocerias para automóveis. Seu fundador era o senhor Edward Wheeldon Holden. Antes disso era especialista em carruagens. Em 1926 a poderosa americana General Motors assumia o controle acionário e passava a construir seus modelos no país.
Em 1948 começou a construir seus próprios modelos com mais independência. Eram fabricados no território de Victoria na cidade de Port Melbourne, ao sul do país.
Já na década de 50 começou a moda. Se não fosse pelas cores, podiam ser confundidos com funerárias. Sempre eram modelos de duas portas fechados nas laterais traseiras baseados nas camionetes. Eram os chamados “Panel Van”.
A série FX foi a primeira. E a série FJ deu sequência. Em 1953 eram lançadas as picapes, a perua com vidros laterais e o furgão “Panel”. As linhas tinham clara inspiração na Chevrolet 3100 de origem americana. Mas eram bem menores. Suas linhas eram muita curvas e seguiam o estilo da década. Na frente tinha faróis circulares com molduras cromadas. Cromado era o que não faltava no carro. A grade imponente tinha um friso central com “dentes”.
Nesta havia o símbolo da fábrica que era um leão dourado com cabeça empinada com a pata direita sobre uma roda. Os retrovisores eram apoiados na coluna do pára-brisas que era dividido por um fino friso. Seu motor era um seis cilindros em linha, arrefecido a água, com 2.150 cm³. A caixa manual tinha três marchas e sua tração era traseira. Sua velocidade máxima era de 151 km/h e chegava aos 100 km/h em 20 segundos.
Por dentro era elegante. O volante de dois raios, à direita. tinha um aro metálico para acionamento da buzina. O painel todo em metal tinha só o grande velocímetro redondo e neste estavam o marcador de temperatura e indicador de nível de combustível. A alavanca de marchas ficava na coluna. No confortável banco inteiriço viajavam três adultos com bom espaço para as pernas. O forro das portas tinha a mesma cor do tecido dos bancos.
Na década de 60 começaram também a ser derivados dos sedãs. E mais apreciados. Eram carros de recreação muito apreciados por surfistas, viajantes e aventureiros. As distâncias neste país são imensas como no nosso.
A série EJ Panel tinha o teto mais elevado. E neste podiam ter claraboias e teto solar. Alguns tinham até janelas laterais. Mas os vidros eram muito escuros ou tinham escotilhas mínimas. Após veio a série EK produzida entre 1961 e 1962.
Os EH começaram a ser produzidos em 1963. O motor era o famoso Chevy Blue Flame Six, ou seja, um seis cilindros Chevrolet com potências que variavam entre 95 cavalos, 100 cavalos com 2.441 cm³ e o mais potente, com 2.933 que desenvolvia 115 cavalos. Era equipado com uma caixa mecânica de três velocidades ou como opcional havia a transmissão automática. Chegava aos 160 km/h.
A série HD, que estreava em 1965, tinha linhas retas bem ao estilo americano. Mas os críticos não agradaram do estilo e a chamavam de ‘Holden’s Disaster’. Mas não era feio. Na frente, levemente inclinada, os faróis eram circulares e a grade cromada era dividida em quatro retângulos. Media 4,57 metros e na versão Panel pesava 1.252 quilos.
O motor dianteiro arrefecido a água tinha seis cilindros em linha e 2.442 cm³. Era alimentado por um carburador simples em posição invertida da marca Bendix-Stronberg. Sua potência era de 96 cavalos e o torque máximo de 18,6 mkg era atingido em 4.400 rpm. Atingia 140 km/h. Também tinha versões mais vitaminadas com 101, 117 e 142 cavalos. Nesta, chamada de “X2”, o torque subia para 24,6 mkg e a velocidade final era de honestos 170 km/h. Os freios dianteiros eram a disco e os traseiros a tambor.
O acesso à parte de trás era ótimo pois a tampa era dividida. A parte maior, do vidro, ia para cima enquanto a tampa descia. Aliava as qualidades de rodagem de um sedã com a capacidade de carga de um utilitário.
No final de 1966 estreava a série HR. Não tinha muitas diferenças em termos de carroceria com relação a antecessora. Na versão mais potente, o X2 passava a ter 2.638 cm³ e potência de 145 cavalos.
Em 1971 estreava a série HQ. Derivada dos sedãs Monaro, tinha a frente agressiva. A grade dianteira, em formato retangular, avançava fazendo um pequeno “bico”. Tinha fundo preto, era recuada e muito ameaçadora. Na versão Kingswood tinha dois faróis circulares. Como a maioria das Panel anteriores também tinha teto elevado. As cores como o vermelho, laranja e amarelo, mais agressivas eram apreciadas. E também não faltavam pinturas exóticas artesanais por parte de artistas para “incrementar” o visual.
O motor mais manso era um seis cilindros em linha com 2.840 cm³ e 118 cavalos. Fazia de 0 a 100 km/h em 13,1 segundos. Logo após vinha o 3.300 cm³ com 135 cavalos. Mais apreciados eram os de oito cilindros em V que estrearam na série HT anterior. O mais modesto tinha 4.145 cm³ e 185 cavalos. Logo após vinha o 308 de 5.043 cm³ e 240 cavalos. A potência bruta era exibida no motor topo de linha com 5.735 cm³ e 257 cavalos. Nesta vencia os 100 km/h em 9,5 segundos e atingia a velocidade máxima de 195 km/h. Nada mal para um “furgão”. Com tração traseira dispunha de caixa de três marchas ou quatro manual para os motores de seis cilindros. Para o V8 mais potente a caixa era uma Turbohydromatic 400 de três velocidades. Descascava pneus com vigor. Era um “muscle panel” !
No final de 1974 era apresentada a série HJ. A exceção da grade dianteira, também retangular mas com desenho diferente, tinha frisos verticais e faróis quadrados, poucas eram as diferenças visuais com relação a anterior. Os motores também eram os mesmos. No primeiro filme da série Mad Max podemos ver um modelo vermelho Panel HJ. Foi produzida até 1978.
Na década de 80 os Holden grandes eram baseados na linha Opel alemã. E o modelo Commodore era quase idêntico ao Opel Senator. Porém o modelo Panel continuava uma evolução do modelo HZ lançado em fins de 1978 e em 1988 foi descontinuado.
Em 2004, baseado no Omega que era importado pela GM do Brasil, lá com a denominação Thunder UTE SS , foi relançada a Panel Van SS que esbanja agressividade. Matava a saudade dos antigos! Tinha um V6 com 3,0 litros, com 258 cavalos. Outro V6 com com 3,8 litros e 238 cavalos. O passeio e a viagem ficavam mais a vontade com um V8 com 354 cavalos, caixa manual com seis velocidades e automática com cinco ou seis. Havia também a versão picape.
Em dezembro de 2013, foi anunciado que a Holden cessaria a produção de veículos e motores no final de 2017. No entanto, a empresa continuou a ter uma grande e contínua presença na Austrália como importadora e vendedora de automóveis.
Nas telas
Mad Max é uma produção australiana do gênero ficção científica, contendo elementos de ação baseada em um futuro pós-apocalíptico, criada por James McCausland e George Miller. Começou em 1979 com o filme Mad Max, seguido por Mad Max 2: The Road Warrior (1981) e Mad Max Beyond Thunderdome (1985). Foi estrelada por Mel Gibson que fazia o policial Mad Max. Ele tem como missão uma vingança contra a gangue que perseguiu e assassinou sua esposa e filho. O primeiro filme é sem dúvida o melhor!
No primeiro filme da série Mad Max podemos ver um modelo vermelho Panel HJ. Foi produzida até 1978
Em Escala
Os três da marca Matchbox na escala 1/64. A picape roxa é um Holden VE UTE SSV ano 2008, a picape é uma FX ano 1978 e o verde é um Panel FJ.
Texto, Fotos e montagem Francis Castaings. Demais fotos de publicação. Foto principal Jeremy from Sydney, Australia
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