AMC Eagle: Águia Alta
Os primeiros carros com tração nas quatro rodas, para fins civis, vendidos para o público começaram a fazer sucesso na década de 50. Alguns baseados em modelos usados para fins militares tais como o Jeep, seu derivado Willys Station Wagon que deu origem a nossa Rural e o famoso britânico Land Rover. Na França havia o Renault Colorale que era derivado de uma perua comum, na Itália o pouco conhecido Alfa Romeo AR Matta 4 x 4 e na Alemanha o DKW Munga que foi fabricado aqui como Candango.
Na década de 60 a americana International fez o modelo Scout que era um autêntico tração nas quatro rodas. Tratava-se de um utilitário.
A eterna quarta colocada em vendas nos Estados Unidos da América, a AMC (American Motors Company) que nasceu da união da Hudson e da Nash em 1954 sempre se destacou por automóveis diferentes, originais e por vezes muito curiosos. Um deles era o Nash Metropolitan.
Na década de 60, um de seus modelos, o Rambler Marlin tinha desenho bem original. Ainda no final desta, entraria em cena o AMC Javelin, que faria frente ao Mustang da Ford e ao Chevrolet Camaro da General Motors.
Na década de 70 produzia o pouco convencional Gremlin e cinco anos depois viria o nada ortodoxo, o Pacer. Faziam parte da linha ainda o Hornet e o Matador que fizeram sucesso no filme O Homem da Pistola de Ouro, em 1974, um ótimo James Bond.
Dando continuidade ao inconformismo em 1979 nascia o AMC Eagle. Baseado na carroceria do sedã Concord (Sedã e Perua acima), era lançado em 1977, que substituía o Matador, um automóvel de tração permanente nas quatro rodas para ser utilizado com conforto na cidade, na estrada, no campo, na lama, na neve… em qualquer lugar. No entanto havia no painel uma alavanca seletora para selecionar tração nas duas rodas traseiras ou nas quatro.
Com comodidade e aparência de um carro normal. As diferenças externas eram a avantajada altura do solo, o alargamento das caixas de roda e os aros de 15 polegadas.
Era oferecido uma versão sedã quatro portas com 4,74 metros de comprimento. Tinha três janelas laterais sendo que a coluna “C” era muito estreita. Por isso tinha ótima visibilidade. Derivado deste também havia um cupê de três volumes. Na frente havia quatro pequenos faróis retangulares, grade preta ou cromada conforme acabamento com frisos horizontais e grandes para-choques cromados.
A perua com dois centímetros a mais, tinha estilo mais adequado a proposta. E sempre foi a mais vendida. Com quatro portas, também tinha boa visibilidade e a abertura da porta traseira era ampla para o ótimo porta-malas. Seu peso era de 1.540 quilos. A decoração externa podia variar ao gosto do cliente. Os para-lamas mais salientes invariavelmente eram oferecidos em outras cores para ambas as versões mas a preta ganhava a preferência. E realçava muito.
O motor básico, dianteiro, arrefecido a água, era um quatro cilindros em linha com deslocamento volumétrico de 2.471 cm³, taxa de compressão de 8,3:1 e potência de 86 cavalos a 4.400 rpm. O torque máximo era de 17 mkg.f a 2.800 rpm. Com um comando de válvulas lateral era alimentado por um carburador de corpo duplo, tipo Carter BBD.
Mais potente um pouco era o motor de seis cilindros em linha, também arrefecido á água com 4.235 cm³, taxa de compressão de 8,3:1 e potência de 112 cavalos a 3.200 rpm. O torque máximo, bem maior que o motor de quatro cilindros, era de bons 29 mkg.f a 2.900 rpm.
O mais interessante era a tração nas quatro rodas permanente com câmbio automático de série com alavanca no assoalho. Semelhante ao Jeep Cherokee, veículo também fabricado pela AMC, no qual o diferencial central permitia o uso mesmo em ruas e estradas asfaltadas.
A transmissão tinha um sistema montado e idealizado pela Fergusson. Havia um terceiro diferencial, com acoplamento viscoso, que fazia uma compensação ideal, para obter a mesma tração entre o eixo dianteiro e traseiro. Estava localizado na parte central dianteira. Por isso o carro era muito equilibrado ao rodar com uma ótima distribuição de potência para as rodas. Para o consumidor comum o automóvel era uma ótima mistura entre um sedã clássico e um 4 x 4.
E a exigente policia americana e canadense também souberam apreciar estas características pouco ortodoxas para suas frotas.
A suspensão dianteira, independente, tinha molas helicoidais e amortecedores telescópicos. A traseira com feixes de molas tinha o tão apreciado eixo rígido pelos americanos. Os pneus eram na medida 195/70 R 15. Os freios dianteiros eram a disco e os traseiros a tambor.
Por dentro oferecia uma decoração comum e ao gosto americano. O painel com apliques que imitavam madeira tinha formato retangular assim como a instrumentação. A direção tinha assistência e o volante tinha de bom tamanho e desenho discreto tinha três raios. Havia velocímetro, conta-giros, nível do tanque (83 litros de capacidade), relógio de horas e medidor de temperatura.
Em 1983 era lançado o interessante cupê Kammback SX4. Esta denominação era em homenagem a um engenheiro aerodinâmico alemão chamado Wunibald Kamm. A traseira era mais curta e ganhava um spoiler para melhorar a aerodinâmica. No resto o irmão menor da família Eagle era quase idêntico aos irmãos mais velhos.
A decoração externa ganhava para-choques, grades, retrovisores e contornos de vidros na cor preta. As cores externas também eram mais fortes. Era evidente o apelo esportivo e fez sucesso em provas fora de estrada pois precisava de pouca preparação.
Foram produzidos até 1988 com algumas poucas alterações na parte dianteira.
Fizeram história. Não tinham o apelo esportivo de um Audi Quattro nem pretensões de um Jeep Cherokee. Mas deixaram sua marca história na indústria automobilística americana como um carro muito original e acessível. Tanto em preço quanto nas modestas pretensões fora de estrada.
Texto, montagem Francis Castaings. Demais fotos de publicação. Foto principal Mr.choppers – https://commons.wikimedia.org/w/index
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