24 Horas de Le Mans 2025: O Porsche 963 em Foco: Um Hypercar buscando a 20ª Vitória
Oito fabricantes renomados competirão na classe Hypercar na 93ª edição das 24 Horas de Le Mans (11 a 15 de junho de 2025). Entre eles, a empresa alemã Porsche é a que possui o maior número de vitórias em Le Mans, com 19 vitórias. Do 917 em 1970 à última vitória de um 919 Híbrido, abaixo, em 2017, a fabricante alemã sempre conseguiu oferecer criações adaptadas às regras e exigências da época, e vencer! Será que o 963 conseguirá tal feito?
Em dezembro de 2020, a Porsche anunciou sua intenção de retornar às 24 Horas de Le Mans. Após estudar cuidadosamente o regulamento e suas possibilidades, a fabricante tomou sua decisão – em particular – graças à aproximação técnica entre o Automobile Club de l’Ouest (ACO) e o IMSA – International Motor Sports Association. De fato, os dois organizadores encontraram um ponto de convergência que permitiu aos Hypercar competir tanto nas 24 Horas de Le Mans quanto nos maiores eventos de endurance/resistência norte-americanos, como as 24 Horas de Daytona ou as 12 Horas de Sebring.
Essa “simplificação”, que na verdade mascara o poderoso trabalho de bastidores para harmonizar as regras e fornecer aos competidores uma estrutura comum, convenceu a Porsche a criar o 963, para conquistar o mundo das corridas de resistência.
Passando pela segunda chicane, antes de retornar ao Autódromo de Mulsanne. O ponto fraco dos 963, que não atingiram velocidade máxima em 2023 e 2024. O 956 e o 962, abaixo, competiram na categoria Grupo C na década de 1980. A partir de 2023, a Porsche passou a contar com equipes privadas para inscrever os chassis dos clientes do 963. Aqui, Jota Sport, agora com os Cadillac. Aqui, a Jota Sport, agora com a Cadillac, passando pela segunda chicane, antes de retornar ao Mulsanne Raceway.
Passando a segunda chicane, antes de partir novamente para atacar os desafios de Mulsanne. O ponto fraco dos 963, que não atingiram velocidade máxima em 2023 e 2024.
Seguindo os passos do 962, acima, e seu histórico: A partir de então, “963” parecia quase óbvio. Com esse número, a Porsche queria posicionar seu Hypercar na continuidade do 962, abaixo, um protótipo da era do Grupo C que estreou em 1985 nas 24 Horas de Le Mans e venceu em 1986 e 1987, sempre com o trio Derek Bell, Al Holbert e Hans-Joachim Stuck. Inscrito na versão GT em 1994, o Dauer-Porsche 962 LM brilhou com Mauro Baldi, Yannick Dalmas e Hurley Haywood, diminuindo uma diferença de 10 corridas.
Vitorioso de Suzuka a Monza, de Silverstone a Riverside, passando por Dijon, o 962 foi um carro global. É dele que o 963 se inspira. Um carro cujo sucesso deve muito à fábrica – então apoiada pela Joest Racing – e também às equipes privadas.
Assim como o 962, o Hypercar atual está inscrito no IMSA e no WEC, com a mesma equipe no comando: a Penske. Assim como o 962, o 963 também é pilotado por equipes privadas, como a Proton Competition para esta 93ª edição (a JDC Miller MotorSports também está inscrevendo um chassi no IMSA).
Mas, assim como o 962, será que o 963 vencerá? Sim! Duas edições das 24 Horas de Daytona (2024 e 2025), uma vitória em Sebring (2025) e um total de 14 vitórias somando nos campeonatos. Ainda falta uma corrida. Você sabe qual? Abaixo o Porsche 963 em Daytona antes de sua estreia em 2023, com um venerável Porsche 917 K com pintura lendária.. Totalmente carregado, aproximando-se das curvas Porsche, o setor mais técnico do circuito
Os Porsche tem um histórico de motores icônicos. A marca foi a primeira a entrar nas corridas com um motor turbo alimentado em 1974 e a introduzir motores boxer de seis, oito e até doze cilindros (em 1965, 1963 e 1969, respectivamente). O épico mais recente, o 919 Hybrid, foi lançado motor V4 turbo de 2.0 litros, uma arquitetura de motor nunca antes vista em Le Mans. Três vitórias!
Para o 963, uma escolha mais cautelosa foi feita, com um V8 familiar retirado do banco de motores. De fato, este motor já correu em Le Mans no RS Spyder (em 2008 e 2009)! Enquanto isso, ele foi instalado em um carro de rua, o Porsche 918 Spyder. Este motor (codinome 9RD) foi então aumentado de 3,4 para 4,6 litros de deslocamento.
Nos RS Spyders do final dos anos 2000, assim como no 918 lançado em 2013, não foi instalado um turbo. Um problema? Não. Porque este motor foi otimizado e projetado para evoluir para outros usos e, potencialmente, acomodar turbos, se necessário… e especialmente um sistema híbrido. Assim, 80% de todos os seus componentes vêm do 918. “O motor é equipado com um virabrequim de plano e tem um curso muito curto”, explica Stefan Moser. “Isso nos proporciona um centro de gravidade baixo e pontos de conexão ideais para a suspensão e a caixa de câmbio.” Todos esses elementos proporcionam uma transmissão de potência mais direta e eficiente, reduzindo, ao mesmo tempo, a rolagem da carroceria experimentada pelo Hypercar, proporcionando-lhe maior estabilidade. Biturbo, lubrificado com óleo marca Mobil e arrefecido a água, ele funciona com um combustível desenvolvido pela Total Energies – Excellium Racing 100 – produzido a partir de resíduos da vinificação (borras de vinho e bagaço de uva). Mais do que um simples enxerto, o motor foi significativamente aprimorado, notadamente com a configuração “V quente”. Concretamente, os turbocompressores são posicionados entre os bancos de cilindros. Os fluxos de ar e gases de escape são direcionados de acordo.
Essa inversão oferece diversas vantagens:
• Compacidade real (ocupa pouco espaço), com os turbos no centro, liberando espaço nas laterais
• Uma vantagem aerodinâmica, já que o motor se encaixa melhor na carroceria aerodinâmica
• Arrefecimento ideal, já que os gases quentes são melhor confinados no centro.
A escolha do V8 para o 963, portanto, resultou de uma abordagem racional que combinou herança técnica, restrições regulatórias, integração otimizada e custos de desenvolvimento controlados. Os dois turbos são claramente visíveis na parte superior do bloco, como na Ferrari com seu V6 biturbo.2023, a primeira tentativa do 963 nas 24 Horas de Le Mans, com o melhor resultado de um 16º lugar na classificação geral. Em 2024, Kévin Estre fez uma volta louca de 3’24”634, garantindo a primeira Hyperpole do fabricante alemão. Os dois turbos são claramente visíveis na parte superior do bloco, como na Ferrari com seu V6 biturbo.2023, a primeira tentativa do 963 nas 24 Horas de Le Mans, com o melhor resultado de um 16º lugar na classificação geral.
A combinação vencedora? Um motor comprovado, um nome que evoca o passado. A Porsche também optou pela continuidade no que diz respeito ao chassi. A Multimatic (fabricante de chassis envolvida no programa Ford GT) foi selecionada como uma das quatro marcas autorizadas.
A empresa Porsche já havia trabalhado com a Multimatic em seu 919 Hybrid Evo (que estabeleceu um recorde de volta sem restrições em Nordschleife, o anel norte (Nordschleife) também é conhecido como “inferno verde” em Nürburgring, ). A empresa forneceu componentes de suspensão. Isso porque essa é uma das especialidades da empresa canadense que inventou e patenteou a tecnologia de amortecimento com válvulas deslizantes, com seus amortecedores Multimatic DSSV. Os atuais carros Porsche Cup são equipados com eles, assim como os Porsche 911 RSR GTEs de sua época.
Resultado de escolhas racionais, baseadas em sólida expertise, fruto da presença constante em Le Mans (Os Porsche estão presentes desde 1951, sem interrupção, com 19 vitórias acumuladas no circuito mais famoso da França e um dos mais famosos do mundo), o 963 parece ter apenas um objetivo neste ano de 2025: Le Mans. Será que um 20º sucesso é mesmo possível?
A CORRIDA COMEÇA AMANHÃ DIA 14, AS 16 HORAS, HORÁRIO LOCAL, 5 HORAS ANTES NO BRASIL E TERMINA DOMINGO, DIA 15, AS 16 HORAS. * O verão na França vai de 1º de junho a 31 de agosto, segundo a definição meteorológica.*
Patrocinadores
Francis Castaings. Representante/embaixador no Brasil do Club Vincennes en Anciennes
Texto, tradução e montagem Francis Castaings – Fotos/Photos: ACO – Automobile Club de l’Ouest