Chrysler Turbine: A Conexão Ítalo Americana a jato. Nascido em 1963. Há 60 anos.
O Chrysler Turbine foi um automóvel desenvolvido pela fabricante americana Chrysler na década de 1960. Produzido em apenas 55 unidades (incluindo cinco protótipos) entre 1963 e 1964, era um carro-conceito cuja principal originalidade era ser movido a uma turbina a gás.
Embora nunca tenha sido comercializada, o carro turbina da Chrysler foi emprestado clientes selecionados, cobaias, para testar a viabilidade desse tipo de motor. Cerca de 20.000 voluntários eram candidatos, mas só 203 testaram o carro sendo 23 mulheres. A faixa etária variava entre 21 e 70 anos, teriam um Turbine em mãos por cerca de três meses cada, com manutenção efetuada por equipes especializadas. O programa começaria em outubro de 1963. A equipe do Engenheiro Georges Huebner era responsável pelo projeto.
No final do período de teste, a maioria dos Chrysler Turbine foram entregues ao fabricante e infelizmente quase todas destruídas, sem que o programa tivesse qualquer efeito comercial. Atualmente, existem alguns exemplares do veículo, dos quais três em funcionamento, pertencentes a colecionadores privados ou museus como Museu da Ciência Industrial de Chicago no estado de Illinois. Um deles pertence ao ex-apresentador de programas de entrevistas, o famoso colecionador Jay Leno.
A Chrysler desde a década de 50 fez experimentos em veículos. Num Plymouth Belvedere 1954, num caminhão Dodge para 2,5 toneladas denominado Turbo Power Giant para exibição em salões dentre outros. E também havia o Turboflite que era um carro conceito.
A carroceria era montada pelo estúdio Ghia Italiano. Desde a década de 50 as duas empresas tinham ótimas relações e fizeram vários projetos juntas. Seu desenho era obra de Elwood Engel, estilista trazido da Ford, onde criara o modelo 1961 do Ford Thunderbird, para substituir Virgil Exner também uma grande designer que havia trabalhado na empresa dos afamados carros Studebaker. A grande semelhança com esse Thunderbird (Saiba mais) já rendeu ao Turbine o apelido ao designer de”Engelbird”.
As chapas, os vidros e todo material de estofamentos e acabamentos vinham dos Estados Unidos. Após a montagem na Itália voltavam para uma pequena fábrica em Greenfield Road perto de Detroit, Michigan. O belo cupê tinha 5,12 metros de comprimento, 1,85 de largura e 2,79 de entre-eixos . Seu tanque tinha capacidade para 80 litros de qualquer combustível que queimasse. Seu peso era de 1.860 quilos. O Turbine Car era um cupê que podia acomodar quatro pessoas com conforto. Pode-se notar, na grade frontal, os contornos dos faróis que dão a impressão de entrar em um reator. A traseira do carro inspirava-se na aeronáutica.
Seu estilo era muito ousado, mas não para assustar o mercado conservador americano. Estava disponível apenas na cor bronze Turbine.
A quarta geração da turbina Chrysler A-831 tinha rotação de até 60.000 rpm e podia, de acordo com as instruções de operação, funcionar com diesel, gasolina sem chumbo, querosene, gasolina, aviação JP-4 e até óleo vegetal. O motor podia funcionar com praticamente qualquer líquido com propriedades combustíveis. Conta-se que presidente mexicano na época, Adolfo López Mateos, um amante de belas máquinas, pôde comprovar usando tequila em um dos primeiros carros. Nenhum ajuste da mistura ar / combustível foi necessário para mudar de um tipo de combustível para outro, e a única indicação do combustível usado era o cheiro dos gases de escapamento. Sua velocidade máxima foi medida em 190 km/h e fazia de 0 a 100 km/h em 10 segundos.
A turbina tinha apenas 20% de peças móveis em comparação com um motor de combustão convencional (60 em vez de 300). O eixo da turbina foi colocado em rolamentos deslizantes para operação livre de vibração. A simplicidade do projeto oferecia a possibilidade de uma longa vida útil e, como nenhum resíduo da combustão entrou em contato com o óleo do motor, nenhuma troca de óleo era considerada necessária. A turbina gerava 130 cavalos (equivalente a 200 cavalos de um motor a combustão convenciona) e torque de 57,6 mkgf. Na dianteira havia a turbina a gás com dois regeneradores. Potência Rotação máxima: 44.600 rpm (turbina do compressor) e 45.700 rpm (turbina de força) e 4.680 rpm (após redução). Um detalhe interessante: Dispensava um sistema de arrefecimento e tinha apensa uma vela de necessária apenas na partida, pois é desnecessária para o funcionamento normal da turbina.
A manutenção foi facilitada pela redução das partes móveis e pela ausência radiador. O ar frontal vindo pela grade dispensava um sistema de arrefecimento. O escapamento não continha monóxido de carbono, material não queimado ou hidrocarbonetos brutos. No entanto, as turbinas geravam óxido de nitrogênio e o desafio de ter que limitá-las foi um problema constante durante o desenvolvimento. A potência da turbina era transmitida por uma caixa automática de três velocidade do tipo TorqueFlite, já usada em outros carros da Chrysler que foi ligeiramente modificada. Por dentro era muito bem acabado e interior caprichado.
Sua tração era traseira. Seus freios dianteiros e traseiros eram a tambor e sua direção hidráulica. Sua suspensão dianteira era independente com braços sobrepostos. Atrás tinha eixo rígido. Suas rodas eram na medida 5 x 14 polegadas com pneus 7,50 x 14.
O fluxo de gases de combustão entre o gerador de gás e a turbina de energia operava como um conversor de torque, mas usando um meio gasoso em vez de um meio líquido. Um trocador de calor giratório duplo transferiu calor dos gases de exaustão para a entrada de ar, o que melhorou significativamente a eficiência e, portanto, o consumo de combustível.
Os primeiros modelos eram afetados por problemas de temperatura do gás em tempo ocioso e também durante a aceleração. A Chrysler foi capaz de remediar ou mitigar esses efeitos até certo ponto. O consumo de combustível permaneceu excessivo. A aceleração era muito boa desde que a turbina já tivesse em alta rotação. O carro também apresentava um sistema de escapamento totalmente em aço inoxidável. As saídas eram planas em seção transversal. O objetivo era diluir rapidamente, resfriar, os gases de escapamento, para permitir que o veículo entrasse no tráfego sem risco de danos ao veículo seguinte. A câmara de combustão,era um pouco primitiva para os padrões modernos dos turbojatos. Durante o desenvolvimento do motor, um segundo estágio foi adicionado à turbina de força. Essas modificações melhoraram a potência e criaram economias adicionais. A posição da alavanca de mudança estava a indicação “Marcha Lenta” ao invés de “neutra”.
A turbina tinha algumas desvantagens operacionais e estéticas. O carro tinha um som do escapamento de um jato, o que era inesperado para os consumidores mais acostumados ao som dos grandes motores V8 americanos. Mas houve quem gostasse. As altas altitudes também causaram problemas para o gerador de partida. Além disso, se o procedimento de partida não fosse seguido corretamente, os motoristas afogariam o motor, alguns deles pensaram que poderiam aquecê-lo como um motor a gasolina. Eles pisavam fundo no pedal do acelerador antes que o motor atingisse a temperatura certa. Em vez de aquecer o motor, o excesso de combustível desacelerava a turbina e tinha efeito oposto.
No entanto, não causavam danos permanentes ao motor. Na verdade, era possível dar aceleração total imediatamente após a partida do motor sem muitos problemas de desgaste excessivo. Os motores eram notavelmente confiáveis considerando sua fragilidade em comparação aos motores de pistão de combustão interna. Os problemas eram muito raros para este experimento ousado. Não se sabe quantos avaliadores do carro cometeram o erro de usar gasolina com chumbo na época, pois o chumbo tetraetila deixava depósitos no motor. A Chrysler recomendou não usar esta gasolina. Foi, no entanto, de longe o combustível mais fácil de se obter. Mesmo assim, mais de 1.600.000 quilômetros de testes foram acumulados pelos 50 carros entregues ao público. Cerca de 75 % dos “testadores” aprovaram o carro e estavam com vontade de adquirir o Turbine. E o plantão dos encarregados de manutenção ficaram 24 horas por conta e não tiveram muito trabalho. Não entrou em produção por ter um custo de fabricação muito alto.
Nas telas
Demônios da Pista 1964 – The Lively Set
Casey Owens (Ator James Darren), um jovem mecânico e estudante de engenharia. Desenvolveu um projeto para um motor a turbina, abrindo caminho para um automóvel a jato que certamente estabelecerá um novo recorde de velocidade terrestre. O rico playboy Stanford Rogers (Ator Peter Mann) contrata Casey para construir o carro para ele correr na Tri-State Endurance Run. Chuck Manning (Ator Doug McClure),um estudante de engenharia também que Casey conheceu em uma corrida de arrancada, descobre possíveis falhas no design do carro. Após uma corrida de teste malsucedida, Rogers abandona o carro movido a turbina por um modelo de corrida tradicional, no caso o Chrysler Turbine. mas Casey e Chuck retrabalham o veículo a turbina para competir com Rogers na corrida de resistência nas estradas.
A cenas foram muito bem filmadas com ótimas disputas. Muito interessante foi que o carro do filme foi pintado de branco com listras azuis e o número 5 pintado na mesma cor.E foi feito pela Ghia. Pamela Tiffin interpreta Eadie, irmã de Chuck, que se torna o interesse amoroso de Casey. Passou nos cinemas do Brasil por volta de 1966. Ótimo filme para quem gosta de carros. Um Trecho do filme
Em Escala
Miniatura do Turbine na escala 1/18, marca Road Signature. Fotos fornecidas gentilmente pelo colecionador André Luiz Tavares do Vale da cidade mineira de Varginha. Muito bem detalhada! Muito obrigado!
Muito bonita e detalhada
O Carro do colecionador e apresentador
Veja o filme muito interessante com o carro de Jay Leno. Veja o Filme
Texto e montagem Francis Castaings. Demais Fotos de divulgação e fotos oficiais FCA – Fiat Chrysler North America
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