AMC Javelin: O Dardo Americano. Lançado em 1968, há 55 anos.

AMC Javelin: O Dardo Americano. Lançado em 1968, há 55 anos.

Logo depois da metade da década de 60, dois carros americanos faziam muito sucesso entre a população daquele país: – O Mustang da Ford Corporation e o Camaro da General Motors  que eram as duas maiores fábricas dos EUA. Ambos atingiam várias classes sociais e todas as idades.

Tinham apelo jovem e esportivo. Acomodavam bem dois adultos na frente, mediam aproximadamente 4,8 metros de comprimento e carroceria com  a traseira estilo Fast-back.

A quarta grande empresa americana, a American Motors nasceu da fusão da Hudson e da Nash em 1954. A elas também pertencia a marca Rambler. Os modelos Nash Ambassadors e Hudson Hornets usavam motor Packard V8. Fabricavam carros grandes, diferentes em estilo e mecânica, mas não chegava a ameaçar os Chevrolet Impala,  Ford Fairlane ou Dodge Dart da época . 

Em setembro de 1967, para tentar competir com os carros “Poney” das duas grandes, foi lançado o AMC Javelin modelo 1968. Javelin em inglês quer dizer dardo. Como seus concorrentes, a diferença em comprimento variava em centímetros . Parecia, pelo seu estilo, um pouco menor. A frente era longa e a traseira curta. Duas portas sendo que o vidro lateral de trás era bem pequeno. Não tinha coluna de separação.

Na frente dois faróis redondos numa moldura quadrada e abaixo, no para-choques, mais dois menores embutidos neste. A grade era dividida ao meio por um friso que a contornava. O radiador estava recuado, mais atrás e o desenho da grade dava um toque diferente.

Era um carro bonito, atraente e discreto. Podia ser equipado com teto de vinil, calotas esportivas e pneus faixa branca para aqueles clientes que desejassem a opção. O pneu “Red line” F70 14 fazia sucesso entre os americanos. Os opcionais eram muitos na verdade. E cada um podia “decorar” a seu gosto. O motor básico era um seis cilindros em linha com 3.800 cm³ e 145 cavalos. Tinha um cambio de três marchas manual ou mecânico.  

Depois vinha um oito cilindros em V em ferro fundido. Dianteiro, de 5.620 cm³ rendia 280 cavalos. Este era denominado por lá  como o 343. O carburador era um Carter de corpo quádruplo e a taxa de compressão era de 10:1. A tração era traseira. 

Nesta configuração dispunha de um cambio manual de 4 marchas ou os mesmos do motor seis cilindros. No caso da opção 4, como mandava a moda, a alavanca era cromada, alta e por este detalhe tinha curso longo.

Em todos os modelos os bancos dianteiros eram individuais. O número de acessórios internos era grande e o cliente tinha livre escolha independente do acabamento ou motorização. Fazia de 0 a 100 km/h em 7,9 segundos e cobria os 400 metros em 15,8 segundos. Sua velocidade final estava por volta dos 175 km/h. Esta era a primeira opção de motorização V8. O tanque de gasolina de 61 litros era um argumento usado na publicidade. Era estável e neutro em curvas devido a boa suspensão e divisão de peso. O comportamento era comparado a carros europeus. Seus freios dianteiros eram a disco e atrás a tambor. Na propaganda veiculada em revistas da época, o futuro cliente era chamado para fazer um “Test Drag”. 

A versão SST era a topo de linha e mais potente. E em 1968, além dos dois concorrentes mais famosos, ainda tinham Plymouth Barracuda e o Pontiac Firebird. Mas uma das vantagens do SST era que ele ainda era um dos mais baratos.

O V8 deste esportivo dispunha de 315 cavalos e 6390 cm³. Era o motor 390. Fazia de 0 a 100 km/h em 6,9 segundos, cobria o quarto de milha em 15,2 segundos e sua velocidade máxima era de 190 Km/h. Se sua final não era tão alta, sua arrancada era ótima. E este detalhe o motorista norte-americano sempre apreciou. Sempre gostaram muito de queimar pneus e descascar o asfalto. Por fora a identificação se dava pelas faixas pretas laterais, bonitas rodas esportivas e entradas de ar no capô. Em 1969 foi lançada  a serie ‘Big Bad’. Eram vendidos nas cores laranja, verde e azul. Todas elas bem gritantes. A motorização era a do SST.

Logo ele foi para as pistas pelo comportamento bom que dispunha. Com o patrocínio da Companhia Petrolífera Sunoco, nas cores azul, branco e vermelho, o piloto Mark Donohue que foi grande campeão das provas CAN-AM e que chegou a correr na Formula 1, foi fiel a marca durante muito tempo no campeonato americano TRANSAM. E o Javelin fez bonito frente aos concorrentes. Por causa disso em 1970, foi lançado o modelo Javelin SST ‘Mark Donohue’ e o SST ‘Trans-Am”. No spoiler traseiro tinha a assinatura do piloto.

Em 1971 o carro sofria uma alteração radical na carroceria. Ficou um pouco maior, mais atual e mais bonito. O que mais chamava a atenção era os ressaltos  nos para-lamas. Faziam um grande diferença no estilo e tornava o carro inconfundível. Na frente a grade não era mais dividida e poderia trazer duas setas redondas na cor âmbar. Nas extremidades, poderosos faróis. No final da capota havia uma ligeira elevação para o ar se tornar mais fluído e na traseira um aerofólio empinado completava o charme. Sobre o capô uma faixa preta em T invertido fazia a diferença na versão SST. Estava dois centímetros mais baixo (1,29 metros), pesava 1325 quilos e media 4,88 metros.

Na motorização a novidade ficava por conta do V8 401 que dispunha de 330 cavalos 6.570 cm³. Era um verdadeiro Muscle car e sua velocidade final estava na casa dos 225 km/h.

No interior renovado o painel também ganhava novo desenho, mais moderno, completo e ergônomico.

Um cliente fixo durante alguns anos era a  policia do estado de Alabama. Sempre fizeram boas encomendas. Os carros eram cinza, tinham a sirene azul sobre a capota e traziam o adesivo de fundo azul com a inscrição “State Trooper”. Foram feitos por volta de 200 modelos.  

Em 1972 veio outra serie especial: – A ‘Pierre Cardin’. O interior era mais caprichado e luxuoso. Até 1973 foram produzidas 4.152 unidades.

E para toda linha o motor 401 passou a ter 255 cavalos por causa dos equipamentos anti-poluentes que começavam a entrar em vigor em todo os estados dos EUA.

Ainda neste ano, um Javelin fez uma demonstração inusitada no autódromo de Houston, Texas. Com a inscrição lateral “Astro Spiral” o carro subiu, a 60 Km/h numa rampa com uma inclinação lateral ascendente. E desceu, depois de 16 metros no ar, numa outra com uma inclinação contraria. Ele “voou” a quatro  metros do chão. O assento do motorista era no meio do interior do veiculo, com motor seis cilindros, e tudo foi calculado por um computador. Foi um sucesso É um filme antigo, da época do feito. Veja

A mesma cena foi copiada para as telas num filme de 007. Só que era com um outro modelo da AMC, o Hornet. (saiba mais)

Em 1973, para comemorar a vitória no campeonato é lançada mais uma versão especial: a  ‘TransAm Victory’. Tinha rodas de liga especiais e pintura alusiva ao evento. 

Sua produção era bem menor que os concorrentes e encerrou em 1975 sem maiores alterações  na carroceria. Foram fabricados em todos os anos, cerca de 235.000 exemplares.                                                                                                    


Nas Pistas

Logo ele foi para as pistas pelo competente comportamento que dispunha e disputava com Camaro Z28, Mustang Boos 302  e Challenger R/T (saiba mais) Em circuitos  com traçados mistos, ou seja, retas e curvas fechadas, nada de pista oval como a Nascar. Com o patrocínio da Companhia Petrolífera Sunoco, nas cores azul, branco e vermelho, o piloto Mark Donohue que foi grande campeão das provas CAN-AM e que chegou a correr na Formula 1, foi fiel a marca durante muito tempo no campeonato americano Trans-Am. E o Javelin fez bonito frente aos concorrentes.

Estreou nas pistas em nas 12 Horas de Sebring em 1968. Cerca de 70 carros largaram, apenas 36 terminaram a prova e o quinto lugar geral foi de Peter Revson que morreu em 1974 no Grande Prêmio da África do Sul em Kyalami pilotando o Fórmula Um Shadow Ford DN3. Neste ano a AMC ficou orgulhosa de seu novo esportivo, pois foi estreante e a única a ter carros terminando todas as provas de Trans-Am.

Em 1970, a Penske Racing de Roger Penske preparou um modelo com o motor AMC 390 Go Package retrabalhado e adaptado ao regulamento. Havia duas categorias: Uma até 2.000 cm³ de cilindrada e outra que permitia até 5.000 cm³. Todos eles tinham por volta de 300 cavalos, cambio original de quatro marchas, peso em torno dos 1.300 quilos e carburadores de corpo quádruplo.

Terminou o campeonato SCCA (Sports Car Club of America) Trans-Am Series em segundo lugar. Devido ao resultado foi lançado o modelo Javelin SST ‘Mark Donohue’ e o SST “Trans Am”. No spoiler traseiro tinha a assinatura do piloto.

Ganhou os títulos de 1971, 1972 e 1975 e os carros foram pilotados por George Follmer e Mark Donohue.


Em Escala

A Matchbox inglesa inseriu na década de 70 um modelo verde, na escala 1/60, o modelo SST com detalhe para a entrada de ar preta sobre o capô. Também o fez na escala 1/43 na série Speed Kings.

Recentemente, na mesma escala veio a Green Light americana, a Johnny Lightning e também a Hotwheels que fez em várias cores e decorações. 


Lá fora

Foi montado em sistema CKD (Completely Knocked Down) na Alemanha pela Wilhelm Karmann GmbH, mesma empresa que produzia o Karmann-Ghia, entre 1968 e 1970. Usaram os motores 232, 290 e 343 e cerca de 300 modelos foram produzidos. Na Austrália também no mesmo sistema CKD, com volante do lado direito e alguns componentes eram fabricados lá. Na América Latina no México e na Venezuela produziram o Javelin entre 1968 e 1974. 


O carro da Polícia do Estado do Alabama – EUA

Bonito, veloz e confiante!

Texto e montagem Francis Castaings  – Fotos de publicação

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