De Tomaso Pantera – O Felino Latino com coração americano
Com desenho arrojado, o esportivo italiano com coração americano fez muito sucesso
O argentino Alejandro de Tomaso, nascido em Buenos Aires em 1928. Sua família era muito poderosa e conhecida. Mas foi, voou da Argentina em seu próprio avião em 1955, fugindo da perseguição do regime de Juan Perón. Foi para a Itália e se estabeleceu em Modena que abrigava as sedes da Maserati, Lamborghini (Sant’Agata Bolognese) e da poderosa Ferrari. Lá conheceu e se casou com a herdeira americana Isabelle Haskell, uma cliente da Ferrari que pilotava em corridas nos Estados Unidos, e juntos eles decidiram criar sua própria empresa de carros em Modena.
Em 1959, decidia fundar sua própria fábrica de esportivos, em Albareto, um bairro de Modena. Seus protótipos foram para correr em Indianápolis, na Fórmula Júnior, na Fórmula Um com um motor 1,5 litro, com oito cilindros opostos que disputou o Grande Prêmio de Monza em 1963 . E mais tarde na Fórmula Um em 1970 com o modelo De Tomaso 505 com motor Ford Cosworth DFV
Antes se dedicou a super esportivos. O primeiro foi o De Tomaso Vallelunga,carroceria com assinatura Ghia, que tinha motor Ford Cortina inglês de 1,5 litro em posição central traseira. Fez escola! Foi apresentado como carro conceito no Salão de Torino, Itália, em 1963. Apenas 56 unidades foram produzidas.
Em 1966 veio o arrojado Mangusta (acima) com motor Ford V8 de 4,7 litros e 300 cavalos. O desenho foi uma parceria com o designer italiano Giorgio Giugiaro A relação de Alejandro De Tomaso era muito boa com o todo poderoso da Ford, Lee Iaccoca (Conheça) . E também com o presidente Henry Ford II. E a Ford, que já fornecia motores para a empresa italiana tinha muito interesse em tirar clientes da Ferrari italiana e dos Corvette da Chevrolet, leia-se General Motors.
Em 1967 a Ford adquiria 100% das ações dos estúdios Ghia e 80% da De Tomaso. E tinham a intenção de fabricar um esportivo com motor central traseiro Ford.
No Salão de Nova York em 1970 era lançado o Pantera Ford. Com suas linhas agressivas e originais chamou muita atenção dos visitantes e da concorrência. Entrava na briga com bons argumentos frente a modelos italianos, alemães, americanos e ingleses.
Desenhado pelo americano Tom Tjaarda oriundo da Ghia, mas trabalhara por quatro anos na Pininfarina, onde desenhara o Ferrari 365 California. O Pantera seguia as tendências de estilo : tinha linhas retas, faróis escamoteáveis, frente longa, traseira curta, boa área envidraçada dianteira e lateral . O vidro traseiro, pequeno e vertical, não acompanhava a linha alongada das laterais e a visibilidade traseira era muito limitada. Sua carroceria monobloco era em aço estampado. Media 4,27 metros de comprimento, 1,83 de largura e 1,10 de altura. Pesava 1.250 quilos. Testes indicaram um coeficiente aerodinâmico (Cx) de apenas 0,29.
O motor em posição longitudinal traseira era um Ford Cleveland V8 a 90º com 351 polegadas cúbicas (5.769 cm³ com 330 cavalos a 6.000 rpm. A inspiração veio do sucesso do Ford GT-40 em Le Mans na década de 60.
Seu torque generoso era de 45 mkg.f a 3.500 rpm. Tinha comando de válvulas laterais, válvulas no cabeçote e era alimentado por um carburador de corpo quádruplo. Era arrefecido a água e bloco e cabeçote eram em ferro fundido.
O conjunto mecânico era muito bom! Tinha caixa transeixo ZF de cinco marchas. Para o mercado americano havia a opção de caixa de marchas automática. Ainda, tinha diferencial autobloqueante, suspensão independente nas quatro rodas com braços sobrepostos, freios a disco à frente e atrás, direção de pinhão e cremalheira. Como opcional, rodas da marca Campagnolo de liga leve com medidas de 7 polegadas nas dianteiras e 8 polegadas nas traseiras. Era calçado por pneus nas medidas 205/70VR 15 na frente e 225/70VR15 traseira.
O motor central permitia boa distribuição de peso, com 58% no eixo traseiro.
Sua tração era traseira, tinha caixa com cinco marchas e sua embreagem era do tipo monodisco a seco. Sua velocidade máxima era de 255 km/h e cobria os primeiros 1.000 metros em 25,9 segundos.Fazia de 0 a 100 km/h em 7,0 segundos! Visto de trás era notável os grandes canos de descarga duplos ou em número de quatro dependo da versão.
Seu painel era rico em instrumentação. Tinha volante de três raios em posição vertical, forrado em couro de ótima qualidade assim como painel, console, bancos e forrações. Seu conta-giros era graduado até 8.000 rpm com a zona vermelha começando aos 6.000 rpm. Seu velocímetro era graduado a 300 km/h.Marcador de pressão e temperatura de óleo estavam presentes, assim como amperímetro, marcador do nível do tanque de gasolina e temperatura da água. Também um pequeno relógios de horas.
A alavanca de marchas seguia ao estilo de Modena com a grelha cromada. Contava com ar condicionado e comandos elétricos variados e rádio toca-fitas de ótima qualidade
Em 1972 seus concorrentes eram o Porsche 911 S, o Ferrari Dino, o Chevrolet Corvette da terceira geração, o Iso Grifo, o Jaguar E-Typee o Lamborghini Urraco e o Maserati Bora. Ainda em 1972 era lançada a versão GTS com 350 cavalos a 7.000 rpm. Chegava a 280 km/h!
Um dos destaques na carroceria era o novo aerofólio logo após o vidro traseiro e a identificação Pantera GTS nas laterais e na traseira
Em 1975 a Ford vendia sua parte novamente para Alejandro De Tomaso. Neste ano ele compraria a Innocenti, fabricante de pequenos carros derivados dos Mini mas com desenho Bertone e a Maserati. Mas Alejandro seguiu em frente, apesar das vendas na América terem caído por conta da crise do petróleo e um desinteresse da Ford. Passou a usar motores da Ford australiana
Em 1981 chegava ao mercado o Pantera GT5, com aerofólio traseiro , spoiler frontal, para-lamas alargados. Quanto a potência tinha 350 cavalos a 6.000 rpm, com torque de 46 m.kgf. Fazia de 0 a 100 km/h em 5,5 segundos.
Em 1985 chegava o GT 5-S, com novo revestimento dos bancos em couro, ar-condicionado mais eficiente, uma reestilização na frente e novos para-lamas mais largos. Seus freios a disco da marca Girling eram ventilados com comando hidráulico. A versão L tinha 270 cavalos e a GT5 300 cavalos. Seus concorrentes eram o Porsche 911 SC, o Chevrolet Corvette da quarta geração, o Ferrari Mondial T, o Jaguar XJS V12, o Lotus Esprit Turbo e o Mercedes-Benz 500 Sl.
Em 1990 sofria grandes modificações na carroceria. Tinha a denominação Pantera II e era obra do Marcello Gandini que também desenhou o Lamborghini Miura, Countach e Lamborghini Diablo.A cada ano que se passava com sua carroceria evoluindo o acabamento externo e interno melhorava. Mas os preços subiam também.
Na parte mecânica tinha novo chassi tubular. Ganhava freios Brembo e rodas de 17 polegadas com pneus 235/45. Um câmbio Getrag de seis marchas era opcional O motor adotado era o conhecido Ford 302 (4,95 litros) com injeção eletrônica, catalisador e potência de 305 cavalos. Três unidades foram convertidas em versão targa, em que parte do teto podia ser removida. Apenas 37 unidades foram fabricadas na fase II.
A produção terminaria em 1996 após 7.210 exemplares produzidos e 26 anos de produção. Os modelos da década de 70 são os mais bem cotados no mercado de clássicos.Até hoje é destaque em encontros e exposições.
Nas Pistas
Em março de 1972 era concebida uma versão com 500 cavalos chamada de GT4 Competição. Foram inscritos quatro modelos nas 24 horas de Le Mans por escuderias privadas sem maior sucesso. Em 1973 obtinha duas vitórias em Imola na Itália e em Hockenheim na Alemanha no campeonato Europeu de GT’s.
Na categoria Classic Endurance. Frequenta muito atualmente as corridas de veículos históricos de competição
Sempre presente
Texto fotos e montagem Francis Castaings. Fotos de divulgação e das organizações Peter Auto publicadas neste site
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