Bird Clemente: Um dos pilotos pioneiros brasileiros mais velozes, falece aos 85 anos

Bird Clemente: Um dos pilotos pioneiros brasileiros mais velozes, falece aos 85 anos

Nascido em São Paulo no dia 23 de dezembro de 1937 e passou a infância e a juventude no bairro do Pacaembu na capital paulista. Seu pai foi um industrial do ramo de artefatos de papel e papelaria, e seu nome foi em Homenagem ao Almirante “Richard Bird”, o conquistador do Pólo Sul. Em 1956, aos 18 anos, foi estudar Agrimensura (O Técnico em Agrimensura é o profissional que realiza levantamentos e implantações topográficas e geodésicas) na afamada Universidade  Mackenzie e lá conheceu Titto Livio, irmão de Eugenio Martins que já corria de automóveis, apresentado. Começou a fazer parte de aficionados do esporte sobre quatro rodas e a frequentar a oficina de Cláudio Daniel Rodrigues, ponto e reunião de corredores jovens. Nesta conheceu, o também grande piloto Luiz Pereira Bueno (São Paulo, 16 de janeiro de 1937 — Atibaia, 8 de fevereiro de 2011)

Antes de completar 21 anos participou em dupla com Luiz Pereira Bueno e João Batista Carneiro participou segunda edição das 1000 Milhas Brasileiras em 1957. Pilotou um Fiat Millecento e Bird teve apenas a oportunidade de treinar com o carro, que acabou quebrando no começo da prova. O Fiat 1100 “Millecento”, abaixo, foi fabricado na Itália entre 1953 e 1969 e também na Argentina, Austrália, Índia, Iran, Marrocos, Iugoslávia,Taiwan e na Alemanha pela NSU.

O Pequeno familiar longevo da Fiat

Na de 60 e em 1961 Jorge Lettry era enviado a Auto Union na Alemanha para fazer um estágio. Neste ano o Departamento de competições da empresa no Brasil era comandado por Otto Kuttner e Miguel Crispim, este último, outro grande companheiro de Jorge. A equipe de pilotos era formada dois nomes muito afamados na época. Eram o paranaense César Camargo Marinho e paulistano Bird Clemente (abaixo) .


Conheceu Ciro Cayres, ídolo de Bird e, em, 1959, fez dupla com ele nas IV Mil Milhas num DKW da revenda Comercial Lara Campos, com retaguarda da fábrica. Com Ciro novamente disputa as 24 Horas GEIA em 1960 (destinada exclusivamente à carros nacionais) com um Simca Chambord, um carro com muita estabilidade, mas Bird já colocava de lado. Foto abaixo do acervo pessoal do grande piloto.

Neste ano também participou dos 500 Quilômetros em dupla com o “Rio Negro” (Fernando Antonio Mafra)


A era DKW. Em 1962 mais uma vitória e um segundo lugar em Curitiba, Paraná. No ano seguinte 27 provas em vários locais do Brasil e as 12 horas de Porto Alegre com os dois primeiros lugares! Bird Clemente neste ano junto com Marinho foram eleitos os melhores pilotos do ano. E Bird ainda bateu o recorde nos 1600 Quilômetros de Interlagos com a uma média de 112 km/h! Mais uma vitória nas 100 Milhas da Guanabara na Barra da Tijuca! E o ano terminou com 30 vitórias sendo uma no Uruguai!

Esse foi o início de uma longa carreira para Bird, que é considerado um dos maiores especialistas da pista de Interlagos. Seu estilo de pilotagem era marcado pelo controle das derrapagens controladas, muito ousado para os s demais pilotos da época.


A palestra Águas de Lindoia, São Paulo 28 de abril a 1º de maio de 2018

A palestra dos velozes e competentes

Presença sempre muito especial dos grandes pilotos Wilson Fittipaldi Junior e Bird Clemente. A palestra que emocionou muito os presentes no auditório do salão Onix do Hotel  Monte Real . Ambos contaram muitas histórias sobre a experiência veloz de ambos pelas pistas do Brasil e do exterior. Foram exibidos filmes e slides de época de ótima qualidade. E Wilson e Bird tem uma simpatia ímpar! Contaram casos sobre as corridas das décadas de 60 e 70. A experiência com a construção do primeiro Fórmula Um nacional, dos protótipos.

Wilson relatou suas experiências na década de 60 no kart, na equipe famosa equipe Willys, na construção do protótipo Fittiporsche, no Fusca de dois motores (foto abaixo), na Fórmula 2, na sua temporada da Fórmula Um em que correu no início com o Brabham BT33, 34, 37 e 42. Depois sobre o desafio da construção do primeiro carro de Fórmula Um brasileiro,  o Copersucar-Fittipaldi com motor V8 Cosworth.

Bird contou sua experiência com a equipe Vemag, que os carros Belcar tinham 1.000 cm³ e quase 120 cavalos de potência. Leve andava na frente de vários importados de potência muito maior. Também na equipe Greco que correu com um Ford Corcel e nas várias 1.000 Milhas que participou.

Também com o recorde brasileiro de velocidade em que bateu com um Chevrolet Opala. Com esse mesmo Opala sedã bateu o recorde brasileiro de velocidade, em 20 de junho de 1970 na Rodovia Castelo Branco marcou 232,510 Km/h. na média de duas passagens, conforme regulamento da F.I.A. Estava equipado como o motor de 3.769 cm³, três carburadores Weber duplos, virabrequim especial, os pistões e as bielas eram os originais, e a taxa de compressão era aumentada para ser usada com gasolina azul. 99,6 era o número de octanas

Dizia que o carro voava!  Também com o Ford Maverick nº 7 da Equipe Mercantil Finasa e com o nº20 da Dropgal Ford. Foto abaixo cedida gentilmente por Bob Sharp, também companheiro de Bino e veloz. Este carro também foi pilotado por Edgar Melo Filho, outro grande piloto das década de 60 e 70. Tal como Bino e Sharp davam show na antiga Divisão 1 e 3 da década de 70.

E com muita elegância elogiou vários pilotos brasileiros que fizeram carreira no Brasil e exterior! A carreira de ambos na pista é decorrente de muita dedicação e habilidade. E todos na plateia apreciaram a dupla de velozes e competentes! Eu assistiria mais 100 vezes! Viva Bird e Wilson!


A Premiação em Águas de Lindoia

Fábio de Cillo Pagotto foi o mestre de cerimônias e brilhou na bela noite, no espaço Burle Marx, que contou com vários colecionadores, imprensa, autoridades, o Presidente da Federação Brasileira de Veículos Antigos Roberto Suga, o Presidente do Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN) e do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), Dr. Maurício Alves, os grandes pilotos Wilson Fittipaldi e Bird Clemente, o curador do Museu Jorm Paulo Loco…

O Renault R8 chegando e sendo recepcionado. Bird Clemente ao volante!

Bird recebe o troféu junto com os irmão Marx e Mingo Abonante

Junto com Wilson Fittipaldi Júnior, o pequeno Enzo Vidmontiene, piloto mirim de Kart, já com diversas vitórias e patrocinado pelo Encontro Brasileiro de Autos Antigos (EBAA) e Bird Clemente sempre simpático


Na Willys

Luiz Antonio Greco assumiu a chefia da Equipe Willys, arqui-rival da Vemag nas pistas. Quando assumiu Greco fez uma proposta: um Willys Interlagos Berlineta, um outro carro e mais um ótimo salário com “carteira assinada”. O primeiro piloto profissional do país.  

Equipe Willys acima: Luiz Pereira Bueno, Wilsinho Fittipaldi, Luis Antônio Greco, Carol Figueiredo, Francisco Lameirão, José Carlos Pace e Bird Clemente. Abaixo o Gordini

Ele era o piloto que proporcionava muito espetáculo, era muito rápido. Tinha o muito controle sobre o pequeno esportivo de origem francesa. Seu modo de “tocada”, fazer as curvas, freava no limite, mudava de marchas dentro da curva, e derrapando, colocando o pequeno bólido de lado nas quatro rodas, mas, ao sair da curva já estava equilibrado e muito embalado. O 21 do parceiro José Carlos Pace


O R8

Renault 8S Conheça

Visto de trás. Foi pilotado por Emerson Fittipaldi e Bird Clemente


Cenas de uma vida em velocidade


Entrevista

Com Jô Soares https://globoplay.globo.com/v/1262542/


Em Escala

O o Interlagos nº22, baseado no modelo Alpine A-108 na escala 1/43


Ao se aposentar as pistas, aos 36 anos de idade, Bird seguiu contribuindo para a história do automobilismo nacional, lançando em 2008 o livro “Entre ases e reis de Interlagos”, que reconta a história do esporte a motor no país com um grande acervo de imagens.

Bird Clemente deixa a esposa, Maria Luiza, e quatro filhos: uma filha do primeiro casamento com Marise e dois filhos e uma filha do segundo casamento, com Maria Luiza. O velório e sepultamento foi no Cemitério Morumbi na segunda-feira, dia 2 de outubro.

Numa época de audácia: Havia um volante, poucos instrumentos no painel, três pedais e uma alavanca de marchas. Muitos das décadas de 50,60,70 e parte de 1980 sabiam muito bem o que era pilotar. Maestria! Viva Bird!



Texto fotos e montagem Francis Castaings, Demais fotos de divulgação

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