Automóvel Antigo do Leitor: Rodrigo Darwich Apgáua e seu Citroën Traction 11BL, 1951.

Automóvel Antigo do Leitor: Rodrigo Darwich Apgáua e seu Citroën Traction 11BL, 1951.

Meu Citroën e eu. Meu encanto com esse carro começou aos 14 anos, quando um tio comprou um de 1947 e nós passávamos os fins de semana sujando as mãos de graxa e tentando fazê-lo funcionar.

Aos meus 15 anos nossa família mudou-se para o Rio de Janeiro, onde ainda existiam muitos Citroën’s circulando e atiçando minha vontade de ainda ter um carro daqueles.

Um vizinho sabendo o quanto eu gostava do Citroën e que já havia possuído um, me presenteou com uma mangueira de radiador encontrada em sua garagem. Foi minha primeira peça de Citroën!

Voltamos para Belo Horizonte, anos se passaram, comecei a Faculdade de Administração e fui fazer estágio no centro da cidade.

Descia de ônibus do bairro Serra onde morava e comecei a reparar em um Citroën parado na Avenida Afonso Pena, próximo ao Parque Municipal.

Um dia, voltando para casa na hora do almoço, esse carro estava estacionado na Rua Aimorés, na Praça Tiradentes. Desci do ônibus e fui olhar o Citroën de perto: espetáculo para os meus olhos!

Passado algum tempo, estava com minha mãe subindo a Avenida Afonso Pena depois da Praça Tiradentes no fusquinha vermelho lá de casa, quando vejo pelo retrovisor o Citroen contornando a Praça e indo pela Avenida Brasil no sentido da Santa Casa. Exclamei na hora para minha mãe: Olha o Citroën andando!

Manobrei logo que pude e fui atrás do carro, que parou para abastecer no antigo Posto Sagres, ao lado do Colégio Arnaldo, na esquina das Avenidas Brasil e Bernardo Monteiro. Desceu do carro um senhor e fui conversar com ele. Me apresentei, ele chamava-se Bernardo Guimarães Alves. Disse-me que conhecia a família de meu pai. Eu disse que era encantado com o Citroën…Naturalmente ele me disse que não vendia o carro.

Conversamos mais algum tempo, peguei mesmo assim seu endereço (morava na Avenida Afonso Pena, em frente ao Parque Municipal) e dias depois fomos meu pai e eu visitá-lo, ocasião em que tive oportunidade de saber mais sobre a história do seu Citroën. Essa interação cordial foi mantida por quase dois anos.

Num sábado pela manhã, em maio de 1976, fomos Celso, meu irmão e eu, à casa do Sr. Bernardo. Disse-lhe que o Citroën estava meio sujo e pedi a ele para me emprestar o carro pois queria levá-lo à minha casa, limpá-lo e que o devolveria ao final do dia. Qual não foi a minha surpresa quando me entregou a chave do carro. O coração quase saiu pela boca! E assim fizemos. Levamos o carro para nossa casa na Serra. Lavei, poli, esfreguei tudo que eu podia.

À tarde, como combinado, estacionei o Citroën no local onde o havia pegado devolvi a chave ao Sr. Bernardo, disse-lhe o que eu tinha feito e voltei para casa. Na segunda feira à noite recebo uma ligação do Sr. Bernardo: Rodrigo, vou vender o Citroën para você. Quase morri! Iria ter meu Citroën! Estagiário, quebrado, arrumei sete mil cruzeiros emprestados e fui comprar “o meu Citroën”. Meu sonho de carro seria realizado.

Nesse momento ele me entregou as chaves do carro, o Manual do Proprietário e a Nota fiscal de Compra do mesmo originais. Era um Citroën 11BL, ano 1951, adquirido aqui em Belo Horizonte em 30 de abril de 1951 na concessionária SODAMA. Era seu único dono! Ratifiquei a ele naquele momento que aquele seria o carro que me acompanharia pela vida. Convivi ainda alguns anos com o Sr. Bernardo até seu falecimento

Andei com o Citroën um tempo e fui comprando toda as peças que conseguia visto que já era um carro raro por aqui. Posteriormente comprei outro carro, guardei o Citroën e a vida continuou. Me formei, casei, comprei apartamento, tive três belas filhas e o Citroën guardado! Dizia a todos que quando eu aposentasse iria deixá-lo impecável. Dito e feito.

Viajei pra França para comprar peças novas (me senti igual a um menino em fábrica de sorvete), um primo que também tem um Citroën e um amigo francês me trouxeram outras tantas, fui me organizando e em 5 de fevereiro de 2013 levei o carro para a oficina para iniciar a sonhada restauração.

Eu saia de casa cedo e voltava no final da tarde sujo e cheirando a graxa, minha esposa Marilia brigando comigo, mas fomos progredindo. E três anos, três meses e cinco dias depois de muito trabalho e muita alegria meu Citroën voltou pra casa. Impecável! Atualmente é o “carro velho do vovô” como diz a Luísa minha neta.

O Filme


Texto e fotos sem logo Retroauto são de Rodrigo Darwich Apgáua


Um pouco de História

O Revolucionário Citroën Traction

Orgulho Francês – Reconhecimento Mundial

A fábrica francesa situada no Cais de Javel, em Paris, capital da França, a Citroën Automobile S.A ., fundada por André Citroën, começou a produzir, em 1905, engrenagens com dentes angulares que se tornou o símbolo da fábrica. Entre 1915 e 1918, durante a Primeira Grande Guerra Mundial, fabricava armamentos e 80 % dos operários eram mulheres. Os automóveis só começaram a ser produzidos em 1919 e, desde então,  sempre surpreenderam o mundo com seus lançamentos. Foi assim desde a década de 30….

Este empreendedor ficou admirado com a produção em série de Henry Ford e por este fato, foi um dos primeiros fabricantes de automóveis na Europa a adotar a linha de montagem. André Citroën junto com doze técnicos da empresa foram aos Estados Unidos em 1921. Houve troca de informações técnicas de muito valor entre os engenheiros americanos e franceses. 

Em 1931, o engenheiro André Lefèvre deixava de trabalhar para Gabriel Voisin, que também fabricava carros, para ser empregado de Louis Renault. Ele levava debaixo do braço um projeto, o P.V. (Petite Voiture), de um  pequeno carro com tração dianteira. O Sr. Renault não era muito entusiasta de novas tecnologias e não aprovou suas novas ideias. Este então foi bater nas portas da empresa de André Citroën que logo se interessou pela ousadia dos desenhos de Lefèvre. Tratava-se de uma automóvel de duas portas, quatro lugares e motor entre 1.000 cm³ e 1.100 cm³. Outro funcionário de destaque, em começo de carreira, Flaminio Bertoni, que era escultor, arquiteto e estilista, começou a fazer os primeiros esboços e depois esculpir em escala 1/10, uma carroceria de linhas curvas e bem interessantes. Nada convencional para a época.

Dois anos depois, decidiu-se que o novo carro seria maior com 4 portas, sendo que as dianteiras tinha a abertura “suicida” e,  com cilindrada por volta de 1.300 cm³, atingir 100 km/h e ter um consumo por volta de 10 km/l. Teria também cambio automático mas, na fase de testes, este apresentou muitos problemas. 

André Citroën mandou construir um novo galpão para abrigar a linha de produção do novo modelo. Por isso, e por uma expansão de suas unidades na Europa, estava endividado. Mesmo assim não quis interromper o novo projeto audacioso. 

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O modelo revolucionário foi lançado no Salão de Paris em abril de 1934. Era o Citroën modelo 7 A. Com carroceria em aço, toda soldada eletricamente, monobloco de quatro portas, o carro era muito baixo em relação a seus concorrentes, tinha linhas bem fluidas e curvas. A grade dianteira era levemente inclinada para trás. Neste estava o símbolo da empresa representado os dentes angulares, como dois “Vês” invertidos. Os franceses chamam de “Doublé Chevron”

O modelo causou sensação. Nas publicidades já anunciava as novidades técnicas tais como maneabilidade, estabilidade e aderência inigualáveis, tração dianteira, motor flutuante, rodas independentes, freios hidráulicos, suspensão por barras de torção e concepção totalmente nova. Ainda, o slogan de “Carro integralmente aerodinâmico” . Esta estava estampada em todos os jornais da capital e do interior da França. Podia transportar 5 pessoas com conforto que tinham a disposição ótima área envidraçada para a época.

O motor dianteiro, refrigerado a água, de 4 cilindros em linha, cujo bloco e cabeçote eram em ferro fundido, tinha válvulas no cabeçote e comando lateral, 1.302 cm³ e 32 cavalos. Era apoiado em coxins flutuantes sendo apelidado de “Moteur flottant”, ou seja, motor flutuante. Por este artifício mecânico, as  vibrações do motor não eram sentidas na cabine. A tração dianteira tinha eixo cardã com juntas Spicer. 

A caixa de velocidades de 3 marchas, com as duas últimas sincronizadas, ficava na frente do motor bem perto da bonita grade dianteira de refrigeração. A alavanca era no centro do painel e deixou herança,  tendo o mesmo posicionamento, no futuro modelo popular 2 CV. Esta era apelidada de “rabo de vaca” pelo seu posicionamento para baixo e a direita.

Atrás de um mostrador quadrado Jaeger, bem completo, que ficava ao centro,  tinha o volante de três raios de desenho simples. A direção era a cremalheira. Ainda, um porta-luvas em cada extremidade. Os freios, a tambor,  tinham comando hidráulico e a suspensão era independente nas quatro rodas, sendo que este esquema, trazia ao modelo 7, extraordinária estabilidade. Também foi o primeiro carro a utilizar pneus Michelin X com carcaça radial. 

O motor não se mostrou muito performante e em julho o modelo 7B foi lançado. Tinha 1.529 cm³ e 35 cavalos. Este sim era capaz de atingir 100 km/h de velocidade final.

Também neste ano foi lançado um lindo modelo conversível, que ficou conhecido como “Cab’Trac” e um belo cupê esportivo . Ambos mediam 4,45 metros de comprimento e pesavam 1.025 quilos. O cupê, também chamado de “Faux Cabriolet” ou falso conversível era construído por Jean Daninos que mais tarde fabricaria o requintado Facel. Tinha dois lugares mais o inevitável banco da sogra que saía do porta malas. Apoiado neste, a “caixa” que abrigava o estepe. Os pneus eram na medida 140 x 40. No conversível o para-brisa, que tinha só um limpador para o motorista,  podia ser rebaixado deixando-o mais atraente ainda. Um belo roadster. Estes modelos esportivos são muito raros hoje. O motor mais potente, com 1.911 cc e 46 cavalos a 3.500 rpm, curso de 78 mm x 100 mm era alimentado por um carburador Zénith Stromberg invertido. Este propulsor seria usado depois no modelo 11 Légère .Os pneus eram  Michelin na medida 165 x 400.

O modelo 7B foi um foi um sucesso de  vendas e, no primeiro ano, a produção era de 300 exemplares por dia. Porém André Citroën acumulou muitas dividas por causa deste lançamento e de outros projetos  e teve que  pedir  falência. A Michelin, famosa fabricante de pneus, assumiu as dividas e continuou  a produção do automóvel de sucesso.

Pouco depois foi lançado o 11A que era mais largo, mais longo e mais potente também. O modelo conversível e o “Sport” também sofreram estas mudanças. Usavam o mesmo motor do cupê esportivo e chegava a 105 km/h. E mais uma carroceria, com entre-eixos alongado,  versão Familiar. Tinha mais uma janela lateral, enorme por sinal, e podia oferecer 7 ou 9 lugares nas versões limusine ou táxi. Na versão normal, sem esta janela na coluna C, o perfil era muito mais harmonioso. 

Em dezembro de 1934, já com a denominação Traction Avant foi lançado o modelo 7C com um motor mais potente com 1.628 cm³ e 36 cavalos a 3.800 rpm. Sua taxa de compressão era de 5,9:1, tinha válvulas no cabeçote com comando lateral e virabrequim com três mancais. Este motor era alimentado por um carburador Solex 30 em posição invertida.

Em 1935 já tinha um sistema de escapamento melhor e também suspensão  mais evoluída com  amortecedores telescópicos e barra estabilizadora. E também mais um modelo chega: o 11 Légère  que faria muito sucesso em todo o mundo. Adotando o motor de 1.911 cm³ e chegava a 110 km/h. Por fora era destacável os grandes faróis redondos, com molduras cromadas e lentes planas.

Em 3 de julho de 1935 morria André Citroën. Infelizmente este grande homem não viveu para acompanhar o sucesso de seus carros. Em outubro de 1937 era lançada a versão Commerciale. Disponível só na cor preta, a abertura da porta traseira era dividida e muita ampla. O último banco podia ser rebatido e aumentava muito o volume para a entrada de cargas. Podia carregar até 500 quilos. O modelo 11 Légère  passava a se chamar BL e o 11 passa a ser o 11 B. 

Em 1938 foi lançada a linha 15 Six. O motor, com 6 cilindros em linha, era bem mais potente. Tinha 2.867cm³ e potência de 76 cavalos a 3800 rpm. Sua alimentação era feita por um carburador Solex de corpo duplo, também em posição invertida . Sua velocidade final era de 130 km/h. Na Inglaterra este modelo foi construído na cidade de Slough e era chamado de « The big Six ». E sua fama de “Rei das Estradas” estava definitivamente consagrada na Europa e fora deste continente. Também entraram em cena as rodas “Pilote” que só tinham um parafuso central e foram criadas pela Michelin.  

Em 1940 o conversível deixava de ser fabricado após 3.900 exemplares na versão 7 C com motor 1.628 e 11 com motor 1.911 cm³. E , um ano depois, o modelo 7 também deixava as linhas de montagem.

Em 1942, por causa da Segunda Grande Guerra Mundial, toda linha de montagem era paralisada. Foi utilizada para a fabricação de armamentos e artefatos bélicos. Passada a guerra, em 1946, o Traction, somente na versão 11 BL e 15 Six G  voltava a serem produzidas e ainda fazia sucesso apesar de só ter disponível a cor preta por economias na empresa. Foi assim até 1951.

Em 1952 recebiam uma tampa traseira que fez aumentar muito a capacidade do porta-malas que era limitada. Os para-choques também estavam maiores e as hastes dos limpadores de para-brisa passam para a parte inferior deste.

Dois anos depois, o modelo 15 H recebe a suspensão hidro-pneumática no eixo traseiro. Esta faria história em seu sucessor, o DS, e em vários modelos da linha, sendo aperfeiçoada até hoje e presente no modelo mais moderno C5.

André Citroën foi um precursor. E o  Traction Avant revolucionou a indústria nos anos 30 e tornou a Citroën conhecida em todo o mundo. Foi produzido entre 1934-1957 e firmou a Citroën como uma empresa ousada, pioneira, vanguardista e de tecnologia avançada.

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Ao todo 758.858 exemplares foram para as ruas do mundo.


A Cotação

Os modelo hoje valem entre 8.500 e 50.000 Euros conforme o estado sendo que os mais caros são os cupês e conversíveis. A cotação do Euro hoje está por volta de 3,45 Reais. Os modelos Six, cupês e conversíveis valem muito mais.


No desfiladeiro.

A Citroën sempre gostou de demonstrar a resistência de seus carros. E o Traction não escapou da empreitada. Enfrentou um teste de impacto no desfiladeiro. Um modelo foi jogado de uma altura considerável, capotou de frente algumas vezes até parar no plano. Voltou rodando para a fábrica sem maiores danos.


Em Escala.

Difícil um importante fabricante de miniaturas não ter reproduzido o modelo em escala. Tem para todos os bolsos e gostos. Quase todas ainda disponíveis nas prateleiras das lojas especializadas. Abaixo um modelo da coleção 007

A famosa italiana Bburago tinha, até pouco tempo, em seu catálogo de 1999/2000, o modelo 15 de 1938 na escala 1/24. As portas dianteiras e o capô se abrem e as rodas esterçam. Na cor preta, a marca caprichou no acabamento. Também há uma interessante, em kit, para montar sem cola, da versão que fez o Rali de Monte Carlo. Ambas feitas em Zamac ( Liga metálica composta de Zinco, Alumínio, Magnésio e Cobre). Há plástico na miniatura também.

A Matchbox inglesa também o fez na cor preta. Constou do catálogo de 1985. Foi o modelo 15 de 1953 com a “mala” destacada. Bem acabado, para-choques, faróis e grade dianteira são cromados e interior branco. Na escala 1/66.  

A Sólido francesa também o destacou. Nas escala 1/43 tinha o modelo 15 de 1939 na versão civil, cor preta,  e na versão FFI (Force Française d’Intervension), ou seja, o carro da resistência. Este tem pintura camuflada em tons verde do exército e adesivos da “instituição” que eram a inscrição FFI na porta dianteira e na traseira e a cruz de Lorena representando um V de vitória. Muito bonitos, interessantes e detalhados. A Maisto da Tailândia fez, na escala 1/18,  também o modelo 15 de 1938 em zamac e plástico na cor cinza claro. As portas e o capô se abrem e as rodas esterçam e o volante gira.  Também nesta escala fez a versão FFI e uma interessante do Táxi parisiense da época cujas cores eram preta e vermelha. 

A Élysées francesa fez, na escala 1/43, o modelo cupê de 1938 na cor cinza metálico. Em resina este modelo é muito raro e bonito. Também fez os modelos furgão, ou seja, na versão comercial com propagandas da Coca-Cola, na cor vermelha e amarela.

Lembranças / Apetrechos

Na França, principalmente, há muito objeto com o tema Traction para ser comprado. São pinturas, DVD’s,  bonés, postais, chaveiros, camisetas, pôsteres, placas metálicas para afixar em paredes, relógios de paredes e até termômetros.


Nas Telas

No filme From Russia with Love, de 1963, Moscou contra 007 é o segundo da série 007 com Sean Connery no papel do agente secreto James Bond. Seus foram produtores Albert Broccoli, Harry Saltzman e o diretor Terence Young. É baseado no romance homônimo de Ian Fleming de 1957. Também atuam a bela atriz italiana Daniela Bianchi como Tatiana Romanova que faz o papel de uma fiel funcionária da embaixada soviética na Turquia.

Ela age pensando na gloria de seu país, mas é manipulada pela organização terrorista Spectre. Traz também o ator Robert Shaw como Red Grant que é um agente habilidoso da Spectre que tenta eliminar Bond. O Citroën Traction aparece logo no princípio do filme e pertence à agentes russos. Mais um ótimo filme de 007 com muitas cenas de ação como sempre.

Em Fugindo do Inferno (The Great Escape) com Steve Macqueen, narra a história de  um grupo de prisioneiros no final da segunda guerra mundial. Numa cena já no final do filme, um Citroën Traction se aproxima de um bar onde estão três alemães tomando um aperitivo. O carro pára e , de dentro, um oficial da resistência francesa metralha os inimigos, sendo que, logo após, o carro sai em disparada. Um cena muito bem filmada.

Também, em Ladrão de Casaca (To Catch a Thief) , filme de 1955, do grande Alfred Hitchcock, estrelado por Cary Grant e a linda Grace Kelly, o Citroën Traction dos policiais franceses aparecem no filme do princípio ao fim. Sempre em perseguição ao Ladrão refinado.

No filme Indiana Jones e a Última Cruzada, de 1989, terceiro da série com o grande Sean Connery fazendo papel do pai de Jones. Ambos estão num um belo conversível que foi infelizmente destruído. Tomara que tenha sido uma réplica.

Todos os DVD’s, de gêneros diferentes, merecem ser vistos.


Aventura

Muito famoso, os intrépidos do Tracbar já rodaram o mundo. Trata-se de um grupo de “Citroenistas” que levam seus Traction para raids na Austrália, Estados Unidos e África. 

No da Austrália foram selecionadas 35 famílias de “Tractionistas” da França, Suíça, Alemanha e Caribe para participar do TRACBAR DUNDEE 2000. Percorreram 7.000 km, atravessaram os grandes desertos de Victoria e Simpson e ainda as famosas e místicas Gunbarrel Highway » e « Birdsville Track ». O modelo mais antigo era de 1936 e o mais novo de 1954. Todos completaram a prova. A primeira edição deste tinha sido em 1998. 

Em 2002 foram em terras americanas. Foi o Rallye Tracbar Yankee 2002. Começou em 19 de julho deste ano. O grupo formado por 30 equipes, partiram de Los Angeles na Califórnia, rodando boa parte na famosíssima Route 66. Em 8 de agosto chegaram a Nova York, na costa oeste dos Estados Unidos. Neste ano, a epopeia se repetiu.


No Brasil

No Brasil, os Citroën Traction, modelo 11 foram importados entre 1947 e 1951 sendo que quase todos eram na cor preta. Fez sucesso, mas não era o modelo importado mais vendido por causa da maioria de carros americanos que eram a preferência. Sua mão-de-obra também era muito especializada sendo que os mecânicos mais famosos eram de origem francesa. O mais vendido foi o 11 Légerè e infelizmente hoje são poucos que estão rodando ou expostos. Fez-se até uma réplica do 4 portas encurtado, só com duas, em plástico reforçado com fibra de vidro e mecânica VW a ar. Não fez muito sucesso.


Casos da história

Foi o carro preferido da resistência francesa. Também foi muito usado pela Gestapo, gangsteres e outros bandidos de grande fama. Rápido e estável, era muito eficaz nas fugas. Na Segunda Grande Guerra Mundial foi muito apreciado pela facilidade em enfrentar terrenos acidentados e pela ótima estabilidade em curvas.

No Rio de Janeiro, em 7 de abril de 1952, o corpo do bancário Afrânio Arsênio de Lemos foi encontrado, com três tiros, dentro de um Citroën 11 Légère preto estacionado na ladeira do Sacopã, na Lagoa Rodrigo de Freitas. As suspeitas recaiam sobre o tenente da Aeronáutica Alberto Jorge Franco Bandeira que teria matado o bancário, que era o proprietário do  Citroën, por ciúmes de Marina Andrade Costa, que era uma estudante. Por falta de provas, o crime não foi esclarecido e prescreveu em dezembro de 1972. 

Por 20 anos, o “caso do Sacopã” foi lembrado em  jornais e revistas do país. E por consequência, o carro ficou muito conhecido e a marca muito famosa.


O V8

No Salão de Paris de 1934, ao lado dos modelos convencionais, também foi apresentado um protótipo chamado “Citroën 8 Cilindros Tração Dianteira Conversível”. De cor vermelha e capota branca, seu interior era mais luxuoso e acabamento mais refinado. Por fora o capô era mais longo, os para-lamas mais envolventes, para-choques duplos, faróis embutidos na carroceria e no centro da grade um 8 bem visível. O motor V8 tinha curso de 78 x 100, 2.867 cm³ e potência estimada em 100 cavalos. Nos  testes superou os 140 km/h. Um modelo 4 portas também foi apresentado. Não passaram de protótipos e eram muito raros. Os poucos que existem hoje estão bem escondidos. Não entraram em produção por questão de custos.


Fotos cedidas gentilmente do arquivo da Citroën Heritage

Merci spécial pour espace presse Citroën pour les belles photos ici.

Fichas técnicas

Citroën 11 BL cabriolet – 1938

  • Potência Fiscal : 11 CV
  • Carroceria : monobloco em aço
  • Suspensão : Barras de torção e amortecedores telescópicos.
  • Motor : 4 cilindros em linha , bloco e cabeçote em ferro fundido
  • Cilindrada : 1911 cm3
  • Curso : 78 mm x 100 mm
  • Potência : 50 cavalos à 3500 rpm
  • Distribuição : válvulas no cabeçote e comando lateral.
  • Alimentação : um carburador Zenith Stromberg invertido
  • Caixa de marchas  : manual de 3 marchas mais marcha a ré. Alavanca no painel.
  • Transmissão  :Nas rodas dianteiras por cardã com juntas Spicer
  • Freios  : hidráulicos a tambor nas 4 rodas
  • Direção : à cremalheira
  • Pneus : Michelin 165 x 400
  • Carroceria : cabriolet, 2 portas, 2 lugares + 2 lugares no Spider, feito em chapa de aço

 15 Six berline – 1953

  • Potência Fiscal : 16 CV
  • Carroceria : monobloco em aço
  • Suspensão : Barras de torção e amortecedores telescópicos.
  • Motor : 6 cilindros em linha , bloco e cabeçote em ferro fundido
  • Cilindrada : 2867 cm3
  • Curso : 78 mm x 100 mm
  • Potência : 76 cavalos à 3800 rpm
  • Distribuição : válvulas no cabeçote e comando lateral.
  • Alimentação : um carburador Solex de corpo duplo invertido
  • Caixa de marchas  : manual de 3 marchas mais marcha a ré. Alavanca no painel.
  • Transmissão  :Nas rodas dianteiras por cardã com juntas Spicer
  • Freios  : hidráulicos a tambor nas 4 rodas
  • Direção : à cremalheira
  • Pneus : Michelin 165 x 400
  • Carroceria : Sedã com 4 portas, 5 ou 6 lugares feito em chapa de aço. 

Fotos realizadas em Paris, nas ruas, na grande loja Citroën na Avenida Champs-Élysées, 42, no Conservatoire Citroën, na excelente exposição Autoclásica em San Isidro, Buenos Aires, Argentina, no Museu Estrada Real em Bichinho, Tiradentes, Minas Gerais e no Forte de Copacabana no Rio de Janeiro.


Este Dodge é frequentador dos melhores encontros de carros antigos em Belo Horizonte, Minas Gerais e região metropolitana e também do Clube MOPAR UAI de Minas Gerais


Edição, texto e montagem Francis Castaings

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