Chevrolet Opala SS: Quase duas décadas de muito sucesso
O Chevrolet Opala SS Completou 50 anos em 2021. No final de 1970 chegavam os modelos 1971. Foram apresentados no VII Salão do Automóvel no final de 1970. Era o Especial, Luxo, Gran Luxo e SS.
Mudava a grade dianteira em ambos e no restante da carroceria a mudança era mínima. Tanto na versão mais simples denominada Especial quanto na Luxo os faróis circulares ganhavam uma moldura plástica quadrada mais espessa. No modelo de base havia dois frisos paralelos horizontais cromados e a “Gravata Chevrolet” dentro de um pequeno retângulo vertical com fundo vermelho no centro. Atrás, para proteger o radiador uma grade com tela simples. Ainda, para simplificar mais, perdia a luz de ré! Os estofamentos tinham forração plástica e na parte central um desenho xadrez de gosto duvidoso.
No Luxo a grade era dividida ao meio formando dois “U” horizontais e o mesmo emblema do Especial no meio. Por dentro novo sistema de ventilação e bancos com novos desenhos.
Para jogar água no para-brisas havia uma bomba no assoalho, acionada pelo pé esquerdo logo ao lado do pedal da embreagem. Um tanto arcaico para um carro da década de 70. Não combinava e na versão base este apetrecho era opcional. A alavanca de marchas na coluna estava com um pomo de plástico duro maior, mais ergonômico, portanto com uma pega muito melhor.
Chegava também em 1971 a versão Gran Luxo com acabamento mais requintado com teto de vinil e calotas mais bem acabadas. Na parte interna do capô do motor havia um tecido isolante. O carro estava mais silencioso. A grande novidade era o novo motor que por três décadas fez muito sucesso. Não que o 3800 fosse ruim, muito pelo contrário, era robusto e elástico. Nascia o famoso 4100! Este motor com 4.093 cm³ tinha 138 cavalos brutos a 4.000 rpm e bom torque de 29,0 mkg. f deixava o carro mais veloz e ágil. Fazia de 0 a 100 km/h em 12 segundos e chegava a 175 km/h. Por dentro havia acabamento imitando madeira jacarandá sobre a tampa do porta-luvas e no centro do aro do volante. Nos bancos havia tecidos mais finos, melhores assim como na forração das portas.
Outra boa novidade era a versão SS, Super Sport, que além do motor 4.100 trazia um cambio de quatro marchas no assoalho e por este motivo bancos eram separados. O ruído das trocas, bem metálicos, já era uma ameaça ao concorrente no sinal. Lembrava as trocas do cambio da marca Hurst americano.
Por fora havia faixas pretas decorando o capô do motor, eram largas e bem visíveis. A grade era a mesma do modelo Especial, mas com as letras SS vermelhas ao centro. Na lateral, abaixo da cintura das portas duas faixas pretas, a superior, mais fina e acima dela, na ponta do para-lamas, o número mágico 4100 também em preto. Pouco depois da caixa de rodas dianteira havia outro emblema SS e pouco depois uma bandeira quadriculada. As rodas com desenho bonito, discreto e esportivo, misturando prata e preto, estavam calçadas por pneus sem câmara o que era uma novidade no Brasil. E eram mais largos dando ao carro um pouco mais de estabilidade. Não existiam modelos SS sedã quatro portas nos Estados Unidos, mas na Europa havia alguns derivados esportivos nesta configuração como o Triumph Dolomite Sprint e o Renault R12 Gordini.
Por dentro o painel continuava quase o mesmo à exceção do conta-giros que era maior, do tamanho do velocímentro, graduado a 6.000 rpm com a zona vermelha começado ao 5.000 rpm, ao centro marcador de temperatura e nível do tanque, e o relógio ficava no console acima da alavanca de cambio. O volante de três raios metálicos também era bonito e podia vir com acabamento no aro imitando madeira. O motor, pintado na cor vermelha, era o mesmo do Gran Luxo.
No Final de 1972 era lançado o cupê fastback que logo se tornou sucesso. Matava a curiosidade daqueles que acompanhavam as revistas já que os primeiros testes datavam de 1970. Para o nosso mercado tinha uma carroceria agradável e moderna. Para o exterior não! Datava de 1965 e seguia, como sempre, as linhas Chevelle e Impala de meados da década de 60. As portas eram amplas, os bancos dianteiros tinham que ser rebatidos para acesso dos passageiros de trás.
Para os de maior estatura não era muito confortável. Qualquer versão, Especial, Luxo, Gran Luxo ou SS podiam ter e também com os motores 2.500 e 4.100. Na SS era a ideal e no Gran Luxo o teto de vinil caia bem. O Opala já era o segundo carro mais vendido do Brasil, apenas atrás do Fusca. E neste ano ganhava o título de carro do ano da revista Auto Esporte.
Em 1973 o Opala recebia nova grade dianteira, com dois retângulos finos cromados para a versão luxo e as lanternas de sinalização estavam nas extremidades. Tinham lentes brancas bem visíveis estava mais seguro. As caixas de rodas também recebiam frisos cromados e as calotas eram cônicas e mais simples até para a versão Gran Luxo. Para o modelo Especial, mais simples da linha havia apenas um pequeno friso central com o símbolo da gravata. O modelo Luxo e o Gran Luxo ganhavam novas cores metálicas e forração de bancos diferenciada.
Estava mais discreto, porém mais bonito. O fundo do painel era em cor prata e para os modelos Especial e SS todo preto. Só havia diferenças no SS com relação à instrumentação que era bem maior.
Em 1974 a grande novidade e boa era o motor 151-S que chegava. Tinha curso do pistão menor e diâmetro do cilindro maior. A cilindrada que era de 2.507 passou para 2.474 cm³, mas a potência subia em 10 cavalos. Novos coletores de admissão e escapamento também constavam e também carburador de corpo duplo para o SS-4. Tinha a velocidade final de 155 km/h.
Merecia aplausos já que esse motor era bem menos ruidoso e mais equilibrado que o anterior vibrava menos em marcha lenta. Estava mais agradável e mais rápido. Uma mudança visual era identificada nos modelos SS. No SS-4 a grade era idêntica ao do modelo Especial, capô em preto fosco e painel traseiro também. E continuava com luzes de ré abaixo dos para-choques sendo que nos modelos Luxo e Gran Luxo estava junto, ao lado da lanterna traseira. O SS-6 era mais discreto. Mantinha duas faixas paralelas sobre o capô e havia duas finas, também paralelas em toda a lateral e as letras SS em branco na frente dos para-lamas dianteiro.
Outra ótima novidade era o aumento de potência no motor 4.100. Por sugestão do afamado piloto da extinta Divisão Um, Bob Sharp, para competir em igualdade com o Maverick GT V8 (leia mais), foram feitas modificações tais como, aumento de taxa de compressão, novo carburador de corpo duplo, tuchos mecânicos e o motor passou a ter 171 cavalos. O antigo tinha 148 e o novo motor 250-S 171 cavalos á 5.400 rpm. (veja a carta no final desta)
Outras melhorias chegaram como duplo circuito de freio, suspensões recalibradas e cambio de quatro marchas no assoalho inclusive para o Especial.
Já havia também ar condicionado e direção hidráulica para a versão Gran Luxo e vidros verdes eram de série nesta e no SS. Novas cores estavam disponíveis e várias em tons metálicos.
Outra boa novidade em 1975, garantindo mais segurança, eram os freios a disco dianteiros. O Opala estava mais seguro e neste ano as vendas aumentaram mais ainda. Também a GM do Brasil completava 50 anos de Brasil com sucesso. E a Caravan chegava para uma carreira de sucesso.
Encerrava 1975 com a produção de quase 70.000 unidades e já havia quase 370.000 Opalas nas ruas do Brasil. Foi especulada na imprensa uma picape baseada no cupê que provavelmente faria sucesso. Talvez por afetar as vendas da C-10, não a produziram.
Também neste ganhava grade com todos os frisos cromados e o teto de vinil era de série. Já para o cupê o meio teto de vinil era chamado de Las Vegas. As lanternas de pisca eram na cor âmbar e havia ainda faróis de Neblina retangulares. Já era um automóvel adulto com uma boa gama de opcionais e também bonito. Deixava de ser rústico.
No SS a decoração lateral não estava nada bonita. Na parte superior do para-lama havia quatro faixas pretas em forma de asa. Podia receber faróis de longo alcance circulares e/ou também de neblina retangulares. O capô de ambos, SS-6 ou SS-4 eram em preto fosco. Por dentro aumentava a segurança contra os amigos do alheio. O tambor das chaves passava para a coluna de direção e o travamento do volante estava mais seguro.
Quanto à parte mecânica recebia radiador selado e novo alternador de 32 amperes. Havia a bateria convencional e a sem manutenção.Podia receber três medidas de pneus: 6,45 x 14 e 6,45 x 14 s e 7,35 S sendo esta de série no Comodoro. E continuava com o tanque de gasolina de 54 litros.
A capacidade do cárter do quatro cilindros era de 3,5 litros com filtro e o do seis cilindros de 5,0 litros com filtro. A primeira troca era aconselhada com 5.000 quilômetros e depois a cada 10.000. O carro media 4, 702 metros de comprimento, 2,66 de entre-eixos, 1,75 de largura e 1,35 de altura. Pesava 1.150 quilos.
Em 1976 era eleito novamente o carro do ano. E a concorrência já estava bem maior. Na Volkswagen havia o VW Passat lançado em 1974, bem mais moderno e com bons argumentos. Também neste ano havia o belo Alfa Romeo 2300 apesar de ser muito mais caro. Na Ford havia o Maverick lançado em 1973 e já com carrocerias de duas e quatro portas e o novo motor 2,3 OHC de quatro cilindros, mais moderno para tentar concorrer com o Chevrolet com o mesmo número de cilindros. Até uma concessionária em São Paulo fez uma versão perua do Maverick, mas como se tratava de um carro especial tinha preço muito elevado. Quanto a Chrysler os modelos mais simples esbarravam no preço dos Opalas mais luxuosos, mas o consumo dos Dodge era muito maior.
No começo da década de 70 já havia fabricantes sérios de acessórios que faziam produtos de boa qualidade de bom gosto tais como carburadores duplos, triplos, coletores especiais, cabeçotes, escapamentos idem, grades com dois faróis circulares, rodas de liga leve com desenhos bonitos, volantes, bancos, spoiler, aerofólio, teto solar, antena elétrica, etc. Mas nesta época começaram a colocar rodas de aro de 13 polegadas no lugar das de 14 polegadas originais. Ficava no mínimo bizarro. E estragava a suspensão e componentes ligados a ela.
O modelo SS estava mais discreto com duas faixas pretas no capô, com bordas brancas e a parte inferior lateral pintada de preto. Mas alguém teve a ideia infeliz de inserir o nome do carro escrito em branco sobre fundo preto colado no vidro traseiro. A visibilidade traseira do cupê nunca mereceu aplausos e ficou mais prejudicada ainda. De gosto muito duvidoso a própria fábrica tirou. Na frente das portas havia a inscrição SS-6 ou SS-4 com o numero na parte superior. Tinha novas lanternas traseiras a partir de 1975.
As rodas deste tinham desenho mais simples e a do SS-6 com fundo preto era mais harmoniosa.
Em 1977 as grandes novidades eram o cambio com a sobremarcha (overdrive) que fazia com que a última, no caso a quarta com alavanca no assoalho, ou terceira na coluna, engatada, o motor girasse menos, mantendo menor o consumo. As anteriores eram bem mais fortes. Não agradou. Outra foi o econômetro que na verdade era um vacuômetro que indicava de forma analógica se o motorista estava ou não economizando gasolina. Na faixa vermelha era melhor aliviar o pé. Nos modelos SS não havia mais distinção, só a faixa inferior preta com a descrição esportiva. Estava mais discreto.
Em 1978 a grade mudava pouco com quatro retângulos pretos. Novas cores eram oferecidas e a coluna de direção retrátil fazia parte da segurança ativa. Ponto para o Opala. A grande novidade era a Caravan SS com todos os acessórios do cupê que deixava de ter as feias faixas brancas de contorno.
E teve muito adeptos
Elas davam lugar à cor do restante do carro. Bem mais razoável. Esta perua esportiva da GM não tinha concorrentes como a Belina GT, Variant SR ou Kombi Spider!
Em 1979 mais uma tentativa para se contornar a crise de combustível. O tanque de 54 litros passava a ter 66 litros. Na época os postos de abastecimento nas estradas ou cidade, graças à brilhante ideia de alguém, começaram, eram obrigados a encerrar o expediente às 20:00 horas. Se ficasse no meio da rua ou estrada depois… a venda de galões e saquinhos mais robustos especiais para o transporte da nafta aumentou. E muito, era proibido, mas a maioria tinha no porta-malas. Melhorava as forrações internas, os tecidos dos bancos e o apoio para cabeça dos dianteiros estavam com novo desenho deixando o motorista mais seguro quando precisava olhar para trás.
Para limpar o para-brisa agora havia uma bomba elétrica e para acionar o botão ficava mal posicionado à esquerda do volante. Uma ótima novidade era a mudança de alavanca do freio de estacionamento para o centro do assoalho entre os bancos dianteiros no caso dos bancos individuais. Herdou o espelho retrovisor do Chevette em formato retangular. Quanto ao SS, não tinha mudança, apenas o dístico 4100 havia sido extinguido.
O ano de 1980 chegava e a linha Opala estava de cara nova. Tanto a traseira quanto a frente sofria grandes mudanças. Na frente faróis retangulares novos e luzes seta em cor âmbar. A grade frontal tinha frisos finos horizontais. Atrás grandes lanternas retangulares e piscas também envolventes. Visto de lado a frente estava mais baixa e a traseira ligeiramente mais alta. O corpo da carroceria não havia sido alterada por questão de custos e o resultado não ficou muito harmonioso.
Estava melhor no modelo de quatro portas e na Caravan. No cupê nem tanto. A abertura do capô continuava contra o vento e o acesso à maquina ainda era muito bom tanto para o motor de seis cilindros quanto no de quatro. Na traseira da Caravan a lanterna tinha desenho diferenciado. No geral agradou. Bem vindo era o retrovisor do lado direito do carro. Melhor ainda era o aumento das bitolas dianteira e traseira. No SS era de seis polegadas e nos restantes cinco. Os para-choques também estavam maiores. Os engenheiros foram obrigados a rever a suspensão alterando amortecedores, molas, buchas e barras estabilizadoras. Enfim o carro ganhava pneus radiais e estava mais agradável em curvas e mais leve na condução em geral.
O painel também tinha novo desenho. Os relógios estavam dentro de um quadro retangular e sua visualização melhor. O volante tinha novo desenho. Estava mais espesso, com melhor pega, tinha dois raios e menor diâmetro. Havia também novo console, mas bem equipado e com desenho agradável. A alavanca de cambio no assoalho tinha novo desenho, posicionamento mais adequado e melhorando muito a troca de marchas. A versão SE era a básica, a intermediária Comodoro e a superior Diplomata. Havia ainda a SS para o cupê e a Caravan. Na básica as rodas eram em aço estampado com um desenho bonito. Nas outras superiores em liga leve e com um belo desenho também.
Em 1982, para comemorar 750.000 unidades vendidas era produzida a serie especial SilverStar com tonalidades verdes ou azuis limitadas a 2.000 unidades. As rodas de aço estampado tinham a mesma cor do carro e esta série não incluía o Comodoro, o Diplomata e o SS. Todos passavam a ter grade quadriculada com o símbolo da gravata no meio. Os Opalas já funcionavam á álcool, o motor era pintado de amarelo para distinguir dos demais e para aumentar a autonomia, toda a linha passava a ter tanque com capacidade de 88 litros. A versão á álcool também ganhava ignição eletrônica e um botão interno muito útil para a abertura do porta-malas estava disponível como opcional para toda a linha, mas no ano seguinte estaria para o Comodoro e para o Diplomata. A versão Comodoro tinha um friso fino no meio da lateral que ia até a caixa de rodas dianteira enquanto o Diplomata tinha um borrachão abaixo da linha das portas e para-choques maiores. Ficava com um porte mais elegante que os demais tanto na versão cupê quanto na versão quatro portas. . Também neste ano, era lançado o Monza Hatch da GM e o Del Rey quatro portas da Ford. Ambos iriam abalar as vendas do Opala. Para o motor de quatro cilindros estava disponível novo cambio de cinco marchas que agradou.
Em 1984 as vendas começavam a diminuir sensivelmente, Ford Galaxie e Maverick, Dodge Dart já não eram mais fabricados e do seu porte só o Alfa Romeo 2300 que também já estava envelhecido e o Volkswagen Santana, moderno, acabava de entrar no mercado. Não havia mais Caravan na versão SS
São raros os verdadeiros SS. Tanto os mais antigos quanto os mais novos.
As Miniaturas
Já neste século, duas exemplares na escala 1/43 na versão cupê SS, estrearam em bancas de revistas ou assinaturas. Também o fabricante Hotwheels americano fez o modelo 1973 nas cores verde, azul e bordô. E desde 2016 a Coleção Chevrolet está fazendo muito sucesso!
O desenho
Em 1977, antes ou depois de completar 18 anos, ganhei este do grande amigo Márcio Pinto de Oliveira. Na parede até hoje em casa.
Outro. Pintura cedida gentilmente por Humberto Inchausti Artista Visual – Professor de Arte – instagram: @hinchaust
Na Divisão 1
O responsável pela homologação do Opala 250-S foi Bob Sharp (foto abaixo – acervo Bob Sharp) que correu em dupla várias vezes com Jan Balder superando o Ford Maverick em várias provas de curta e longa duração.
A resposta a carta do grande piloto Bob Sharp sobre o motor 250-S
Leia a história completa do Chevrolet Opala
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Texto, fotos e montagem Francis Castaings
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