Dodge Challenger: Enquanto existirem motores V8 com combustão interna.
Foi noticiado que a americana centenária, fundada em 1914, a Dodge, irá decretar o fim dos V8 Hellcat em 2023 para fabricar modelos elétricos.O super forte motor Hellcat, da Dodge, terá a produção encerrada nos próximos dois anos. E não terá um sucessor. Foi a declaração do CEO( Chief Executive Officer/Diretor Executivo) da Dodge, Tim Kuniskis, para a imprensa, no Salão do Automóvel de Los Angeles, Califórnia, Estados Unidos em 2021.
Enquanto não acontece vamos apreciar O Grande Desafio da Chrysler na década de 70
Para concorrer com o Ford Mustang e o Chevrolet Camaro, a Dodge lançou em 1970 o Dodge Challenger. E Fez bonito!
A década de 50 e 60 foi muito interessante na Europa e Estados Unidos. Modelos modernos surgiram no pós-guerra. Tanto no velho continente quanto na América. É histórica a concorrência forte entre General Motors, Ford e Chrysler. Esta última sempre lutando bravamente com seus modelos Dodge, Plymouth, Fargo e Imperial sendo esta última sua marca de luxo. Na década de 60 havia a intriga de quem deu a luz ao modelo de carro compacto, para os padrões americanos, com motor muito potente, peso abaixo da média, veloz e muito bons de arrancada. A marca Pontiac, pertencente à GM, teve a ideia de introduzir um motor V8 de alta cilindrada e potência num modelo compacto e com acabamento mais simples. Era o modelo Tempest que tinha a 5,24 metros de comprimento e a mesma carroceria do Le Mans.
E o potente motor foi para o novo cupê GTO que foi lançado em 1964. Também neste ano estreava o fastback Plymouth Barracuda que faria frente a seus rivais que incluía o Ford Mustang lançado em abril de 1964. Os carros musculosos (Muscle cars) chegavam! E também os pony-cars ou carros-pônei.
Em 1969 nascia o Dodge Challenger, já como modelo 1970. Fazia parte da geração de carrocerias “Chrysler E-body cars” junto com o Plymouth Barracuda (saiba mais) . Ambos tinham a mesma carroceria com diferenças de acabamento e o desenho era obra de Carl Cameron, o mesmo que havia criado o Charger em 1966. Ia também concorrer com o Mercury Cougar (conheça) e o Pontiac Firebird. Nesta época a linha Dodge tinha os modelos Dart, Demon, Coronet, Charger, o novo Challenger, os sedãs Monaco e o Polara.
Usando a nova plataforma E, tinha estrutura monobloco, duas portas, frente alongada, traseira curta, estava mais para um 2 +2, pois atrás dois adultos não se acomodavam bem! Media 4,85 metros de comprimento, 1,93 m de largura, 1,29 metros de altura e 2,79 metros de distância entre eixos. E não era um derivado do Valiant. O Ford Mustang usava a plataforma do Ford Falcon e o Chevrolet Camaro do modelo menor Chevy II Nova.
A versão básica trazia o robusto e confiável seis cilindros em linha “Slant Six” (montagem inclinada) arrefecido à água. O bloco motor e cabeçote eram em ferro fundido. Tinha 3,2 litros (198 pol³) com potência bruta de 101 cavalos. Ainda outro com seis em linha e com 3,7 litros, 145 cavalos e torque de 29,7 m.kgf. Era uma opção mais barata e era notável seu capô mais baixo.
Em relação aos motores com oito cilindros em “V” a 90º , o mais manso tinha 5,2 litros (318 pol³), era equipado com carburador de corpo duplo, 233 cavalos e torque de 44 m.kgf. Também o de 5,6 litros (340) com um carburador de corpo quádruplo, 278 cavalos e torque de 54 m.kgf, da série LA (Light A) do 318. Acima o de 6,3 litros (383), com 334 cavalos tinha poderoso torque de 58,7 m.kgf que pertencia à linha B. Todos seguiam a concepção tradicional de comando de válvulas no bloco. Destacável também era o V8 340 com três carburadores de corpo duplo marca Holley, o afamado “Six Pack”, que faz referência aos seis corpos que debitava 290 cavalos e torque de 47 m.kgf.
Nas versões mais potentes R/T, Road and Track (estrada e pista), era equipado com o potente V8 383 Magnum, que fornecia 340 cavalos e torque de 58,7 mkgf. Fazia uso de gasolina com maior octanagem e o motor agradecia. Os velozes e muito furiosos davam preferência aos três mais ariscos: o 440 Magnum da série RB (Raised-Block, ou seja bloco levantado numa tradução livre) de 7,2 litros, com 380 cavalos e torque de 66 mkgf. Estava equipado com o Six Pack, 395 cavalos e estrondoso torque de 67,7 mkgf !
A mais poderoso propulsor era o 426 Hemi (cabeçote com câmaras de combustão hemisférica) com 7,2 litros de cilindrada, que despejava 430 cavalos e o mesmo torque do 440 (7.210 cm³) que era de ótimos 67,7 mkgf. Este teve sua produção limitada. O poderoso Challenger alcançava 235 km/h de velocidade máxima. Tanto o 440 Six Pack quanto o 426 ofereciam o “Shaker Hood” (veja publicidade no final da página) que era a tomada de ar se movia com o funcionamento do motor. Abaixo o motor com 440 polegadas cúbicas, ou seja, 7.210 cm³.
Em 1971 tinha novo capô com entradas de ar, nova grade e decoração externas de faixas mais agressivas.Era oferecido um modelo conversível, que tinha como opcional um bagageiro sobre a tampa do porta-malas, mas este teve a produção interrompida 1971. São raros e cobiçados hoje!
Por dentro tinha à esquerda velocímetro graduado até 150 milhas por hora ( 240 km/h), depois o conta-giros até 8.000 rpm, marcadores de temperatura da água, nível de gasolina to tanque, voltímetro, e no último mostrador circular, relógio de horas no centro e muito interessante a contagem dos segundos na parte externa. Bom para verificar que o carro e esporte fazia de 0 a 100 km/h em apenas 7 segundos. Duas caixas de marchas estavam disponíveis: a manual de quatro marchas (a alavanca tinha o pomo em madeira parecido com uma empunhadura de um revólver, veja abaixo) e o automático Torque-Flite de três.
O Challenger agradou aos amantes da Chrysler. É grande o fã clube Mopar (Motor Parts) nos Estados Unidos, na América Central e Latina. No Brasil também! No ano do lançamento 76 mil carros saíram para as ruas. E assustou os concorrentes! Suas versões básicas eram: SE (Special Edition) , R/T (Road and Track) e o Challenger T/A (Trans Am).
Nas versões R/T eram cupê hardtop, sem coluna como era típico nestes esportivos e a conversível. O pacote SE o cliente tinha à disposição bancos em couro, teto de vinil, janela traseira diferenciada e console especial. Como seus concorrentes, o pacote de opcionais era extenso. Podia optar por teto solar, vidros com acionamento elétrico, bem vindo ar-condicionado para os clientes da Flórida, Texas e Califórnia. Também com rádio toca-fitas, bancos individuais em couro, vinil e tecido. Podia optar por rodas com 14 ou 15 polegadas. As mais simples tinham desenho semelhante aos nossos Dodge, simples, mas bonitos e com sobre aro ou rodas de liga raiadas muito bonitas também. O discreto spoiler dianteiro apresentava agressividade assim como persianas plásticas no vidro traseiro e o pequeno aerofólio. Abaixo um modelo 72 cuja carroceria tem poucas modificações com a do modelo 70 quando foi lançado. Destacava-se a nova grade.
Desde 1971 e até hoje a Califórnia dita normas anti-poluição e atinge automóveis americanos e os esportivos europeus. Fato é que os modelos movidos à diesel são raros! As novas normas de emissões poluentes eliminavam o chumbo tetraetila da gasolina,baixando a taxa de compressão dos modelos. E consequentemente sua potência. Estavam todos “fracos”. O Challenger chegava em 1972 com motores com seis cilindros em linha e 198 polegadas cúbicas (3.244 cm³) e apenas 125 cavalos. O propulsor 225 (3.687 cm³) com 145 cavalos e os V8 318 com carburador de corpo duplo e 230 cavalos, o 340 de corpo quádruplo com 275 cavalos, o 383 de corpo duplo com igual potência e com corpo quádruplo com 300 cavalos. O Hemi 426 com dois quádruplos e 425 cavalos e o 440 Six Pack com 390 cavalos.
O começo do Fim
Em 1973 só os motores V8 constavam na linha: Os V8 318 e 340 Outra mudança nada feliz,para todos carros americanos ou não, eram grandes para-choques em borracha para resistir a impactos leves até 8 km/h. Outra medida pouco agradável do governo. Nos Challenger havia protetores de borracha parrudos presos na lâmina, ficavam na frente da grade central. Não era nada harmonioso! Apesar da crise do petróleo deflagrada neste ano, as vendas se elevaram um pouco, 32.596 carros foram para as ruas. Para o ano seguinte, as novidades eram a opção de pneus radiais e a substituição do motor 340 pelo 360, de 5,9 litros.
E 1974 seria seu ultimo ano. Era o fim da produção do Challenger e do Plymouth Barracuda. Cerca de 16 mil unidades do modelo da Dodge foram vendidas no ano.
No final de 1977 e começo de 1978 o nome Challenger foi aplicado num modelo de linhas retas, compacto e tinha praticamente a mesma carroceria do Mitsubishi Galant Lambda que também foi montada no Plymouth Sapporo. Uma parceria com a Mitsubishi e o modelo foi fabricado até 1983. Tinha motores com quatro cilindros em linha com 1,6 e 2,6 litros. Não fez o sucesso esperado. Os fãs da marca esperavam algo muito mais atraente.
O Renascimento em 2008
Os modelos Challenger de maior sucesso foram os fabricados entre 1969 e 1974. Renasceu em 2008 com linhas claramente inspiradas nos primeiros modelos 69/70. O motor 392 V8 (6.423 cm) tinha 470 cavalos. Acima um modelo Dodge Challenger SRT 392 Hemi.
Ainda, em 2018, o motor com 6,2 litros V8 Hellcat tem cerca de 716 cavalos e acelerações fulminantes! O motor V6 não é nada pacato com com 3,6 litros e 305 cavalos. Outro bom V8 com 5,4 litros dispunha de 375 cavalos a 5.150 rpm, faz de 0 a 400 metros em 13,6 segundos e velocidade final de 226 km/h limitada eletronicamente. Freios a disco nas quatro rodas ventilados com sistema ABS de série. Sua suspensão dianteira independente tem sistema MacPherson, atrás também independente com multibraço. Usava pneus Goodyear Eagle RS/A nas medidas 245/45 R20.
Havia ainda outro motor com 6,4 litros com 470 cavalos. Seus concorrentes nos Estados Unidos são o Ford Mustang e o Chevrolet Camaro que também são releituras do passado no que se refere ao designer. Mede 5,02 metros de comprimento, 1,92 de largura e 1,45 de altura com peso de 1.833 quilos.
É o mais bonito esportivo americano da atualidade
A linha Dodge para 2018/2019 era composta pelo sedã Charger, o Challenger, o SUV Durango, Grand Caravan, Dodge Journey e a picape 1500 da divisão RAM.
O poder em 2018
Em 2018 o Dodge Challenger Hellcat e Demon (apresentados no Salão de Nova York em 2017) tem motores V8 com 6,4 litros com compressor sendo que o Helcatt fornece 707 cavalos e o Demon SRT 840! Ambos tem disponíveis cambio de seis marchas manual ou oito automática. É o carro americano com maior potência produzido em série! Faz de 0 a 100 km/h em apenas 2,3 segundos. Tem que ter braço para segurar ! As rodas de liga leve tem 18 polegadas de diâmetro com pneus da marca japonesa Nitto (Toyo Tire & Rubber Company) NT05R, de 315/40. Abaixo a linha 2019.
Fotos acima oficiais FCA – Fiat Chrysler North America
Nas telas
Em Corrida contra o Destino (Vanishing Point), 1971, um ex-piloto de motocicletas e Stock-Cars chamado Kowalski (Barry Newman), rasga o asfalto saindo de Denver, no Colorado, e aposta chegar em São Francisco, na Califórnia, em 15 horas. Faz um “voo” solitário a bordo de seu Dodge Challenger R/T 440 branco, placa OA-5599, equipado com compressor. Este filme já recebeu refilmagem, não tão boa e fiel a original, e a trilha sonora do primeiro (Cleavon Little ) também é ótima. A música-tema do programa Globo Repórter veio deste filme. Escute Freedom of Expression de Jimmy Bowen. Ainda: Mississippi Queen de Corky Laing, Felix Pappalardi e David Rea. Outras que fazem parte também são ótimas para os ouvidos. Excelente! Veja o DVD ou escute em CD . O filme na década de 70 chegou a ser projetado em salas de arte.
O Dodge Challenger R/T 440 ano 1970, placa OA-5599, cor branca ficou eternizado no filme de 1971 Corrida contra o Destino (Vanishing Point) estrelado por Barry Newman que faz o papel do piloto Kowalski. Veja um trecho do Challenger branco OA 5599 de kowalski.
Lembranças do filme
O cartaz do cinema, a miniatura 1/64, LP, o DVD do filme e CD com trilha sonora.
Nas Pistas
O Challenger correu no Sports Car Club of America. Foi usado o modelo T/A ( Trans-Am) . Era preparado para as competições! Tinha um V8 340 (5.571 cm³) com três carburadores de corpo duplo (Six Pack) fornecia 290 cavalos com torque de 47 m.kgf.Seu coletor de admissão era em liga de alumínio e escapamentos laterais antes das rodas traseiras. Sua suspensão tinha preparação esportiva chamada Special Rallye. Vinha com rodas de 7 x 15 polegadas no conjunto dianteiro marca Firestone F60-15 e traseiros G60-15 que eram mais largos. E tinha o capô em plástico reforçado com fibra-de-vidro assim como spoiler dianteiro e traseiro.
Esta categoria foi fundada em 1944 e fez a supervisão de vários campeonatos de pilotos amadores e profissionais. Em 1963 começou a organizar as provas profissionais da United States Road Racing Championship e durou até 1968. Em 1966 o CanAm (Canadian-American Challenge Cup) e o Trans-Am Series foram criados sendo que o Trans-Am existe até hoje e são regulamentados pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo). Os modelos mais usados nas década de 60 e 70 eram o Dodge Challenger, Plymouth Barracuda, Pontiac GTO, Chevrolet Camaro, Ford Mustang e AMC Javelin SST. Também participavam o Porsche 911 alemão e o japonês Datsun 240 Z.
Fotos fornecidas pelo jornalista José Rezende Mahar
Na Publicidade
A provocação da fábrica nas revistas de todo país: “Este pônei tem cavalos”. O nome Challenger em inglês é desafiador!
Em Escala
Os modelos na escala 1/24 são da marca Maisto. Abrem capô, portas e as rodas esterçam. Na escala 1/43 um da HotWheels e os pequenos 1/64 Matchbox (vermelho com teto branco, e amarelo decorado com teto preto). O verde metálico à esquerda é um Johnny Lightning, e os “Shaker” e “Army” também HotWheels.
Texto, fotos e montagem Francis Castaings. Fotos oficiais FCA – Fiat Chrysler North America. Atualmente Grupo Stellantis
© Copyright – Site https://site.retroauto.com.br – Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução de conteúdo do site sem autorização seja de fotos ou textos.
Volte a página Anterior – Acesse o site Retroauto na versão anterior
Volte a página principal do site