Em 2022 os filmes 007 completaram 60 anos nas grandes telas. E o Lotus Esprit no filme “The Spy Who Loved Me” (“O Espião que me Amava”)

Em 2022 os filmes 007 completaram 60 anos nas grandes telas. E o Lotus Esprit no filme “The Spy Who Loved Me” (“O Espião que me Amava”)

O ícone das competições e construção de automóveis esportes, Anthony Colin Bruce Chapman fundou sua pequena empresa, a Lotus Cars Ltd para fabricar carros esportes depois de sucesso nas pistas com protótipos. Tudo começou em 1953 na pequena cidade de Hethel na Inglaterra.

O gênio, trabalhava na empresa British Enginneering  Company durante o dia e, durante a noite, cuidava de seus projetos pessoais. Sua fórmula de sucesso não era inédita, mas muito bem aplicada. Fabricava seu próprio chassi, produzia uma carroceria leve e bonita e mecânica de grandes produções como a Ford inglesa.

No final da década de 60 produzia o Super Seven, o Elan que podia receber uma mecânica da afamada Cosworth e o Europa nascido em 1965. A empresa ia bem nas pistas e nas estradas, mas precisava de uma renovação.

No Salão de Torino, Itália em novembro de 1972 um projetista que se tornaria muito famoso por anos, Giorgio Giugiaro, mostrava no espaço reservado para sua pequena empresa ItalDesign, um carro-conceito muito interessante, baixo, tamanho médio de formas retilíneas.

Era o Lotus Esprit que estava nascendo, para ser produzido em grande escala. Seria um carro mais refinado que Chapman iria produzir para competir em casa com a Jaguar, a Morgan e a Marcos. No resto continente iria brigar com a Porsche alemã, Alpine e Ligier francesas, e até a Ferrari italiana com os modelos de base. O projeto batizado de M70 foi executado por Mike Kimberley e Tony Rudd. Dois anos depois e após muitos testes uma série pré-produção era mostrada no Salão de Paris em outubro. Causou sensação, brilhou.

A produção começou em outubro de 1975 e pouca coisa foi alterada em relação ao projeto original. O modelo muito interessante tinha motor traseiro montado sobre o eixo motriz com quatro cilindros em linha, arrefecido à água, 1.973 cm³ e potência de 160 cavalos à 6.300 rpm. O torque máximo era de 19,4 mkg.f à 4.900 rpm. Sua taxa de compressão era de 9,5:1.

Era alimentado por dois carburadores e possuía duplo comando de válvulas. Fazia de 0 à 100 km/h em 8,0 segundos e sua velocidade final era de 220 km/h. Seu preço era caro, apenas 10% menos que um Jaguar XJS e concorria diretamente com as versões básicas do Porsche 911 e o Alpine A-110. Como todos os Lotus sua tração era traseira. Calçava pneus 195/70 HR nas rodas de liga leve dianteiras  205/70 HR14 na traseira. Seus freios eram a disco nas quatro rodas. Sua suspensão era independente nas quatro rodas, tinha molas helicoidais e amortecedores telescópicos.

A bela carroceria do esportivo era construída em plástico reforçado com fibra-de-vidro. Estava apoiada num chassi do tipo espinha dorsal concebido em aço. Media 4,19 metros de comprimento, 1,86 de largura, apenas 1,11 de altura e tinha entre-eixos de 2,44 metros. Pesava apenas 900 quilos. Era confortável para dois ocupantes, mas não podiam viajar por longos dias, pois o porta-malas era mínimo.  Junto ficava o pneu estepe e era melhor instalar um bagageiro. A capacidade do tanque de combustível era de 57 litros de combustível suficiente para rodar tranquilo em estradas da Europa e também dos Estados unidos já que Chapman visava muito este mercado.

Em 1978 o Esprit chegava com novidades na motorização. Era o Esprit Series 2.2. Passava a contar com 2.174 cm³ e a potência de 162 cavalos. O torque máximo subia para 22 mkg.f à  5.000 rpm. O novo motor, todo em liga leve, com quatro válvulas por cilindro estava mais nervoso. Era alimentado por dois carburadores de corpo duplo e o reservatório de gasolina crescia para bons 68 litros. Mantinha a caixa de marchas de cinco velocidades e o servo-freio passava a ser de série.

Em 1979 era apresentada uma série especial limitadas à 100 unidades com as cores dourado e preto homenageando os pilotos de Fórmula Um cujo carro tinha a mesma cor. Eram o ítalo americano Mario Andretti e o sueco Ronnie Peterson. Foram primeiro e segundo respectivamente com um Lotus-Ford John Player Special Team Lotus modelos 78 e 79 com motor aspirado Ford 3.0 V8.

Em fevereiro a empresa inglesa mostrava mais uma novidade. Era o novo Esprit Turbo que trazia nova decoração externa e o desenvolvimento do produto teve apoio da Essex Petroleum.

Por fora era notável novos spoiler dianteiro e traseiro desenhados por Giugiaro. O mesmo motor da Series 2.2 recebia um turbocompressor Garret que elevava a potência para 210 cavalos à 6.500 rpm. A velocidade final chegava à 245 km/h. Recebia melhoramentos significativos na suspensão, freios e direção e chassi. Em nome do conforto e da segurança. Os 100 primeiros modelos saíram da fábrica nas cores da Essex Petroleum que eram  vermelho, azul e prata. A empresa era patrocinadora da Lotus Fórmul Um.

Em outubro de 1987, no Salão de Paris era apresentado um novo Esprit com linhas mais suaves,mais redondas deixando mais aerodinâmico.  O autor do novo desenho era Peter Stevens. Estava mais atual e mais bonito com disposição para enfrentar novos concorrentes.  Com relação ao conjunto mecânico passava a ter 228 cavalos de potência chegava à 248 km/h e fazia de 0 a 100 km/h em 6 segundos. A caixa de marchas passava a ser fornecida pela Renault francesa. Passava a concorrer com o De Tomaso Pantera, o Porsche 911 SC, o Chevrolet Corvette, o Ferrari Mondial e o Mercedes 500 SL.

Em 1989, já há três anos sob controle da General Motors americana, chegava um novo Lotus Turbo mais potente. Despejava 260 cavalos à 6.500 rpm . Era muito para um motor com quatro cilindros e 2,2 litros. O torque máximo era de 36 mkg.f a 3.900 rpm e a velocidade máxima estava na ordem de 255 km/h e o 0 a 100 km/h em apenas 4,8 segundos. Os números estavam ótimos e o Esprit chegava a maioridade. Essa versão SE (Special Equipment) tinha dois radiadores de óleo. Era o Chargecooler, um resfriador de ar desenvolvido pelo pessoal da Lotus. Em 1991 mais uma versão exclusiva e limitada à apenas vinte unidades. Oferecida na cor verde inglês para carros de corrida ou British racing green e com rodas amarelas de aro dezesseis polegadas como os fórmulas de Chapman da década de 60, a versão Jim Clark Special era muito interessante. Por dentro os bancos na cor caramelo eram um convite ao conforto apesar do carro possuir uma estrutura gaiola de proteção. No encosto dos bancos havia uma plaqueta muito bonita homenageando o grande piloto escocês por sua vitória nas 500 milhas de Indianápolis em 1965.

Em 1992 trazia novo vidro traseiro que a clientela cativa iria agradecer por melhorar a visibilidade principalmente em manobras. A segurança também aumentava com os novos freios com sistema ABS e bolsa inflável para o motorista. Desde o princípio de sua produção o Esprit, como os demais Lotus antes produzidos, usavam peças de grandes produções para diminuir os custos do produto final. No início caixa de marchas do Citroën SM e do Maserati Merak, depois usou da Renault. As maçanetas das portas eram do Morris Marina / Austin Allegro e e após 1994 trocou pela do Opel Calibra. O volante a partir de 1992 era do Pontiac Trans Am Americano. Os faroletes desde o modelo S1 era do Fiat X1/9 e os retrovisores do Citroën CX. Uma salada que após a montagem ficava bem temperada.

No início de 1993 nova série especial. Era a Sport 300 que tinha intenção maior de brigar com carros bem mais potentes. O motor turbo despejava 302 cavalos à 6.800 rpm e sua cilindrada era de 2.164 cm³. Tinha mais de 100 cavalos por litro. Era muita potência já que a carroceria estava mais leve com a adoção de novos componentes, freios mais possantes e tinha opcional uma gaiola de proteção. Sua velocidade final era de 290 km/h e atingia o 100 km/h em 4,4 segundos.

Os homens da Lotus estavam muito dinâmicos. Em 1994 a nova série S4 ganhava frente e traseira nova, rodas maiores de 17 polegadas, direção hidráulica que tornava o esportivo bem mais agradável na condução. Por dentro foi empregado novo desenho deixando o esportivo mais espaçoso e mais seguro para o passageiro que também ficava protegido por bolsa inflável. Media 4,33 metros de comprimento, 1,86 de largura e 1,15 de altura. Com motor de 268 cavalos à 6.500 rpm chegava aos 265 km/h. O desenho deste carro era da autoria de Julian Thompson. Havia também freios da marca italiana Brembo nas quatro rodas, estas de liga leve da marca OZ que equipava carros de alta performance.

Em Genebra, na Suíça em 1996, era apresentado o Lotus Esprit com motor com oito cilindros “V” desenvolvido pelos técnicos da empresa. Todo em liga de alumínio, 3.506 cm³, estava equipado com dois turbos Garret e gerava 350 cavalos, mas era possível extrair 500 cavalos! A velocidade máxima era de 276 km/h, 0 a 100 km/h em 5,1 segundos e os 1.000 metros eram vencidos em 24,1 segundos. Por fora era facilmente reconhecido por seu enorme aerofólio traseiro. Quase todo o carro foi adaptado para receber o novo motor. Novos ajustes de suspensão, freios, rodas de maior diâmetro e pneus mais adequados.

No Salão de Birmingham, Inglaterra, em 1998 era lançada mais uma série especial denominada Sport 350. Era o mais rápido Esprit já fabricado. Materiais nobres como fibra de carbono no aerofólio dianteiro e traseiro, freios ainda mais potentes e rodas de liga especiais magnésio. Estava mais leve e sensivelmente mais rápido.

Em junho de 2002 custava quase o mesmo que um Chevrolet Corvette, o TVR Cerbera também construído de forma artesanal, pouco menos que um Jaguar XKR. Era metade do preço de um Porsche 911 Turbo, Ferrari 360 Modena e do Maserati Coupé Cambiocorsa.

Sua produção terminou no final de 2002 e sempre será lembrado como um dos melhores Lotus já fabricados após 10.675 unidades em 28 anos.


Nas Pistas

O esportivo estava pronto para as pistas do mundo. Dois modelos foram em junho para a França e correram as 24 Horas de Le Mans. Estava inscritos pela Lotus Sport e Chamberlain Engineering e pilotados por Yojiro Terada, Peter Hardman, Thorkild Thyrring, Richard Piper, Olindo Iacobelli e Ferdinand de Lesseps. Também passava a participar do Campeonato Mundial “GT”. 


Nas telas

O Esprit ganhou projeção em 1977, um ano após lançado, por participar do filme “The Spy Who Loved Me” (“O Espião que me Amava”) do agente secreto de Sua Majestade, James Bond.

Em uma cena inesquecível, 007 emerge do mar a bordo de um Esprit branco submarino.

O esportivo inglês seria novamente escolhido para “For Your Eyes Only” (“Somente Para Seus Olhos”), de 1981.

A segunda geração do Esprit, lançada em 1988, também virou estrela de cinema: pode ser vista nos filmes Basic Instinct, Pretty Woman (“Uma Linda Mulher”).


Roger George Moore foi um ator britânico, célebre por interpretar o agente secreto britânico James Bond por sete vezes no cinema. Foi, desde 1991 até à sua morte, embaixador do UNICEF, e por suas ações humanitárias, foi condecorado, em 1999, como Cavaleiro do Império Britânico.


A promoção do carro e do filme.

E também nas ruas


Em Escala

Quatro modelos diferentes foram lançados nas bancas na coleção 007, sendo uma delas o “submarino”. O branco do Espião que me amava e o bronze Somente para seus olhos. Todos muito bem acabados na escala 1/43, sobre base e caixa de acrílico.

A Hot Wheels Mattel lançou uma versão na cor preta da segunda geração do Esprit na escala 1/65 (acima). Depois lançou o primeiro modelo na cor branca, vermelha e dourado. E também nas bancas o Lotus Esprit apareceu na cor vermelha numa coleção da Dell Prado e outra Maisto escala  1/38.    


 

Texto, fotos Retroauto, fotos de divulgação do site. Montagem Francis Castaings                                                                                       

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