Fiat Nuova 500, o pequenino de Torino, completou 65 anos em 2022

Fiat Nuova 500, o pequenino de Torino,  completou 65 anos em 2022

Na Itália dos pós-guerra se via recuperação em todos os setores. As dificuldades financeiras atingiam a maior parte da população e poucos prosperavam. As indústrias começavam  a se reerguer. A Fiat, grande produtora de automóveis em Turim, tinha como produto principal, desde 1936, o famoso e popular Topolino (abaixo) , cujo nome verdadeiro era 500, que fez muito sucesso. Mas depois de muitos anos, quase inalterado, já estava ultrapassado.

Em 1957  a Fiat lançou  “La Nuova 500”. Bem pequeno, media 2,97 metros, altura de 1,33 e largura de 1,32. Tinha carroceria monobloco. Pesava apenas 520 quilos. Era um verdadeiro anti-maggiollino, o Fusca alemão.

Um carro popular para ser vendido para classes menos abastadas, para motorizar o grande público, mas que, pela sua simpatia, atingiu também as mais abastadas. Numa festa da família real Grimaldi, em Mônaco, Monte Carlo, entre Rolls-Royce e Mercedes-Benz , viu-se uma vez, uma personalidade desembarcando para uma festa sofisticada em um 500. Um charme destacável. De linhas curvas, o pequeno carregava quatro pessoas de estatura média. Um conforto muito simpático e muito útil no verão era o teto solar de lona que ocupava ¾ da capota. Era aberto por um comando localizado no painel muito simples

Esta opção apareceu em 1959. As duas portas tinham abertura suicida, para a frente, e um friso lateral saia dela e ia até a traseira, nas versões mais “luxuosas” . Na frente um bigodinho e o emblema da marca ao centro. Dois faróis e em embaixo destes as luzes de pisca. Atrás, no capô, entradas de ar para o motor e espaço reservado para a placa quadrada.

Era um carro que enfrentava com galhardia o transito urbano. Facílimo de dirigir, de estacionar, cabia em qualquer canto. Era bem vindo em ruas, avenidas, ruelas e becos. Sua estabilidade era boa como é tradição da Fiat. E a maneabilidade incrível. Na auto-estrada, era melhor ficar totalmente a direita. Sua velocidade máxima era de 95 km/h. Da arrancada até os 80 Km/h levava 26 segundos. Nada surpreendente mas dentro das expectativas. Seu projeto era de Dante Giacosa que fez bela carreira no Grupo Fiat.

O motor bicilíndrico arrefecido a ar tinha 479 cm³. Sua potencia era de 22 cavalos a 4.600 rpm. Tinha válvulas no cabeçote e comando lateral. Um carburador Weber alimentava os dois cilindros.

O consumo estava por volta dos 18 km/l. Motor e tração eram traseiros. Na frente as malas dividiam o pequeno espaço com o tanque de gasolina de 25 litros, com a bateria e o reservatório para o liquido de freio. Os pneus tinham aro de 12 polegadas  e largura 125. Tudo pequeno. Sua suspensão era independente nas quatro rodas com braços oscilantes e amortecedores hidráulicos e molas helicoidais.

Por dentro tudo era muito simples. O volante fino e pequeno tinha dois raios. Num só mostrador estavam o velocímetro e o marcador de nível de combustível.Abaixo o painel do modelo 500 Lusso de 1967 . Por fora novos para-choques dianteiros e traseiros.

Os bancos também eram rústicos, mas adequados para os viajantes não sofrerem em grandes percursos. Todas as qualidades se resumiam numa manutenção fácil e barata. Dois anos depois do lançamento ganhava o prêmio da impressa Italiana “Compasso D’Oro”  pela sua originalidade e qualidades técnicas.

Em 1960 chegava a versão perua. E era muito simpática como o pequeno 500.  Chamada de 500 Giardineira  media 3,18 metros. Também tinha um grande teto solar e os vidros traseiros dos passageiros,  tinha uma parte corrediça. Podia levar quatro passageiros,  mais 40 quilos de bagagem, ou só o motorista e mais 200 quilos. Tinha a mesma mecânica do irmão e também a caixa de marchas de quatro velocidades e suspensão independente.

Um pequeno Fiat 500 Giardiniera fabricado entre 1960 e 1977

Em 1965 seus maiores concorrentes eram o Mini inglês da Austin, o Citroen 2 CV francês, o VW sedã alemão e o Renault R4. As versões preparadas pela pequena empresa de Carlo Abarth (conheça) , situada também em Torino, eram interessantíssimas. Em 1967 o motor estava com 499 cm³ e potência de 22 cavalos a 4.600 rpm. Sua velocidade máxima era de 95 km/h. Seus freios eram a tambor nas quatro rodas suficientes para frear o carrinho. E suas portas passavam a ter abertura convencional.

Tinha uma versão Abarth 695 SS  a potência era elevada a 38 cavalos e tinha um carburador Solex invertido. Chegava a 5.350 rpm e sua velocidade máxima era de 140 km/h. As emoções a bordo do pequenino começavam.

A mais brava, destinada a competições, a 850 TC Corsa era muito bem temperada. Recebia motor de quatro cilindros em linha, também Fiat, 847 cm3 e 70 cavalos de potência a 8.000 rpm. Sua taxa de compressão era de 12,2:1.

Um capetinha. Além de ser rebaixado, tinha adornos aerodinâmicos e não era nem um pouco tímido. O típico pequeno invocado. Chegava a 170 Km/h e concorreu em várias provas de ralis e autódromos.  Custava cinco vezes mais que a básica. Em 1965 tirava o sossego de vários grandões nas auto estradas da Europa. Nas pistas então… fazia a festa.

O 500 foi o carro italiano mais vendido até 1964 depois de 4 milhões de unidades produzidas quando se retirou de cena em 1975 cedendo o lugar ao Fiat 126 que tinha o mesmo conceito. Foi fabricado também como Autobianchi Bianchina na Itália, NSU/Fiat Weinsberg 500 na Alemanha e Puch 500 na  Áustria . Fez parte e ainda faz da paisagem italiana. Único. Um símbolo italiano!

Deu lugar ao modelo 126 em 1972 que foi fabricado até 2000. Em 1991 chegava a versão Fiat Cinquecento, abaixo, produzida na Polônia entre 1991 e 1998. Foram fabricadas 1.328.000 unidades

E em 2007 nascia uma bela releitura

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