Ford Corcel GT. O cavalo esportivo da Ford nascido há 50 anos

Ford Corcel GT. O cavalo esportivo da Ford nascido há 50 anos

Na TV, na época do lançamento em 1968, a publicidade o mostrava numa cena o novo carro, correndo entre um Ford Mustang e um Mercury Cougar. O Ford Corcel avançava entre os dois vigorosamente. Fazia malabarismos dignos de carro esporte. A música da trilha sonora desta propaganda era o som POP de Emersom, Lake and Palmer, grupo famoso de rock ,do disco Pictures and Exibixion.

Em dezembro de 1968, no VI Salão do Automóvel, como sempre sendo realizado em São Paulo, no parque de exposições do Anhembi, foi apresentado o Ford Corcel com carroceira de quatro portas.

Junto com ele também faziam sua estreia o VW 1600 sedã 4 portas, seu concorrente direto, que posteriormente seria apelidado de Zé do caixão devido a suas formas quadradas e a sua morte prematura, e o Chevrolet Opala, maior que estes e posicionado noutro segmento.

O bom desempenho nas vendas esperado do pequeno Ford confirmou. No primeiro mês de produção foram vendidos 4.500 modelos , e perto de 50 mil já em 1969. O modelo da Ford trazia inovações tecnológicas inéditas no nosso território, como circuito selado de refrigeração e coluna de direção bipartida. A carroceria tipo monobloco, e tração dianteira como nos DKW-Vemag, porém com um sistema bem mais moderno. O curso da suspensão mais longo que o R12 era mais adequado ao nosso solo. O Renault 12, que deu origem ao nosso Corcel tinha a opção com motor Gordini muito potente que infelizmente não chegou ao Brasil. Seria um super Corcel GT. O nosso tinha suspensão e freios que traziam segurança e estabilidade apreciadas e melhor que seus concorrentes. Suas rodas tinham aro de 13 polegadas com três furos dispostos como um triângulo equilátero.

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O motor contava com quatro cilindros em linha longitudinal, de cinco mancais no virabrequim, 1,3 litros (1.378 cm³) de deslocamento volumétrico e 68 cavalos de potência. Não era suficiente para o peso de 930 quilos do carro como que se comprovaria mais tarde. Internamente tinha acabamento simples, mas correto. O espaço interno era bom para 5 pessoas . A posição de dirigir e a visibilidade eram ótimas. O porta-malas dispunha de bom espaço para bagagens. O capô que abrigava o motor dianteiro tinha abertura de trás para frente. Isto já revelava preocupação com a segurança além de facilitar o acesso em caso de manutenções. Essas manutenções não demoraram a surgir, só que no eixo dianteiro. Problemas no alinhamento do sistema de direção que trazia um desgaste prematuro dos pneus dianteiros. Aliás, as juntas homocinéticas sempre deram algum trabalho aos donos.

Em 1970 o americano Joseph W. O`Neill assumia a direção da empresa no nosso país, no lugar de Willian Max Pearce, que dera o arrancada no projeto Corcel . O novo comandante queria a solução destes problemas e rápido. Foi constatado que o problema de alinhamento da direção estava relacionado à regulagem defeituosa e complicada da suspensão dianteira.

Aconteceu então o primeiro recall no país que se tem notícia. A Ford chamou 65 mil proprietários do carro para realizar gratuitamente a troca do conjunto de peças da suspensão. Corrigido o mal, em 1971, o Corcel voltou a ser o maior sucesso de vendas da Ford brasileira. Alias, sempre foi até o final de sua produção.

Na França o Renault R12 foi lançado dois anos mais tarde, em 1970 e teria as versões quatro portas e perua (break) também de quatro portas. No Brasil, além da primeira versão de quatro portas, viria logo em seguida a cupê de enorme sucesso e a perua Belina de duas portas.

Nosso Corcel fez sucesso em todas as classes sociais. Seja como principal carro da família a Belina, segundo carro como o cupê, quatro portas para os Taxistas ou GT para os jovens adolescentes esportista.

A incompreensível preferência nacional pelos duas portas começou com ele. As vendas subiam a cada ano de produção e em 1971 já somavam 127 mil unidades. O destaque no estilo ficaria por conta da nova grade dianteira.  Neste mesmo ano foi lançado o modelo GT, de duas portas, teto de vinil, rodas esportivas, duas faixas pretas laterais, grade dianteira e retrovisores também pretos e faróis de neblina circulares.

O desempenho não ainda era fraco, principalmente em se tratando de um “Grã turismo”.

Um novo motor então passou a equipar o Corcel GT, o XP. A propaganda na época o identificava como “Carro de briga”. Passou a ter a cilindrada de 1.372 cm³ e potência de 85 cavalos. Fazia de 0 a 100 km/h em 17 segundos e a final em torno dos 145 km/h.

O capô preto fosco com entradas de ar completava o modismo da época oriundos da Europa e dos EUA. Tinha carburador de duplo corpo e coletores especiais. Por dentro, no console, a instrumentação era bem completa.

Em 1972 a fábrica da Ford atingiu a histórica marca de 1 milhão de veículos fabricados no país. E a linha Corcel contribuiu muito para isso incluindo todas as suas versões. Era a gama mais completa de versões de carroceria nacional.

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No Final de 1972 foi apresentado no VII Salão do Automóvel o modelo Cobra, muito agressivo com aerofólio, spoiler, grande estada de ar sobre o capô, mas este GT especial não entrou em produção infelizmente.

1973 – Em 1973 toda a linha ganhou nova grade com logotipo Ford no distintivo retangular em posição vertical ao centro, novo desenho do capô e para-lamas e novas lanternas traseiras. As versões cupê e sedã e Ford Belina passaram a ser equipadas com o motor do GT, o XP.

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Este esportivo tinha duas faixas pretas paralelas no capô e nas laterais e faróis de milha de formato retangular nas extremidades da grade. Esta também tinha um desenho diferente dos demais.

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E um 1974 com poucas mudanças

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1975

O último GT da primeira fase com uma única faixa sobre o capô.

A segunda fase – O Corcel II – 1978

Em 1978 chegava as ruas o novo modelo: O Corcel II. A carroceria foi toda reestilizada. Moderna e bonita. Os faróis, seguindo uma tendência da época, eram retangulares. Lanternas traseiras também e contornavam a parte final da traseira. No modelo cupê, acabamento L, único até então, as portas eram enormes, pesadas demais. Um dos poucos defeitos reclamados pelos donos. O novo carro parecia maior, mas não era. A frente longa com uma descida leve para a frente e a traseira como uma queda suave. Pode-se dizer que era um dois volumes e meio.  Por dentro os bancos, painel e volante também foram redesenhados. O freio de mão passava a ser entre os bancos, melhoria esta sentida pelos fiéis da marca. Antes ficava abaixo do painel. O desempenho infelizmente não estava muito melhor, mas a segurança, a estabilidade e o nível de ruído sim.

As versões oferecidas eram o Corcel II L na versão básica, o luxuoso LDO, com interior totalmente acarpetado e painel com aplicações em madeira . O Corcel II GT se distinguia pelo volante esportivo de três raios, aro acolchoado em preto e conta-giros no painel. Velocímetro graduado a 180 km/h, conta-giros ao centro graduado a 8.000 rpm, nível do tanque de combustível e temperatura da água. Luzes de advertência estavam presentes. No console um inédito medidor de torque e marcador de temperatura do óleo do motor. Sua caixa tinha cinco marchas.

O motor tinha quatro cavalos a mais que não faziam a menor diferença se comparado aos outros. Contava ainda com faróis de longo alcance e pneus radiais na medida 185/70 R 13. As rodas eram com fundo preto e sobre aro cromado.

A carroceria era em dois tons, separados por um filete vermelho. A parte de cima era sempre preta contrastando com a parte de baixo. Não agradou e em 1980, a parte preta só ficava na linha inferior da carroceria, abaixo do friso da porta. O filete vermelho continuava.

Em 1979 veio o esperado motor de 1,6 litros de melhor desempenho . A opção 1,4 litros continuava a ser produzida para quem desejava mais economia. O desempenho do 1,4 era muito modesto e inadequado para o cupê e demonstrado também na Belina mais tarde. A velocidade máxima estava em torno dos 135 km/h e 0 a 100 km/h em torno dos 23 segundos. A de 1,6 litros (1.555 cm³) e 90 cavalos a 5.600 rpm, chegava a máxima de 150 km/h e atingia os 100 km/h em 16 segundos. Seus concorrentes na época eram o VW Passat e o Dodge Polara. Todos eles na categoria de veículos médios. Ambos ofereciam um desempenho melhor que o Corcel. Mas o carro da Ford era mais econômico, mais robusto, com melhor acabamento e mais confortável. Seu estilo também era mais moderno e bonito. Abaixo o último GT.

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O vidro lateral era enorme e por isso ela tinha ótima visibilidade. Dependendo do acabamento este vidro poderia ser fixo ou móvel basculante para os passageiros que vinham atrás. Nesta opção o designer lateral era mais harmonioso. Contava com as duas motorizações só que em 1980 passou a oferecer só a de 1,6 litros que era muito mais adequada ao peso do carro. Também tinha a opção do teto solar. Raro um modelo com este acessório super adequado ao nosso clima.

Em 1982, toda a linha Ford Corcel movida a álcool foi apresentada e aprovada pelo consumidor brasileiro. Era tão boa quanto ao modelo a gasolina e com um diferencial importantíssimo para os veículos movidos com este combustível: – Não apresentava os problemas de corrosão comuns dos primeiros carros nacionais a álcool.

Nota: Quis aqui relatar também um pouco da história dos outros modelos da linha Corcel para aqueles que não acessaram a história completa.


Nas pistas

Nos ralis teve bom desempenho principalmente na equipe oficial de competições comandada por Grecco. A Belina aparecia nas propagandas em revistas e jornais toda suja de barro demonstrando o percurso difícil que havia enfrentado. No Rali da Integração Nacional, em 1971, chegaram em segundo, terceiro e quarto lugar. Só ficaram atrás do Puma pilotado por Jan Balder, carro este de outra categoria.

Abaixo Emerson Fittipaldi num Ford Corcel GT no Circuito do Mineirão em Belo Horizonte, Minas Gerais.

Venceu as 12 horas de Tarumã em 1973 na classe A para carros de até 1300 cilindradas, prova realizada no Rio Grande do Sul desde 1962. O carro foi pilotado por Abílio Weiand e Voltaire Moog. Sempre na versão GT!

Desenhos cedidos gentilmente por http://marcelmarchesi.blogspot.com.br/

RESPEITE OS DIREITOS AUTORAIS


Preparação

A Bino veículos de São Paulo comercializava em 1970 um kit com dupla carburação, escapamento Kadron, rodas de magnésio com pneus cinturados e ampla instrumentação no console do painel. Não faltava o volantinho tipo formula 1. A velocidade final não alterou muito mas a aceleração sim. Ia de 0 a 100 km/h em 15 segundos.

Em 1971 a mesma Bino já trabalhava mais o motor. Oferecia um comando de válvulas da casa ou o famoso Iskenderian importado. O coletor de admissão também era alterado por causa da carburação dupla oferecida opcionalmente . E por último, uma taxa de compressão maior que recebia juntas de cabeçote especiais.. Claro que usava a boa gasolina azul da época.


Na música

“A questão social industrial não permite e não quer que eu ande a pé na vitrine um Mustang cor de sangue” assim começa a música da Jovem Guarda no final dos anos 60. Nesta canção Mustang cor de sangue há na letra também o verso “Meu Corcel cor de mel” cantada pelo famoso cantor da música popular brasileira Wilson Simonal. Mas o autor é Marcus Valle

A questão social, industrial
Não permite e não quer que eu ande à pé
Na vitrine um Mustang cor de sangue

Tenho um novo ideal sexual
Abandono a mulher, virgem, no altar
Amo em ferro e sangue um Mustang, cor de sangue

No farol vejo o seu olhar
Minha mão toca a direção
No painel eu vejo o seu amor
E o meu corpo invade o interior

A questão social, industrial
Não permite que eu seja fiel
Na vitrine um Corcel cor de mel
Meu Corcel, cor de mel,
Meu Corcel…

No farol vejo o seu olhar
Minha mão toca a direção
No painel eu vejo o seu amor
E o meu corpo invade o interior

A questão social, industrial
Não permite que eu seja fiel
Na vitrine um Corcel cor de mel
Meu Corcel, cor de mel,
Meu Corcel…

 


Nas ruas e nos encontros

Até hoje podemos ver exemplares da primeira geração bem conservados, mas são raros os Gt’s. Também os da fase II são difíceis.

Felizmente os colecionadores brasileiros já estão olhando mais para nossos antigos e clássicos preservando o passado automobilístico nacional.


Evolução da Espécie

  • Corcel cupê e quatro portas, GT e Belina de 1968 até 1977 com a carroceria original
  • Corcel II GT de 1977 até 1982

O Projeto M na França que originou o Corcel


Em escala

Felizmente já temos o modelo nacional em Zamac (Elementos formadores da liga: Z (Zinco), A (Alumínio ), Ma (Magnésio) e C (Cobre).) . Em duas coleções vendidas em bancas que foram sucesso. As francesas Norev e Solido fizeram na escala 1/43 o modelo de quatro portas e o Break (perua). Pouco depois a Coleção Clássicos Inesquecíveis do Brasil lançou o Corcel cupê 1973 também na cor amarela, o Corcel II na cor branca, a Belina na cor laranja e o Del Rey na cor café com leite. Perfeitos! Acima o R12 Táxi da coleção Altaya.

Na Escala 1/43 da Coleção Carros Inesquecíveis do Brasil. Muito bonito, mas a plataforma tem erro no ano de fabricação. Este é um 1973/74


Texto, Fotos e montagem Francis Castaings. Demais fotos de divulgação

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