Lorena GT: Um Esportivo de vida curta, mas muito atraente

Lorena GT: Um Esportivo de vida curta, mas muito atraente

O Lorena GT foi um dos primeiros esportivos a usar carroceria com plástico reforçado com fibra de vidro e mecânica Volkswagen a ar. E antes do Puma GT 1500. A história do esportivo começa no Brasil quando o chileno, em 1968, Léon Larenas Izquierdo, sob licença da empresa norte-americana Ferrer Motor Corporation, trouxe os moldes da Ferrer, empresa americana, que fabricava, de forma artesanal, o modelo Ferrer GT, também com mecânica Volkswagen. Léon sabia da boa comercialização e sucesso de nosso Volkswagen 1300.

Uma das mecânicas mais versáteis do mundo é do Volkswagen com motor quatro cilindros opostos (Boxer). Equipou o Bianco, quase todos os carros fabricados pela Gurgel, o MP Lafer, Bugues, o Adamo, o Lorena, o Squalo, L’Auto Phor, Ventura, os primeiros Miura (nacionais), o Renha, o Jipe Jeg da empresa Dacunha, réplicas de antigos Bugatti 35 B, Alfa Romeo 1931 Monza, Mercedes-Benz 1929 Gazelle e até a motocicleta marca Amazonas utilizaram o motor VW a ar. Todos baseados nos Porsche refrigerados a ar. Originais ou réplicas.

Léon era um especialista em moldagem em fibra de vidro. Nos Estados Unidos, na empresa Ferrer, ajudou na construção do carro e a mesma empresa fazia cascos em fibra para pequenos barcos e bancos para pequenos aviões.

A primeira carroceria foi utilizada no Karmann-Ghia Porsche acidentado. O piloto viu potencial na mesma e a montou no chassi já que tanto o esportivo VW quanto o Fusca  tinham a mesma distância de entre-eixos. O piloto Sidney Cardoso inseriu freios a disco nas quatro rodas e motor de dois litros e caixa de velocidades oriundo de um Porsche 356 / 912 , disputando a temporada de protótipos carioca do ano.

O Lorena tinha motor e tração traseira. E venceu corridas ! Participou de campeonatos no Rio de Janeiro e em São Paulo em 1968,69,70 e em 1971. Nesta época vários protótipos brasileiros usavam a robusta mecânica Volkswagen. E competiam com grandes marcas estrangeiras.

O carro foi apresentado ao público pela primeira vez no VI Salão do Automóvel em 1968, em São Paulo, no parque do Ibirapuera. Léon se desfez da sociedade no Rio de Janeiro, a empresa Estructofibra onde nenhum carro foi fabricado. A produção do carro foi então transferida para São Paulo, o carro recebeu o nome de batismo Lorena e foi criada a empresa Lorena Importação, Indústria e Comércio Ltda. Foram montados sobre a plataforma de 20 Fuscas 1300 (1.285 cm³ e 34 cavalos)  adquiridos numa concessionária de São Paulo. Eram os modelos “pé-de-boi” que não foram vendidos e estavam encalhados há muito num galpão. Então o Lorena era vendido com mecânica zero quilômetro ou sob a forma de kit. O Cliente faria a montagem como por exemplo da mesma maneira em que eram comercializados os modelos da Lotus inglesa.

Usava várias peças de carros nacionais tanto na carroceria quanto na parte interna. Podia receber rodas de liga, pneu mais largos, preparação mais refinada como dupla carburação e cilindrada aumentada em 1.500 ou 1.600 cm³ .O que era muito comum nesta época em motores Volkswagen. A empresa Dacon paulista era uma especialista na arte de preparar um VW 1300 num bólido”

Sua carroceria de plástico reforçado com fibra de vidro, era muito baixa (1,05 metro). Acomodava dois passageiro, parte da portas cobriam o teto (semelhante ao nosso Brasinca Uirapuru e Ford GT-40). Se chovia, quem entrava no carro durante ou depois ganhava uns pingos extras. Os faróis eram retangulares oriundos do sedã quatro portas 1600 da linha Typ 3 e carenagens de acrílico para proteção. Refere-se nesta matéria ao carro laranja fotografado no Encontro de Araxá, Minas Gerais, em 2008.

O esportivo tinha no painel velocímetro, conta-giros e nível de tanque de gasolina. Mas o acabamento estava longe de ser bom! Chegava a ser desconfortável e exigia certo contorcionismo para motorista e passageiro se acomodar. Alguns exemplares tem diferenças na parte externa da carroceria como se pode notar nas fotos. O grande motivo foi a troca de empresas de fabricação.

Foi construído até 1971 nesta configuração e por problemas financeiros a empresa fechou as portas. Não há exatidão em quantos modelos como ilustram esta matéria tenham sido fabricados. Mas há um legião de aficionados até hoje.

O modelo acima na cor azul, ano 1971, foi fotografado por mim na visita ao Siva – Salão Internacional de Veículos Antigos em São Paulo no Anhembi em 2012. Os outros nos grande eventos em Araxá, Minas Gerais.


O Renascimento

Neste século, em 2008, o renascimento do Lorena tomou forma a partir da iniciativa do ex-piloto Luiz Fernando Lapagesse. Ele fez uma cópia muito fiel do modelo original, já que os moldes da carroceria e os gabaritos dos vidros foram desenvolvidos a partir de um Lorena GT da época inical. Este que serviu de base não chegou a ser completado; poucos detalhes como faróis e lanternas traseiras não eram iguais ao modelo original. Difíceis de achar originais. A réplica, lançada em junho de 2010 com o nome Lorena GT-L  foi fabricada até 2015, em Saquarema (Rio de Janeiro), pela Lapagesse’s Car Chassis e Carrocerias Especiais. Era vendida sob a forma de kit ou pronta, montada sobre plataforma VW recondicionada.


A publicidade veiculada em revistas especializadas na época


A publicidade do Ferrer GT nos Estados Unidos. Tinha linhas inspiradas no Ford GT 40


Fotos, texto, montagem e comentários Francis Castaings. Demais fotos de divulgação

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