Morgan: A imutável esportividade
A fábrica de carros Morgan data de 1910. Foi fundada por Henry Frederick Stanley Morgan em uma pequena oficina em Malvern, no condado de Worchestershire na Grã-Bretanha.
Começou construindo carros de três rodas e se tornou muito famosa por isso. O engenho era muito interessante e não passava despercebido pelas ruas da Inglaterra do principio de século. O motor era bicilíndrico em V e refrigerado a ar. Teve vários motores: Blackburne, JAP e Matchless. A potência variou dos 32 aos 90 cavalos durante sua produção. Um veículo para um ou dois passageiros.
As rodas dianteiras eram direcionais e a traseira motriz . Vários disputaram corridas e bateram recordes chegando a velocidades de ate 160 km h. Houve até um modelo de quatro lugares, de nome Family que fez bastante sucesso.
Os interessantes Morgan Three Wheeler. A primeira série V-Twin (dois cilindros em V) foi fabricada entre 1911 e 1939. A segunda
F-Series entre 1932 e 1952. Em 2011 foi relançada com um motor Harley-Davidson Screaming Eagle V-twin e caixa de câmbio japonêsa Mazda com cinco velocidades.
O rompimento com a tradição “three-wheelers” deu-se, segundo a história, a contra gosto, em 1936. Mas estes só deixaram de ser produzidos em 1952.
Neste ano então, carros esportes tipicamente britânicos, de quatro rodas, eram muito apreciados como os fabricados pela Morris Garage (Saiba mais) . Por isso a Morgan Motor Company projetou e lançou o roadster com a denominação de Morgan 4/4.
Era um roadster de dois lugares de apelo esportivo. Pneus de espessura fina e rodas raiadas faziam parte do estilo harmonioso. Quatro para-lamas curvos, portas pequenas que no principio eram presas com dobradiças rústicas e fechaduras simples. Dois faróis redondos de bom tamanho ladeavam a grade do radiador plano e no topo desta, a tampa cromada, para reabastecimento de água, se destacava. Havia também um pequeno farol na frente da grade.
O capô, de abertura bipartida, tinha aletas sobre ele, e laterais também, para refrigeração do motor. Este tinha 4 cilindros e 1,12 litros. O modelo chamava-se 4/4 (quatro rodas e quatro cilindros).
Após a 2ª grande guerra mundial veio a primeira modificação mecânica. O Plus-Four tinha novo grupo propulsor, o Standard Vanguard, de 2,1 litros e 68 cavalos.
Para um carro de apenas 760 quilos seu desempenho era muito bom. Acelerava rápido e era muito ágil. Mas não era muito estável e quem gostava de treinar a habilidade com a tração traseira, não se decepcionava. Sua velocidade final estava por volta de 150 km/h. Suas vitórias em ralis na Grã-Bretanha começam a aparecer e em 1954 foi equipado com motor Triumph TR2 de 2,0 litros.
Em 1955 a primeira mudança no estilo. A grade do radiador passava a ser curva, estufada para a frente substituindo o “Flat Rad”. Para melhorar a “aerodinâmica” … Essa característica permanece até hoje. Também neste ano era lançado o 4/4. O modelo Tourer podia ser oferecido com dois ou quatro lugares. É lógico que os de trás não eram lá muito confortáveis.
Um ano depois a Ford inglesa também fornece os motores 116E e 122E. O primeiro tinha 1,49 litros, 65 cavalos a 4600 rpm. As válvulas ficavam no cabeçote, mas o comando era lateral. Era alimentado por um carburador Zenith invertido. O pequeno esportivo chegava a 145 km/h e pesava 673 quilos e seu comprimento era de 3,66 metros. O motor 122 equipava o modelo Competition. Tinha carburador duplo Weber, 85 cavalos e sua velocidade máxima era de 160 km/h.
Em 1962 o Plus 4 recebia o motor do Triumph TR4. Com 2,1 litros, carburador duplo Stromberg, cambio de quatro marchas e 105 cavalos chega a 175 km/h. Pesava 840 quilos. Nesta época os para-lamas já eram alongados e modelo tinha estribos laterais.
Em 1963 foi lançado o cupê Plus 4 Plus. O esportivo fechado tinha capô longo e traseira curta. A carroceria era em fibra de vidro e o carro media 3,89 metros. As rodas de 15 polegadas, eram raiadas com cubo rápido e seu peso era de 830 quilos. Este modelo era muito moderno para os amantes da tradicional marca e logo foi descontinuado.
Em 1962 o modelo Plus 4 recebia o motor quatro cilindros do Triumph TR4 de 2,13 litros, 105 cavalos e chegava a final de 175 km/h. Era vendido nas versões cupê e roadster.
Em 1968 chegava o modelo que seria o maior sucesso da fábrica: o Plus 8 . O motor de oito cilindros em “V” da Rover inglesa, derivado do Buick 1961, tinha 160 cavalos e 3,52 litros. A caixa de quatro marchas era da marca Moss. O pequeno dragster arrancava bem, deixava marcas pretas de pneus no asfalto e chegava a 210 km/h segundo dados do construtor. A direção era dura e pouco precisa. A suspensão muito firme transmitia as irregularidades do solo para os ocupantes. Com o passar do tempo estes problemas, irrelevantes para os mais apaixonados, foram amenizados.
Sua carroceria era baseada no Plus 4 só que mais larga e mais longa. As rodas eram em liga leve com aro de 15 polegadas. Um dos charmes do modelo era a correia que prendia o capô do motor e opcionalmente poderia vir com o bagageiro cromado que ficava preso na estrutura que prendia o pneu estepe e este por sua vez no diminuto porta-malas.
Por dentro o painel de madeira acomodava instrumentação farta e de bom tamanho. Nenhum motorista que sofresse da vista iria reclamar. Pouco a esquerda do centro do volante, estava o conta-giros graduado até 6000 rpm sendo que a faixa vermelha começava aos 5000. Ao centro marcadores de temperatura, nível do tanque, temperatura e voltímetro. Quase nos olhos do passageiro o velocímetro contava com hodômetro parcial de total. Os bancos estavam longe de ser confortáveis e eram justos também em tamanho. O para-brisas era baixo e podia se sentir bem o vento no rosto. A capota para ser montada necessitava de paciência e raciocínio.
Em 1973 a caixa Moss era substituída pela Rover, pois era mais rápida e precisa. O roadster também ganhava mais largura e comprimento. O circuito de freio passava a ser duplo. Três anos depois passa a contar com a 5ª marcha, novo painel, novas rodas em liga e também está maior e mais largo. Em 1977, como opcional, o cliente pode optar por uma carroceria em alumínio.
Até 1987 Peter Morgan, filho do fundador continuava na direção da fábrica. Neste ano foram produzidas 409 unidades.
O Plus 8 um ganhava novo painel de nogueira. E em 1990 Plus 8 recebia o motor do Range Rover, com 3,95 litros e 190 cavalos.
Na década de 60 e 70 vários construtores artesanais de carros no mundo fizeram cópias e réplicas de carros antigos. O Morgan foi o único que fabricava um carro antigo autêntico com componentes modernos. Parte da estrutura da carroceria sempre foi feita de madeira.
Em 1989 o Plus 4 voltava a ser produzido equipado com o motor do Rover 820. O Plus 8 já podias vir com injeção eletrônica Bosch LH-Jetronic, suspensões mais modernas, rodas de 15 polegadas e o motor Rover V8 tem 4,52 litros e 223 cavalos.
Para a linha 1990, o 4/4 ganhava injeção e sua potência subia para 110 cavalos. Abaixo um modelo Tourer 4/4 de 1990
Em 2001 acontecia o lançamento do modelo Aero 8, no Salão de Genebra, Suiça.
Trazia um motor V8 BMW de 4,8 litros e carroceria inteiramente modificada. Depois veio o Aero GT apresentado em 2015 que recebia capota “Hard Top” em fibra de carbono. No motor saudáveis 367 cavalos. A produção do Aero terminou em 2019
O Plus 8 é ainda era fabricado e sempre teve fila de espera.Já foi fabricado mais de 6.000 exemplares! É raro vê-los, qualquer modelo Morgan, nos pequenos anúncios de revistas europeias dedicadas a carros antigos. Quando tem, é caro.
Os Modernos – Em 2020 a Morgan Motor Company fez 110 anos
Abaixo o Morgan Three Wheeler apresentado em março de 2011 com carroceria em alumínio. Seu motor era um Harley-Davidson Screaming Eagle V-twin e caixa de câmbio japonesa Mazda com cinco velocidades. Depois passou a ter um propulsor da empresa americanas S&S Cycle, que faz preparação especial há anos para a Harley-Davidson. Tem 1.998 cm³, potência de 68 cavalos a 5.200 rpm. Sua tração é traseira e a caixa é manual com cinco velocidades. Faz de 0 a 100 km/h em 7,5 segundos e sua velocidade final é de 185 km/h. Seu peso é de 525 quilos.
O Plus Four
E sua estrutura. Seu motor é um BMW com 2,0 litros, quatro cilindros em linha, dois Turbos e potência de 255 cavalos a 5.000 rpm . Tem caixa manual de seis velocidades. Faz de 0 a 100 km/h em 5,5 segundos e sua velocidade final é de 240 km/h. Seu peso é de 1.100 quilos
E seu interior
O Plus Six
Por dentro
O motor deste também é um BMW com seis cilindros em linha, dois turbos, 335 cavalos a 6.500 rpm. Sua caixa automática da marca ZF tem oito velocidade e também manual que pode ser trocadas por aletas acopladas ao volante. Faz de 0 a 100 km/h em 4,5 segundos e sua velocidade final é de 267 km/h. Seu peso é de 1.075 quilos
A produção sempre foi artesanal! Vida longa aos Morgan !
Texto, fotos e montagem Francis Castaings. Demais fotos de publicação
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