Opel Manta: O Cordado do Asfalto

Opel Manta: O Cordado do Asfalto

Há décadas que cupês com estilo esportivo atraentes são derivados de sedãs ou usam a mesma plataforma. Citando a Europa, cupês como o Ford Cortina, Ford Escort fizeram grande sucesso. Na Ford também o Capri que era um cupê, fazia sucesso dentro e fora do velho continente. 

Em 1970, no mês de setembro, a Opel, que pertencia desde 1929 a General Motors, lançou o no Salão de Paris, o Opel Manta baseado na plataforma do sedã Opel Ascona que seria lançado em outubro. Ambos eram fabricados em Rüsselsheim, cidade sede da empresa na Alemanha

A primeira geração do Manta tinha carroceria em estilo fastback, quatro faróis e lanternas redondos,cuja frente era inspirada no primeiro Chevrolet Camaro, e tinha motores dianteiros com cilindradas variando de 1,6 a 1,9-litro de até 90 cavalos. Em 1972 foi lançado como entrada da gama o Opel Manta 1200 com 1.196 cm³ e 60 cavalos a 5.400 rpm a alimentado por um carburador em posição invertida. Era arrefecido a água, tração traseira, cambio de quatro marchas no assoalho com posicionamento muito semelhante ao nosso Chevette que também tem origem Opel. Sua velocidade máxima era de 155 km/h.

Seus freios eram a disco na dianteira e tambor na traseira. Tinha pneus 155 x 13. Seu peso era de 865 quilos e sua medidas eram 4,29 metros de comprimento, 1,62 de largura e 1,35 de altura. Era confortável para quatro passageiros, já que mantinha a mesma altura do teto do irmão Ascona.

Muitos componentes eram comuns a outros modelos como o Kadett, Ascona e GT. 

O Manta usava suspensão dianteira de com triângulos sobrepostos, molas helicoidais, amortecedores telescópicos e na traseira tinha eixo rígido. Além do câmbio de quatro marchas, também tinha transmissão automática de três, que era opcional e visava o mercado dos Estados Unidos. Havia três versões: A  básica, DeLuxe ou Luxus e a esportiva SR.

Todos os motores tinham comando de válvulas no cabeçote a exceção do 1200. Os mais potentes era o 1,6-litro de 68 cavalos e 10,9 m.kgf de torque, 1,6-litro de 80 cavalos e 12 m.kgf (com maior taxa de compressão) e 1,9-litro de 90 cavalos e 14,9 m.kgf.

O SR era muito atraente: acabamento externo e interno esportivo, pneus 185/70 SR 13. Como opcional podia ter capô e faixas laterais em preto, painel completo (incluindo conta-giros, pressão de óleo e amperímetro) e opção de motores 1,6 S e 1,9 S. Uma versão interessante era a  Berlinetta, que chegou em 1972 com o motor de 1,9 litros, teto de vinil, teto solar e acabamento distinto. Esses itens eram oferecidos ao Manta em 1974 na versão Luxus também.

Visto de trás. O teto de vinil poderia ser ou não da cor da carroceria.

O Manta Turbo: – Produzido em 1973, apenas cinco unidades, para apreciação da Opel, o carro era preparado  pela empresa inglesa Broadspeed com base em Essex.A mesma já havia feito trabalhos para a Jaguar e para a Ford.

Com base na versão Manta SR equipado com o motor 1,9 S de 90 cavalos, foi colocado um turbo compressor marca inglesa Holset . Tinha  um carburador Solex 32,  junta da cabeçote em liga de cobre mais espessa, molas das válvulas mais resistentes, escapamento especial e a taxa de compressão foi diminuída para os 7,6:1. Seu peso de 970 quilos, 70 a mais que o GT/E.

Com estas alterações, o motor passou a desenvolver 158 cavalos a 5.500 rpm. Sua aceleração de 0 a 100 km/h era de 7,2 segundos e velocidade final de 200 km/h. Um dos problemas desta versão era o elevado consumo de combustível, mas também o custo elevado de produção. A Opel não se interessou pelo projeto.  Também foi testado pela própria Opel e também por empresas externas o Manta equipado com motor seis cilindros e 2,2 litros do Rekord C (nosso Opala). Os custos eram muito altos e o projeto não foi para frente.

O GT/E, de 1975, tinha sistema de injeção Bosch-L-Jetronic. Seu motor com 1.897 cm³ tinha 105 cavalos e 15,6 m.kgf de torque. Sua velocidade máxima era de 188 km/h e fazia de 0 a 100 em 11 segundos. Existia a preparação pela empresa alemã Irmscher com 122 cavalos, opção de cambio de cinco marchas e diferencial autoblocante. Com ou sem este dispositivo era um carro estável, agradável de dirigir, mas saía de traseira em curvas se estivesse com velocidade elevada.

A despedida foi com o modelo Black Magic que vinha na cor preta com faixas laranja nas laterais, spoiler e bancos Recaro. Foram produzidas 850 unidades para brindar o fim da primeira geração do Manta A. Usava o mesmo motor do GT/E, mas tinha 15 cavalos a mais totalizando 120.

Ao todo que meio milhão de Mantas foram produzidos. Um grande sucesso da marca.


O Manta B

Nova carroceria, novas medidas e novos motores entravam em cena em agosto de 1975. Acima o Manta 1900 SR (amarelo) e o Manta GT/E (Vermelho). Tinha uma carroceria com três volumes distintos original e muito atraente. As linhas davam destaque ao longo capô, a maior área envidraçada e o spoiler sob o para-choque dianteiro em algumas versões. A gama se compunha nas versões DeLuxe, Berlinetta e SR, com motor 1,6 (1.584 cm³) de 60 e depois com 75 cavalos e a opção no Berlinetta e no SR com motor de 1.897 cm³ de cilindrada e 75 cavalos passando depois para 90 cavalos que o deixavam com velocidade máxima de 172 km/h. O GT/E com injeção eletrônica tinha 105 cavalos e chegava aos 185 km/h. O novo motor 1.300 ( 60 cavalos) substituía o 1.200. As medidas do novo Manta eram 4,44 metros de comprimento, 1,67 de largura, 1,33 de altura e peso de 980 quilos.

Abaixo um GT/E

Novo painel mais moderno e mais bem equipado passava a fazer parte da gama

O GT/E estava mais agressivo. Em 1976 passava a vir com capô em preto fosco combinando com os frisos dos vidros nas laterais, na frente e atrás. Sua carroceria estava mais aerodinâmica com um coeficiente aerodinâmico( Cx) de 0,36.

Em 1977 as duas versões esportivas passaram a ser uma só: Era a SR Berlinetta, com motor 1,9 litros de série. Como opcional havia novidades na suspensão: molas e amortecedores mais firmes resultando em maior estabilidade e direção mais rápida e direta.

Em 1978 estreava novo motor com 1.979 cm³ e 100 cavalos a 5.400 rpm. Tinha taxa de compressão de 9:1 e torque de 15,3 m.kgf. Era alimentado por um carburador de corpo duplo e sua velocidade final era de 180 Km/h na nova versão Manta S.  A motorização com injeção eletrônica tinha 110 cavalos, torque de 16,2 m.kgf e velocidade final de 187 km/h. Tinha caixa com quatro marchas (automática opcional) e calçava pneus 185/70 SR 13.

O Manta CC (Combi/Coupè) era uma versão Hatch. 

Era uma versão familiar. Tinha três portas, banco traseiro rebatível e ótima abertura da terceira porta. Sua carroceria era original e pratica.

Em 1980, a versão GT/J, uma opção esportiva destinada ao público mais jovem, vinha com poucos cromados, rodas com quatro raios, com ou sem fundo preto  assim como o para-choque. A linha Manta compartilhava os mesmos motores do Opel Ascona e Rekord. E a linha Kadett passava a ter tração dianteira.

Em 1981 tinha pequenas alterações na carroceria. Mas mantinha a identidade do modelo. Os motores continuavam os mesmos. Abaixo um modelo Hatch na versão mais potente GSi

A preparadora Irmscher criou versões muito interessantes do Manta. Esta 400 tinha motor 2,4 litros, cabeçote de 16 válvulas da afamada empresa Cosworth com 144 cavalos para a versão de estrada e 230 cavalos para as verões Rali, com carburadores na chamada fase II de preparação. Tinha injeção Bosch, na suspensão amortecedores Bilstein e pneus 195/60-14 completavam o conjunto de alto desempenho Um conjunto aerodinâmico era oferecido, sendo que o aerofólio traseiro gerava 80 quilos de “downforce” a 200 km/h. Mas podia-se optar pela carroceria convencional do GT/E.Veja a carroceria Rali na seção abaixo “Nas Pistas”.

Em 1984 a Opel introduziu nas linha um novo motor com 1.796 cm³  (84,8 x 79,5 mm) de fluxo cruzado, 90 cavalos a 5.400 rpm e 14,6 m.kgf de torque. No ano seguinte retornava o conhecido GT/E 2,0, com injeção Bosch e 110 cv. A preparadora Irmscher, pertencente à Opel,preparava seus motores desde 1968. E fez versões especiais, mais potentes na década de 80 para o Corsa, Kadett, Ascona e Manta.

A 200, de 2,0 litros com 130 cavalos , dois carburadores de corpo duplo e velocidade final de 190 Km/H. Era para homologação no Grupo B de rali.A 200 versão “Exclusive” tinha injeção eletrônica com velocidade final de 196 km/h. Esta tinha 2,4 litros e potência de 136 cavalos.

Também a versão 400 com 2,4 litros e quatro válvulas por cilindro, duplo comando de válvulas no cabeçote, de 162 a 173 cavalos dependendo da preparação. Podia-se optar por dois carburadores de corpo duplo ou injeção eletrônica. Nesta configuração chegava a 225/230 Km/h!

A última versão do Manta foi a GT/E Exclusiv (GSi Exclusiv em alguns mercados), com quatro faróis circulares, spoiler traseiro do 400, spoiler dianteiro, saias laterais e um aerofólio. Foi lançado em 1985.

No Salão de Frankfurt de 1989 a Opel apresentava o Calibra que era um cupê (carroceria única) com a plataforma do Opel Vectra lançado em 1988. Muito bonito e com melhor coeficiente aerodinâmico.Muito bom para um carro de série (0,26). O Manta saia de cena e já era cultuado dentro e fora da Alemanha. O Calibra chegou ao Brasil na década de 90 importado.

As duas gerações do Manta atingiram um milhão de unidades. Um número importante para o tipo de carro com pretensões esportivas e um triunfo para a Opel.


Nas Pistas

A Opel deu preferência o Ascona nos Ralis que foi campeão em 1982 com o alemão Walter Röhrl pilotando o Opel Ascona 400.

No caso do Manta o mais potente foi a versão 400, também concebido para homologação no Grupo B em 1983. O motor 2,4 recebeu cabeçote Cosworth de duplo comando, dupla carburação Weber e chegava a 275 cavalos a 7.200 rpm nesta versão específica para  rali.Foram produzidos cerca de 245 exemplares. O conjunto aerodinâmico oferecido era bem eficiente.

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Outro Opel Manta 400 que também fez bonito em competições. Os Mantas foram pilotados por pilotos de renome como Henri Toivonen, Bruno Saby, Colin Mac Rae e Guy Fréquelin.E também o espanhol Carlos Sainz que correu em 196 provas mundiais, ganhou dois campeonatos (1990 e 1992), obteve 26 vitórias e 97 pódios. Carlos Sainz Cenamor é pai do piloto de Fórmula Um Carlos Sainz Junior

Obteve o segundo lugar geral no Rali Safari em 1984 na África. Foi disputado pela primeira vez entre 27 de maio e 1º de junho de 1953, como o East African Coronation Safari no Quênia, Uganda e Tanzânia

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A origem do nome

O Manta, também chamado de Diabo dos Mares, recebeu uma denominação que envolveu um encontro entre o designer chefe da Opel na época, George Gallion, e a equipe do pesquisador dos mares francês, Jacques Cousteau. Assim conta um de seus protagonistas: “Havíamos escolhido o nome Manta”, destaca Gallion, que ainda acrescenta que “naquela época, os nomes dos animais coincidiam com os logotipos do Ford Mustang, Mercury Cougar, Corvette Stingray… que tiveram muito sucesso nos Estados Unidos. Nosso Manta também era um ‘pony car’ europeu, mas com dimensões menores.

Assim que Gallion viajou a Paris para contemplar em primeira mão imagens captadas pelo famoso Cousteau durante horas até que finalmente se fixou em uma imagem onde aparecia uma gigantesca manta filmada de baixo contra a superfície brilhante. Assim surgiu o emblema do modelo: O Opel Manta havia encontrado sua identidade e desde então conseguiu o icônico logotipo cromado fixado nos para-lamas dianteiros.


O Manta é um cordado que vive em oceanos de regiões tropicais, quentes e temperadas

Também conhecida como raça cornuda ou arraia gigante, a arraia-jamanta pertence à família Mobulidae, os chamados diabos-do-mar, e vive nas águas tropicais, quentes e temperadas de todos os oceanos, longe da costa, mas poucos metros abaixo da superfície. O seu corpo, preto no dorso e esbranquiçado no ventre, é enrugado e de dimensões gigantescas: pode atingir o peso de 1,5 toneladas. Ao contrário das raças, às quais se assemelha à primeira vista, a raia manta tem olhos em posição lateral e boca terminal com dentição reduzida ou parcialmente ausente; sua alimentação, por outro lado, é composta principalmente de plâncton.


Texto, fotos e montagem Francis Castaings. Demais fotos de publicação

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