Rambler American: Na Onda Compacta

Rambler American: Na Onda Compacta

Desde o começo do século 20 podemos notar que os carros americanos, a exceção de populares como o Ford T e A e seus concorrentes, sempre foram muito maiores que os europeus. A exceção de marcas como Rolls-Royce, Bugatti, Maybach e alguns Mercedes-Benz, os norte americanos quase sempre venciam no quesito tamanho de carroceria. Na década de 40, o Cadillac e um de seus concorrentes como o Lincoln Continental e os Packard já possuíam dimensões avantajadas. No final da década de 40, precisamente em 1947, os Studebaker da linha Champion e Commander já anunciavam uma nova tendência. Eram menores que a maioria dos concorrentes.

Um das primeiras tentativas de mudança, por causa da invasão de importados nos Estados Unidos, foi o lançamento do Nash Metropolitan já na década de 50. Em 1959 foi lançado o Studebaker Lark (conheça) , considerado um dos primeiros “Pony Cars” americanos. 

Na década de 60, o Ford Falcon e Chevrolet Corvair conquistavam clientes que apreciavam o conforto, mas não abriam mão de um carro econômico e ao mesmo tempo barato para os padrões locais.  Uma empresa que investiu forte neste setor e sempre foi especialista em modelos de tamanho modesto foi a Rambler que fazia parte do Grupo American Motors que reunia também as marcas Nash, a Hudson, a Studebaker e a Packard.Foi em 1958 que esta divisão da AMC lançou a linha American. Tratava-se de um sedã de três volumes com formas arredondadas já um tanto ultrapassadas. Seu estilo estava mais para o final da década de 40 do que para de 50.

Estava disponível em carrocerias de duas portas, quatro portas e também em uma Station Wagon de duas portas. Esta tentou ser uma concorrente mais em conta da Chevrolet Nomad (saiba mais) . Por dentro era muito simples. No painel de metal havia só um mostrador circular que incluía velocímetro, temperatura do motor e nível do tanque de gasolina. A alavanca do cambio automático era na coluna e como acessório trazia um radio AM. Os bancos eram inteiriços e confortáveis para cinco pessoas. Em termos mecânicos também era muito tradicional. Motor dianteiro longitudinal, refrigerado a água, com seis cilindros em linha e 3,2 litros de cilindrada.

Até 1960, incluídas todas as versões, foram vendidas cerca de 240.000 unidades do modelo. Numero bastante modesto perto da concorrência. Eram produzidos nos Estados Unidos na cidade de Kenosha no estado do Wisconsin e Também em Brampton, no estado de Ontário no Canadá.

Em 1961 sua carroceria sofria uma mudança radical. Estava bem mais moderno. A carroceria tinha linhas retas e angulosas. Na frente exibia grade cromada com formato de trapézio invertido e faróis circulares. Pára-choques cromados e abaixo deste luzes de seta. Visto de perfil tinha uma linha descendente com discretos “rabos de peixe”. Estava menor que o anterior e dispunha de uma linha mais completa de versões de carroceria. O cliente podia optar por um de duas portas conversível, por sedãs de duas ou quatro portas e também por uma perua de quatro portas. Nesta configuração tinha ótima área envidraçada, mas um certo ar dos anos 50.

Dois anos depois mais duas variantes de carroceria. Voltava a perua de duas portas e um cupê hardtop. Nesta a coluna era muito vertical, a traseira tinha um desenho muito simples e as lanternas eram circulares. Possuía duas versões de motores. Um com seis cilindros em linha tinha 3.211 cm³ e potência de 130 cavalos a 4.400 rpm. O torque máximo era atingido a 25,1 mkgf a 1.600 rpm e sua taxa de compressão era de 8,5:1. Suas válvulas eram no cabeçote, o comando lateral e era alimentado por um carburador de corpo simples da marca Holley. Era oferecida caixa de marchas mecânica com sobremarcha ou a automática Flash-o-Matic, ambas com três velocidades. Nesta configuração sua velocidade máxima era de 150 km/h.

Outra versão mais potente tinha 3.802 cm³, mesma taxa de compressão, era alimentado por um carburador de corpo duplo e tinha potência de 157 cavalos a 4.400 rpm. Pouco mais potente sua velocidade máxima era de 165 km/h e o 0 a 100 km/h em 15 segundos. E ganhava o prêmio de economia de combustível. Era um concurso realizado pela companhia petrolífera Mobil e supervisionado pelo Automóvel Clube do país.

Em 1964 entrava em sua terceira geração com uma carroceria completamente nova e bem mais atraente. Estava de acordo com seu tempo. Com linhas retas media 4,60 metros de comprimento, entre – eixos de 2,69, largura de 1,77 e altura de 1,38 metros.

Seu peso era de 1.175 para a versão cupê, 1.198 para a versão de três volumes e quatro portas e 1.258 para a perua de quatro portas que era muito atraente. Pouco mudava em sua motorização, mas uma versão mais informal era lançada: – a Rogue que em inglês quer dizer algo como patife ou vagabundo. Tinha bancos separados, alavanca de marchas no assoalho, faixas decorativas e rodas com calotas raiadas. Usava pneus na medida 6,95 x 14 e como opcional 6,85 x 15.

Sua suspensão dianteira tinha rodas independentes, em forma de trapézio e molas helicoidais. Atrás tinha eixo rígido e barra estabilizadora. Em todo o conjunto trazia amortecedores telescópicos.

Em 1966 possuía um novo motor seis cilindros, agora com 3.261 cm³, o maior da classe, e era o modelo mais compacto em relação à concorrência. E sua carroceria tinha se rejuvenescido com novo desenho da frente e da traseira que incluía grade, capô, e pára-lamas dianteiros e traseiros.

Estava bonito e com linhas mais limpas. A versão Rogue tinha uma faixa branca dupla que cobria parte esquerda da carroceria, saindo do capô, passando pela capota e finalizando na tampa do porta-malas. Por dentro também estava renovado exibindo um painel muito bem equipado, bancos separados reclináveis, alavanca no assoalho e vários itens de segurança que só havia em carros de luxo como duplo circuito de freios. E na propaganda, comparava suas qualidades superiores citando o Plymouth Valiant, o Chevy II Nova e o Ford Falcon.

Outra boa surpresa era a chegada de motores de oito cilindros em “V”. O menos potente, com 200 cavalos, tinha 4.752 cm³ e taxa de compressão de 9,01. A Rambler mantinha a tradição de motores compactos, com blocos pequenos em ferro fundido. O outro, mais potente, tinha 225 cavalos de potência e carburador de corpo quádruplo.

Em 1969, para despedir, a American Motors apelou. Lançou o SC/Rambler. Não era nem um pouco discreto. Na lateral havia uma faixa vermelha generosa. Sobre o capô uma tomada de ar ameaçadora. E mais uma faixa dupla azul que cobria todo o carro. Exclusivamente na versão cupê, era equipado com um motor V8 AMX com 390 polegadas cúbicas (6.390 cm³), cambio de quatro marchas manuais Hurst, duplo cano de descarga cromado e despejava a potência de 315 cavalos. Suas rodas de magnésio na media 14 x 6 calçavam pneus E70 14 Goodyear Polyglas. Anunciava na propaganda alcançar os primeiros 400 metros em 14,4 segundos. E nesta também ameaçava nada menos que qualquer Pontiac GTO, Plymouth Roadrunner, Mustang Mach 1 e até o Cobra Jet. Este valente tinha uma produção anunciada de 500 unidades, mas foram feitas cerca de 1.500 tal foi o sucesso. Pequeno mas valente.

O Rambler American/Rogue cedeu seu lugar a compactos mais modernos. Não foi o sucesso esperado. Mas marcou época e tem vários admiradores.



Texto, fotos e montagem Francis Castaings. Demais Fotos de publicação do site

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