Volkswagen Santana: O Luxo de origem alemã no Brasil. Lançado em 1984. Há 40 anos
O Volkswagen Santana chegou ao Brasil em 1984 para concorrer com o Chevrolet Opala, Chevrolet Monza, Ford Del Rey, Alfa Romeo 2300 e depois enfrentou o Fiat Tempra. Era uma versão do Passat alemão com três volumes e depois veio a perua Quantum lá e aqui no Brasil. Na Alemanha era a segunda geração do Passat e na terceira geração o nome Santana deixou de ser usado e Quantum tornou a ser Variant. Todas as peruas da marca VW na Alemanha se chamam Variant. Aqui também foi fabricada a versão com duas portas que não existiu lá. Era a época em que o Brasileiro achava que carro duas portas era mais seguro.
O Volkswagen Santana foi apresentado na Europa no final de 1981, ele era a versão sedã da nova geração do Passat, e Santana era o nome de um vento que soprava na Califórnia, seguindo a tradição de vários outros modelos da marca na época com nomes de ventos ou fenômenos geográficos como Passat, Polo, Golf, Bora, Scirocco…. O desenvolvimento do VW Passat três volumes iniciou na Europa em meados de 1977. O projeto do modelo ficou conhecido como BEA112. A plataforma era a B2, de origem Audi (Grupo Volkswagen) e compartilhada com o modelo Audi 100, o que facilitou o desenvolvimento do Santana. Tinha três volumes distintos e ia concorrer na Alemanha com modelos da BMW, Mercedes-Benz, Opel e Audi. Não ia ter vida fácil na Europa nem no Brasil.
Aqui no Brasil, tínhamos a duas gerações do Passat vendidas: O lançado em 1974 que continuava em produção nas versões dois volumes com duas e quatro portas, sendo que a de duas foi até 1989, e o Santana, que na Europa tinha sido seu sucessor. O novo sedã foi apresentado em novembro de 1983 no extinto Salão do Carro a Álcool. O lançamento oficial vinha quase um ano depois, em julho de 1984. Eram três níveis de acabamento: CS (Confort Silver, ou conforto prata), CG (Confort Gold, ou conforto ouro), e a topo de linha CD (Confort Diamond, ou conforto diamante). Na época oferecia ar-condicionado e direção hidráulica disponíveis na versão CD e opcional nas CS e CG. Suas medidas eram 4,53 metros de comprimento, 1,69 de largura, 1,40 de altura, entre-eixos de 2,55 metros e pesava 1.110 quilos conforme a quantidade de equipamentos. A suspensão dianteira era independente, tipo McPherson com molas helicoidais e traseira semi-independente, com braços longitudinais e molas helicoidais. As rodas de liga leve com um belo desenho tinha aro 13 polegadas com pneus 185/70 R13.
A versão cupê era muito desejada.
Seu motor dianteiro, longitudinal tinha quatro cilindros em linha e arrefecido a água. Era muito confiável com 1,8 litros de biela curta e carburador de corpo duplo, antecessor dos conhecidos AP de biela longa do Passat, que vieram posteriormente. Esse motor com 1.781 cm³ podia ser movido a álcool ou gasolina, tendo 85 cavalos e 14,6 m.kg de torque na versão a gasolina ou 92 cavalos e 14,9 m.kg na versão a álcool. Sua tração era dianteira e caixa com quatro marchas ou opcional de cinco e transmissão automática com caixa de três velocidades. Era o primeiro Volkswagen nacional a ter esta opção. Fazia de 0 a 100 km/h em 12 segundos e tinha velocidade máxima de 170 km/h. Estava dentro da concorrência
Seu painel era bonito, rico em instrumentos e moderno.Na versão CS abaixo trazia velocímetro graduado a 200 km/h, nível do tanque de combustível, temperatura do radiador e relógio de horas.
No primeiro semestre de 1988, chegava a grande novidade na linha Santana; Era o motor 2.0 AP. Tinha 1.994 cm³, na versão a álcool o diâmetro x curso dos pistões era de 86 x 86 mm, taxa de compressão: 12:1, potência: 112 cavalos a 5.200 rpm e torque máximo: 17,3 mkgf a 3400 rpm.
Estava bem mais esperto e agradou muito! Fazia de 0 a 100 km/h em 10,5 segundos e sua velocidade máxima era de 182 km/h. E era um carro muito agradável para dirigir e seguro, pois a direção hidráulica era progressiva. Não ficava mais leve em altas velocidades.
A traseira do cupê e do sedã eram idênticas. E com ótimo conjunto ótico traseiro. Abaixo a versão 1.800 do cupê. Semelhante a esta, a versão Sport tinha o logo abaixo do friso lateral traseiro com a palavra SPORT em cor preta e também na traseira abaixo das lanternas. Era derivado da versão GL, duas portas, tinha acessórios extras, como bancos Recaro personalizados na cor preta e vermelha, frisos vermelhos no para-choque e nas laterais, lanternas fumês, rodas 14 polegadas com desenho exclusivo. Havia versões nas cores vermelho, preto e branco (somente na versão branca as rodas tinham fundo branco, assim como a grade dianteira, que também era branca). Tinha motor AP 2000, 1.984 cm³ com 115 cavalos a 5.200 rpm e caixa com cinco marchas. Tinha pneus 195/60 R14.
Na linha 1987, o Santana, que já contava com a perua Quantum na família desde 1985, apresentada no Salão do Automóvel em São Paulo em 1984. Passou por uma pequena reestilização e suas diferentes versões mudaram de nome, passando a ser CL, GL e o mais luxuoso, o GLS. O Santana 1987 perdia o spoiler sob o para-choque dianteiro e os lavadores de faróis. Porém, ganhava para-choques envolventes como no alemão.
E foi nossa segunda perua com quatro portas! A primeira foi o Simca Jangada. Não se inclui na classe a Chevrolet Veraneio. E é muito mais prático e confortável para um carro deste segmento !
Em 1989 surgia a versão Santana Executivo com o mesmo motor da família AP-2000 porém mais vitaminada com uma potência de 125 cavalos a 5.800 rpm e torque de 19,5 kgf.m a 3.000 rpm. O grande diferença deste carro era a presença das rodas BBS raiadas, bancos de couro Recaro, aerofólio e a injeção eletrônica da Bosch. Era fornecido nas cores preto ou branco no início, tinha lanternas com acabamento fumê e spoiler traseiro. Tinha motor 2.0 com injeção e freios ABS com freios a disco ventilados na dianteira . A cor vermelha ganhou admiradores. Foi produzido de 1987 a 1991 com o nome de Carat (Quilate em francês) na Argentina. A Quantum foi exportada para lá até 1996.
Em 1991 chegava sua primeira reestilização. Tinha frente e traseira baseadas no modelo alemão, mas a cabine central era a mesma da versão anterior.
Na frente nova grade, faróis e lanternas. A básica GLi 2000 tinha de série direção hidráulica, toca-fitas e ar quente. O painel tinha novo desenho, volante e mais moderno. Não era um carro novo, mas foi feliz em sua evolução. No novo painel tinha nível do tanque, marcador de temperatura, relógio digital entre eles e após, velocímetro graduado a 200 km/h e conta-giros até 7.000 rpm com zona vermelha começando aos 6.400 rpm.
Como opcionais ar condicionado, vidros verdes, vidros, travas, e retrovisores com acionamento elétrico, coluna de direção regulável, teto solar elétrico, freios ABS (Anti lock Braking System, ou sistema de freios antitravamento) , um sistema de frenagem que evita que as rodas se bloqueiem e entrem em derrapagem, deixando o automóvel sem aderência à pista. Foi o primeiro carro brasileiro com freios ABS! Seu motor 2,0 litros tinha 112 cavalos na versão a gasolina e 118 cavalos na versão a álcool. Seu peso era de 1.130 quilos na versão básica e comprimento de 4,57 metros. Nesta época além dos importados chegavam o Fiat Tempra e o Chevrolet Omega que também ia fazer frente ao Santana.
Abaixo a versão GLSi. Era a mais luxuosa, topo de linha e os únicos opcionais eram os freios ABS, o teto solar elétrico, os bancos em couro e a transmissão automática. Com cambio mecânico fazia de 0 a 100 km/h em 12,5 segundos e sua velocidade final era de 185 km/h.
O Santana duas portas acompanhou a reestilização e tinha as versões CLi 1.800, GLi 2.000 e GLSi 2000. Mas ia permanecer em linha só até 1996. Em 1993 a opção do motor AP-2000i para as versões GL, que passava a se chamar GLi. E era introduzida a injeção eletrônica monoponto para os motores AP-1800, chamada de CLi.
Em 1994 houve a substituição da injeção eletrônica Bosch LE-Jetronic analógica pela FIC EEC-IV multiponto nos motores AP-2000i, com opção de versão a álcool. No ano seguinte o carro passava ser oferecido apenas com opção de quatro portas. Ficava apenas a versão 2000i “Série Única” com duas portas, descontinuada em 1996. A nomenclatura do Santana passava a ser: 1.8 Mi, 2000 Mi (modelos básicos), Evidence (considerada esportiva pela fábrica com spoiler traseiro e volante do Gol GTI e a Exclusiv topo de linha.
Chegava o ano de 1998 e ocorria a última reestilização do modelo. Para-choques, frisos, calhas… na mesma cor da carroceria. Nova frente,não tinha antiquado quebra-vento no vidro lateral, e passava a usar bancos no formato da linha Gol e Parati. O modelo ganhava acionamento do alarme com controle acoplado a chave de ignição. Mesmo com todos aperfeiçoamentos o motor continuava robusto e confiável.
O modelo Quantum seguia carreira com todos os aperfeiçoamentos do seda.
A capacidade de carga já era muito boa, o banco rebatia e ainda havia o ótimo, prático e bonito bagageiro. O compartimento de bagagem cabia 850 litros e com o banco traseiro rebatido era de 1.850 litros. Havia uma tampa sanfona para proteger a carga dos olhos dos amigos do alheio. Também havia o recurso de 1/3 do banco traseiro bascular. Como no sedã os bancos dianteiros individuais e traseiros tinham apoio de cabeça.
E por dentro continuava com uma acabamento muito bom.
Em 2006 o modelo saia de linha. Agradou tanto às famílias quanto aos taxistas pela sua robustez. Suas vendas também foram afetadas pela chegada dos importados na década de 90, mas foi o primeiro Volkswagen de porte e luxo. Até hoje vários rodam pelo país. Um grande e saudoso Volkswagen. Infelizmente poucos em bom estado como estes das fotos aqui inseridas.
Foi produzido na Alemanha, Espanha, África do Sul, Japão (sob a marca Nissan), Brasil, Nigéria, México, China e Argentina. Atualmente é produzido apenas na China, pela Shangai Volkswagen. Foi eleito pela revista Autoesporte o Carro do Ano de 1989 e recebeu o título Eleito do Ano em 1991 pela revista Quatro Rodas.
Cerca de 550 mil unidades vendidas entre 1984 e 2006. E exportado para diversos países do mundo
Texto, Fotos e montagem Francis Castaings. Fotos sem o logo Retroauto foram cedidas gentilmente por Mauro Felipe que comanda o ótimo encontro Megamigos na Praça Urupês, no bairro Renascença, em Belo Horizonte, Minas Gerais
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