Willys Rural Para o lazer, para o trabalho e para o campo
O primeiro utilitário familiar do mundo, avô dos veículos utilitários esportivos modernos (SUV) era derivada do Jeep CJ (Civilian Jeep). A Willys Rural e sua versão picape fez muito sucesso principalmente nas Américas.
Foi lançada em 1946, a Jeep Station Wagon que era montada sobre o chassi de 104 polegadas (2,64 metros) sendo as mesma distância entre eixos do Jeep.
Suas linhas eram bem retilíneas e simples. Era toda em aço estampado a aproveitava partes da carroceria do Jeep como os para-lamas. Ao contrário de peruas derivadas de sedãs, que tinham na construção da carroceria aço e madeira, o projetista Brook Stevens preferiu um projeto simples! E esta carroceria tinha menor torção, portanto mais rigidez e também mais econômico de ser fabricado.
A primeira opção de cor disponível era vinho com as laterais em creme, incluindo todas as janelas e pequenos painéis em marrom claro imitando madeira. Depois houve diversificação assim que as vendas foram evoluindo. Seu comprimento era de 4,78 metros. Tinha grande área envidraçada e por isso ótima visibilidade para os lados e traseira. Se mostrou muito útil nos trajetos fazenda e cidade!
O motor era o mesmo do sedã Willys Americar acima (1937-1942) de antes da guerra, de quatro cilindros em linha, longitudinal, tinha cilindrada de 2,2 litros e cabeçote em “L” (válvulas de admissão no cabeçote e de escapamento no bloco). Ambos em ferro fundido. Tinha potência de 63 cavalos e 14,5 m.kgf de torque.Este motor era denominado 4-63 referindo-se ao número de cilindros e a potência em cavalos.
Sua tração era traseira, três marchas com alavanca na coluna, sendo a terceira sobremarcha (overdrive) . Chegava a 110 km/h. Em 1949 era bem vinda a tração 4 x 4. Sua suspensão dianteira era com feixes de molas semi-elíticas convencionais tinha eixo rígido na frente e atrás. E amortecedores telescópicos em todo o conjunto.
Em 1947 chegava o furgão Sedan Delivery sem as janelas laterais com duas portas traseiras que se abriam para os lados e banco apenas para o motorista.Era um carro de entrega de mercadorias muito simples. Em 1948 a versão de luxo estreava e a Station tinha novas cores. E também como opcional a opção do motor Lightning (relâmpago) de seis cilindros em linha e 2,4 litros, com potência bruta de 72 cavalos. Mais potência e melhor desempenho!
A partir de 1950 ganhava o motor Hurricane (Furacão) com 75 cavalos. A fábrica anunciava: Era a versão mais barata e era produzida pelo maior fabricante de 4 X 4. Com a adoção deste motor seis cilindros, a grade frontal teve que ser avançada. Este motor datava de 1946 e o fabricante preferiu lançar um novo batizado como “Super Hurricane” com seis cilindros e 3.707 cm³. Sua potência foi elevada para 115 cavalos e um torque mais forte: 26 m.kgf à 3.800 rpm. Era a versão 6-115! Sua caixa de marchas tinha três velocidades com caixa de transferência.Os freios eram a tambor nas quatro rodas com comando hidráulico. Seu chassi era com longarinas, o peso total do veículo era de 1.650 quilos e as dimensões bem próximas ao modelo nacional. Sua velocidade máxima era de 115 km/h e com a tração engatada limitada a 12 km/h. Seu concorrente na Europa era o Land Rover (Conheça)
Esta motorização permaneceu até 1965. Tinha versões 4 X 2 e 4 X 4. Por dentro era muito simples com painel idêntico ao nacional. Apenas as alavancas de marchas e acionamento de tração estavam no assoalho. Para-lama dianteiro era da mesma cor da forração das portas e do restante da lateral assim como o teto. Por dentro seguia o mesmo padrão de cores externas. Ficava muito simpático! Abaixo o painel bem equipado da versão americana.
Por dentro era simples, mas muito funcional. Na frente o banco dianteiro rebatia em 1/3 e os de trás idem, mas em posição oposta. Se havia mais bagagem do lado direito atrás era só rebater, pois havia mais espaço e ainda caberia um passageiro.
Nos Estados Unidos foi substituída pelo Jeep Wagonner em 1963, mas o Jeep Station Wagon permaneceu em produção até 1965 nos Estados Unidos.
Muito bonita, sua versão picape era a Gladiator. Tinha motores com seis cilindros em linha e ótima gama de V8.
No Brasil
Aqui foi lançada em 1956 e era o segundo modelo da Willys Overland do Brasil.
Sua frente recebeu novo desenho em 1961 e suas linhas eram baseadas no Jeepster ano 1950 (foto abaixo),lançado nos Estados Unidos em 1948. Era uma versão com apelo esportivo e que aqui foi apresentada como Saci, mas não entrou em produção. Também em 1961 entrava em produção a Picape Jeep. Eram fabricados em Jaboatão, no Estado de Pernambuco a partir de 1966 e em Taubaté, São Paulo desde o início na primeira fábrica a ter motores fundidos no Brasil. O conjunto era todo montado fábrica de São Bernardo do Campo também em São Paulo.
Além da fabricação nos Estados Unidos, em Toledo, estado de Ohio, era fabricada na Índia com a marca Mahindra e também no Japão como Mitsubishi J-34. O projetista Brook Stevens também acompanhou a evolução do modelo aqui.
Nossa Rural acomodava bem seis passageiros. Seus brancos eram inteiriços sendo que o dianteiro basculava em 1/3 para a entrada dos que iam atrás. O enorme porta-malas, com piso plano, acomodava muito bem as bagagens e o pneu sobressalente na medida 710-15 com 6 lonas . A alavanca de três marchas ficava na coluna e havia um pequeno botão na extremidade para acionar a ré! O mostrador circular no centro do painel reunia velocímetro graduado até 140 km/h, marcador de temperatura da água e nível do tanque . Abaixo havia a ignição, afogador, botões de acionamento de faróis e limpador de para-brisa. O volante de dois raios tinha boa pega. O pedal do freio e da embreagem tinham acionamento duro, estavam presos no assoalho e o acelerador era leve.
Suas concorrentes no início década de 60 eram a Chevrolet Amazona da General Motors, o Toyota Bandeirante (também do Jeep) e em categorias diferentes a DKW Vemaguet, Volkswagen Kombi e o Simca Jangada lançado em 1963. A Rural tinha a resistência do Jeep e o conforto de um carro de passageiros. Tinha opção de tração 4 X 4 com roda livre e o único no Brasil na época a oferecer o mesmo sistema era o DKW Candango
A versão Standard recebia a pintura saia a blusa e a luxo (abaixo) pintura numa só cor e mais cromados internos, nas bordas da instrumentação, grade e para-choques com mais cromados . A modelo luxo . E em 1967 ganhava cambio de quatro marchas e numa das propagandas era mostrada num ambiente parecendo uma selva com caçadores para enaltecer sua valentia. No final deste ano o controle da Willys passou para a Ford.
Compartilhava o motor com o Jeep e a Pick-Up Jeep. Tinha seis cilindros em linha, 2.638 cm³ e 90 cavalos a 4.400 rpm, sistema elétrico de 12 volts, alimentada por dois carburadores e tração 4 X 2 para os modelos básicos. Sua velocidade máxima era de 125 km/h e seu consumo em torno dos 7 km/l.
Já sob o comando da Ford, em 1967, tinha opção também de cambio com quatro marchas e o motor com 3.104 cm³ e 140 cavalos à 4.440 rpm. Era o mesmo do Itamaraty. Desde de 1964 enfrentava a concorrência da perua C-1416, depois rebatizada como Veraneio, só que custava muito mais caro, quase o dobro! No início de 1968 a linha Willys era composta do Renault Gordini, Aero-Willys, Itamaraty, Jeep, e Rural nas versões Standard e Luxo
Visto de trás. O acesso era ótimo! A tampa de vidro se abria para cima e a outra para baixo. A capacidade de carga para a picape era de 750 quilos, do Jeep 420 quilos e da Rural era de 600 quilos. Media 4.6 metros, altura de 1,84 e largura de 1,88. Sua distância entre eixos era de 2,65 metros e altura livre do solo de 201 milímetros. Seu tanque tinha capacidade para 66 litros de gasolina comum.
Sua suspensão dianteira tinha molas semi-elípticas e amortecedores telescópicos de dupla ação. Atrás eixo rígido e também molas semi-elípticas. Seus quatro freios eram a tambor. Tanto a Rural quanto a picape não tinham medo de lama, terra e locais alagados.
O acabamento e painel da picape Jeep, após 1972, eram mais simples, mas foram modernizados também na Rural com três relógios circulares que facilitava a leitura para o motorista.
Em 1970 já tinha a opção do terceiro banco aumentando sua capacidade para sete passageiros. Em 1977, a Ford encerrava a produção da Rural, mas a F-75 ficava e o Jeep Willys por mais cinco anos.
Em 1975, o motor de seis cilindros em linha era descontinuado após ótimos serviços. Foi substituído por um propulsor menor, moderno, com quatro cilindros em linha, comando de válvulas no cabeçote (OHC) com fluxo cruzado.Era o mesmo da linha básica do Ford Maverick lançado em 1973. A versão a álcool chegou em 1980.
A picape deixou de ser produzida em 1983. Lançada como Picape Jeep se tornou após a compra da Willys pela Ford em F-75.Abaixo um modelo F-75 com uma capota de lona muito útil! Tanto a Rural quanto a picape foram os preferidos por suas qualidades de resistência principalmente no interior dos estados.
Os úteis retrovisores mais destacados na picape.
Fabricada nos Estados Unidos a partir do chassi do Jeep, era o Willys Jeep Wagon. Aqui no Brasil se chamou Rural Willys e na Argentina kaiser Estancieira.E aqui ganhou o apelido de “Bicundinha” por conta da grade frontal mais saliente
Premiada em Campos do Jordão em 2015
Seu motor seis cilindros
Um belo carro merecedor de placa preta
Detalhe da frente
Nas Ruas na Década de 60
No Exercito – F-85
Como o Jeep enfrentou batalhas, a picape foi muito apreciada pelas forças armadas nacionais. A Willys Overland americana já tinha tradição no segmento bélico!
Era denominada picape Militar Jeep Willys 3/4 toneladas 4×4. Foi exportada para Portugal e pelo sucesso alcançou as ex-colônias Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné, São Tomé e Timor Leste. Foi lançada em 1961 e em algumas unidades recebeu o motor diesel Perkins.
Sua estrutura era reforçada (para-brisa inclusive) já que não tinha capota rígida sobre a cabine. Os para-choques eram muito parrudos, tinham guincho mecânico, faróis auxiliares e proteção para os principais. A porta tinha abertura rápida, podia ser removida assim como o para-brisa. E podia carregar até oito soldados atrás, pois os bancos traseiros eram em posição longitudinal, paralelos à carroceria! Ainda tinha guincho na traseira para carregar uma carreta.
Por dentro acessórios militares, cordas, metralhadores e suporte para as mesmas… Foi também fabricada versões com cabine dupla, ambulância e furgão. Serviu ao exército, marinha…e também ganhou um apelido: Cachorro Louco!
Nas Telas
Deu a Louca no Mundo
O filme Deu a Louca no Mundo (It’s a Mad, Mad, Mad, Mad World ) de 1963, reúne grandes atores, como Spencer Tracy, Milton Berle, Sid Caesar, Buddy Hackett, Ethel Merman, Mickey Rooney, Terry-Thomas, Peter Falk e outros grandes é muito engraçado e tem ótimas cenas de perseguições de carros feitas por dubles profissionais.
A paz do Tenente Coronel Algernon Hawthorne (Terry-Thomas) que dirige seu Jeep Station Wagon (com muitos cactus no banco de trás, acaba quando dá carona à J. Russell Finch (Milton Berle) , sua esposa Emmeline, e sua sogra que reclama de tudo, inferniza a vida de todos e é muito desagradável em qualquer situação. Sra. Marcus em pé reclamando, dentro do Chrsyler Imperial Crown conversível 1962 que se envolve em um acidente de com o caminhão de mudanças de Pike.
Os três avistam o oficial do Exército Britânico, o tenente-coronel J. Algernon Hawthorne em seu Willys Jeep e o trio convence o britânico a levá-los até Santa Rosita. Depois de muitas discussões causadas pela Sra. Marcus, ela e Emmeline se recusam a ir até o local onde está um grande volume de dinheiro (300.000 dólares) e Finch e Hawthorne resolvem abandoná-las na estrada em algum lugar perto do Yucca Valley. Isso depois do Jeep Station Wagon sofrer um bocado e depois capotar. Abaixo já bem detonado!
Todo o filme vale cada minuto! Disponível em DVD. Simplesmente ótimo! Veja um trecho
Texto, fotos e montagem Francis Castaings
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