Alfa Romeo 1900: O Renascer de um Coração
A Europa foi muito afetada em todos os sentidos após a Segunda Grande Guerra Mundial. Países como a Itália, França, Alemanha e Inglaterra viveram bombardeios violentos. Várias pessoas morreram. E também várias indústrias foram completamente destruídas. Não foi num piscar de olhos que elas se refizeram.
Mas homens com vontade e muito ímpeto conseguiram reerguer tijolos, paredes, estruturas e colocaram as máquinas para funcionar outra vez. Linhas de montagem completamente destruídas foram refeitas. Foi o caso da fábrica de Portello, na Itália, que foi bombardeada em 1944.
Dois anos depois já estavam produzindo outra vez o belo esportivo Alfa Romeo 6 C 2500. Este era caro, já um pouco antiquado e a empresa, para tentar sobreviver, precisava lançar um novo produto para atender ao grande público.
Foi assim que em outubro de 1950, foi lançado o sedã familiar Alfa Romeo 1900. O belo três volumes tinha linhas curvas e era o primeiro carro da marca com estrutura monobloco e também o primeiro a fazer parte de uma linha de produção em série. A Alfa rumava para a industrialização. Por isso este automóvel teria grande produção. Media 4,48 metros de comprimento, 1,48 de altura e 1,60 de largura. Seu peso era de 1.100 quilos.
De frente a grade famosa em forma de coração era o destaque. Perpendicular a esta havia mais duas de formas semelhantes. Nas extremidades haviam dois faróis circulares de bom tamanho e abaixo destes pequenas luzes de sinalização. Os para-choques de desenho simples eram cromados. Visto de lado adotava a frente estilo “Ponton” e as linhas eram equilibradas. Não havia nenhum friso lateral e os vidros dianteiros não tinham quebra-vento. Seus concorrentes na Itália seriam o Fiat 1900 e a Lancia Aurélia.
O grupo propulsor era obra de Orazio Satta Puliga. Este homem era o especialista de motores de competição da fábrica. E objetivo era fazer um motor robusto, eficiente e moderno.
Debaixo do capô estava um motor de quatro cilindros em linha, longitudinal, refrigerado a água e com duplo comando de válvulas. Tinha 1.884 cm³, era alimentado por um carburador de corpo simples, tinha taxa de compressão de 7,5:1 e desenvolvia a potência de 80 cavalos a 4.800 rpm. A caixa de marchas tinha quatro velocidades e a alavanca ficava na coluna de direção. Sua tração era traseira a velocidade máxima era 150 km/h. A robustez deste motor era tão notável que equipou também o Jipe AR2, também conhecido como Matta, mas com potência reduzida. O motor do sedã também estava presente também no exótico “Disco Volante” que era um carro experimental.
A suspensão dianteira do sedã era independente. Tinha triângulos superpostos, molas helicoidais e amortecedores telescópicos. Atrás tinha eixo rígido, braço arrastado, amortecedores telescópicos concêntricos e barras Panhard. Era um sedã muito estável e confortável ao mesmo tempo. Usava pneus na medida 165 x 400 e seus freios eram a tambor.
Por dentro não oferecia luxo. Tinha praticidade e simplicidade. O painel todo em metal trazia velocímetro em semicírculo e ladeando este nível de tanque de combustível e temperatura. Também havia um pequeno porta-luvas e um cinzeiro. O grande volante de dois raios tinha boa pega e era preciso. Quatro adultos com conforto viajavam bem no 1900.
Em 1953 chegava uma versão mais potente como uma designação que seria adotado por anos na empresa. Era o 1900 TI (Turismo Internacional) que era equipada com dois carburadores de duplo corpo passando a potência para 100 cavalos a 5.500 rpm. A aceleração estava mais vigorosa e a velocidade final era de 160 km/h.
Neste ano participava de sua primeira corrida de sucesso, a Targa Florio e também na Mille Miglia. E ganharia em sua classe. Por este motivo o fábrica estampava em suas publicidades a frase “Um sedã de família que ganha corridas”.
Também começavam a ser disponibilizadas plataformas com a mecânica montada para empresas especializadas em carrocerias esportivas como a Buono e a Pininfarina. Os cupês de ambas tinham uma beleza ímpar. Com chassi encurtado a versão Buono era vendida nas concessionárias da Alfa Romeo. Tinha carroceria bicolor e sua coluna B era truncada. Esta também fez dois exemplares únicos muito especiais com a mecânica do 1900. Com linhas muito aerodinâmicas o primeiro foi para a Senhora Evita Perón, esposa do Presidente Argentino e o outro para um graduado funcionário da Fiat.
Já a famosa Pininfarina fazia um belo conversível denominado 1900 C. Não ficou de fora a Carrozzeria touring (acima) que também produziu os belos Coupé Sprint TI e Super Sprint. No caso deste último tinha a opção de equipamentos Nardi como volante de madeira e alavanca de marchas no assoalho com opção de cinco velocidades. Partes da carroceria era em alumínio garantindo a esta a inscrição “Superleggera”.
A frente tinha os mesmos elementos do sedã, mas trazia mais dois faróis auxiliares inseridos nas grades horizontais. Visto de lado o cupê esbanjava beleza, tinha ótima visibilidade e bonitas rodas raiadas da marca Borrani. A mecânica era a mesma do cupê, mas por ser bem mais leve era mais veloz. Seu motor com 100 cavalos e 1.884 cm³ lhe proporcionava a velocidade final de 180 km/h.
Outra carroceria especial era feita por Zagato (abaixo) . Muito agressiva, apresentava linhas mais curvas, para-brisas mais amplo e duas entradas de ar sobre o capô.
Em 1954 mais duas versões do sedã iriam entusiasmar o público. Eram a 1900 Super com 1.975 cm³ e um carburador de corpo duplo e a 1900 TI Super com a mesma cilindrada, mas dois carburadores de corpo duplo da famosa marca Weber. Esta versão de 115 cavalos a 5.500 rpm tinha velocidade final de 180 km/h sendo uma das melhores da categoria.
O painel era remodelado e ganhava três mostradores contando com velocímetro, conta-giros e um terceiro que agrupava temperatura de água e pressão do óleo, amperímetro e luzes de advertência.
Em 1955 o modelo Super Sprint estava mais potente ainda. Com 115 cavalos, caixa de cinco marchas e dois carburadores duplos, chegava a ótimos 190 km/h.
E 1900 sedãs ervia para a famosa polícia italiana
Nesta época a fábrica já produzia a linha Giulietta e o sedã 2000, que daria origem ao nosso primeiro FNM Alfa Romeo nacional. Esta empresa italiana já tinha uma bela linha de montagem com produtos muito atraentes e famosos por causa dos sucessos nas pistas.
O Alfa 1900 foi o responsável pelo renascer da empresa. Foi produzido até 1959 num total de 21.304 unidades em suas várias versões de carroceria.
Texto, fotos e montagem Francis Castaings. Fotos de divulgação e publicadas no site
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