A Volkswagen do Brasil foi fundada há 70 anos em 23 de março de 1953.O Sedã VW 1600 quatro portas foi lançado em dezembro de 1968, no VI Salão do Automóvel em São Paulo gerou a família TL e Variant.

A Volkswagen do Brasil foi fundada há 70 anos em 23 de março de 1953.O Sedã VW 1600 quatro portas foi lançado em dezembro de 1968, no VI Salão do Automóvel em São Paulo gerou a família TL e Variant.

No começo da década de 60 a Volkswagen AG Alemã tinha ótimos produtos. Eram o Volkswagen Sedã Käfer (Tipo 1) o utilitário Kombi (Tipo 2) e o Kamann-Ghia, seu primeiro esportivo, o Tipo 34. E a com a Tipo 3 veio a necessidade de diversificação

Havia a necessidade urgente de criar novos modelos para concorrer com o grande mercado europeu que tinha na Alemanha a Opel e a Ford, na Itália a Fiat, na França a Citroën, Peugeot e a Renault. Na Inglaterra a Morris, Austin e MG e os americanos, do outro lado do mundo começaram a atacar com o novo Chevrolet Corvair que trazia motor traseiro com seis cilindros opostos, a Ford com o novo Falcon e a Chrysler com o Lancer.

No início de 1961 a fábrica de Wolfsburg divulgou uma foto e o nome do sedã Volkswagen 1500 que seria lançado em abril de 1961. Em 1959 a imprensa especializada já especulava sobre novos lançamentos da fábrica alemã.

Foram apresentados também três modelos da linha: o sedã três volumes com duas portas que nos Estados Unidos se chamou de Notchback, a perua Variant, que na Itália se chamava Familcar e nos Estados Unidos foi lançada como Squareback (para o nome não ser confundido com o Valiant da Chrysler)  e um conversível, derivado do 1500 que não entrou em produção. Todos com duas portas, tinham linhas simples,capô inclinado que não negava a identidade da marca, mas eram elegantes, discretos, sem ousadia e agradável.Tinha carroceria  monobloco em aço estampado apoiada sobre o chassi plataforma convencional na produção VW. Era a linha Typ 3!

Os faróis eram circulares, para-lamas cromados com protetores, dentro do desenho habitual na época, seguido também na traseira pelo terceiro volume do sedã, que abrigava o motor arrefecido a ar .O propulsor tinha quatro cilindros opostos, 1.493 cm³, 54 cavalos pela media SAE (Society of Automotive Engineers)/45 cavalos pela DIN (Deutsche Industrie-Norm) à 4.200 rpm. A media DIN alemã é líquida, ou seja, é medida com o motor funcionando, com escapamento, filtro de ar, carburador, alternador gerando e corrente, etc. Considerando as perdas em funcionamento.

Era alimentado por um carburador da marca Solex, filtro com banho de óleo e sistema elétrico de seis volts. Sua caixa tinha quatro marchas e sua tração era traseira. Tinha velocidade final de 125 km/h, fazia 12,5 km/l e seu tanque tinha capacidade para 40 litros. Freios a disco ATE-Dunlop eram montados na frente. Atrás eram a tambor e tinha duplo circuito hidráulico.

Pesava 920 quilos e media media 4,34 m de comprimento. Tinha ótima visibilidade em suas três versões, acomodava bem cinco passageiros e seu porta-malas que era dianteiro um tanto limitado. No TL e na Variant havia um espaço razoável atrás. No final de 1965 o motor, em posição horizontal, com 1.584 cm³ e 66 cavalos a 4.600 rpm com torque de 12 mkg.f era apresentado para o TL e depois se estendeu para toda a linha. A velocidade final aumentava para 135 km/h. Sua suspensão dianteira e traseira eram independentes com braços oscilantes, barras de torção e estabilizadora. Tinha amortecedores hidráulicos na frente e atrás. Atrás havia braços semi oscilantes e também barras de torção e estabilizadora.

E em 1968 era o primeiro carro alemão a receber injeção eletrônica Bosch D-Jetronic. Era o Typ 3 E (Einspritzung). Todos equipados com injeção recebiam a denominação E e os convencionais ganhavam dois carburadores de corpo simples Solex 32 milímetros.

Também neste ano recebia como opcional cambio automático de três velocidades (abaixo). Seu painel tinha três marcadores circulares com capacidade do tanque e luzes espia a esquerda, velocímetro graduado até 160 km/h e relógio de horas. Tinha volante de dois raios e aro de buzina cromado. Uma versão sem as janelas de trás, substituídas por chapas foi aplicada a Variant para atender comerciantes, correios, etc.

Em 1968 chegava a linha 411 e 412 baseada na mesma mecânica no Tipo 3, mas com carroceria mais moderna, faróis oblongos, ótima área envidraçada e nas versões Hatch duas e quatro portas, cupê e Variant. No ano seguinte ganhava pneus radiais 165 SR 15 no lugar dos 6.00 x 15. O pneu estepe ficava na frente assim como o tanque com nova capacidade. Podia ser abastecido com 45 litros de gasolina comum. Sua taxa de compressão era de 7,3:1. Tinha novo volante de quatro raios e o acabamento interno estava melhor.

Em 1970 toda linha Tipo 3 recebia uma leve reestilização. Seus concorrentes na Europa eram os franceses Peugeot 204, o Renault 8, o Simca 1000, o Citroën Ami, os alemães o Opel Kadett, o Ford Escort 1100 e o NSU Prinz, os italianos Fiat 128, o Autobianchi Primula, os ingleses Ford Escort 1300, o Austin 1100, o Morris 1300, o Triumph Toledo e o Vauxhall Viva 1300, o sueco Saab 96 e o Tcheco Skoda 100. No Japão havia o Nissan Cherry, o Honda Civic e o Toyota Corolla (ambos eram compactos na época com menos de quatro metros de comprimento). Como o Renault 8, Simca 1000 e NSU seguia a linha do “tudo atrás”. Ou seja, motor e caixa em posição traseira. Tração idem!

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Na frente era mais notável. Novo capô mais pronunciado, melhor capacidade de carga e e novas luzes e seta e lanternas traseiras continuavam em posição vertical.

Entre 1961 e 1973 foram produzidas cerca de 2.542.000 unidades


Um Tipo 3 personalizado em terras mineiras. Existem poucos no Brasil.


No Brasil

O TL, o VW de quatro portas e a Variant foram as grandes novidades da marca no final dos anos 60 e início do anos 70. Os três foram baseados em modelos europeus da matriz alemã. Tanto o fastback TL quanto o sedã 1600 só tinham a versão duas portas lá. A Variant assim como os outros dois, tinham linhas mais arredondadas no continente europeu como mostrado acima.


O VW 1600 Sedã 4 Portas

O VW 1600 Sedã quatro portas foi lançado em dezembro de 1968, no VI Salão do Automóvel em São Paulo. Neste ano também o Ford Corcel fazia sua estreia.

O motor traseiro tinha 1.584 cm³, 65 cavalos (SAE) , quatro cilindros opostos, arrefecido a ar.Era alimentado por dois carburadores Solex 32 e seu torque máximo era de 12,0 mkg.f a 4.600 rpm. Como o alemão a carroceria era em monobloco em aço estampado sobre plataforma também em aço. Tinha freios a disco na frente e tambor atrás. Os pneus eram na medida 155 x 15 diagonais.

A carroceria era três volumes, quatro portas e tinha linhas bem quadradas. Foi o primeiro VW brasileiro com esta configuração. Foi baseado no Typ 3.

Na frente se destacava os faróis retangulares que logo foram substituídos por quatro redondos em 1970.O estoque do grupo ótico herdado do modelo DKW 1967 era enorme e tinha que ser aproveitado!

Acomodava bem quatro passageiros. O quinto já viajava meio apertado. O porta malas de tamanho reduzido era dianteiro e havia um bom porta objetos logo atrás do banco traseiro.

Como seus futuros irmãos, Variant e o 1600 TL a estabilidade em curvas era razoável e a velocidade final estava por volta dos 135 km/h fazendo de 0 a 100 km/h em 22 segundos. Como a maioria dos VW na época “pulava” bem em primeira e segunda, mas ao passar a terceira os giros caiam. Usava gasolina comum, sua taxa de compressão era de 7,2:1 e seu consumo oscilava entre 7 e 12 km/l. A capacidade do tanque era de 41 litros. Uma versão L com a capota pintada de preto, estofamento mais luxuoso, banco do motorista reclinável e pneus faixa branca também foi produzida em pequena escala e é muito rara hoje.

Na Alemanha foi lançado em 1961 e só estava disponível na versão duas portas.

Entre nós fez sucesso entre os taxistas . Terminou sua produção em 1971 para dar lugar ao 1600 TL.

Nas pistas: Todos sabem da versatilidade do motor VW arrefecido a ar. O modelo 1600 quatro portas foi utilizado tanto na extinta Divisão 1 quanto na divisão 3 que poderia receber várias modificações na carroceria quanto no motor elevando a cilindrada para 1.700, 1.800, 2.000 e até 2.200 cm³. Correu em Interlagos e também no circuito belorizontino do Mineirão. Abaixo em Interlagos, São Paulo, em 2016, numa corrida de clássicos.


A Variant

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Em 1969 foi lançada a perua Volkswagen Variant. A pequena perua tinha a mesma frente do 1600. Na propaganda de televisão da época, o apresentador, o famoso ator Rogério Cardoso (A Grande Família / Escolinha do professor Raimundo ), saía a procura do motor do carro já que tinha um porta-malas na frente e outro atrás. Os dois acomodavam 640 litros.

O porta malas dianteiro

A perua tinha duas portas e podia levar cinco passageiros. Tinha boa área envidraçada e nos grandes vidros laterais traseiros tinha uma pequena escotilha/quebra vento para ventilar os passageiros do banco de trás. Media 4,138 metros e pesava 950 quilos.

O painel era simples e tinha o extremamente necessário.

Uma cobertura plástica imitando madeira, opcional, era notável nos primeiros modelos. Foi o primeiro veiculo em série com dupla carburação produzido no país. Quem conseguia uma regulagem igual para os dois, o carro tinha um comportamento bom! Também utilizava o motor de 1,6 litros desenvolvia 65 cavalos a 4.600 rpm. O tanque de combustível podia levar 41 litros de gasolina.

O cambio tinha quatro marchas a frente e uma a ré e sua tração era traseira. A suspensão dianteira e traseira tinha barras de torção e amortecedores hidráulicos. Na frente estabilizador e atrás barra compensadora. Era um carro familiar e seu concorrente direto era a Belina da Ford. Por causa de sua robustez fez sucesso.

E era a mais barata da categoria. Em 1971 ganhava frente mais moderna sendo que o capô era inclinado para frente. Ganhou logo o apelido cabeça de bagre pela semelhança com o peixe.

Em 1975 foram produzidas 20.819 unidades, 10.000 a menos que no ano anterior.  Em dezembro de 1976 a fábrica comemorava a produção de 250.000 exemplares da Variant.

Nesta mesmo ano ela recebeu os mesmos avanços de segurança que a Brasília. Novos bancos mais anatômicos e coluna de direção retrátil já aplicada ao Dodge 1800 anos antes. Deixou de ser produzida em 1977.


A Variant II

A Variant II foi lançada em dezembro de 1977. As linhas com relação ao VW Brasília eram muito próximas. A visibilidade tão boa quanto. Media 4,33 metros e pesava 977 quilos. Mas esta não obteve o sucesso alcançado do original e teve carreira curta.

Foi anunciado como o primeiro “Station Wagon” compacto. O desenho das rodas imitavam as do Passat, mas eram maiores. A suspensão dianteira independente era McPherson. A traseira apresentava barras de torção cilíndricas pré-torcidas que eliminou o grave problema de cambagem variável. A estabilidade melhorou muito. Por dentro os bancos com encosto alto eram os mesmos do Passat. O painel tinha um bom número de instrumentos em formato retangular. Relógio de horas opcional, Marcador de nível de combustível, velocímetro graduado até 160 km/h e várias luzes espia.

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Uma boa novidade era o limpador de vidro traseiro. O volume de bagagens era maior, o conforto e o acabamento melhor. A forração do motor era dupla para diminuir o ruído interno. O motor era o mesmo da Brasília, mas seu desempenho um pouco melhor devido a um comando de válvulas mais moderno e a saída dupla de descarga. Tinha 67 cavalos. Sua velocidade máxima era de 138 km/h e fazia de 0 a 100 km/h em 19 segundos.

Teve sua produção encerrada em 1981. O projeto do Volkswagen Parati, derivado do Gol e Voyage já estava em andamento. Restava ao consumidor o Ford Belina II lançado em 1968 e a Chevrolet Opala Caravan lançada em 1975


O Fastback TL

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O cupê fastback TL lançado na Alemanha em 1966 chegou ao Brasil em 1971. Suas linhas eram mais retilíneas se comparado ao modelo alemão.  E neste ano foi eleito pela Revista Auto Esporte o Carro do Ano de 1971. 

Em 1971 ganhava frente mais baixa e mais moderna como a irmã Variant

Assim como a perua Variant daqui, tinha as linhas da carroceria mais retas do que o similar germânico

Usava a mesma mecânica da perua. Ou seja, motor de 1,6 litros de dupla carburação e ventoinha embaixo. Este modelo substituiu o sedã quatro portas que deixaria de ser fabricado. A visibilidade para frente e para os lados era boa mas para trás era sofrível por causa da traseira inclinada bem ao estilo dos anos 60/70. Não tinha linhas bonitas, mas também não era um automóvel feio. Já chegou com linhas ultrapassadas, de outra época.  Tinha quatro faróis redondos igual ao dos irmãos. Por causa do porta-malas mais alto acomodava mais bagagens que a perua.

Em 1971 teve a frente reestilizada e neste mesmo ano ganhou a versão quatro portas numa tentativa da fábrica de atrair o mercado de táxis.O acesso dos passageiros melhorava bastante!

Em 1973 foram produzidas 13.137 unidades do duas portas e 7.416 do quatro portas. No ano seguinte caiu consideravelmente. Foram 966 do duas portas e 775 do de quatro. O 1600 TL teve vida curta pois sofreu o canibalismo interno do Passat (saiba mais) , que era carro muito mais moderno. Abaixo uma série especial e rara hoje em dia.

E um TL muito especial em Águas de Lindóia, São Paulo


As miniaturas

O modelo maior na escala 1/24 é da italiana Bburago. Há também o sedã duas portas na cor bordô.Abrem portas, capô e as rodas esterçam. O TL azul escuro e a Variant azul clara é da coleção Carros inesquecíveis do Brasil vendida em bancas.  A Variant verde metálica na escala 1/43 é da Politoys italiana. O TL azul decorado a esquerda é da Jada Toys e o que está a seu lado é da Hot Wheels modelo 1969, série especial. O vermelho 411 E quatro portas é da Stelco, marca alemã e data da década de 70.

A Matchbox inglesa fez um modelo TL alemão. Constava do catalogo de 1966 na cor vermelha. Suas portas abriam e media 68 mm. Na frente era notável três faróis de milha. Em 1972 ganhou rodas mais modernas, a cor era rosa metálico e passou a fazer parte da série Superfast. O sedã 1600 quatro portas da coleção Carros Brasileiros, também vendida em banca é escala 1/43. Correta e bem feita. Dentro da caixa uma Variant personalizada, ano 1969, da Hot Wheels Também saiu em séries especiais Garage Real Riders.  


Texto, fotos Retroauto e montagem Francis Castaings                                                                                       

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