Automóvel Antigo do Leitor: O Chevrolet Amazona de Alexandre Lúcio (Xandão)

Automóvel Antigo do Leitor: O Chevrolet Amazona de Alexandre Lúcio (Xandão)

Quando eu era pequeno, íamos para o Rio de Janeiro, onde a família da minha mãe morava, durante as férias. Lembro que a Amazona ia cheia, com dez crianças e meus pais, além das bagagens e lanches para viagem. Meu pai descia a serra de Petrópolis usando pouco os freios e com a marcha muito forte, pois o carro ficava extremamente pesado.

Uma vez, quando meu pai estacionou na garagem e tiramos tudo do carro, ele ficou tão leve que ficou preso na viga do teto e tivemos que recarregar o carro para que ele conseguisse sair de lá.  

Já mais velho, pude adquirir a minha própria Chevrolet Amazona e senti o quanto meu pai era habilidoso, pois me dei conta que os freios do carro não são de grande qualidade.


Raid CVA (Clube de Veículos Antigos de Minas Gerais)

Para o Troféu Melhor nacional, havia muitos candidatos, como um belíssimo Esplanada, dois Opala SS e mais alguns nacionais que marcaram época, mas a comissão julgadora acabou se rendendo à simpatia da impecável Chevrolet Amazona 1963 de Alexandre Santos, que levou seis membros do Clube de Veículos Antigos de Nova Lima para passear nas montanhas da região. Abaixo o troféu.

A bonachona perua da Chevrolet, um dos carros mais inusitados para fazer rally que já apareceu nos eventos do CVA, despertou sorrisos por onde passou. Se, na quarta edição, o percurso foi em rodovias movimentadas, favorecendo os carros de maior potência, nesta prova a preferência foi pelas bucólicas estradinhas perdidas nas montanhas do entorno de Macacos e Nova Lima, percurso muito elogiado por todos, mas que deu muito trabalho aos navegadores.


Um pouco de História

Sua tração era traseira e tinha o sistema de tração positiva. Não era um autoblocante! Em caso de uma roda girar em falso em piso de terra ou lama, a força era transmitida para a outra facilitando sua saída de um atolamento. O grande mostrador ao centro, em formato triangular, como na versão americana, tinha velocímetro com graduação até 160 km/h e hodômetro total. Acima havia nível do tanque de combustível, temperatura da água, óleo e amperímetro. Para ligar o motor era necessário usar a chave e apertar o pequeno pedal que se vê abaixo ao lado do acelerador.                        

Os primeiro modelos tinham apenas um par de faróis circulares, grade interna pintada na cor do capô, das portas e da caçamba. A maioria dos modelos eram em duas cores sendo os para-lamas diferenciados, teto da capota e para-lamas traseiro idem da caçamba “Step Side”. O carro tinha um estribo, muito útil para a entrada a bordo. Era um veículo alto!

A capacidade de carga era ótima: 735 quilos. A perua Amazona podia carregar 650 quilos e tinha terceiro banco opcional para duas crianças aumentando a capacidade para oito pessoas.As cores das forrações dos bancos, parte do painel das portas e teto eram em vinil e tinham as mesmas cores externas da carroceria.Nota-se abaixo a grande porta para abrir o porta-malas. Pouco ergonômico, mas aos poucos o proprietário se acostumava. Era um ótimo carro para famílias numerosas que podiam ter estatura alta. Sem problemas!

Na frente das picapes ou da Amazona e derivados iam três pessoas, no banco de trás da Alvorada (lançada em 1961) e da Amazona (feminino de cavaleiro) idem. A caçamba podia receber acabamento em madeira no fundo e compartimento para abrigar objetos nas laterais. O pneu sobressalente na picape ficava abaixo da carroceria e preso ao chassi. Na Amazona em posição vertical na lateral esquerda. Tinha medidas 7,10 x 15 sendo que o 15 era diâmetro da roda em polegadas. As medidas externas da Amazona eram : comprimento 5, 13 metros, largura  2, 10, altura 1,96 cm, entre-eixos, 3,05 metros e peso de 1.850 quilos. A carroceria era montada sobre um chassi em longarina. Na picape Brasil tinha o código 3104 e era menor que a Alvorada, código 3114 e a Amazona 3116 com chassi mais longo. Havia o 3105 para o furgão fechado utilizado por ambulâncias e policiais civis e militares. Que ia atrás não ficava feliz! Ainda a 3103 só com a cabine picape para instalação de carroceria/caçamba de madeira, muito usado até a década de 80 e o 3112 (somente chassi e componentes mecânicos). Sua suspensão tinha eixo rígido e molas semi-elípticas na frente e atrás.

Até 1963 eram a picape Brasil (acima), a perua Amazona (Abaixo) , a cabine dupla Alvorada e o furgão Corisco. A maior mudança em 1963 era a nova grade, quatro faróis circulares, grade frontal e novos para-choques cromados em algumas versões. Detalhe interessante da Amazona era duas portas laterais na direita e apenas a do motorista na direita como a cabine dupla Alvorada.

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As carrocerias eram feitas pela Brasinca Ferramentas, Carrocerias e Veículos S/A a mesma que projetou e desenvolveu o esportivo Uirapuru

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A partir de 1958 estava disponível novo motor que ganhou o nome Chevrolet Brasil. Também com seis cilindros, 4.278 cm³, 142 cavalos à 4.000 rpm e torque de 31,8 mkgf. Ficou um pouco mais disposta nas arrancadas e melhorou a velocidade final. Sua velocidade máxima estava por volta de 135 km/h e fazia de 0 a 100 km/h em 21 segundos. O consumo era alto! Na cidade em torno de torno de 5,0 km/l e na estrada não passava dos 7,0 km/l

Seus concorrentes na época eram as picapes Ford série F-100, o Toyota Bandeirante, a Willys Rural, Volkswagen Kombi e Simca Jangada. Não era um veículo barato. Em dezembro de 1963 seu preço só era inferior ao FNM 2000 e aos Simca Rally, Jangada e Presidence.

Teve uma carreira curta, prestou ótimos serviços nas fazendas, nas cidades para a grandes famílias e para os policiais. E é raro ver bons exemplares em encontros de carros antigos. Exemplares como os das fotos apresentadas estão ótimos, mas é raro ver uma Alvorada ou Corisco em bom estado!


Nota

Qual o significado de guerreira amazona? A partir do período moderno, seu nome passou a ser associado com as mulheres guerreiras da atualidade. O termo Amazonas é frequentemente utilizado para se referir a mulheres que montam a cavalo, participando em provas de equitação em destreza ou salto.

Qual é a versão masculina de amazona?  Sabendo disso, tem-se que o nome do senhor que monta a cavalo é o cavaleiro, que vem a ser o masculino de amazona. Concluindo, o masculino de amazona é cavaleiro.

Amazonas é um enorme estado no noroeste do Brasil, coberto quase na sua totalidade pela floresta tropical da Amazônia


Este veículo e seu proprietário são frequentadores dos melhores encontros de carros antigos em Belo Horizonte, Minas Gerais e região metropolitana.


Fotos e texto cedidos gentilmente por Alexandre Lúcio dos Santos. Edição e montagem Francis Castaings

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