Bel Air 55,56 e 57 – Três anos de ótimos ares para a Chevrolet

Bel Air 55,56 e 57 – Três anos de ótimos ares para a Chevrolet

Os anos de 1955, 1956 e 1957 foram os anos de glória para e linha Bel Air da Chevrolet Americana

Um bairro famoso de Los Angeles, Califórnia, nos Estados Unidos,  se chama Bel Air, fica perto do não menos charmoso Beverly Hills e West Hollywood. O nome Bel Air em francês quer dizer Belo Ar e foi primeiramente aplicado como versões dos modelos 1951, 1952, 1953 e 1954. Após 1955 já era o sobrenome, a versão mais luxuosa e com motores de base mais potentes que ficou muito famoso principalmente nos anos 55,56 e 1957.

O fenômeno Chevrolet Bel Air que teve seu momento áureo nos anos modelos 55,56 e 57. Carrocerias cupê, conversível, quatro portas com coluna ou sem e perua Station Wagon com quatro portas em 1955. A Nomad com duas portas estava disponível em 1955, 56 e 57. Havia duas opções com motor seis cilindros em linha e uma grande gama de motores com oito cilindros em “V” com potência em cavalos variadas. O objetivo era abandonar as linhas curvas do final dos anos 40 e fazer um carro com linhas retas, mais baixo e compacto. 


1951 – Linha Chevrolet Styleline

Chevrolet Bel Air cupê 1951 Hardtop. Havia opções com carroceria de quatro portas, conversível e perua com quatro portas. Até 1954 só havia a opção com motores seis cilindros 150 polegadas cúbicas (2.458 cm³)  e 250 (4.096 cm³). Rara são os modelos Panelvan que tinha lateral fechada por chapas a parte após o vidro lateral dianteiro. Uma perua (Station Wagon) para serviços ou lazer. Dois anos antes, a linha Styleline tinha sido lançada em 1949 e vendeu mais de um milhão e exemplares neste ano sendo que 32.000 do modelo conversível. No início da década de 50 este automóvel era montado no Brasil (foto acima), em São Caetano do Sul, São Paulo.

Um belo cupê recém restaurado. As linhas destes modelos eram semelhantes aos modelos de 1949 que substituíram a linha Chevrolet Fleetline e Master

E um belo sedã. Acomodava muito bem seis passageiros. Observe a traseira mais baixa que ainda lembrava os modelos do final da década de 40 dos modelo Styleline.


1952

Sem grandes  mudanças neste ano.

Havia belas combinações de cores nas carrocerias

Um de seus concorrentes em 1952 era o Ford Customline V8 ano 1952. Existia também a versão perua Customline Country Sedan, Delivery Van, conversível e cupê


1953

Alterações na carroceria eram visíveis principalmente na traseira.E para-brisa integral sem divisões

Um Sedã Two Ten (210). Na frente nova grade com frisos um pouco maiores e contornando parte do para-lamas.

E seu painel. Este é com caixa mecânica de três marchas e mostradores com as informações necessárias

Chevrolet Bel Air 1953 Hardtop. As alterações mecânicas com relações ao modelo 1951 eram poucas

Um interessante e raro Furgão Panel Van Utility Sedan


1954 – A versão quatro portas Bel Air vinha em duas cores, teto diferente numa cor e linha abaixo dos vidros noutra. As versões Two Ten e One Fifty tinham pintura única e na versão duas portas idem. Na Bel Air Sport Coupé, Club Sedan Two Ten e One Fifty Utility sedan duas cores para todos. Nas peruas Station Wagon Bel Air Towsman tinha acabamento imitando madeira nas bordas dos vidros laterais, na Two Ten Handyman e One Fifty duas cores. E estreou na linha em 1949 a versão conversível cupê que vendeu 40.000 unidades neste ano. Eram treze novos modelos e três séries!

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Um sedã De Luxe quatro portas

Nova grade para todos os modelos da linha

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Bela perua. Até 1954 só havia a opção com motores seis cilindros 210 polegadas cúbicas ou 235 Blue Flame (3.850 cm³) e 140 cavalos para as versões básicas da linha Chevrolet. Haviam também as versões perua Towsman e Handyman


1955 – A revolução vencedora

Um Chevrolet Bel Air 1955 sedã;  Este foi o primeiro Chevrolet a ter direito a um motor com oito cilindros em “V” com variadas potências e cilindradas. Cambio mecânico ou automático e também tinha o robusto e confiável motor com seis cilindros em linha que continuava. O motor V8 foi elaborado pelo engenheiro Ed Cole (ex-Cadillac)  e envolveu uma equipe de 2.900 pessoas e com um prazo recorde de 15 semanas. Era robusto, tinha boa performance e relativamente econômico para a época. O desenho da carroceria era obra de Harley J. Earl que foi chefe de estilo da General Motors entre 1927 e 1958. Sua equipe tinha 650 pessoas para conceber um belo desenho para o novo carro. Um dos destaques era o para-brisas amplo que foi apresentado antes de forma experimental no Buick SkyHawk, Cadillac Eldorado e Oldsmobile Fiesta. 

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O motor seis cilindros em linha 235 (3.850 cm³)  “Blueflame” tinha opções com 123 cavalos a 3.800 rpm e 136 cavalos a 4.200 rpm. Tinha caixa manual com três marchas “Synchromesh” com sobremarcha (overdrive) opcional. O de maior potência tinha caixa automática com duas velocidades “Powerglide”. Todos com tração traseira. A linha 1955,56 e 57 fez grande sucesso! A partir de 1955, além das duas opções com seis cilindros havia vasta gama de motores V8 sendo que um dos mais potentes tinha 4.640 cm³, atingia 283 cavalos, 0 a 100 km/h em 9,5 segundos e final de 195 km/h.

O motor V8 265 (4.340 cm³)  Turbofire tinha potências de 162 cavalos a 4.400 rpm e 180 cavalos a 4.600 rpm. Tinha carburador de corpo quádruplo e duas saídas de canos de descarga. O chassi 115 serviria de base para os modelos 55,56 e 57. Dezesseis versões diferentes de acabamento para os modelos 150, 210 e Bel Air.

A carroceria foi construída pela empresa Fisher e tinha estrutura central reforçada. Assegurava mais rigidez e boa visibilidade. Era seis centímetros mais baixa que os modelos anteriores. Tinha três níveis de acabamento: One Fifty, Two Ten e Bel Air. Cerca de 7.500 concessionárias nos Estados Unidos estavam enfeitadas com balões, bandeiras e distribuíam chaveiros, canetas e catálogos do carro. A versão One Fifty dispunha de carroceria duas portas, quatro portas (não tinha cromados na lateral) e Utility Sedan com acabamento mais simples. A Two Ten também com carroceria duas portas, quatro portas , Delray Club Coupé com duas portas e Sport Coupé Hardtop com duas portas e acabamento intermediário . A Bel Air também  com carroceria duas portas, quatro portas, Sport Coupé Hardtop e conversível para cinco passageiros. A Beauville era uma perua com duas portas e quatro portas e a Nomad, mais esportiva, duas. A diferença desta última estava no vidro lateral maior e colunas inclinadas.Com motor 235 a Nomad fazia de 0 a 100 km/h em 17 segundos e tinha a final de 140 km/h. Custava neste ano 2.571 dólares!

Em todas elas Havia diferenças sutis: Posicionamento de  frisos cromados, cores, capota com ou sem coluna e acabamento interior.

O painel: Velocímetro graduado até 110 milhas por horas (177 km/h) no caso do caro equipado com motor seis cilindros . Acima do velocímetro marcador de nível de combustível,e temperatura da água. A direita um útil relógio de horas. O volante de bom diâmetro tinha três raios e aro de buzina central.

Conforto para seis pessoas. Os bancos tinham diversos acabamentos, podiam ser em tecido ou vinil, duas ou mais cores.

A bela perua Townsman. A Station Wagon quatro portas era chamada de Two-Ten Townsman. Era uma mistura de carro familiar e trabalho. Transportava seis pessoas e muita bagagem! A abertura traseira era ótima! A tampa superior que abrigava o vidro, levantava-se e a de metal se abaixava. A abertura das portas em todos os modelos era ótima. A abertura das mesmas para os passageiros era de quase 90 graus.

O belo conversível. Um modelo como este foi o carro madrinha nas 500 Milhas de Indianápolis em 1955. Era o oficial “Pace Car”. E também foi estrela em Pebble Beach, na Califórnia, numa das mais famosas mostras de automóveis do mundo! Era um modelo na cor coral e cinza fosco na parte de trás. A General Motors não ia perder a oportunidade de apresentar seu novo modelo ao público abastado! Os conversíveis de 1955, 56 e 57 com motor V8 são os mais cotados atualmente!

Um sedã muito elegante. São raros hoje os modelos quatro portas em bom estado!

Um hot

Um Chevrolet Bel Air 1955 com decorações da Oklahoma Highway Patrol


1956 – Nova carroceria

Chevrolet Bel Air cupê 1956. Havia opções com carroceria de cupê (abaixo) quatro portas com ou sem coluna, conversível duas portas e perua( a bela versão Nomad com duas portas e outra com quatro portas). Até 1954 só havia a opção com motores seis cilindros. A partir de 1955 dois motores com seis cilindros em linha e vasta gama de motores V8.

Sobre o capô o mascote era um avião a Jato que foi desenhado por Carl Renner que trabalhava nos estúdios Disney. A intenção era mostrar velocidade em todo o veículo. Um novidade era o cupê hardtop, já apresentado em 1955 e neste ano de 1956, o sedã de quatro portas. A carroceria tinha 4,97 metros de comprimento, 2,92 de entre-eixos, 1,88 de largura e 1,54 metros de altura. Pesava 1.570 quilos.

O abastecimento com gasolina, o bocal, se fazia com o basculamento da lanterna traseira esquerda. O motor seis cilindros em linha 235 “Blueflame” tinha com 145 cavalos a 4.200 rpm. O V8 à 90º, 265 (4.340 cm³)  Turbofire continuava! Tinha potências de 162 cavalos a 4.400 rpm e 180 cavalos a 4.600 rpm. Outra com 170 cavalos a  4.400 rpm carburador da marca Rochester com corpo duplo em posição invertida e caixa Powerglide.Sua taxa de compressão era 8:1 e velocidade máxima de 170 km/h. seu consumo era de 5,8 km/l a 100 km/h

Também mais potente com 205 cavalos a 4.600 rpm. Um carburador de corpo quádruplo, dois escapamentos, caixa automática ou mecânica com overdrive opcional. Vindos com esportivo Corvette um motor V8 com 210 cavalos a 4.400 rpm e carburador de corpo quádruplo e outro cm 225 cavalos a 4.600 rpm e dois carburadores de corpo quádruplo

Seu painel como o grande volante tinha as mesmas cores da carroceria. Desde 1955 havia dezesseis variações de carrocerias, 14 cores e 23 combinações de dois tons!

Tinha três níveis de acabamento também: One Fifty, Two Ten e Bel Air. A versão One Fifty dispunha de carroceria duas portas, quatro portas e Utility Sedan com acabamento mais simples.Uma versão táxi era adicionada! Concorria com o Checker Marathon

A Two Ten também tinha as mesmas opções de 1955 mais:Sport Sedan, sedã Hardtop, quatro portas com seis lugares e perua Beauville com opção para até nove passageiros. A Bel Air com sete opções de carroceria, Sport Sedan, Hardtop quatro portas e Beauville com três fileiras de bancos.

Este modelo está no museu Estrada Real  em Bichinho, na Zona Rural de Tiradentes, Minas Gerais

Abaixo premiado em Araxá em 2016

Chevrolet Bel Air 1956 Hardtop. Havia opções com carroceria de quatro portas, conversível e perua com duas e quatro portas. Seu chassi com longarinas era reforçado com um “X” se fosse o modelo conversível. As suspensão dianteira era independente com triângulos superpostos combinados com molas helicoidais e amortecedores hidráulicos telescópicos.

Atrás tinha eixo rígido apoiado por dois feixes de molas com quatro lâminas bem longas apoiadas no chassi. Já tinha como opcional freios hidráulicos e servo da marca Bendix em opção. A direção hidráulica também era opcional e bem vinda. Apesar do grande diâmetro do volante esta era muito bem vinda! Seu raio de curva de era de 6,33 metros! Os pneus tipo “Tubeless” eram na medida 6.70 x 15!

Um modelo 1956 Hardtop Bel Air

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Outro Bel Air 1956 Hardtop cupê em Águas de Lindóia. Os faroletes auxiliares ficaram muito bons na nova grade!


1957 – Era a terceira mudança de carroceria em três anos!

Tinha 19 opções de carrocerias, mas a célula base não mudava. A frente e a traseira muito sendo que a parte frontal, principalmente na parte da grade de para-choques tinha ares de Cadillac. A grade oblonga tinha faróis auxiliares e os protetores de para-choques, que mais pareciam ogivas, podiam ter proteção de borracha! A carroceria estava um pouco maior: Tinha 5,31 metros de comprimento, mais larga com 1,97 e mais baixa com 1,45 metros de altura.A traseira era marcada pelo rabo de peixe com parte da lateral em metal e a frente com grade oblonga agressiva

O sedã quatro portas com coluna pesava 2.230 quilos. E foi a mais vendida em 1957 com 255.000 unidades nas ruas custando na época 2.290 dólares na sua versão básica com motor seis cilindros, 33850 cm³ e 140 cavalos a 4.200 rpm. Chegava a 150 km/h e muito bom para viajar pela bela estrada Rota 66 que cruzava os Estados Unidos de costa a costa.

Novo painel mais completo e com melhor visibilidade da instrumentação. No centro velocímetro graduado a 120 milhas e no mesmo a indicação das marchas automáticas e ladeando enormes marcadores de temperatura da água e nível do tanque. Ao centro rádio AM, após a inscrição cromada Bel Air e novo relógio retangular.

Os vincos no capô assim como os ornamentos em metal com um leme lembravam a conquista espacial que começava.

O sedã quatro portas com coluna muito raro hoje em dia. Novas opções de motores V8: o 283 Turbofire que teve cabeçote trabalhado com 185 cavalos à 4.600 rpm, um carburador de duplo corpo, a antiga caixa Powerglide com duas velocidade e a nova Turboglide em liga de alumínio no lugar de ferro fundido com três velocidades. Motor com 220 cavalos a 4.800 rpm, um carburador de corpo quádruplo Super-Turbofire e quatro motorizações idênticas ao do Corvette. Mais outras três muito interessantes: 250 cavalos com injeção mecânica e escolha de quatro tipos de caixas de marchas.

Outra com 270 cavalos a 6.000 rpm com dois carburadores de corpo quádruplo e comando de válvulas Duntov (Zora Arkus-Duntov). Para rasgar asfalto a última com 283 cavalos, injeção, comando Duntov, caixa de quatro marchas mecânica e pelo primeira vez um carro de turismo tinha um cavalo por polegada cúbica de cilindrada! Zora Arkus-Duntov nasceu na Bélgica, mas fez carreira nos Estados Unidos. É considerado o pai do esportivo Chevrolet Corvette. A perua Two Ten Townsman. Havia também a versão com duas portas e a Nomad

E uma enorme ambulância

Um hot sedã


Nas Telas

O Chevrolet Bel Air apareceu em vários filmes da década  de 50 e 60.

No primeiro filme de James Bond, O Satânico Dr. No, quando o ator escocês Sean Connery  na pele de 007 desembarca na Jamaica, embarca num Bel Air 1957 preto conversível com bancos vermelhos. O chofer queria logo elimina-lo mas Bond chega ao seu destino dirigindo o Chevrolet.

Um diretor de cinema que ama os automóveis, Francis Ford Coppola, fez o filme Americam Graffiti que no Brasil se chamou “Loucuras de Verão” . Durante toda a narrativa, um dos atores principais, que tinha um Hot Rod amarelo, um Ford cupê 1932, era desafiado para um racha  por um cowboy que tinha um Bel Air preto 55 duas portas bem envenenado também. O modelo acima 1958 pertencia ao ator Ron Howard que fazia o papel de Steve Bolander

Este cowboy era ninguém menos que Harrison Ford numa de suas primeiras aparições nas telas.


Em Escala

Vários fabricantes de miniaturas fizeram as várias versões do Chevrolet Bel Air. Nas escalas 1/24, 1/43 em destaque da Sunny Side.

Os pequenos abaixo, escala 1/64, são Hot Wheels, Matchbox, Johnny Lightning e Green Light. O preto 1957 é da coleção James Bond, muito detalhado. Atrás dois séries especiais da Matchbox: o 55 conversível especial aniversário da fábrica inglesa 1952-2002. O 57 Hardtop especial comemorativo da revista americana Motor Trend.                

Nomad 1957 escala 1/18 da marca Road Tough

Também na escala 1/18 um Bel Air 1956 da Road Legends


Nas Pistas

A Chevrolet correu na Nascar com os modelos Bel Air e versões nos anos de 1955,1956 e 1957. Naquela época eram sedãs cupê de grande produção.

Por ter mais rigidez, eram modelos com coluna B e as portas soldadas a carroceria. Um dos pilotos de destaque foi Buck Baker que nasceu em maio de 1919 e faleceu em abril de 2002. Correu de 1949 à 1976, obteve a primeira vitória em 1952 e a última em 1964. Ganhou o campeonato Grand National em 1956 e 1957. Foram 46 vitórias e ficou entre os 10 primeiros em 372 corridas. Abaixo o modelo campeão de 1957. O piloto Buck Baker, nascido na Carolina do Sul, venceu no ano 24 provas em 40 com seu Chevy na temporada ! Este carro está no Hall da fama da sede da NASCAR em Charlotte, Carolina do Norte. Saiba mais sobre a Nascar


As Propagandas da época


Em exposição no Museu da Fundação Prada (Fondazione Prada) em Milão – Itália

Fotos de meu irmão Yvon Jacques Castaings

Nota: Quis abordar mais neste a história das linhas de 55,56 e 57. Obrigado por acessar!

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Texto e montagem Francis Castaings. Demais fotos de publicação

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