Simca Jangada: Bela, espaçosa e rara
Nossa primeira perua quatro portas derivada do Simca Chambord sedã era muito elegante.
Em 1963 chegava a perua Jangada que era derivada da Marly francesa. Só que a nossa era mais moderna, mais bonita e espaçosa. O Simca Jangada foi uma das atrações do III Salão do Automóvel, montado no Parque do Ibirapuera em novembro de 1962 na cidade de São Paulo. Mas foi para as ruas só no ano seguinte. Era destinada as famílias, mais preocupadas com espaço, conforto e beleza. E a Jangada tinha estes predicados. E motor com oito cilindros em “V” com 2.432 cm³ com dois carburadores permanecia. Só que a potência máxima era de 94 cavalos a 4.800 rpm, ou seja, 10 a mais que os originais 84 cavalos de potência. Continuava com a câmbio manual de três marchas, freios a tambor nas quatro rodas sendo estas com 15 polegadas e pneus na medida 6,5 x 15. Suas calotas eram muito bonitas e imitavam rodas raiadas com cubo rápido.
Tinha comprimento de 4,7 metros, 1,75 de largura, altura de 1,520 metros e peso de 1.215 quilos. Ela saiu das linhas de montagem de São Bernardo do Campo em 1962 e acompanharia o sucesso do irmão sedã, o belo Simca Chambord. Apesar do projeto ser baseado nas linhas do modelo francês, Simca Vedette Marly, a traseira lembrava muito os modelos norte-americanos, do final da década de 1950 como por exemplo o Chevrolet Bel Air Nomad 1957 que tinha duas portas ou a Beauville e Two Ten Townsman que era também uma perua com duas portas e quatro portas
Podia vir com a pintura em dois tons garantindo mais charme. Um anúncio nas revistas em 1963 destacava o Simca Jangada como “o primeiro utilitário de luxo fabricado no Brasil com 99,33% nacionalizado” No início de sua produção o sedã Chambord tinha apenas 25% de nacionalização. Com comprimento 200 milímetros maior que o sedã, permitia acomodar 1.800 litros de bagagem com o banco traseiro rebatido. Se fizessem uma versão furgão seria um grande sucesso inédito no Brasil. E ia fazer sucesso na Austrália onde a marca era muito apreciada.
Os luxos incluíam assento traseiro rebatível, bagageiro no teto, acesso ao grande porta-malas por duas portas de abertura horizontal, abertura interna do capô do motor e as grandes quatro portas.
E era a primeira neste estilo a ter quatro portas e também uma ampla porta traseira. Sua visibilidade era ótima e também o acesso a bordo ou a entrada de carga no compartimento traseiro. A C-1416 que depois seria batizada como Veraneio era muito maior. Tinha outro gabarito. A antecessora da General Motors foi a Amazona também com grande porte. Quem optasse por uma menor teria que se satisfazer com a DKW Vemaguete. Ou então com importados bem mais caros. A Belina da Ford, a Variant da Volkswagen, a Chevrolet Caravan da General Motors, a Panorama da Fiat e Elba (Duas e quatro portas) e a Volkswagen Parati e Quantum chegariam nas décadas seguintes.
Tinha o mesmo motor do Présidence com 94 cavalos, porém era mais pesada. Abaixo uma premiada em Araxá no Brasil Classic Show de 2008.
Tinha um belo painel. No painel retangular havia uma instrumentação horizontal e contava com velocímetro graduado a otimistas 180 km/h, com hodômetro total e parcial, marcador de temperatura da água, nível do tanque de gasolina (55 litros nos primeiros modelos e 85 nos últimos) e na outra extremidade relógio de horas . Na cidade seu consumo era de 5 km/l numa época de gasolina com preço bem em conta.
Havia também diversas luzes de advertência. O volante de bom tamanho tinha dois raios e um aro de buzina metálico fazia parte do conjunto. A alavanca de cambio ficava na coluna de direção. Uma boa novidade novidade era uma pequena alavanca no painel que era o ajuste do avanço inicial de ignição de bordo. Existia no modelo francês, um mecanismo muito interessante que permitia ao motorista alterar o avanço de ignição inicial no distribuidor ajustando-o conforme a gasolina no tanque, comum amarela ou a muito desejada azul. E era muito útil nas mudanças de altitude. Se morasse na praia ou em região montanhosa por exemplo era muito eficaz para ajustar a mistura ar combustível.
O ponto forte deste carro era a suspensão. Muito estável, contava na frente com rodas independentes, sistema McPherson, braços inferiores transversais e barras estabilizadoras. Contava ainda com amortecedores hidráulicos telescópicos coaxiais. Era o primeiro carro francês a adotar o sistema McPherson. Atrás tinha eixo rígido, molas longitudinais semi-elípticas com oito lâminas e amortecedores hidráulicos telescópicos da marca Armstrong ou Allinquan Abaixo duas ótimas garras para a abrir a porta inferior do porta-malas. A de cima que acomodava o vidro era bem mais leve. Vista de qualquer ângulo era muito bonita.
Em 1966, um ano antes de a Simca ser comprada pela Chrysler e a marca desaparecer do País, o Jangada saiu de linha. Dos mais de 50 mil Simcas produzidos no Brasil, apenas 2.705 foram do modelo Jangada, a versão brasileira da perua francesa Marly (abaixo). Mas o modelo ano 1967 vinha com a terceira coluna, a última, mais larga e com motor Emi-Sul Como nos Chrysler esportivos americanos, passava a contar com câmaras de combustão hemisféricas. Este tinha 2.505 cm³ de cilindrada e potência de 112 cavalos a 5.000 rpm. Tinha válvulas no cabeçote e comando lateral. Sua taxa de compressão era de 8,5:1 e dois carburadores tinham um sistema muito interessante. A aceleração de 0 a 100 km/h era feita em 16,5 segundos e sua velocidade final chegava aos 148 km/h.
O primeiro e mais famoso Simca (Societé Industrielle de Mécanique et Carrosserie Automobile), o sedã Chambord, saiu da fábrica de São Bernardo do Campo (SP) no início de 1959. E a Jangada foi produzida de 1962 a 1967. Deixou seu legado e existem poucas unidades em bom estado no país.
Texto, fotos e montagem Francis Castaings
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