BMW série “02”; Sucesso na Europa e no Mundo
Bayerische Motoren Werke AG (abreviatura de BMW AG, Fábrica de Motores da Baviera) é uma empresa alemã, fabricante de automóveis e motocicletas, sediada em Munique. Nasceu em 1917, produziu motores de avião, seu símbolo se baseia nesta atividade (hélice) e conserva-se até hoje. Mas foi nas motocicletas e carros que se impôs num dos mercados mais competitivos do mundo.
Ente 1936 e 1940 produziu o modelo Roadster 328 que fez enorme sucesso. Mas seu primeiro carro foi o Dixi (abaixo).
Na década de 50 havia o superesportivo 507 que só não vingou por ser muito caro.
Hoje ela concorre com a Mercedes-Benz, Volkswagen e Audi dentro de seu território e é proprietária das marcas Rolls-Royce e Mini que antes eram inglesas.
Em 1959 lançou o pequeno 700 ( acima) que foi fabricado até 1965 e cerca de 188.000 modelos foram produzidos.
Mas precisavam de um novo modelo. E sua arrancada para o sucesso começou em 1961 com este modelo sedã quatro portas chamado de Neue Klasse (nova classe).
Era um sedã de quatro portas com linhas bem comportadas com motor dianteiro com quatro cilindros em linha e cilindradas de 1.600, 1.800, 2.000 cm³ e a cavalaria variando entre 115 cavalos e 135 sendo que este tinha um carburador de corpo duplo da marca Solex e na versão CS chegava à 185 km/h. Nada mal para 1967 ! Uma de suas metas era ganhar vendas do Alfa Romeo Giulia e superá-lo tanto nas pistas quanto nas estradas.
Em 1966 começava a série “02” que iria fazer tremer o mercado europeu e o americano também. Era um descendente direto do sedã Neue Klasse (nova classe). Foi apresentado no Salão de Genebra na Suíça um cupê 1600-2 com uma grade completamente cromada, dois faróis circulares e no centro o “duplo rim” identidade da marca. Em 1967 era apresentado em Frankfurt, Alemanha o 1600 Ti, cambio de cinco marchas opcionais (sincronizadores Porsche a partir de 1968) , grade preta e alternador com 12 volts. Em Janeiro de 1968 o motor com quatro cilindros em linha, longitudinal, arrefecido a água, com bloco em ferro fundido e cabeçote em alumínio com câmaras hemisféricas e virabrequim com cinco mancais. Sua tração era traseira. Estava longe de ser um pacato carro sedã familiar apesar de acomodar bem quatro adultos e uma criança sentada no meio do banco traseiro.
O motor 1602 tinha 1.573 cm³ e 85 cavalos a 5.700 rpm. Seu torque era de 12,6 mkgf a 3.000 rpm, taxa de compressão de 8,5:1 e era alimentado por um carburador da marca Solex em posição invertida. Sua velocidade máxima era de 160 km/h. O 1600 Ti tinha 105 cavalos a 6.000 rpm e era alimentado por dois carburadores Solex. A velocidade máxima era de 175 km/h e cobria os primeiros 1.000 metros em 32,5 segundos. Havia também a versão econômica 1502 com 75 cavalos. Mais possante era a 1802 com 1.766 cm³ e 90 cavalos. Sua máxima era de 165 km/h. Uma das mais famosas era 2002 com 1.990 cm³ e 100 cavalos com um carburador invertido. As mais preferidas eram a 2002 Ti com 1.990 cm³, 120 cavalos a 5.500 rpm e alimentado por dois carburadores horizontais Solex. Sua velocidade máxima era de 185 km/h e cobria os primeiros 1.000 metros em 30,7 segundos. Uma das mais desejadas era a 2002 Tii com 1.990 cm³, 130 cavalos a 5.800 rpm, torque de 18,1 mkgf, taxa de compressão de 10:1 e injeção indireta da marca Kugelfischer. Atingia 185 km/h, fazia de 0 a 100 km/h em 8,5 segundos.
Em 1968 foi lançado o Cabriolet (conversível) fabricado pela Baur. Menos de 200 exemplares foram fabricados entre 1968 e 1970. Tinha as mesmas dimensões do cupê. Media 4,23 metros de comprimento (4,11 para o Touring), 1,59 de largura, 1,41 de altura e 2,50 de entre-eixos. O tanque de combustível tinha 46 litros, 52 litros a partir de 1973 e 70 litros para o Turbo. A carroceria era em aço estampado e monobloco.
Na década de 70 havia um modelo hatch chamado de Touring muito atraente. Muito rara hoje o BMW Touring, o hatch, era derivado do 2002 com motores 1600, 1800, 2000 e 2002 Ti.
Tinha painel simples, mas correto e com bom acabamento como era tradição da casa. A esquerda marcador de combustível e marcador de temperatura do motor. Contava com luzes espia acima e abaixo. Ao centro velocímetro graduado a 180 km/h para as versões menos potentes e relógios de horas a esquerda. A partir de 1968 a 2000 Ti contava com um conta-giros graduado a 8.000 rpm com faixa vermelha começando ao 6.500 rpm. O cambio tinha quatro marchas e cinco opcional para os modelos menos potentes. A partir de 1970 o 2002 tinha opção de caixa automática. No caso do 2002 Ti, Tii e Turbo o velocímetro era graduado a 220 km/h para os dois primeiros. No Turbo era 240 km/h ou 150 milhas por hora para os países de língua inglesa.
Suas rodas como os demais tinham medidas 6.00 S 13, opcional 165 SR 13, os mais potentes 165 HR 13 e o Turbo 185/70 VR 13. As rodas podiam ser em aço estampado ou em liga leve. Os primeiros, nas versões mais simples, tinham bonitas calotas cromadas sem maiores adereços. Simples, mas com gosto.
E este tinha a versão 2002 TI com as lanternas que equipavam todos os modelos até 1973. A terceira porta tinha ótima abertura e os bancos traseiros eram rebatíveis.
Um modelo raro e colecionável hoje. Sua produção terminou em 1975. Como os demais a suspensão tinha tinha quatro rodas independentes com molas helicoidais e amortecedores telescópicos. Na frente sistema Mcpherson e atrás braços oblíquos. Barras estabilizadoras na frente e atrás para o 1600 Ti e todos os modelos 2002.
Também um cupê e dois modelos com produção quase artesanal fabricados pela competente empresa Baur. Era um conversível e outro “Targa”, abaixo, que recebeu arcos de proteção para entrar em terras americana.
Interessante e bonito visto de qualquer ângulo. E ótimo acesso ao porta malas (450 litros) e capô. A partir de 1973, todos os modelos da linha contavam com novas lanternas retangulares como o modelo abaixo.
Se o modelo 2002 TI e TII já era um sucesso nos semáforos, em 1973 era lançado o modelo 2002 Turbo com injeção indireta, 1.990 cm³ e 170 cavalos a 5.800 rpm. Tinha torque de 24,5 mkgf e turbo da marca KKK (Kühnle, Kopp & Kausch). Abaixo a esquerda um BMW 2002 Turbo e um Fórmula 2 HH 49 ano 1949. O 2002 turbo tinha velocidade final de 215 km/h e cobria os primeiros 1.000 metros em 28 segundos. Fazia de 0 a 100 km/h em 7,8 segundos. Foi o primeiro carro europeu de série a receber um turbo e suas cores eram da divisão BMW Motorsport.
Seu peso era de 1.080 quilos. Vinha na cor branca com listras azuis e vermelhas e no spoiler dianteiro a palavra Turbo estava escrita ao contrário, mas bem visível pelo retrovisor do carro que estava na frente. Seus para-lamas também eram mais largos e um discreto spoiler na frente. Fazia de 0 a 100 km/h em 7,8 segundos e mexia com o coração dos donos de Porsche 911. A partir de 1973 contavam com teto solar com acionamento elétrico.
Infelizmente foram fabricadas só 1.670 unidades e poucas com a palavra Turbo, pois autoridades germânicas trataram como provocação! Abaixo uma versão Alpina muito interessante e bem preparada! Foi produzido por apenas 10 meses. Tinha bancos da marca Recaro e instrumentação com fundo vermelho. O sedã apimentado um ronco muito interessante e o contava com carburadores duplos Weber 45 e potência de 170 cavalos. Também muito exclusivo.
E premiado em Araxá Classic Show em 2014, na cidade mineira.
Abaixo um modelo para o mercado americano
Depois, em 1975 veio a geração E21, nascia a série 3, apenas na versão cupê e foi produzida até 1983 na versão duas portas e conversível. Também fizeram sucesso. Um E21 mais simples. Os modelos 3.16 e 3.18 foram lançados em julho de 1975. Seu motor era um quatro cilindros, com 1.573 cm³ e 90 cavalos a 6.000 rpm na versão 316. Tinha caixa de marchas com quatro velocidades e opcional com cinco. Chegava a 165 km/h. A versão 318 tinha 1.766 cm³ e 98 cavalos a 5.800 rpm. Alcançava 170 km/h. Nestas a identificação eram os faróis simples, um de cada lado. Mantinha a identidade da geração anterior
Em Escala
O famoso modelo 2002 TI
Nas pistas
Os BMW participam de corridas de veículos históricos de competição (VHC). na classe Heritage Touring Cup. Abaixo BMW 2002 TI 1970 (nº30) e BMW 635 CSi 1874
No Monte Carlo Histórico. Nas décadas de 60 e 70 participou de vários ralis europeus como o Monte Carlo, em Portugal, Royal Automobile Club (RAC) na Inglaterra, San Remo na Itália, Volta da França, Volta da Córsega…
Lindo BMW 2002 TI 1971 da Heritage Touring Cup no Spa Classic
Um BMW 1800 TI 1965 puxa o grid.
No Brasil: Uma BMW 2002 Ti da equipe e concessionária CEBEM (Companhia Brasileira de Empreendimentos), na década de 70, tinha como chefe de equipe Aguinaldo de Góes. Era um cupê sem capota. Não sobrou nada da mesma. Daí o carro recebeu o apelido de Esquife Voador. Tratava-se de um BMW sem capota, apenas com o espaço para o piloto, um minúsculo para-brisa e um arco de proteção para o mesmo. O espaço vazio foi preenchido com folhas de alumínio e o carro precisou ter reforços na carroceria, na suspensão molas e amortecedores recalibradas. Era no mínimo curioso. Participou de várias outras provas e foi atração no circuito do Mineirão em Belo Horizonte, Minas Gerais.
Dizem alguns que era um carro normal antes do acidente e foi capotado. Outros modelos “normais” eram arqui-rivais de protótipos nacionais e importados. E logicamente dos Alfa Romeo cupê Bertone GTA.Também: Na Europa com os Ford Escort, Ford Capri e Ford Cortina. Nestas corridas participavam notáveis na década de 60 e 70 como Jim Clark, Graham Hill, Jackie Stewart, Niki Lauda…
O famoso e talentoso Jan Balder, piloto das décadas de 50,60 e 70, participou de várias provas com a equipe CEBEM, Uma de suas grandes vitórias foi nos 1.500 Quilômetros de Interlagos, na reabertura do circuito paulistano, em 8 de março de 1970, em dupla com o outro grande piloto Ciro Cayres. Também foi Balder, junto com o piloto Eugênio Martins, responsável pela importação de dois sedã 2000 quatro portas para disputar corridas no Brasil. A estreia aconteceu nos 1.000 Quilômetros de Brasília com um modelo 1,6 litros com 145 cavalos. Correram como carros mais potentes Balder, Chico Landi, Pedro Victor de DeLamare … com modelos cupê com até 180 cavalos. A primeira vitória se deu nas 500 Milhas da Guanabara. Também Jan Balder nos 500 Quilômetros de Porto Alegre com um modelo 2002 foi o primeiro.
Texto, Fotos e montagem Francis Castaings. Demais fotos de divulgação publicadas no site
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