Chevrolet Chevette e suas versões esportivas GP, GP II e S/R

Chevrolet Chevette e suas versões esportivas GP, GP II e S/R

Nos últimos cinco anos da década de 60, foram importados oficialmente pela GM do Brasil, modelos Opel Kadett e Olympia, sua versão luxuosa, juntas com o Rekord que daria origem ao nosso Opala. Talvez tenham chegado até aqui para um pré-teste em nossas ruas e estradas e para testar sua receptividade. Alguns colecionadores ainda as possuem e rodam com elas. Vieram nas versões sedan de duas e quatro portas e também fastback.  Nosso modelo recebeu o nome Chevette, talvez uma mistura de Chevrolet e Corvette e foi lançado em 1973, na versão duas portas, o primeiro carro pequeno da GM do Brasil fez muito sucesso.  Neste ano seriam lançados a Brasília da Volkswagen e o Dodge 1800 da Chrysler. O Ford Corcel (saiba mais) sofria sua primeira reestilização importante na frente e traseira. Estes viriam a ser seu concorrentes de peso. Neste também foi lançado o Maverick da Ford. Todos estes lançamentos vieram na versão duas portas que era mania, uma unanimidade nacional na época.  Nosso sedã três volumes tinha duas portas, era bonito e tinha linhas modernas. Na década de 70 o Ford Corcel tinha sua versão esportiva GT. Mas o motor tinha poucas alterações em relação ao modelo de série. A parte externa sim, com faixas, capô preto, teto de vinil e rodas diferentes e com sobrearo.

O motor 1, 4 litros trazia comando de válvulas no cabeçote acionado por correia dentada( primeiro no país). Era dianteiro, longitudinal, quatro cilindros em linha, quatro tempos, refrigerado a água, duas válvulas por cilindro. Tinha 72 cavalos a 5800 rpm. A tração era traseira e o cambio de quatro marchas. A posição da alavanca lembrava bastante as do Alfa Romeo. O torque era bom e a velocidade final, por volta de 145 km/h era boa para a época. Fazia de 0 a 100 km/h em 19 segundos. Um detalhe interessante era a posição do tanque de combustível logo atrás do encosto do banco traseiro em posição inclinada. O bocal para abastecimento ficava na segunda coluna direita. O volante ficava inclinado para a esquerda e este detalhe desagradava alguns proprietários.

Mas esterçava muito bem. Era um carro agradável de dirigir, não era muito potente mas tirava-se proveito do conjunto. Pisando mais, usando a fundo o acelerador, nas trocas de marcha o pneus cantavam sempre e a estabilidade era boa. Não fazia feio na cidade, nas estradas e era bom nos pegas de rua.

O conforto era satisfatório para cinco ocupantes. Atrás, os mais altos batiam com a cabeça no teto. O porta malas era ótimo. Um slogan da época dizia: “Pequeno com porta-malas grande”. Ele media 4,12 metros. Fez sucesso, não batia em vendas o Fusca, mas enfrentava bem os outros concorrentes.

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Em 1975 era lançada a série especial GP (Grand Prix) em comemoração ao Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1. Foi o carro oficial deste evento e foi oferecido aos pilotos para que eles rodassem em São Paulo nos dias do evento. Vinha na cor prata com uma larga faixa preta que se iniciava no capô e continuava na tampa do porta malas. Estava presente também nas laterais e tinha a inscrição GP a frente das portas, na parte inferior.

O acabamento interno tinha um padrão diferente mas o motor não foi alterado. Talvez por isso não fez sucesso. Em 1977, no ano seguinte era lançada a série GP II. As diferenças em relação ao modelo anterior eram mínimas. E em 1976 havia mais um concorrente de peso: O VW Passat TS

Mas o visual era atraente. Destacava-se dos outros modelos da linha. O contorno dos vidros laterais eram preto. E retrovisores externos dos dois lados, na cor preta. Havia também novas rodas esportivas. A exceção da cor prata, as demais eram berrantes.

E sua instrumentação idem. Trazia volante esportivo de três raios. No painel velocímetro graduado a 180 km/h, relógio de horas ao centro e conta-giros graduado a 7.000 rpm com zona amarela começando a 5.000 rpm e a vermelha começando a 6.000 rpm. No console ao centro trazia nível do tanque, marcador de temperatura, vacuômetro e o útil voltímetro. O motorista/piloto se sentia muito bem!

Em 1978 veio a primeira reestilização. Na frente, o desenho das grades, dividida em dois retângulos, foi baseada no Pontiac Firebird, irmão americano esportivo. E o novo GP II contava com a nova frente. E também foram utilizados pelos pilotos da Fórmula Um para o Grande Prêmio do Brasil de 1978.

Tinha capô preto assim como a parte superior dos para-lamas. Novo painel com pequenas alterações, senda a mais destacável o volante.

No para-lamas traseiro trazia a inscrição GP e seu painel traseiro entre as lanternas e a luz de freio também era preta.

Em 1980 foi alterado o desenho na traseira com inclusão de lanternas maiores. Neste ano também ganhou novos irmãos e a gama agora contava com a perua Marajó e a versão dois volumes hatch. As opções de motorização aumentaram e era oferecida ao publico os novos motores 1.4 a álcool e 1.6 a gasolina. Este último contava agora com cambio de cinco marchas como opcional que tinha engates precisos e macios. O curso da alavanca ficou maior e a rapidez nas trocas foi prejudicada. 

Em princípio o 1.6 a gasolina era opcional para apenas para as versões com carroceria Marajó e hatch .Passou a fazer parte de toda a linha dois anos depois .Em 1983 ganhou a opção do combustível verde e o bloco motor recebia a cor amarela para diferenciar.  O motor 1.4 estava disponível apenas para os carros que seriam exportados. Este motor usou carburador de corpo duplo até 1983 e no ano seguinte passou a usar carburador de corpo simples até 1987.  Em 1981 era lançada a série especial S/R, apenas na carroceria dois volumes hatch com motor 1.6. O acabamento esportivo externo e interno o diferenciava dos demais. 

No conjunto mecânico as novidades ficavam por conta do novo motor 1.6 a álcool e os motores 1.6 a gasolina passaram a ser de série. O câmbio de cinco marchas também era muito bem vindo.

Nosso Chevette correspondia ao Opel Kadett C alemão, terceira geração, que correspondia ao “General Motors “T-Car”. E tinha ótimos motores, além dos básicos, que não chegaram aqui tais como: um com 1.584 cm³ que tinha 75 cavalos e atingia 160 km/h. Com a gasolina de lá, pois na época nossa gasolina não suportava altas taxas de compressão. O modelo GT/E com 1.897 cm³ tinha 105 cavalos. O mais interessante em termos de performance era o 1.979 cm³ com 110 cavalos a 5.400 rpm e chegava a ótimos 189 km/h. Participaram de vários ralis e foram muito bem sucedidos. Foi fabricado como Buick Opel (Estados Unidos), Daewoo Maepsy (Coreia do Sul), Holden Gemini (Austrália), Isuzu Gemini (Japão), Opel K-180 (Argentina) GMC Chevette (Argentina), Vauxhall Chevette (Inglaterra) e montado no Uruguai.

A fábrica GM ainda mantinha uma unidade para produzir peças de estamparia para os Chevette e Opala, pois são muitos ainda no Brasil. São duráveis e vão rodar muito ainda. São raros os GP, GP II e S/R em bom estado.


Dados técnicos

O Chevette foi lançado com um motor 1.4 a gasolina.  Em 1980 ele recebeu uma versão a álcool, com ignição eletrônica de série (opcional no modelo a gasolina a partir de 1982).

Ficha técnica do motor 1.4 a gasolina: Dianteiro, longitudinal, quatro cilindros em linha, quatro tempos, refrigerado a água, duas válvulas por cilindro, comando de válvulas simples no cabeçote acionado por correia dentada. Cilindrada: 1398 cm³, taxa de compressão: 7,8:1 (8,5:1para o GP), potência máxima: 72 cavalos a 5.800 rpm, torque máximo: 10,3 mkgf a 3.000 rpm. Alimentação: Carburador simples de fluxo descendente.

Ficha técnica do motor 1.4 a álcool: Cilindrada: 1398 cm³, taxa de Compressão: 10,5:1, potência máxima: 69 cavalos a 5800 rpm, torque máximo: 10,4 mkgf SAE a 3000 rpm e alimentação por carburador de corpo duplo.

Ficha técnica do motor 1.6 a gasolina:  Dianteiro, longitudinal, quatro cilindros em linha, quatro tempos, refrigerado a água, duas válvulas por cilindro, comando de válvulas simples no cabeçote acionado por correia dentada. Cilindrada:  1.599 cm³, taxa de Compressão de 7,8:1, potência máxima 76 cavalos a 5800 rpm, torque máximo 10,8 mkgf a 3600 rpm, alimentação: Carburador duplo entre 80 e 83.

Ficha técnica do motor 1.6/S a álcool: Características básicas: Dianteiro, longitudinal, quatro cilindros em linha, quatro tempos, refrigerado a água, duas válvulas por cilindro, comando de válvulas simples no cabeçote acionado por correia dentada. Cilindrada: 1599 cm³, taxa de Compressão: 12:1, potência máxima: 82 cv ABNT a 5200 rpm, torque máximo: 12,8 mkgf ABNT a 3200 rpm, alimentação: Carburador de corpo duplo com o segundo estágio acionado somente em altas rotações, 

Observação: A potência dos motores mais antigos está especificada de acordo com medições que seguiram as normas da SAE (que consideram a potência bruta), enquanto a dos mais no vos está especificada de acordo com as normas da ABNT (que consideram a potência líquida). Em média o valor numérico da potência segundo as normas da ABNT fica entre 25 e 30% menor que o valor da medição SAE.

Suspensão: Dianteira – Independente com braço triangular superior, braço simples inferior, barra estabilizadora a partir de 83, molas helicoidais e amortecedores hidráulicos telescópicos. Traseira – Eixo rígido, braços tensores longitudinais, barra transversal Panhard, molas helicoidais e amortecedores hidráulicos telescópicos. A suspensão era bem calibrada e não sofreu grandes modificações ao longo do tempo.  O carro era estável, difícil de desgarrar, mas o eixo rígido traseiro sacolejava em curvas com piso irregular, transmitindo falsa sensação de insegurança. Eixo traseiro: diferencial, eixo rígido e barra Panhard.

Transmissão: Motor longitudinal com tração traseira transmitida por cardã e câmbio mecânico de 4 marchas. 

Freios: Disco na dianteira e tambor na traseira, acionamento hidráulico de dois circuitos independentes com servofreio a partir de 83. Freio de estacionamento na traseira acionado por cabos de aço. Os freios eram eficientes e de acionamento fácil. Sem tendências a travamento ou fadiga.

Direção: Tipo Mecânica, pinhão e cremalheira.


Em Escala

A sólido francesa fez na escala 1/43 a versão fastback do modelo europeu. Oferecia em três decorações de competição. Muito bem acabado e detalhado. O kit de metal era para montar, pintar e colar os adesivos. Ganhei há mais de trinta anos, catálogo Solido francesa 1978. Neste kit ainda tem todos os esquemas montagem e decoração bem detalhados.

O modelo brasileiro das bancas de revista que chegou em 2009 por aqui e faz sucesso entre colecionadores até hoje.

No ano de 2011 foi lançada a Coleção Carros Inesquecíveis do Brasil. Muito bem acada a miniatura vinha na cor azul. E há pouco, Foi lançado o Chevrolet Chevette Chevy 1976, na cor Bordô, coleção HotWheels Mattel na escal 1/65 série Flyng Custons. Um pequeno hatch bonito.

Em 2014 chegava a coleção Inesquecíveis do Brasil e trouxe os modelos cupê na cor azul e em 2016 outro Chevette sedã cupê e também o Hath S/R na cor prata e preto. Todos na escala 1/43. Muito caprichados!


Nas Pistas

Nos ralis europeus foi imbatível. Também fez presença em circuitos por lá. Sempre na versão fastback GTE com o motor 1,9 mais bravo.

Na foto abaixo e acima o Kadett GTE Grupo A no rali francês Rallye Critérium des Cévennes – piloto HUGON e a Co-piloto Jacqueline CASAMAYOU (Minha prima, uma das dez melhores navegadoras da França na década de 70 e 80).

Fotos acima cedidas por Jacqueline CASAMAYOU


Texto, Fotos e montagem Francis Castaings. Demais fotos do GP II amarelo e GP Prata 1978 cedidas gentilmente por Airton Júnior da Pastore Car Collection https://www.pastorecc.com.br/

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