De Tomaso Deauville: O Sedã de Alejandro
Desde a década de 50 as carrocerias de automóveis mais comuns eram os sedãs de três volumes. A partir dos anos 50 e 60 os modelos dois volumes e hatchs se tornaram mais frequentes em nossas cidades e estradas. Hoje há a invasão dos monovolumes e os utilitários esportes viraram moda.
Nos anos 50 e 60 estar dentro de um Jaguar, Mercedes, Bentley ou Cadillac era sinônimo de imponência. E alguns fabricantes de carros esportivos enxergaram um filão neste segmento. Um sedã de alto luxo e de alta performance também.E foi nesta tendência que embarcou o construtor de carros esportes, o argentino Alejandro De Tomaso. Sua empresa estava estabelecida num bairro de Modena na Itália, terra também da famosa Ferrari. Ele já havia produzido dois modelos muito interessantes. Seu primeiro carro esportivo foi o Vallelunga. Em 1967 apresentou o Mangusta com linhas muito arrojadas e belas.
E em 1970 veio seu maior sucesso: – O Pantera.
Mas queria algo que fizesse concorrência ao Jaguar XJ (conheça) , ao Mercedes-Benz 300, ao Lancia Flaminia e ao Maserati Quatroporte. E que fosse aos Estados Unidos roubar clientes destes e de donos de Cadillac, de modelos especiais e de outro europeus.
A relação de Alejandro De Tomaso era muito boa com o todo poderoso da Ford, Lee Iaccoca (Conheça) . E este, que já fornecia motores para a empresa italiana tinha muito interesse em tirar clientes da Ferrari italiana e tinha admiração pelos Jaguar. E, a partir de conversas tinham chegado ao plano de produzir um sedã de alto gabarito para encantar os endinheirados da época. E pediu ao seu desenhista Tom Tjaarda que fizesse os primeiros esboços do novo automóvel.
A primeira apresentação do carro foi feita a grupo seleto de jornalistas em Modena. Mas quando chegaram lá não encontraram nem o dono nem viram o carro. Subitamente Alejandro chegou em seu belo modelo sedã quatro portas denominado Deauville. Este nome vinha de um sofisticado balneário francês na região da Normandia. Esta pequena cidade tem hotéis muito caros, restaurantes de alto preço, cassinos, hipódromos e butiques de grife. Tudo para agradar a alta burguesia. Assim como o carro.
O Deauville tinha 4,89 metros de comprimento, 1,88 de largura, altura de 1,37 e entre-eixos de 2,77. Tinha clara inspiração no modelo inglês de Coventry. Principalmente de perfil e na parte traseira do XJ. Tinha boa área envidraçada e sua carroceria era realmente mais moderna que a concorrência. Feita em aço estampado o carro pesava 1.810 quilos.
Na frente tinha quatro faróis circulares em molduras quadradas. Sua grade em trapézio invertido tinha frisos horizontais. Completavam para-choques discretos com luzes direcionais. Estas também estavam nos para-lamas dianteiros. Mais ao estilo europeu tinha pouquíssimos cromados. A visibilidade era ótima devido às estreitas colunas.
Por dentro tinha um acabamento impecável. De muito bom gosto, os bancos eram em couro de ótima qualidade. Dentro do habitáculo iam com muito conforto quatro pessoas. Todos os bancos tinham ergonomia estudada e apoios de cabeça. Atrás o apóia braços central escamoteável impedia um quinto passageiro. O volante tinha três raios e junto com a posição da alavanca automática, o desenho era bem ao estilo americano. No painel de madeira velocímetro e conta-giros ficavam ao centro. Ladeando estes, mais quatro mostradores De série vinha radio toca-fitas, ar condicionado, vidros elétricos e também controle elétrico dos espelhos.
Ao passo que o Jaguar tinha uma mecânica sofisticada oferecendo um motor de seis cilindros e outro de doze cilindros em “V”, o carro de De Tomaso tinha um mecânica de produção em série pouco sofisticada, mas muito eficiente e robusta. Tratava-se de um Ford Cleveland com oito cilindros em “V” refrigerado á água que também era montado no esportivo Pantera. . Este motor com potência de 300 cavalos a 5.400 rpm. Sobrava torque e este era de 45 m.kgf a 3.400 rpm. Era alimentado por um carburador de corpo quádruplo e seu deslocamento volumétrico era de 5.763 cm³. A taxa de compressão era de 8,5:1.
Sua tração era traseira e sua caixa era a Ford Cruise-o-Matic. Era o primeiro De Tomaso com motor dianteiro e com caixa automática. Também tinha a opção de cambio de cinco marchas. Ambos com alavanca no console. A suspensão era independente nas quatro rodas. Na frente molas helicoidais, amortecedores telescópicos e barra estabilizadora. Atrás tinha quatro molas e quatro amortecedores como o XJ. Também como o britânico seus tanques de gasolina ficavam nos pára-lamas traseiros, um de cada lado totalizando 110 litros.
Suas qualidades dinâmicas eram muito boas. Era muito estável, mesmo em piso molhado. Usava pneus 215/70 VR 15. Os quatro freios eram a disco ventilados. A velocidade máxima era de 232 km/h e fazia de 0 à 100 km/h em 7,2 segundos. Números muito bons considerando o peso do carro.
Por decisão da Ford e da empresa italiana o Deauville não foi exportado para os Estados Unidos. A presença do esportivo Pantera lá já era bem vinda e o sedã podia atrapalhar um pouco as vendas do esportivo e também de sedãs da fabrica de Dearborn. Seus concorrentes em 1980 eram o BMW 7.45i, o Mercedes-Benz 500 SE, o próprio XJ 12 e o Maserati Quattoporte. Todos eles tinham preço mais baixo que o Deauville.
Em 1981 recebia pequenas modificações de estilo. Ganhava defletor dianteiro e novas rodas Campagnolo em magnésio. Os pneus passavam a ser na medida 285/50 VR 15
Por dentro novo painel e volante de quatro raios e empunhadura mais esportiva. Apenas o velocímetro e o conta-giros a frente. A direita destes mais cinco mostradores completavam o painel de dimensões generosas. Foi produzido até 1985. Foram cerca de 244 exemplares incluindo uma versão perua feita especialmente para a esposa de Alejandro. Foi feita sob encomenda pelo carroziere Embo. Dizem os fofoqueiros de plantão que era para ela levar os cachorrinhos para passear.
Texto, fotos e montagem Francis Castaings. Fotos de publicação do site
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