Del Rey e Scala: – O Luxo e qualidade da linha Ford Corcel II

Del Rey e Scala: – O Luxo e qualidade da linha Ford Corcel II

Em 1981 nascia outro novo membro de sucesso da família Ford Corcel: – O Del Rey. Especialista em carros de luxo como o Ford Galaxie/LTD/Landau a empresa de origem americana caprichou neste quesito para o novo carro. Era um sedã médio três volumes, confortável, luxuoso, bonito, que oferecia quatro portas, uma opção que faltava na nova linha II do Corcel. O desenho da carroceria agradava.

Tinha duas versões de acabamento: Ouro, mais luxuosa e prata mais simples. Os bancos tinham desenho bonito e sóbrio e o painel contava com instrumentação abundante, a mais completa nacional. Ainda, como itens de conforto, tinha ar condicionado, vidros elétricos e teto solar. A posição de dirigir, como sempre, era ótima, um ponto alto ao seu favor. Outro era o bom espaço para três pessoas atrás.

No painel tinha velocímetro com graduação honesta até 160 km/h e conta-giros ambos na parte central. Contava ainda com medidor de temperatura da água, nível de combustível, pressão de óleo e o útil amperímetro que não está mais presente em modelos desde o final do século passado. Ainda um bom conjunto de luzes de alerta. E todos bem visíveis. O volante de dois raios tinha boa empunhadura assim como a alavanca de cinco marchas no assoalho. Suas dimensões eram: – comprimento de 4,5 metros, largura 1,68, altura 1,34 e peso de 1.092 quilos.

Como sempre não tinha pretensão esportiva. Arrancadas e desempenho esportivo não era com ele. Seu rodar era suave para viagens tranquilas. O espaço interno era muito bom e mesmo atrás acomodava bem aqueles mais altos.

Logo depois também seria lançada a versão de duas portas, mas a coluna “B” tinha uma descida mais brusca que o Corcel II. Era um autêntico três volumes.

Em 1982, a Ford Belina movida a álcool foi apresentada e aprovada pelo consumidor brasileiro. Era tão boa quanto ao modelo a gasolina e com um diferencial importantíssimo para os veículos movidos com este combustível: – Não apresentava os problemas de corrosão comuns dos primeiros carros nacionais a álcool.

Em 1983 chegava as concessionárias Del Rey Ouro movido a álcool. Uma das novidade bem vindas era a opção de transmissão automática.

Tinha mecânica simples e robusta demonstrando longevidade.  Neste o modelo a reestilização da carroceria veio em 1985. O que mais se destacava era a frente, os novos para-choques e as novas lanternas. Houve melhoramentos também no motor de quatro cilindros em linha, arrefecido a água, em posição longitudinal, 1.555 cm³, 69 cavalos a 4.800 rpm, carburador de corpo duplo, câmbio de cinco marchas e suspensão dianteira com molas helicoidais, independente, barra estabilizadora e amortecedores hidráulicos. Atrás tinha eixo rígido, braços triangulares também presentes na frente e molas helicoidais e amortecedores hidráulicos. Era um carro estável e usava pneus na medida 185 RS 13 em rodas de liga leve com desenho exclusivo ou calotas com desenho bonito em plástico. Estava melhor em arrancadas, 0 a 100 km/h em 16 segundos e final de 150 km/h. Era econômico chegando a fazer 12 km/l na estrada e a capacidade de seu tanque era de bons 57 litros. O desenho de carroceria mais harmônico e desejável era do sedã de quatro porta e da Belina. O rádio toca-fitas estava presente para tornar o passeio/viagem mais agradável. O concorrente direto da Belina na época era a Chevrolet Opala Caravan.

Em 1984 toda a gama Corcel/Del Rey passou a contar com o motor CHT (abreviação para High Turbulence Combustion ou Compound High Turbulence) da linha Escort. A Ford do Brasil usou o motor Cléon-Fonte do antigo Corcel, motor de origem francesas, até 1983, quando eles fizeram um redesenho completo no cabeçote e renomeando o CHT. Era um motor muito bem desenvolvido pela engenharia da Ford brasileira, comandada pelo famoso francês Luc de Ferran (pai do piloto Gil de Ferran, campeão da Fórmula Indy). Era suave em operação, confiável, leve e muito econômico.

O CHT era derivado do motor do Ford Escort e Corcel só que retrabalhado nas câmaras de combustão para obter desempenho melhor. O cliente poderia ter opção 1.6 de melhor desempenho. Desenvolvia 73 cavalos na versão a gasolina e 75 na versão à álcool.Tinha câmbio manual de quatro marchas (opcional cinco ) com alavanca no assoalho. Sua aceleração 0 a 100 km/h era feita em 13,98 segundos e sua velocidade máxima era de 151 km/h. A semelhança com o modelo Ford Granada, anglo-saxão, oriundo da linha Taunus dos meados dos anos 70 (Abaixo) era clara.

Em 1983 era lançada mais uma opção de acabamento na linha: – o Del Rey Scala, abrangendo a Belina II, também, nas versões L e GLX. Na Scala, o bagageiro não era opcional, e dava um charme a mais. Havia também lanternas traseiras maiores. O acabamento era o destaque. Era mais luxuoso com materiais mais nobres. O nome teve origem no Teatro alla Scala, em Milão, Itália, é uma das mais famosas casas de ópera do mundo.

Freios e câmbio também ficaram melhores. Era a Station Wagon mais luxuosa do país. E usava pneus também 185 RS 13. E ótimo porta-malas assim como os demais modelos, só que com maior volume. Mas não era um carro para cargas de serviço.

Em 1985 toda a linha contava externamente com nova grade, nas mesmas cores da carroceria, com frisos horizontais e novo grupo óptico dianteiro. A nova frente era inclinada . Para o Corcel, que não tina mais o II no nome, o desenho e alguns instrumentos do painel e o volante eram iguais ao do irmão mais luxuoso Del Rey. Com isso o acabamento geral melhorou muito.

No final de 1986 nascia a Autolatina. Era um acordo de cooperação tecnológica entre a Ford e a Volkswagen. Esta holding começou a operar em julho de 1987 e passou a agrupar as atividades automotivas e financeiras das duas fábricas no Brasil e na vizinha Argentina. Este acordo beneficiou muito mais o grupo alemão do que a Ford. A concorrência estava mais acirrada. O Volkswagen Passat envelhecia, o pequeno Dodge 1800/Polara não era mais produzido, mas o Chevrolet Monza era mais moderno e potente. O Corcel deixou as linhas de montagem em 1987. Marcou pelo conforto, acabamento e mecânica de qualidade confirmada. Foram 1,4 milhão de modelos produzidos. Sem dúvida nenhuma, um dos maiores sucessos da nossa indústria de automóveis

Em 1987 foi lançada a Pampa, que também podia contar com o acabamento luxuoso Ghia ( Versão top de linha). Tinha um nível de conforto que as outras picapes concorrentes não tinham. Tinha o luxo do Del Rey na versão Ghia e a praticidade de picape de pequenas cargas.

Atendia a um público seleto que queria este tipo de veículo com luxo. O destaque ficava por conta dos freios, do painel completo já conhecido, da grade vigia após o vidro traseiro e o acabamento de primeira para um veículo de carga. Neste mesmo ano o Del Rey Ghia vinha com opção de câmbio eletrônico. Com este, o motor não perdia rotações na troca de marchas se comparado com a versão de cambio manual. O desempenho geral era o mesmo. Em termos de manutenção o óleo do câmbio não precisava ser trocado, apenas completado.

A perua continuava sendo produzida e passou a se chamar Del Rey Belina. Houve outra vez alterações com melhorias no acabamento, destacando o painel e o porta-malas. Tinha capacidade de 768 litros até o teto.

Com este motor mais possante tornou-se mais ágil. Ganhou em aceleração e velocidade máxima. Dois quesitos que sempre, durante toda sua existência faltou a linha Corcel. Não que o motor originário da Renault fosse ruim. Pelo contrário, era robusto, econômico e de manutenção simples. Mas sempre inadequado ao peso do carro e já um tanto envelhecido. O consumo continuou bom com a nova alma. O automóvel continuava muito confortável e silencioso. Na versão Ghia era equipada com direção hidráulica, ar condicionado, vidro, portas e retrovisores com acionamento elétrico. O painel ainda como grande destaque, bem aparelhado e bonito. Sua produção foi encerrada em 1991. Deixou saudades aos fiéis por ser um automóvel confortável na cidade e na estrada, econômico, durabilidade a qualquer prova e de ótimo acabamento.

Neste mesmo ano chegara também a hora da aposentadoria, com protestos, do Del Rey. Foi um dos carros de luxo mais vendidos no país. Sempre se destacou pela mecânica confiável e o excelente acabamento. O luxo e o conforto nunca faltaram nele. O ultimo remanescente da famosa linha, a Pampa chegaria ao fim em 1996. Foi fabricada nas versões L e GL. Como versões especiais teve a Ghia e a S 1.8 de 1991. Seu motor dianteiro, longitudinal tinha quatro cilindros em linha e arrefecido a água. Era muito confiável com 1,8 litros, de biela curta, e carburador de corpo duplo, antecessor dos conhecidos AP de biela longa do Passat, que vieram posteriormente. Esse motor com 1.781 cm³ podia ser movido a álcool ou gasolina, tendo 85 cavalos e 14,6 m.kg de torque na versão a gasolina ou 92 cavalos e 14,9 m.kg na versão a álcool. Sua tração era dianteira e caixa com quatro marchas ou opcional de cinco e transmissão automática com caixa de três velocidades. Fazia de 0 a 100 km/h em 14 segundos e sua velocidade máxima era de 156 km/h.

Sempre foi líder de vendas em seu segmento. Cerca de 382 mil unidades foram produzidas em 10 anos. Até hoje pode-se ver modelos em ótimo estado. Poucos, mas rodando. Foram substituídos pelos modelos Versailhes derivados do Volkswagen Santana


Especiais

A concessionária SR, Souza Ramos de São Paulo, fez um conversível a partir do Del Rey duas portas. Usava capota de lona e tinha outros acessórios que lhe garantiam certa personalidade e exclusividade. E também um limousine Del Rey de alto luxo. Era 40 centímetros mais longa, alguns tinha bar, TV… Os para-choques originais foram substituídos por outros maiores em plástico reforçado com fibra de vidro. Os frisos laterais originais também foram alterados. Havia peças de plástico nas laterais com friso vermelho, igual ao para-choque que acompanham o desenho dos para-choques. Na frente quatro faróis retangulares e grade preta diferenciada. Este foi o Del Rey Executivo.

Obs.: Carrozzeria Ghia SpA é um famoso e conceituado estúdio de design de automóveis italiano


Texto, fotos e Montagem Francis Castaings.  Demais fotos de divulgação                                                                                      

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