Facel Vega: A Estrela Francesa

Facel Vega: A Estrela Francesa

Jean Clément Daninos  nasceu em 1906 e sempre foi um apaixonado por automóveis. Se formou na melhor escola francesa de engenharia, “Arts et Métier” e sempre gostou da prancheta para fazer seus projetos. Começou seus trabalhos de carroceria na Citröen.  Mas em 1935, quando esta renomada empresa francesa passou a controlar a também afamada indústria de pneus Michelin, o jovem engenheiro Jean resolveu trocar de emprego. Depois de passar por empresas aeronáuticas, fundou em 1937 a Metallon e passou a fabricar peças em aço inoxidável. Um ano depois anexou a Skar sueca, com quem já mantinha relações,  e esta foi integrada a recém criada FACEL ( Forges et Atelier de Constrution d`Eure-et-Loir). 

Após o conflito da Segunda Grande Guerra Mundial, a Facel começou a produzir carrocerias de automóveis. Os primeiros foram os Panhard em 1947. E em 1948 fez os belíssimos Bentley Cresta. Foram 17 exemplares.

Mas foi em 1954 que o primeiro modelo da marca foi apresentado no Salão de Paris. Este construtor sempre gostou de carros de prestigio e a França não tinha mais os famosos Bugatti, Delage e Delahaye.

Chamava-se Facel-Vega, modelo HK 500, um cupê de linhas sofisticadas. Um esporte fino. Vega é o nome de um astro do sistema solar. O para-brisas panorâmico  era o destaque. Inclusive toda a área envidraçada era muita ampla dando ótima visibilidade. Não tinha a coluna B.Tinha três volumes e levava quatro passageiros. Na frente quatro bons faróis redondos dispostos verticalmente e no meio a grade dividida em três partes, duas laterais verticais bipartidas e uma central horizontal.

A traseira caia de forma suave, em forma de curva descendente e as lanternas ficavam no meio dos flancos. Em todo a carroceria os frisos não eram cromados. Todas estas peças eram em aço inox. Por dentro todos os passageiros, inclusive motorista, dispunham de descansa-braço. O conforto e o bom gosto estavam presentes. Os bancos eram anatômicos e seu desenho era muito bonito. 

Instrumentos redondos de fundo preto num painel imitando madeira completavam a elegância. E eram muitos onde o motorista não ficava decepcionado. Tinha velocímetro, conta-giros, relógio de horas, amperímetro, temperatura da água e óleo e finalmente, o marcador de nível de gasolina.

Abaixo destes, 5 alavancas, como as de um avião, para controles diversos. Ainda, acendedor de cigarros e cinzeiro, um para cada passageiro da frente. O ar condicionado e comandos elétricos dos vidros compunham o modelo base. Para completar, um bonito volante esportivo de madeira de três raios.

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Por causa de boas relações com os americanos mantidas por Daninos, o motor do Facel era um V8 de origem Chrysler posicionado na dianteira e sua tração era traseira. O motor de 8 cilindros em” V”  tinha 4.528 cm³ de cilindrada a 4.400 rpm e dispunha de 180 cavalos. Em 1955, esta pulava para 250 o que fazia dele o carro de quatro lugares mais rápido do mundo. Em preço e performance era equiparado aos Jaguar, Ferrari e Maserati. De série vinha com uma caixa automática Chrysler, ou uma mecânica da marca francesa Pont-a-Mousson. A alavanca estava posicionada no console do assoalho. A exceção do motor e da caixa automática, todas as peças eram fabricadas em território francês.

Dois proprietários famosos eram os piloto inglês Stirling Moss  (conheça) e o também piloto francês Maurice Trintignant . Era estável em curvas, mas gostava mesmo era de grandes retas. Os pneus de aro 15 vestiam belas rodas raiadas.

Dois anos depois, no Salão do Automóvel de Paris, em outubro de 1956, um outro belo carro de luxo foi apresentado. Tratava-se de um elegante sedã de quatro portas, sem a coluna central, sendo que as de trás tinham a abertura “suicida”. O mesmo charme foi usado anos depois no Lincoln Continental. Chamava-se Facel-Vega Excellence.

Tinha três volumes distintos e suas dimensões externas não eram nem um pouco europeias. Levava com muito conforto cinco passageiros e mantinha o mesmo luxo do cupê. Tinha a mesma frente deste também. Atrás o destaque ficava por conta de lanternas redondas e um discreto rabo de peixe bem em uso nos modelos grandes dos anos 50. O porta-malas era mais que suficiente. Nas extremidades do para-choque, a saída dos canos de descarga. Nas rodas, para enfeitar, bonitas calotas salientes que tinham um desenho muito semelhante as dos nossos primeiros Ford Galaxie. O automóvel era imponente e era destinado a artistas de renome, empresários e pessoas abonadas. E fez muito sucesso para estes.

O motor do Excellence era também um V8 . Tinha 4.768 cm3, 250 cavalos a 4.400 rpm. Chegava a 190 km/h e o 0 a 100 km/h em 10,5 segundos. Seus concorrentes mais próximos eram o Bentley SI e o Cadillac Fleetwood e nenhum dos dois tinha tal performance nas boas auto-estradas da Europa que começavam a ser construídas. Usava o mesmo conjunto caixa e transmissão do modelo irmão esportivo. 

Em 1958 tanto o Excellence quanto o cupê estavam equipados com um motor mais potente ainda. Passava a ter 5.950 cm³ e 325 cavalos. Ultrapassava os 200km/h e atingia os 100 km/h em apenas 9,0 segundos.Estes números são muito bons até hoje. Em 1960 os dois ganhavam freios a disco na dianteira.

Em 1962 era lançado o Facel-Vega  II. Das poucas mudanças notáveis eram os faróis que recebiam uma carenagem e também as grades dianteiras estavam mais finas e a frente mais inclinada para baixo. Todo o conjunto foi reestilizada e ficou mais moderno.

Ambos ganharam mais potência ainda. Passavam a ter 6300 cm³ e 355 cavalos para a versão com a caixa Torqueflite automática, também Chrysler,  ou 395 cavalos para a versão de 2 carburadores duplos e caixa manual de quatro velocidades da empresa natal.

Em teste na fábrica o cupê ultrapassou os 240 km/h e atingia os 100 km/h em apenas 9 segundos.Estes números eram ótimos para a época ainda mais se tratando de um carro de 1.800 quilos.O quilometro inicial era vencido em menos de 30 segundos. O consumo era da ordem de 6,5 km/l. Mas quem o comprava não se preocupava com o bom apetite do V8.

Em 1964, depois de 3.000 modelos produzidos, sendo 230 Excellence, era encerrada a produção devido a uma crise financeira gerada pelo irmão menor, o modelo Facellia.  Abaixo um modelo premiado Facel Vega HK2 1962

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Em 1975 Monsieur Daninos foi eleito presidente de honra do clube Amigos do Facel que reunia 83 modelos impecavelmente conservados. Neste ano aconteceu o 2º Encontro Nacional no Castelo de Chantilly na França.

Em 13 de outubro de 2001 este francês dinâmico faleceu aos 94 anos. Mas deixou sua obra marcada na indústria automobilística francesa.


As propagandas

A época de ouro do Facel Vega


Texto, fotos e montagem Francis Castaings. Fotos sem o logo do site são das Organizações Peter Auto                                                           

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