Ferrari 365 GT 2+2/400: 50 anos em 2022. A Discreta Esportividade da Burguesia
Quem houve falar no nome mágico Ferrari, sempre associa a um carro vermelho, muito esportivo, de formas agressivas, de perfil baixo, rápido e geralmente com pouco conforto e barulhento. Mas nem sempre é bom rotular um produto, quanto mais um automóvel que leva “O Cavallino Rampante”.
Em setembro de 1972 era lançado o Ferrari 365 GT 2+2. O elegante esportivo tinha três volumes distintos e a frente era levemente inclinada. Pouco abaixo da linha do capô seus quatro faróis principais, redondos, ficavam escondidos, pois eram escamoteáveis.
Se eles não fossem acionados tinha-se a impressão que eram retangulares e finos, pois abaixo estavam os auxiliares. Ficavam junto com os pisca-pisca fazendo um conjunto muito harmonioso na frente do carro. Abaixo o modelo antecessor Ferrari 365 GT 2+2 produzida entre 1968 e 1971
Logo abaixo vinha o para-choque mediando à linha frontal que ficava acima da grade de refrigeração. Atrás chamavam atenção as quatro lanternas redondas. Entre elas, a identificação do modelo a esquerda da placa e o cavalinho empinado cromado de outro.
A visibilidade do cupê era muito boa para todos os lados. Era espaçoso para quatro passageiros e os de trás não sofriam muito como em outros modelos 2+2 de luxo. Sua carroceria era assinada por Leonardo Fioravanti que trabalhava na Pininfarina. Sua meta era concorrer na época com o Mercedes-Benz 500 SLC e o Aston Martin DBS. Ambos com motor V8 e muito luxo. A carroceria media 4,81 metros e pesava 1700 quilos.
Como manda a tradição na época, seu motor, posicionado na dianteira, tinha doze cilindros em “V”, 4,823 litros, arrefecido a água, todo em liga de alumínio e fornecia 340 cavalos. Tinha duplo comando de válvulas no cabeçote e a alimentação era fornecida por seis carburadores de corpo duplo. O tanque de gasolina comportava 120 litros.
O proprietário de carro queria luxo, elegância, boa “máquina” sem abrir mão da esportividade. Por isso de série era fornecido um cambio automático, coisa rara num carro de Maranello. Foi o primeiro Ferrari com este tipo de cambio. O mecânico de cinco marchas era opcional. A tração era traseira.
Era veloz e estável. Um carro bastante equilibrado mesmo em curvas fortes e de raio curto. Usava pneus 215/70 VR 15 em belíssimas rodas de liga leve. Do pentágono central onde se destacava o símbolo Ferrari e cinco parafusos cromados, saiam cinco raios em forma de trapézios. Sua velocidade final era de 240 km/h e os 1.000 metros eram cobertos em 27 segundos.
Em outubro de 1976 ele passava a ter a designação de 400 e todos os amantes da marca o conhecem mais por esta numeração . Linhas clássicas, sem agressividades, e imponentes, recebeu a designação de 400i em setembro de 1979 graças a introdução de injeção eletrônica da marca Bosch. O fôlego do motor ainda continuava muito bom. O motor passa a ter 4,943 litros o que compensava a perda de 25 cavalos por causa da injeção. A taxa de compressão foi aumentada de 8,8 para 9,6:1
Em 1985 passava a se chamar 412 (Tipo F101) e uma das poucas alterações externas era a saia da frente que passava a ser na mesma cor do carro. Anteriormente era preta. A grade abaixo do para-choque estava mais estreita e o equino cromado também estava lá. Recebia também rodas modelo TRX e a traseira estava ligeiramente reestilizada.
Em testes europeus em 1986 fez de 0 a 100 km/h em 7,8 segundos e sua final era de 247 km/h. Ótimos números, dignos de um Ferrari. E a bela sonoridade do V12 só era sentida a altas velocidades. Em segurança ganhava freios ABS e suspensão regulável em altura. Contava com dois tanques de gasolina, feitos em alumínio, totalizando 116 litros. Seus concorrentes diretos agora eram o Porsche 928 S4 e o Mercedes-Benz 560 SEC. Todos os três com mais de 300 cavalos. E custando muito caro.
Por dentro do 412 o volante de três raios com forração em couro era o destaque. Bem a frente, com fundo preto e marcação em vermelho, o velocímetro, conta-giros, o manômetro e o marcador de pressão de óleo. Este carro tinha também um radiador de óleo.
Outro detalhe que o distinguia dos outros irmãos de marca, era a ausência da grelha polida da alavanca de marchas. Tinha a luva em couro. Todos os bancos e forrações tinham o nobre tecido também. De serie ainda tinha o ar condicionado, volante regulável em altura, vidros elétricos e regulagem dos retrovisores idem, pintura metálica e travamento automático das portas.
Uma das opções em 1986 era o jogo de valises em couro na cor bege. Não era nem um pouco barato, algo em torno de 2.000 dólares. Em 1988 a marca italiana havia produzido cerca de 4.000 esportivos. Em 1989 a Limousine esportiva 412 deixava de ser produzido após 17 anos sem que seu estilo fosse alterado em quase nada.
Nota: Faço aqui uma pequena homenagem ao empresário, piloto e colecionador Clemente Faria, falecido em 2012, há dez anos, que foi proprietário da Ferrari 400 das fotos.
Niki Lauda
Este Ferrari 365 GT4 2+2, o piloto austríaco Niki Lauda ganhou de presente de Enzo Ferrari em Setembro de 1973, após assinar o contrato para competir pela Ferrari na Fórmula Um. Este exemplar saiu de fábrica pintado na cor Grigio Argento com interior em couro. Em Janeiro do ano seguinte, Lauda vendeu ao piloto austríaco Karl Oppitzhauser, que por sua vez o vendeu a Michael Denzel, filho do importador da Ferrari Wolfgang Denzel, que o pintou nas cores que apresenta até hoje.
Em 7 de Dezembro passado, este Ferrari 365 GT4 2+2 foi levado a leilão, pela casa de leilões inglesa Dorotheum foi vendido por 207 mil euros.
Nas ruas
Fotos realizadas em 1988
Este carro pertencia a uma senhora de muito bom gosto!
Texto, fotos e montagem Francis Castaings. Fotos sem o logo do site são de divulgação
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