Fiat 130: O Retorno à Elegância
Todos sabemos que, os carros simples, compactos e baratos compõem as grandes vendas de uma indústria de automóveis. Porém aqueles mais luxuosos são os que dão maiores lucro a montadora.
No final da década de 60 quase não faltavam produtos para todos os gostos e bolsos na famosa e grande Fiat italiana. O pequenino 500 seguia carreira de sucesso apesar de já estar envelhecido. O modelo 128 era sucesso de vendas. Compacto e com ampla gama agradava muito. A linha topo, mais cara e luxuosa, a 1800 e 2300 B Lusso, já estavam bem antiquadas.
E faltava o número do luxo, da pretensão, do topo de linha para dar mais modernidade à casa italiana. E este número seria 130.
Um novo automóvel sedã era lançado no Salão de Genebra, na Suíça, em 1969. Suas linhas eram muito retas, clássicas, tinha quatro portas, moderno, bonito e discreto. Tinha 4,75 metros de comprimento, 1,80 de largura, 1,47 de altura e distancia entre-eixos de 2, 720 metros. A visibilidade era ótima em todos os ângulos. Sua frente contava com quatro faróis circulares e grade com frisos horizontais. Ao centro ficava o discreto escudo da fábrica. Atrás amplas lanternas em formato retangular de boa visualização.
Seu motor dianteiro refrigerado a água, era um seis cilindros em V, a 60º, com 2.866 cm³ e potência de 140 cavalos. Um belo propulsor para impulsionar 1.570 quilos de peso. O cambio tinha cinco marchas e sua tração era traseira. Este modelo da casa de Torino visava concorrer com o Citroën DS Pallas francês (conheça) , o Jaguar XJ inglês (Saiba mais ) e os alemães BMW 3.0 S e Mercedes-Benz 280 SE.
Em 1971 o motor V6 com duplo comando de válvulas contava com mais potência. Seu deslocamento volumétrico passava a ser de 3.235 cm³ e potência de 165 cavalos a 5.600 rpm. Seu torque máximo era de 25,5 kgm a 3.400 rpm. Sua taxa de compressão era de 9:1. Era alimentado por um carburador de corpo duplo em posição invertida. Este propulsor era baseado no que equipava o Ferrari Dino e que viria a equipar anos depois o Lancia Stratos Conheça.
A velocidade máxima era de 190 km/h. Além da caixa de marchas mecânica de cinco velocidades da marca ZF também tinha como opção uma caixa automática de três velocidades da marca Borg-Warner.
A suspensão dianteira era independente e tinha barras de torção e amortecedores telescópicos. Atrás, também independente, usava molas helicoidais e também amortecedores telescópicos. O modelo quatro portas tinha rodas de liga leve discretas com uma pequena calota cromada ornamentando o centro. Usava pneus na medida 205/70 VR 14. Os quatro freios eram a disco sendo os da frente ventilados.
Por dentro era muito luxuoso e seu painel completo. Em formato retangular o velocímetro tinha graduação até 220 km/h. Ao lado deste havia algumas luzes espia e logo depois um conta-giros circular. Logo após marcador de temperatura, nível do tanque e voltímetro. Estava disponível também um relógio de horas. Os bancos dianteiros eram muito confortáveis e aconchegantes. Atrás acomodava três adultos também com conforto. O porta-malas também com ótimo acabamento tinha tamanho adequado. Era um sedã ótimo para a família com uma performance digna. Frequentava as auto-estradas com imponência.
Porém, em tempos de crise de petróleo, não era um carro econômico e seu preço elevado não entusiasmava muitos a trocarem de marca.
No mesmo ano a Fiat apresentaria uma obra prima da indústria italiana que tinha a autoria e a produção da casa Pininfarina: – Era o cupê 130. Suas linhas modernas eram de uma beleza notável e não tinha nada em comum com o sedã. Também retas, permitiam alguns vincos arredondados. Era um pouco maior que o sedã medindo 4,84 metros de comprimento. A frente tinha quatro faróis retangulares sendo que os da extremidade eram maiores. A grade discreta tinha frisos horizontais e verticais. As rodas de liga tinham um desenho bonito e discreto sendo diferentes das do sedã.
Usava a mesma mecânica do irmão mais sóbrio, porém era 50 quilos mais leve e tinha aerodinâmica bem melhor. Sua velocidade final era de 195 km/h.
Em preço concorria com o Alfa Montreal (saiba mais) , com o BMW 3.0 CSL, com o Citroën SM (conheça) , com o Jaguar XJ seis cupê e com o Mercedes-Benz 350 SLC. No que se referia a estilo e modernidade, ultrapassava em muito os dois alemães e o inglês.
Por dentro também era confortável e exibia um painel novo já dos anos 70 com conta-giros e velocímetro circulares e mais quatro outros relógios para controles. O volante de dois raios tinha boa empunhadura. Tão belo era que um exemplar do cupê encontra-se exposto no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA The Museum of Modern Art).
Em 1974 era apresentado o supra-sumo da elegância em termos de perua. O modelo Maremma especialmente concebido pela Pininfarina era diferente de todas as peruas do mercado apesar de não ter entrado em produção em série. O nome era de uma localidade na região da Toscana, na Itália onde a pratica de caça era comum.
Baseada no cupê tinha a coluna B mais larga e era cromada. A área envidraçada era ótima e de perfil muito distinta. No final do teto, havia um spoiler integrado a carroceria e graças a este recurso tinha aerodinâmica melhor que o cupê. Neste detalhe era pioneira. Por dentro a elegância continuava numa combinação de cores de muito bom gosto. Também baseado no cupê, a pedido da Fiat, foi produzido uma versão quatro portas denominada Ópera também muito bonita. Infelizmente também não foi para as linhas de montagem.
Foram produzidas de 1969 a 1977, 15.100 modelos sedãs e 4.491 cupês. Apesar do pouco sucesso com o público abastado foi o carro presidencial e transportou personalidades de grande quilate como o Presidente Sandro Pertini e o Primeiro Ministro Aldo Moro que ficou conhecido internacionalmente após seu assassinato brutal devido ao combate ao crime.
Uma versão especial da Fissore serviu ao Papa João Paulo II em alguns anos. Versões especiais do sedã também foram utilizadas pela família Agnelli, dona do conglomerado Fiat. É um carro que raramente se vê nos pequenos anúncios de revistas especializadas da Europa .
Esta interessante perua também não entrou em produção.
Lindos carros que são raros em mãos de colecionadores e em Museus.
No Brasil
Um belo e raro modelo nas Minas Gerais
Fotos, texto, montagem e comentários Francis Castaings. Demais fotos publicadas no site
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