Fiat 850: A Pequena Grande Família. Há 60 anos
O pequeno Fiat 850 fez sucesso com sua praticidade e economia e deu origem a uma grande família que incluía um pequeno duas portas, um esportivo desenhado por Bertone, um conversível derivado deste e até um interessante utilitário.
O Fiat 850 chegou ocupando uma vaga entre o pequeno 600 e os sedã 1100.Foram apresentados ao público pela empresa de Turim em abril de 1964. A nova linha foi batizada de 850. Era mais um filho de Dante Giacosa, engenheiro e designer, pai de modelos como os Fiat Topolino, Nuova 500, 600, 124 sedã, 127,128, 130… tinha responsabilidade tanto pela motorização quanto pelo desenho da carroceria
O pequeno sedã/Hatch tinha medidas reduzidas. Seu comprimento era de 3,57 metros, largura de 1,42, altura de 1,38 m, distância entre eixos de 2,02 metros. Seu peso era de apenas de 670 quilos. Mantinha, como no Fiat 500 e 600, a mecânica tudo atrás. Sua tração era traseira e motor também atrás. Tinha duas portas e ótima área envidraçada, o desenho discreto sem grandes pretensões, mas moderno para a época. O mais interessante era seu baixo coeficiente aerodinâmico (Cx) de 0,42. Era muito bom para a época.
À frente os faróis circulares levavam uma moldura cromada. As luzes de direção vinham logo abaixo. A grade era pequena e discreta com fundo preto, sendo cortada por uma fina barra também cromada. As laterais eram quase limpas, com um discreto friso cromado da frente à traseira e, logo abaixo, um vinco suave que contornava a carroceria à altura das rodas. Sua traseira um pouco saliente e recebia pequenas entradas de ar em forma de grelha. Eram fabricados no complexo fabril de Mirafiori.
A cilindrada era de 843 cm³. O bloco com quatro cilindros em linha era inclinado em 10 graus, virabrequim com três mancais, cabeçote em liga leve, arrefecido a água, válvulas laterais, taxa de compressão de 8:1, alimentado por um carburador Weber em posição invertida gerando 34 cavalos a 3.200 rpm. Em 1965 ganhava a versão Super com 37 cavalos a 5.000 rpm. Seu cambio tinha quatro marchas com alavanca no assoalho. Sua velocidade máxima era de 125 km/h. A suspensão tinha feixe de molas na frente inferior, braços triângulares e barra estabilizadora. Atrás era independente com triângulos oblíquos, molas helicoidais e barra estabilizadora. Os freios usavam tambores.
No Salão de Genebra na Suíça eram apresentados os modelos em traje esporte: o 850 cupê Sport e o Spider. O cupê era obra do Centro de Estilo da Fiat e o segundo foi desenhado e produzido pelo estúdio Bertone. Podia receber capota de lona ou rígida sendo esta mais rara.
A frente tinha com o capô mais baixo que os para-lamas, os faróis circulares eram os mesmos da Berlina 850. Abaixo havia pequenos faróis e ao centro uma grade “bigodinho” no cupê Sport. Na lateral luzes de seta nos para-lamas dianteiros e um friso cromado abaixo da porta. Um desenho limpo e simples. Suas medidas pouco alteravam. Pneu sobressalente e bateria ficavam na frente que também acomodava pequena bagagem.
Era mais longo com 3,82 metros e sua altura era de 1,22 metros. O Spider tinha linhas equilibradas e ótimo comportamento. Sua boa estabilidade agradou o público. Era um esportivo relativamente barato com desempenho regular. Sua velocidade final era de 145 km/h e fazia de 0 a 100 km/h em 18 segundos. Seu peso de 735 quilos favorecia sua performance. Detalhe interessante era que o tanque de 30 litros ficava na frente do motor logo atrás dos passageiros.
Uma leve reestilização era a novidade para o 850 sedã em 1967. Com o nome 850 Special, recebia ainda freios dianteiros a disco da marca Fiat-Bendix , rodas de 13 polegadas (antes eram 5,50 x 12) e o motor de 47 cavalos oriundo do cupê Sport. Ganhava novo painel e melhor acabamento. Para o Spider e cupê Sport usavam pneus 155-13.
Aumentado a família chegava a versão utilitária 850T Familiar que poderia servir a empresas e famílias. Tinha várias opções de carroceria como furgão aberto ou fechado e até uma versão picape. Chegou para substituir o monovolume 600 Múltipla, mas com desenho bem mais feliz.
Seu desenho apresentava soluções semelhantes às da Kombi, como o banco do motorista sobre o eixo dianteiro e as portas corrediças em alguns modelos/versões. No furgão fechado, com teto elevado após a cabine, levava apenas dois passageiros e muita carga. Tinha espaço para seis pessoas na versão familiar . Media apenas 3,80 metros de comprimento, altura de 1,66 metros e largura de 1,49 metros. Pesava 900 quilos e sua velocidade máxima era de 100 km/h.
Neste ano linha 850 podia receber câmbio semi-automático para de quatro marchas Idromatic marca Fiat-Ferodo com conversor de torque. .
Como os modelos 500 e 600 o 850 também ganhou a atenção da preparadora Abarth. O 850 cupê Sport (acima) recebeu na versão OT (Omologata Turismo) 1000 um propulsor de 1,0 litro e 54 cavalos, que evoluiu para 74 cavalos no OTS, 84 cavalos no OTR e 90 cavalos no OTS. Houve também modelos de 1,6 e 2,0 litros (1.946 cm³) bastante “bravos”, o primeiro com 155 cavalos a 7.600 rpm e o outro com 185 cavalos a 7.200 rpm. A estrutura da carroceria precisou ser reforçada para aguentar o peso e a potência extra, assim como a suspensão reforçada. Tinha freios a disco nas quatro rodas quatro rodas, que tinham medidas maiores, e os para-lamas estavam mais largos por conta dos alargadores. Chegavam aos 100 km/h em cerca de 7,0 segundos e tinham final de 245 km/h. Ótimos números para a época. Detalhe para o pneu estepe no meio do para-choque dianteiro. Ainda abrigava o radiador de água e de óleo. Por isso tinha grade dianteira diferenciada.
Em março de 1968 estava com novo motor de 903 cm³, taxa de compressão de 9.5:1, 52 cavalos a 6.500 rpm e 6,6 m.kgf a 4.000 rpm. Chegava a 152 km/h, 0 a 100 km/h em 15 segundos e ganhava os 1.000 metros em 37 segundos. Toda a família recebia o novo motor.
Em 1970 passavam a se chamar Sport Coupé e Sport Spider e traziam pequenas alterações de estilo.. Um Spider, com teto rigído bem mais alto, teve sua versão fabricada pela Bertone. Esta chamada de 850 Racer, com motor de 60 cavalos, teve pequeno volume de vendas.
Abaixo o ótimo painel do cupê com velocímetro graduado a honestos 160 km/h, inserido neste marcador de temperatura de água e marcador de nível de combustível e conta-giros graduado a 8.000 rpm com zona vermelha começando aos 7.000 rpm.
Em 1971 o cupê Sport ganhava faróis auxiliares e novas rodas de liga opcionais da marca Ruspa. O modelo Spider não tinha mais a carenagem sobre os faróis.
Foram fabricados mais de 500 mil exemplares do cupê Sport e do conversível entre 1965 e 1971. O modelo 850 chegou a casa de 2.200.000 de exemplares. Cerca de 2/3 do conversível foi exportada principalmente para os Estados Unidos. O 850 sedã/hatch foi fabricado na Espanha com a marca Seat até 1974. O Fiat 850 foi substituído pelo Fiat 127, nosso 147 e o Spider pelo Fiat X ¹/9 Bertone
Nos anos 90
Fiat Barchetta fabricado entre 1994 e 2005 com 1.747 cm³, quatro cilindros em linha e 130 cavalos. O pequeno esportivo chegava à 205 km/h e fazia de 0 a 100 km/h em 9,0 segundos.
Texto, fotos e montagem Francis Castaings. Fotos de divulgação e já publicadas no site
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