Lendas de Le Mans: Ferrari 512. Um Lutador com Fortes Argumentos
Muito veloz, bonito, mas não conseguiu as vitórias merecidas
Esta categoria, Mundial de Marcas, fez muito sucesso nas décadas de 60 e 70. São carros muito velozes que fizeram muito sucesso nas mãos de Jacky Ickx, Henri Pescarolo, Graham Hill, François Cevert, Gérard Larrousse, Mike Parkes, Herbert Müller, Clay Regazzoni, Ignazio Giunti, Nino Vaccarella, Arturo Merzario Schetty, Jo Siffert, Brian Redman, Vic Elford, Hans Herrmann, Pedro Rodriguez e outros grandes nomes. Foram bólidos famosos como o Porsche 910, 917, o Ferrari 512, o Lola T70, Alfa Romeo T33/3, etc. Grandes Momentos em Le Mans, Nurbürgring, Monza, Spa-Francorchamps, Daytona…
E a Ferrari tinha fortes argumentos para correr contra a Alfa Romeo T33/3, o Chevron B16, o Lola T70 MK III, o Matra MS 660 e principalmente contra o Porsche 917 alemão. O Ford GT-40 não concorreu em 1970 pela equipe oficial. Apenas privadas.
O primeiro modelo a ir para as pistas em 1970 foi o 512 S (acima) Se encaixa na categoria de esporte protótipo. Tinha que ter dois lugares, sendo que o piloto sentava-se a direita para sair mais rápido. Eram corridas de 1.000 Quilômetros, 12 horas ou a famosa 24 Horas de Le Mans. A equipe chefiada pelo engenheiro mecânico e designer Mauro Forghieri tinha três meses para criar um novo carro.Se inspiraram no carro de corridas CAN-AM (Canadian-American Challenge Cup foi uma categoria de automobilismo praticada no Canadá e EUA entre 1966 e 1974) , o Ferrari 612 P de 6,0 litros e no 312 P com três litros de cilindrada. O 512 tinha doze cilindros em “V”, 4.993 cm³ com alimentação de injeção Lucas. Seu chassi era composto de chapas e tubos de aço em treliça tubulares. Era pesado para o tipo de carro. Os discos de freios também eram feitos em aço. Mais peso!
Os faróis auxiliares na frente estavam sempre presentes nas corridas noturnas. Nas primeiras versões do modelo 512 desenvolvia 550 cavalos a 8.500 rpm com torque de 51 mkgf a 5.500 rpm. Para ser homologado precisaria fabricar 25 carros até janeiro de 1970. Os inspetores da Commission Sportive Internationale (CSI) visitaram Maranello e constataram 17 prontos e o restantes desmontados.
E os testes para a corrida de Daytona estavam próximos. A versão com 4,9 litros desenvolvia 600 cavalos. Oito carros corriam pela fábrica e o restante para equipes privadas. Na pesagem em Le Mans eram 90 quilos mais pesados que o Porsche 917.
Abaixo um modelo Spider sem a capota. Obteve o primeiro lugar em Sebring (EUA), terceiro em Daytona, segundo em Monza, terceiro em Targa Florio, segundo em Spa, terceiro em Nürburgring e em Watings Glen e melhor volta em Zeltweg. Ficaram em quarto e quinto nas 24 horas de Le Mans atrás de dos Porsche 1917 K, de um 917 cauda longa e de um 908 de 3,0 litros com o motor boxer com oito cilindros. Os Ferraris eram das equipes privadas dos Estados Unidos a North American Racing Team (NART) e da belga Ecurie Francorchamps
O 512 M (Modificata) se distingue da S pela frente mais larga, mais aerodinâmica, grade mais fina e traseira um pouco mais longa para enfrentar circuitos rápidos com grandes retas. Nos 1.000 Quilômetros da Áustria, A Ferrari concorreu com um 512 melhor, mais aperfeiçoado, mais rápido em que o piloto belga Jacky Ickx fez várias voltas na frente, recorde, mas terminou com problemas no alternador.
Este modelo mais apurado em o 512 M (acima e abaixo). Foi na última prova do campeonato de 1970, nos 1.000 quilômetros de Kyalami, na África do Sul, numa prova extra-oficial, a dupla Ickx e Ignazio Giunti terminaram duas voltas à frente do Porsche.
As portas em “Tesoura” se abriam para frente e exigia muito ginástica do piloto para entrar e sair. O termo portas tesoura é usado para referir-se a portas de automóveis que abrem para cima, sendo fixadas perto do final do para-brisa.
Seu novo motor V12 tinha cabeçote e bloco em alumínio e produzia 616 cavalos a 9.000 rpm e sua caixa tinha cinco marchas. Sua velocidade final era de 345 km/h. Tinha novo chassi mais elaborado e mais leve. Estava pesando 40 quilos a menos. Foram homologados pela Federação Internacional do Automobilismo (FIA) após a construção de 25 exemplares. O carro pesava 840 quilos com entre-eixos de 2,4 metros.
Abaixo em combate com o único concorrente forte: O Porsche 917. Novamente a FIA mudava o regulamento e a Ferrari estava concentrando seus esforços no novo modelo 312 PB que ganhou o Mundial de Marcas em 1972. A Matra francesa ganhou em Le Mans em 1972 e 1973 com o modelo MS 670 e o campeonato de 1974 como o MS 670B. Todos competiam no Grupo V da FIA, ou seja, como os outros citados aqui, categoria esporte protótipo.
Em 1970 o 512 S e M obtiveram os resultados abaixo. Em 1971 não foi bem na temporada.
- Vitória nas 12 Horas de Sebring de 1970 (Giunti / Vaccarella / Andretti)
- Vitória nos 500 Quilômetros de Zolder em 1970 (Loos / Kelleners)
- 200 Milhas de Fuji 1970 (Moretti)
- Segundo nos 1.000 Quilômetros de Monza 1970 (Giunti / Vaccarella / Amon)
- Segundo nos 1.000 Quilômetros de Spa (Ickx / Surtees)
- Segundo nos 1.000 Quilômetros de Paris 1970 (Juncadella / Jabouille)
Ao todo foram onze provas no campeonato vencidas pela Porsche em 1970 e em 1971. Abaixo o circuito de Spa-Francorchamps
A armada italiana no box numa corrida de Veículos Históricos de Competição onde os modelos 512 S e M são presenças constantes.
No painel, a frente do volante de três raios havia um conta-giros graduado a 12.000 rpm. A esquerda amperímetro, pressão do óleo, temperatura da água e nível do tanque de combustível. Eram dois de 60 litros. O carro custava na época cerca de 40.000 dólares quase o mesmo que um Porsche 917. Era o preço que as equipes privadas pagavam. E a equipe Sunoco de Roger Penske obteve bons resultados com a Ferrari 512 M.
Dados Históricos sobre Le Mans
Uma pista quase centenária. A primeira prova foi em 1923! O Circuito tem 13,629 quilômetros
Em 1969, a cidade de Le Mans, que fica a 203 quilômetros de Paris e tem 149.000 habitantes, recebeu um público de 300.000 pessoas. Ficam em hotéis e em camping. Vários dormem em seus carros ou traillers. Na reta Hunaudiéres que termina na curva fechada Mulsanne , os carros chegavam a velocidades superiores a 345 km/h. Dois anos depois, o Porsche 917 atingiu 385 km h e em 1988, um WM Peugeot chegou a incrível marca de 407 km/h. Em 1990 foram então construídas duas chicanes para barrar velocidades finais tão altas. Pela segurança e para barrar os recordes que os homens não cansam de bater.
Nas telas – As 24 horas de Le Mans
Um dos melhores filmes de corrida já feitos, o Porsche 917 e o Ferrari 512 S foram as estrelas do enredo. Trata-se das 24 horas de Le Mans, (Le Mans) com Steve Mcqueen (ator e produtor) produzido em 1971. Excetuando-se o astro americano, o restante do elenco é desconhecido para quem não é um grande amante do cinema. Formado, em maioria por atores europeus que não atuaram em grandes produções, mas são muito bons! O drama tem duração de 104 minutos e o circuito de Sarthe foi alugado durante três meses para as filmagens.
Steve Mcqueen se inscreveu para a corrida com Jackie Stewart, num Porsche 917. Mas por questões de seguro, foi impedido de correr. Ele correu na verdade num Porsche 908 fantasiado de 917.
Várias cenas são reais e foram feitas na corrida de 1970. A produção comprou vários carros (Lola, Matra, 911, Alfa Romeo, Alpine 600, Chevron, etc…), mais cinco 917 e quatro Ferrai 512 S. Sabendo que no filme os Porsche ganhariam, o Comendador Enzo Ferrari não quis saber de emprestar seus carros ! E também, a produção, contratou Jackie Ickx, Jean Pierre Jabouille, Gerard Larrousse e vários outros pilotos que aparecem no filme, logo no início, antes da largada e também no fim.
Durante as filmagens, o piloto inglês David Piper sofreu um acidente e teve de amputar uma perna. Este acidente depois foi reproduzido por um carro controlado a distância. Os carros câmeras eram um Porsche 908-02 e dois Ford GT 40 sem a capota que foram reproduzidos em miniaturas.
Começa com Steve Mcqueen (Michael Delaney) chegando na cidade de Le Mans a bordo de um 911 muito bonito. Ele vai para uma das estradas que fazem parte do circuito e relembra de um acidente que foi vitima no ano anterior. Ele, na corrida, é o piloto do Porsche número 20 da equipe Gulf, nas cores azul e laranja. Seu arqui rival é o piloto da Ferrai 512 S vermelha nº8, pilotada por Erich Stahler, interpretado por Siegfrid Rauch. Antes do começo da prova, os dois mostram suas diferenças nos corredores atrás dos boxes. As cenas da largada, da corrida, de dentro e fora dos carros, são muito bem feitas. Os acidentes muito realistas. Os atores são muito bons, tanto pilotos quanto os do box. E as atrizes principais são muito bonitas. O som dos motores, do Ferrari 512 S e do Porsche 917 no filme, é apaixonante. Vale a pena ser visto e está disponível em DVD. Foi remasterizado e o colorido é vibrante! Veja um trecho do filme
Existe também um livro, escrito por Peter Morgan (Porsche 917: The Winning Formula) que fala dos bastidores do filme. Que nem tudo foi glória. Houveram muitos transtornos nas filmagens. No mínimo interessante.
Texto e montagem Francis Castaings. Fotos das Organizações Peter Auto publicadas no site.
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