Lendas de Le Mans: Lola T-70. Um Combatente com nome de Mulher

Lendas de Le Mans: Lola T-70. Um Combatente com nome de Mulher

Os anos 60 talvez tenham produzido os mais belos protótipos de todas as épocas. Foram carros de corridas especiais que disputaram provas em todos os continentes

Modelos como o Ford GT40 (conheça) , os Porsche 906, 908, 910 e 917 (saiba mais) , os Ferrari 250 LM, 330 P3/P4 (conheça)  e 512 S fizeram bonito nas pistas e fora delas. Em fotos nas revistas, livros e em bons filmes.

Um modelo inglês, de um pequeno construtor, figurou entre os mais belos: O Lola T70. A empresa inglesa Lola Cars, situada em Slough, foi instituída em 1958 e sempre se dedicou as pistas. Construía carros de competição para todas as categorias do esporte automobilístico inclusive um Fórmula Um que chegou a ser pilotado pelo inglês John Surtees e terminou na quarta colocação do mundial em 1962.

O primeiro modelo para competir no Mundial de Marcas, categoria hoje também conhecida como Endurance foi uma berlineta ultra baixa cujo nome era Lola MK6. Chamou muita atenção no Salão de Londres, mas nas pistas européias não foi bem. Falta de recursos. Adotava um motor Ford V8 de 4,2 litros. Abaixo um Lola T70 MK II B 1970 ao lado de uma Lola T70 MKII Spyder 1967

Eric Broadley, um projetista de destaque, seu criador e fundador da casa, lançou o T70 em 1965 para competir no campeonato mundial de marcas. O protótipo, que era muito baixo, tinha dois lugares, exigência esta para se enquadrar no grupo 7. Um belo Spyder. E também começava uma boa parceria com John Surtees. Era o Lola T70 MK II. Media 3,99 metros e pesava 880 quilos. Era muito bonito. Suas linhas eram agressivas,  mas ao mesmo tempo suaves e curvas. A frente baixa tinha pára-lamas curvos e elevados. No ponto mais alto deste, estavam os retrovisores em forma de cone.

No meio, fazendo parte da frente, o capô rebaixado. As carenagens dos faróis eram transparentes, uma em cada extremidade, protegia dois potentes faróis cada uma. E logicamente ajudavam na aerodinâmica do bólido. Entre eles uma pequena grade oblonga. 

Seu criador teve grande importância no projeto do Ford GT-40 e este carro deram inspiração às linhas do Ford J. Aqueles que brincaram de autorama nos anos 60 se lembram do carrinho da fábrica de brinquedos Estrela. 

Quase todos os modelos de competição desta categoria, nesta época, usavam e precisavam de um grupo óptico potente para enfrentar as provas de longa duração com etapas noturnas que eram muito longas como as corridas de 24 horas ou 1.000 quilômetros. Os pilotos, e os componentes como motores, suspensões e pneus largos se desgastavam em Le Mans, Nürburgring, Sebring, Daytona e outros circuitos e autódromos famosos ao redor do mundo. Corridas românticas que o automobilismo hoje guarda muito pouco.

Em 1965 o modelo T70 estava com um V8 de origem Ford que já fora utilizado nos Shelby Cobra (conheça)  e nos GT-40. Tinha duas válvulas para cada cilindro e a lubrificação por carter seco. O deslocamento volumétrico era de 4.727 cm³. A distribuição era feita por válvulas no cabeçote e tinha quatro carburadores Weber 48IDA de corpo duplo ou também podia receber injeção Lucas. A taxa de compressão era de 10:1. Era bem alimentado e seu consumo era alto. Este detalhe numa corrida de longa duração era muito levado em conta, pois o carro parava mais no Box para abastecer.

A caixa de marchas era uma Hewland LG 500 de quatro velocidades. O Chassis monocoque era feito em alumínio e tubos de aço. Para segurar a fera os freios eram a disco nas quatro rodas da marca Girling com pinças em liga leve. As rodas de aro 15 eram fixadas por seis parafusos sendo que as dianteiras tinhas 8 polegadas de largura e as traseiras 10. Este equipamento a serviço das corridas do Campeonato Mundial de Marcas tinha velocidade final de 280 km/h.

Em 1966 o modelo T70, versão MK II foi para as pistas participou do famoso Campeonato Norte Americano CanAm fazendo parte da não menos famosa equipe Sunoco na cor azul marinho metálico. O piloto era John Surtees. Só que agora usava um motor Chevrolet de 6 litros.  Fez muito sucesso na categoria concorrendo contra os Chaparral e Mclaren CanAm.  Correu em Road America, Bridgehampton, Mosport, Laguna Seca, Riverside e Las Vegas. Em todas triunfou.

Também neste ano o bólido estava sendo desenvolvido com um motor Aston Martin. Este seria a base para ser utilizado nos modelos de rua a partir de 1969, mas não foi além de um protótipo.

Em janeiro de 1967 este V8 Chevrolet de 4.995 cm³ que tinha 425 cavalos a 6.500 rpm recebia a designação de Mark III e foi apresentado no Racing Car Show.

Nas provas europeias, infelizmente, não foi muito bem em boa parte de todas elas. Houve quebras, em vários circuitos, a poucas horas do final. Nos 1.000 Quilômetros de Nürburgring parou a sete voltas do final. Dos dois exemplares que foram para Le Mans, um quebrou na metade da maratona e o outro, a três voltas do final.

O vidro dianteiro, quase uma meia circunferência, dava continuidade a inclinação do capô. A capota era mínima, pois as portas quase a tomavam. Quando se abriam totalmente, ficavam perpendiculares ao carro de corrida. Eram “semi-gaivota”. Logo atrás delas havia grandes entradas de ar para o motor. O cokpit abrigava dois bancos, painel com vasta instrumentação e volante e alavanca de cambio no lado direito.

A traseira enorme, que abrigava o motor, seguia a mesma linha da capota sendo que na extremidade tinha um discreto spoiler incorporado. Esta parte da carroceria iria abrigar potentes propulsores de oito cilindros em “V” logo após os bancos. Detalhe interessante: – Havia um pneu estepe logo atrás! No meio deste grande capô, havia um flanco rebaixado onde o grande motor ficava a vista.

Em 1968 a FIA, Federação Internacional de Automobilismo limitou os motores para 5 litros. Este ato contrariou muitos construtores. O motor Chevrolet tinha 4.995 cm³. A taxa de compressão deste V8 era de 12:1 e sua potência era de 425 cavalos. Na versão CanAm chegava a ter 550 cavalos. Seu torque era de 55 mkgf. A caixa de marchas era uma Hewland passou a ser de cinco velocidades. Este modelo era mais leve e por isso mais veloz. Tinha 4,99 metros de comprimento, apenas 0,96 de altura e 2,41 de entre-eixos. A carroceria tinha elementos em alumínio, aço e fibra de vidro.

Pesava 850 quilos e sua velocidade máxima era de 320 km/h. Suas rodas eram de 15 polegadas e usava imensos pneus Avon Slicks na medida 9 x 23 x 15 na frente e 12,5 x 21 x 15 na traseira.  Sua suspensão dianteira tinha triângulos duplos, molas helicoidais, amortecedores telescópicos reguláveis e barra estabilizadora. Atrás triângulos simples, duplos tirantes e também molas helicoidais, amortecedores telescópicos reguláveis e barra estabilizadora,

Foi o segundo nos 1.000 Quilômetros de Monza neste ano, pois a concorrência já estava bem preparada.

Em 1969 o T70 MK III B ganhou as 24 Horas de Daytona. Em Monza também levou o troféu e também na prova Gold Cup na Inglaterra.

Em 1970 foi o 1º em Magny-Cours, na França, quando já deixava rastros de sua aposentadoria. E a parceria entre Eric e Sir John não existia mais para o bom desenvolvimento do bólido.

Foi considerado o carro mais robusto das temporadas de 1968 e 1969. Mas era pesado e por isso lento frente à poderosa concorrência dos Ferraris e Porsches da época. Não teve êxito.  Entre 1965 e 1969, 50 modelos T70 foram construídos e usados por várias equipes famosas.


Nas Telas

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No filme “24 Horas de Le Mans” de 1971 podem ser vistos vários modelos. Passou por mãos valiosas de pilotos afamados como Jô Bonnier, Denis Hulme e Brian Redman e Chris Craft.

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No ótimo filme 24 Horas de Le Mans, rodado na França em 1971 e protaganizado por Steve Mcqueen podem ser vistos vários modelos do Lola T70.

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Veja o Lola T70 na pista


Corridas Históricas.

Participa na Europa de corridas na categoria VHC (Veículos Históricos de Competição). Sobre a porta deste lê-se Avalone e Fittipaldi!

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Os exemplares são raros, mas dos pouco que existem, são muito dignos. Fazem bonito também nos concursos de elegância

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Artesanal

O italiano Franco Sbarro, sediado na Suíça, tem uma empresa especializada em construção de replicas. Sua obra-prima, na década de 70 eram os BMW 328 produzidos antes da Segunda Guerra Mundial. Eram muito bem construídos com acabamento esmerado. A pedido do pai da Lola fez também uma versão rua muito caprichada. Era equipado com motores V8 de origem Chevrolet ou Ford e até Ferrari. Os únicos defeitos apontados na época eram seu alto preço e o espaço limitado na cabine. Gente alta não entrava…


Um Lola T212 FVC 

O Modelo T600 Cosworth


Em Escala

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Um modelo bonito foi fabricado pela Solido francesa nos anos 70. Era na escala 1/43

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Visto de trás 

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MERCI BEAUCOUP AU ESPACE PRESSE PETER AUTO ET RICHARD MILLE POUR LES BELLES PHOTOS ICI.

Texto e montagem Francis Castaings. Demais fotos de divulgação

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