Ligier JS: O Esportivo do Piloto Francês
Guy Ligier marcou história no automobilismo francês. Quase todos os carros de Guy Ligier homenageavam seu grande amigo Jo Schlesser que morreu num acidente aos 40 anos. Daí o JS dos bólidos.
Em 1966 chegou a Fórmula Um, mas não desenvolveu carreira, pois ficou muito abalado com a morte do grande amigo, também piloto, Jo Schlesser, aos 40 anos em 1967, nascido em Apremont-la-Forêt, França.
Mas não pôs fim a sua genialidade e vontade de construir um pequeno esportivo para ser pilotado por jovens talentos. O objetivo era as provas de longa duração, muito comuns na época e os ralis.
No salão Paris em outubro de 1969 era apresentado o Ligier JS 1, iniciais que faziam homenagem ao amigo. O pequeno esportivo desenhado pelo competente estúdio italiano Frua, estava equipado com um motor Ford Cosworth FVA de 4 cilindros em linha, longitudinal, localizado logo atrás dos bancos.
O cambio de 5 marchas tinha a marca Hewland. Sua carroceria era em poliéster.
Seu chassi era em Klégecell.
Tratava-se de uma espuma de poliuretano que ficava entre folhas de liga leve. Um sanduíche que se mostrou eficiente. Abaixo um Ligier JS3 1969 DFV
Neste primeiro ano estreia nas pistas, no Cryterium des Cevennes, quebra o suporte do motor e abandona. No ano seguinte, em 22 de março, no circuito de Albi, no país natal, ganha a primeira prova nas mãos do criador . O motor era um Cosworth FVC-1800.
Também triunfou em Montlhery no mês seguinte e depois tirava o terceiro lugar em Magny Cours. Para a Volta da França teve seu motor trocado por um Ford V6, originário do modelo Capri, com 2.400 cm³ e 215 cavalos. Também seu chassi foi aumentado no comprimento e trocou os faróis retangulares originais por quatro redondos. Esta foi a primeira experiência numa corrida longa.
Em 1971 continuava sua perseguição por glorias nas pistas. Na corrida de 3 Horas de duração, realizada na Ilha de Man, na Inglaterra tirava a segunda colocação. Em Linas Montlhery, na França, tornava a ganhar. A motorização continuava sendo a Ford DFV.
A produção em série era muito pequena e o regulamento FIA na época exigia a produção mínima de 500 unidades “civis” para homologação na categoria GT. Por isso competia na categoria protótipos tendo então que enfrentar fabricantes muito mais potentes e tradicionais.
Em novembro do mesmo ano, a pequena berlineta, de linhas aerodinâmicas, modernas e bonitas , começava a ser produzida em série na cidade de Vichy. Tinha 4,25 metros de comprimento, 1,15 de altura e pesava 850 quilos. Seus faróis, faroletes, para-choques e outras peças eram originarias de carros franceses de produção em série. Para um esportivo, seus vidros eram “altos”. Não comprometia o designer e ajudava na visibilidade.
Este modelo, denominado JS2 tinha o mesmo motor do esportivo de luxo Citroën SM . A colaboração da grande fábrica francesa foi duradoura, até o final da produção do pequeno esportivo e por este motivo encorajava novos compradores.
O seis cilindros em “V”, de liga leve, originário da casa italiana Maserati, tinha 2.670 cm³, desenvolvia 170 cavalos e ficava em posição central na traseira. Tinha duplo comando de válvulas no cabeçote, e três carburadores de corpo duplo da marca Weber . Este mesmo motor equipava também o Maserati Merak. Mas eles recebiam afinamentos diferentes.Seu cambio, de relações curtas, tinha 5 marchas e sua tração era traseira. Este já não era mais o inglês e sim originário da Citroën. Sua velocidade final era de 240 km/h.
A suspensão era independente nas 4 rodas e combinava conforto e estabilidade. Os pneus, equipados com bonitas rodas de quatro raios trapezoidais, eram da medida 195-70×14 na dianteira e 225-70×14 na traseira. Por volta de 50 modelos foram construídos nesta configuração. Abaixo um Ligier JS 3 DFV 1971
Em 1972 seu único sucesso em competições com o motor V6 foi no Rali de Bayonne, cidade de origem basca no sul da França. Tirou o primeiro lugar nas mãos de Jean François Piot.
Em 1973 sua potência foi aumentada. Passa a ter o deslocamento volumétrico de 2.965 cm³ e 195 cavalos a 5.500 rpm. Sua taxa de compressão era de 9:1.Os freios, a disco nas 4 rodas, eram provenientes do sedã CX da Citroën. A máxima agora era de 247 km/h e chegava a 100 em 8,7 segundos. Números bons e ameaçadores para GT ‘s bem mais famosos. O carro era bom de curvas, com leve tendência de sair de traseira e eficiente em retas também. Seus concorrentes em preço e performance eram o Porsche 911 S e o Ferrari Dino 246 GT. Contrariando a maioria dos esportivos, o acesso a bordo era muito bom. Por dentro a instrumentação era completa dispondo de tudo que um esportivo necessita. A maioria dos acessórios era de origem Peugeot.
O volante de três raios, que não tinha assistência hidráulica, ficava próximo da alavanca de marchas, de posição alta devido ao túnel central, e facilitava a condução esportiva. Os bancos de encosto alto acomodavam com muito conforto dois adultos.
Para Le Mans foram preparados carros mais potentes. Por fora era visível o enorme aerofólio traseiro, grande entrada de ar no final da capota e saias dianteiras. Era patrocinado pela Companhia Petrolífera Total e seu motor Maserati tinha 4 válvulas por cilindro e desenvolvia 330 cavalos. Nesta famosa prova não obteve muito sucesso, mas venceu na maioria das regionais.
Em junho de 1975, equipado com um motor V8 Ford Cosworth, obteve o segundo lugar geral na famosa 24 Horas de Le Mans. Foi pilotado pela dupla Jean-Louis Lafosse e Guy Chasseuil. Deixou muitos Porsche Carrera RS para trás …
Pouco antes, por causa de dificuldades financeiras da Citroën, a produção em série do modelo de rua havia sido interrompida deixando saudades em muita gente na França. As últimas mudanças foram a introdução de faróis escamoteáveis, faixas laterais, de gosto duvidoso, que identificava o modelo e outros pequenos detalhes.
Na Volta da França Histórica ( Tour Auto Historique) , edição 2000, que envolveu vários automóveis de várias marcas celebres antigas, o JS2 que correu em Le Mans em 1975 estava lá pilotado por Jean Claude Andruet. Abaixo um JS3
Nas outras edições de 2001 e 2002 também participou como sempre faz nas outras provas envolvendo carros antigos.
Em 1967 nas 24 Horas de Le Mans Guy Ligier e Jo Schlesser pilotaram este Ford GT40 Conheça
Guy Ligier faleceu em 23 de agosto de 2015 (85 anos) em Nevers, França
Montou sua equipe de Fórmula Um com os famosos carros azuis que usaram motores Matra, Ford Cosworth, Renault, Megatron, Judd, Lamborghini e Mugen-Honda. Fez sua estreia no Brasil Grande Prêmio de 1976. O Último foi o Grande Prêmio do Japão em 1996. Conquistou nove vitórias e correu 326 grandes prêmios e foi o segundo lugar no campeonato de construtores em 1980.
Teve sob sua batuta os pilotos:
- Jacques Laffite – Piloto mais importante da Ligier, Laffite (quarto lugar em 1979 e em 1980) encerrou sua longa carreira na F-1 após sofrer acidente em Brands Hatch, em 1986. Ele havia regressado à equipe em 1985, após uma passagem pela Williams.
- Didier Pironi apareceu para a F-1 correndo na equipe em 1980. Seu desempenho no ano levou-o a ser contratado pela Ferrari no ano seguinte, para o lugar de Jody Scheckter, que havia encerrado a carreira.
- Patrick Depailler – Depailler disputou apenas sete provas pela Ligier em 1979, tendo vencido o GP da Espanha. Um acidente de asa-delta o tirou do resto da temporada e seu lugar foi ocupado pelo belga Jacky Ickx.
- René Arnoux – Lembrado por suas passagens por Renault e Ferrari, Arnoux se aposentou da F-1 pela Ligier, onde correu entre 1986 e 1989, ano de sua despedida. Seu melhor resultado foi um quarto lugar, obtido nos GPs de Brasil, Inglaterra e Alemanha, todos em 1986.
- Thierry Boutsen – Apesar de sua experiência, o belga pouco fez na escuderia, tendo marcado apenas dois pontos (últimos de sua carreira na F-1) em 1992, evitando que o time ficasse zerado pelo segundo ano seguido.
- ‘Martin Brundle – Dispensado da Benetton, Brundle correu em 1993 e em 1995, sendo que neste último ano, voltaria à Ligier após passagem razoável na McLaren no ano anterior. Obteve dois pódios. Assim como Brundle, conquistou dois pódios pela Ligier, ambos em 1993, antes de assinar com a Tyrrell.
- Olivier Panis – Segundo maior pontuador da Ligier, conquistou a última vitória da equipe (e única de sua carreira) no GP de Mônaco de 1996.
Honrou a França, teve muito prestígio em seu país e na Europa pelos seus carros esportivos, protótipos,fórmulas e seus mini carros. Marcou pele sua simpatia, tempera,competência e profissionalismo!
Neste século preservou seu legado no campeonato mundial de Endurance. Abaixo um Ligier JSP217 com motor V8 Gibson na categoria LMP2 M (LMP1 (Le Mans Prototype 1)
Outro piloto ex Fórmula Um estava lá. Juan Pablo Montoya pilotou um Ligier JS P217 também com motor Gibson da equipe United Autosports, categoria LMP2 (European Le Mans Series) junto com Owen e De Sadeleer. Chegaram em 10º lugar e completaram 365 voltas
O Ligier JSP2
Texto, fotos e montagem Francis Castaings – Demais fotos são de artigos das organizações Peter Auto, Automobile Club de L’Ouest (Le Mans), fotos de divulgação e Conservatório Monoplace Francês foto de Florian GAUDICHEAU
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