O Revolucionário e Luxuoso Democrata: Um belo cupê nacional de vida curta

O Revolucionário e Luxuoso Democrata: Um belo cupê nacional de vida curta

O Democrata, foi um cupê de linhas muito atraentes, nascido em 1963, que surgiu a partir da ideia do empresário Nelson Fernandes de produzir um automóvel de luxo com capital e projeto brasileiros, além de preço bastante competitivo. Infelizmente poucas unidades foram fabricadas.

Por problemas, incontáveis, com investidores, imprensa, políticos… a Indústria Brasileira de Automóveis Presidente (IBAP) foi uma empresa automobilística brasileira que não foi para a frente. Foi fundada em 1963 pelo empresário Nelson Fernandes, em São Bernardo do Campo, no estado de São Paulo. Inicialmente com 120 funcionários, estes teriam benefícios como título de propriedade da IBAP, participação na diretoria, desconto na compra do carro e preferência para se tornarem revendedores. O empresário Fernandes, assim como João Augusto do Amaral Gurgel, tinha o sonho de criar automóveis modernos, para os padrões nacionais, e com projeto 100% nacional. Ou quase. Nota-se na foto acima as entradas de ar para o motor V6.

Uma fábrica de 300.000 metros quadrados foi erguida em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. “Os funcionários da Ibap também seriam sócios-proprietários da empresa”. “A motivação dos funcionários era exemplar e não havia desperdícios, eles sabiam que aquilo também seria deles.” Nelson Fernandes tinha intenção também de fabricar pequenos, micro carros, com até 500 cm³.

O cupê tinha uma grade cromada falsa na dianteira, pois seu motor era traseiro. Foi pensado na época na colocação do motor e chassi do Chevrolet Corvair americano, mas a opção recaiu sobre um motor traseiro de origem italiana ( projetado pela italiana Procosauton (Proggetazione Costruzione Auto Motori), longitudinal, arrefecido a água, com seis cilindros em “V”, a 60 graus, cilindrada de 2.527 cm³, com duplo comando de válvulas no cabeçote. Bloco e cabeçote eram em liga de alumínio fundido. Sua potência era de 120 cavalos a 4.500 rpm. A taxa de compressão era de 8,2:1. Era muito avançado para nossos padrões. Iria concorrer com os sedãs FNM 2000, Simca Chambord, Aero Willys e importados também. Fato interessante era ter duas portas que seria uma tendência nacional a partir dos anos 70. Foi pensado num modelo de quatro portas.

Sua visibilidade era ótima e iam cinco passageiros com conforto em seus bancos de couro. Por dentro tinha painel, com fundo que imitava madeira de jacarandá, era muito bem equipado com marcador de temperatura do motor, conta-giros graduado a 8.000 rpm, marcador de nível de combustível, velocímetro graduado a 180 km/h e nível do tanque de combustível. Em alguns modelos foram montados relógio de horas. O belo volante de três raios, da marca Valrod, tinha tamanho adequado e abaixo do painel principal era equipado com rádio AM. Um luxo na época. Detalhe interessante era a chave de ignição do lado esquerdo.

Sua alavanca de marchas, com pomo de madeira, ficava sobre um belo console. Tinha quatro velocidade e sua tração era traseira.

Sua carroceria era plástico reforçado com fibra de vidro e pesava 1.150 quilos. Abaixo operários trabalhando num dos primeiros modelos. Era um carro de produção artesanal. A intenção era produzir 350 veículos por dia! Mas não passaram de cinco modelos segundo algumas fontes.

Algumas unidade percorreram várias cidades do país para divulgar o novo automóvel.

Esteve em Brasília também. Seu desenho misturava linha europeias e americanas. Poucos frisos e discrição.

Sua suspensão dianteira era independente, com braços triangulares superiores,molas helicoidais, amortecedores hidráulicos de dupla ação. A traseira tinha semi-eixos oscilantes, braços longitudinais, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos de dupla ação. Usava rodas bonitas com desenho original e na medida 15 x 5 com belas calotas

Infelizmente a fábrica fechou em 1968 e Nelson Fernandes foi inocentado de vários processos em que foi acusado. Nasceu em fevereiro de 1931 e faleceu em janeiro de 2020. Cerca de três modelos existem em perfeito estado graças a uma restauração rigorosa de colecionadores.


Texto e montagem Francis Castaings. Foto em cores do amigo Luciano Rocha integrante do grupo AVAANT (Associação Valadarence de Autos Antigos Antigos). Facebook https://www.facebook.com/avaant2007 feitas no o Museu do Automóvel de Canela ,Rio Grande do Sul. Fotos em preto e branco são de divulgação.

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