O Carcará – Em 1966, o Carcará bateu o recorde brasileiro de velocidade!
Em de 29 de junho de 1966, na antiga BR-2 Rio-Santos (atual Avenida das Américas, Rio de Janeiro, Barra da Tijuca), um carro baixo, carenado, na cor branca, estava prestes a alcançar uma grande façanha! Seu nome era Carcará. Trata-se de uma espécie de ave de rapina da família dos falconídeos. Pode medir até 60 centímetros e tem envergadura chega a 123 centímetros . Habita o centro e o sul de toda a América do Sul.
E na época, uma canção de mesmo nome, interpretada por Maria Bethânia, fazia sucesso no país. Na letra: o pássaro que “pega, mata e come, mais coragem do que homem, o bicho que avoa que nem avião”. O Carcará tinha semelhanças com o modelo Auto Union de recordes da década de 30.
O bólido, com carroceria muito aerodinâmica estava prestes, na estrada de pouca qualidade, estabeleceu o primeiro recorde brasileiro de velocidade absoluta, que seria homologado segundo padrões internacionais de medição. Atingiu 212,903 km/h com um motor DKW de 1.100 cm³ e potência de 104 cavalos. O motor foi preparado por Miguel Crispim,que se tornou famoso na década de 60 por preparar motores para a equipe oficial de fábrica. A potência chegou a ser elogiada pelos alemães! Quem pilotou o bólido foi Norman Casari que fez duas passagens na medição. Na época o carro foi pintado de branco (cor tradicional nas pistas usada pela marca Vemag-DKW)
O projeto Carcará teve apoio da Editora Abril, na pessoa do diretor de redação da Revista Quatro Rodas, Leszek Bilyk . Ele era muito amigo de Jorge Lettry (nascido em Ivrea, na região piemontesa, norte da Itália. Chegou ao Brasil com menos de um ano de idade no principio da década de 30 com os pais e irmãos. Como a maioria dos italianos que aqui chegavam em busca de uma nova vida se estabeleceram no Estado de São Paulo, na cidade onde desembarcaram, Santos no litoral paulista. Conheça este grande homem
Na de 60 e em 1961 Jorge Lettry era enviado a Auto Union na Alemanha para fazer um estágio. Neste ano o Departamento de competições da empresa no Brasil era comandado por Otto Kuttner e Miguel Crispim, este último, outro grande companheiro de Jorge. A equipe de pilotos era formada dois nomes muito afamados na época. Eram o paranaense César Camargo Marinho e paulistano Bird Clemente (abaixo) .
A Editora Abril importou um cronômetro muito preciso da marca Omega (Afamada empresa Suíça de relógios de alta precisão) para medir o tempo, havia foto-células na pista, outros equipamentos e cerca de oito homens incluindo os pilotos, imprensa, policiais militares rodoviários para bloquear o trecho da estrada onde ocorria o teste. A carroceria era de alumínio, moldada a mão, de forma artesanal, na fazenda de Matão, interior de São Paulo, a mesma onde nasceu o projeto do Puma GT, foi montada sobre um chassi de Fórmula Júnior (Abaixo ).
O motor era em posição central-traseira.O projeto do Fórmula (acima) era obra de do grande e pioneiro Chico Landi e Toni Bianco (Leia sobre seus carros). A categoria infelizmente não teve sucesso. O volante do monoposto, como se pode ver acima, era muito grande e segundo relatos, contribuiu para reduzir problemas de estabilidade direcional e era colocado no cockpit após a entrada do piloto! Tem-se notícia que era o único Fórmula Júnior com motor e chassi DKW. Pesava apenas 390 quilos e precisou de lastro para se enquadrar no regulamento da FIA ( Federação Internacional de Automobilismo).
Desenho do Carcará abaixo do título e acima cedido gentilmente por Dan Palatnik.
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Texto, Fotos e montagem Francis Castaings.
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