Sunbeam Tiger: 60 anos em 2024
Os ingleses sempre gostaram de felinos. Tinham na marca Jaguar seu orgulho de luxo e esportividade. Mas esta marca não era a de único brilho no Reino Unido da Grã-Bretanha. A marca Sunbeam nasceu no final do século XIX com a fabricação de bicicletas. Logo após a virada, em 1901 começaram a fabricar carros com motores monocilíndricos. Anos depois, em 1923, com mudanças significativas e diversificação nos produtos, um de seus automóveis venceu o Grande Prêmio da França batendo as invencíveis marcas italianas e francesas.
A partir desta conquista começou a se destacar numa modalidade que estava no auge naqueles anos: – os recordes de velocidade. O famoso Malcolm Campbell, um assíduo das altas velocidades e muito competente, bateu dois em 1924 e 1925 passando dos 240,00 km/h. O “foguete” do início do século era um Sunbeam V12 que recebeu a denominação de Tiger. Depois, em 1927, Segrave, outro destaque, com um bólido equipado com Sunbeam Bimotor atingiu estratosféricos 327,00 km/h. Nos anos 50 a marca obtém varias vitórias na Copa dos Alpes, realizada em estradas na Suíça, Itália e França. O Sunbeam se destacava em várias modalidades do automobilismo. Em 1955, o grupo STD (Sunbeam-Talbot Ltd) foi adquirido pelo grupo Rootes. Em 1958 a empresa trabalhava no projeto de um pequeno esportivo para fazer concorrência ao MG A e ao Triumph TR3 que eram dois roadster de sucesso na Inglaterra e fora dela.
No ano seguinte foi lançado o esportivo Sunbeam Alpine. O pequeno conversível media 3,96 metros. Tinha 2 portas e era considerado um 2+2. Porém, como sempre nesta designação, muito bom só para dois ocupantes. Pesava 992 quilos. A frente tinha leve inclinação, grade estreita com formato meio oblonga e grande faróis redondos. Atrás tinha pequenos rabos de peixe de inspiração americana. O para-brisas alto mais na vertical se destacava dos concorrentes. Era um carro elegante e discreto. O motor dianteiro, arrefecido a água, tinha quatro cilindros em linha, 1.725 cm³ e 100 cavalos a 5.500 rpm. Era alimentado por dois carburadores de corpo duplo, em posição invertida, da marca Zenith.
Sua tração era traseira e caixa de marchas tinha 4 velocidades sendo que a 3ª e a 4ª eram overdrive. Na alavanca havia uma pequena haste para ser levantada para engatar a ré. O consumo era de 10 km/l e seu tanque tinha capacidade para 51 litros. Sua velocidade máxima era de 160 km/h um pouco abaixo dos concorrentes. O modelo cupê, fechado, com ou sem capota destacável, também muito interessante, apareceria em 1961. Em junho de 1962, o Sunbeam Alpine vai para a França e vence na sua classe as 24 horas de Le Mans.
No mesmo ano, nos Estados Unidos, a filial da empresa britânica encomenda a Carrol Shelby, famoso pela construção de seus esportivos e eficientes Cobra, a montagem de um motor V8 no pequeno Sunbeam. Pouco depois a Rootes entrega a fabricação do novo carro a Jensen, outra empresa famosa na construção de esportivos. Não era uma novidade um roadster inglês receber um “V oitão”
No Salão de Nova York, em 1964, o Sunbeam Tiger, nome em homenagem ao antigo carro de recordes, era apresentado ao público. Este já vinha com modificações na carroceria adotada um ano antes no irmão Alpine. A grade sofria ligeira alteração e a traseira estava mais moderna sendo que os rabos de peixe estavam menos pronunciados portanto mais discretos. Ficou mais bonito.
A firma tinha muito interesse em vender mais seus carros no país americano e colocando nele, um motor nativo, a atração seria natural. No modelo exposto no salão, o capô do motor era propositalmente transparente e atraiu muitos olhares.
Este propulsor era um oito cilindros em “V” do Ford Fairlane 260 polegadas cúbicas, arrefecido a água. Tinha 4.261 cm³ e 164 cavalos a 4.440 rpm. Tanto o bloco motor quanto o cabeçote eram em ferro fundido.
A alimentação era feita por dois carburadores duplos. Os mecânicos nunca elogiaram o acesso a este para manutenção. O motorzão ficava espremido na frente. Até o grande radiador ajudava a atrapalhar. Sua capacidade era de 13,7 litros. Sua tração era traseira e a caixa era manual de 4 velocidades. Seu peso subiu com o novo coração: 1.145 quilos. Mas mesmo assim era veloz. Chegava a 190 km/h. Um de seus concorrentes agora, com esta motorização, era o Morgan Plus 8. O que o distinguia do irmão de quatro cilindros era a inscrição Tiger nos frisos dos para-lamas dianteiros, o dístico V8 abaixo deste e o duplo escapamento traseiro. A suspensão dianteira, independente, tinha amortecedores telescópicos e molas helicoidais. A traseira, tinha eixo rígido, amortecedores telescópicos e feixe de molas. Os freios eram a disco na frente e tambor atrás. Os pneus eram da medida 5.90 x 13. Com este equipamento a estabilidade era boa. A carroceria tinha uma certa inclinação nas curvas mais acentuadas, saia de traseira, mas nada que comprometesse. Se o condutor exagerasse, a traseira fugia de forma impiedosa. Na chuva, era melhor não arriscar. Como se tratava de um conversível, bom mesmo era rodar sem capota e com piso seco.
Detalhe interessante eram os dois tanques de gasolina, um em cada extremidade, na traseira, abaixo dos para-lamas. Por dentro era discreto e charmoso. O volante de dois raios era de madeira e o aro da buzina cromado. O painel, também de madeira, tinha todos os instrumentos necessários e úteis na condução esportiva. O velocímetro porém era um pouco otimista. Era graduado até 225 km/h. No final de 1964 a Chrysler americana compra o grupo Rootes e o futuro do Tiger passa a ser incerto por causa da mecânica Ford.Mesmo assim, em dezembro de 1966 o motor 260 é substituído pelo motor do Ford Mustang 289. O Sunbeam Tiger passa a ter 200 cavalos e a velocidade final chegava a 200 km/h. Seis meses depois, a produção do Tiger é interrompida. Foram fabricados 7.100 modelos. Provavelmente a Chrysler não se interessou em montar um V8 do Dodge ou Plymouth neste.
Nas Telas
Ficou eternizado nas telas. Era o conversível que dava a freada brusca em frente ao prédio do Controle, órgão de agentes especiais contra o crime onde trabalhava Maxwell Smart, o inesquecível Agente 86. Só que este tinha “acessórios” especiais como assento ejetável, acendedor de cigarros que virava lançador de granadas, cano de descarga falso que era metralhadora, etc…
Também com Sean Connery no primeiro James Bond. Em Dr. No foi perseguido por uma funerária Cadillac quando ia para a casa de Miss Taro. Fugindo do Cadillac La Salle com firmeza. Há sessenta anos!
Em ótimas cenas Veja um trecho
A miniatura
Bem detalhada, na escala 1/43, base e caixa acrílica. Cenário inclusive.
Thomas Sean Connery foi um ator escocês. Ficou mundialmente conhecido como o primeiro e mais célebre ator a interpretar James Bond, agente secreto do MI6 britânico, no cinema, protagonizando 6 filmes entre 1962 e 1971. E em 1983 – Never Say Never Again (007 – Nunca Mais Outra Vez)
Texto, foto principal e montagem Francis Castaings. Demais fotos de publicação
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