Renault R4 L: Um carro popular para um homem muito popular no mundo!

Renault R4 L: Um carro popular para um homem muito popular no mundo!

Um carro popular francês tem uma história que deixou o Papa Francisco, Jorge Mario Bergoglio, muito feliz. Nascido em Flores, cidade que faz parte da grande Buenos Aires, Argentina, em 17 de dezembro de 1936 e faleceu infelizmente no Vaticano, 21 de abril de 2025. Abaixo o modelo no Museu do Vaticano

 Em 2013, poucas semanas após sua eleição, ele recebeu uma carta de um padre italiano da diocese de Verona, região do Vêneto, Dom Renzo Zocca, hoje com 70 anos, ficou particularmente comovido com o sonho do novo Papa de ver uma Igreja dos pobres servindo aos mais pobres. Com o desejo de encontrar um homem que se tornaria muito popular, Renzo que tinha  experiência com as periferias das pequenas e grandes cidades da Itália. E queria ir ao Vaticano dar um presente espacial para o Santo Papa. E seria um carro popular para um padre muito popular. Era um Renault R4L branco, um automóvel muito simples. O padre Renzo Zocca percorreu seu bairro, sua cidade e toda a Itália para honrar sua missão de pároco. “Não é melhor dá-lo aos pobres?

Três semanas depois de enviar uma carta ao Vaticano, o telefone de Don Renzo Zocca tocou. Era o Papa! Mais tarde Renzo disse: Perdi o fôlego. Não sabia o que dizer!” A conversa foi  tranquila, durou cerca de meia hora. E o pontífice argentino imediatamente perguntou se o R4L poderia ser usado pelo padre? “Não é melhor doá-lo aos pobres?”, insistiu. Dom Renzo Zocca responde que ela já havia doado muito aos pobres e que agora precisa ir a Roma. A data da entrega do simpático e simples Renault chegou ao Vaticano em 7 de setembro de 2013. O 4L branco completamente revisado entrou na Cidade do Vaticano. Acima e abaixo Dom Renzo Zocca de preto e camisa branca

O Papa saiu de Santa Marta (residência onde estava hospedado e houve um afetuoso abraço entre Renzo e Francisco. Então o Papa sobe entrou no pequeno popular deixando o padre dirigir bem devagar.  E todos em volta do pátio ficaram emocionados. E o 4L se tornou o mais novo papamóvel. Conheça a Fundação Renzo Zocca

Após despedirem, o Papa, que estava prestes a sair sozinho ao volante, mas disse que já havia possuído um R4L, que os argentinos chamavam de “Renoleta”. E o time de Futebol preferido Em homenagem ao um grande homem do século XX e XXI. Viva Francisco!


A história do Renault 4L

No final dos anos 50, os carros populares que faziam sucesso na França eram o Citroën 2 CV e o Renault 4 CV. Este ultimo, conhecido aqui no Brasil como Renault Rabo Quente, devido a posição do motor na traseira, já estava envelhecido já que seu lançamento datava de 1946.

A Régie Renault que, na época era uma estatal francesa, tinha como presidente Pierre Dreyfus. Este, em 1956, reuniu sua melhor equipe de técnicos e engenheiros para lançar a ideia de um novo projeto. Este foi chamado de 350 pois o preço do novo carro não poderia passar dos 350.000 francos. Queria um carro simples, moderno, barato e funcional capaz de atender todas as classes sociais em todas as regiões. Eficaz em estradas asfaltadas e no campo. Um polivalente.

O primeiro protótipo começou a rodar fazendo testes na França, no norte da África e também nos EUA no estado de Minnesota. Nestas duas regiões ele experimentaria temperaturas extremamente opostas e muito rigorosas. Percorreram ao todo 2.900.000 quilômetros em testes severos. O objetivo do novo veículo era combater o pequeno Citroën no território natal e fora, no restante da Europa, o VW sedã, o Fiat 600 e o Mini inglês. Vale ressaltar que nenhum deles passava dos 120 km/h nem numa descida e com vento a favor.

Estava designado que o carro teria por volta de 600 cm³ e 20 cavalos de potência. Vários motores foram testados e por fim foi decidido que herdaria boa parte da mecânica do Renault 4CV, mas sua tração seria dianteira. Seria o primeiro carro da Renault com esta configuração.

Em 1961 o último 4 CV deixava a linha de montagem de Billancourt, sede principal da fábrica encravada numa ilha na região parisiense em julho e em outubro, no salão da capital francesa é apresentado o Renault 4 L que ficaria apelidado para sempre como R4.  Tratava-se de um dois volumes de 3,68 metros, cinco portas de ótimo acesso, motor e tração dianteira. Não era bonito, não era feio. Agradou, o carrinho era muito simpático. Na frente dois faróis redondos ladeavam a grade de desenho trapezoidal invertido.  Visto de lado o destaque ficava por conta dos três vidros laterais que proporcionava  ótima visibilidade.

Seu motor tinha quatro cilindros em linha, dianteiro, longitudinal, e arrefecido a  água. Tinha 603 cm³ e potência de 20 cavalos a 4.700 rpm. Sua velocidade máxima era de 95 km/h. Sua caixa tinha três de marchas e seu peso era de apenas 570 quilos.  A capacidade do tanque era de 26 litros de gasolina e o consumo de 15 km/l. O capô abria-se de trás para a frente. Como um Jaguar E-Type … A suspensão, independente nas 4 rodas, tinha barras de torção e amortecedores hidráulicos. Inclinava demais nas curvas, chegando a assustar, mas não desgrudava. Tinha boa estabilidade e enfrentava bem as estradas sinuosas das montanhas europeias. Usava pneus 135 x 330. Por dentro era de uma simplicidade ímpar. Acomodava bem quatro passageiros em bancos super simples. Só tinha forro sendo que a estrutura era visível por trás e de lado. Um familiar com conforto modesto. E o espaço para malas também era razoável.

Na frente do volante de três raios ficava o velocímetro e o marcador de combustível. O espelho retrovisor interno era apoiado no centro do painel.  Lugar para colocar mapas, lanternas e várias bugigangas não faltavam abaixo do painel.A alavanca de marchas vinha do centro do painel como o Citroën 2CV. Quem trocasse de marca não ia estranhar… Os vidros das portas só abriam até a metade no sentido horizontal. Para país de clima frio não atrapalhava… mas na África.

Neste ano também foi lançado o R3 que nada mais era que um R4 despojado. Não tinha calotas, as janelas traseiras eram fechadas e os para-choques eram pintados ao invés de cromados. Fez pouco sucesso e logo a fábrica abandonou a ideia de produzi-lo após 2.526 unidades.

Em 1962 era lançada a versão R4 Super. Um dos destaques era a abertura bi-partida da porta traseira que era basculante e o vidro descendente. A outra versão com a tampa inteiriça, continuava a ser fabricada, era muito apreciada e chamada carinhosamente de porta de serviço. O motor ganhava potência. Passava a ter 747 cm³ e 27 cavalos. Um novo cambio de 4 marchas estava disponível e a velocidade máxima rompia a barreira dos 100 km/h. Em todas as versões o grande teto solar de lona opcional trazia um certo charme e teve grande aceitação. Custava 5% do preço do veículo.

O sucesso era grande tanto na cidade quanto no interior e no campo a aceitação foi ótima. Fácil de estacionar e ágil, seu diâmetro de giro era de apenas  8,60 metros. Enfrentava muito bem terrenos irregulares e acidentados. E para quem gostava de aventuras o carrinho não reclamava.  Em 1964 já tinha sido comercializadas 500.000 unidades do R4L.

Em 1965 chega a versão “Parisiense”. A lateral inferior, a partir da porta dianteira, recebia um pintura xadrez escocesa, vermelha e preta, ou outra com tons de bambu e fundo preto quadriculada. Ainda era reconhecível por fora por calotas maiores cromadas, frisos laterais cromados e nas molduras de placas. No R4L ela sempre foi quadrada atrás e retangular na frente. Sem problemas com a legislação… Por dentro os bancos dianteiros eram individuais e o traseiro rebatível. Chamava a atenção e tinha um certo charme principalmente diante o público feminino. Foram até fabricadas malas, frasqueiras e bolsas com a mesma decoração. Também o motor crescera de potência. Passava a 845 cm³ e 34 cavalos. Chegava agora a 115 km/h.

Todos os modelos tinham ar frio e ar quente, limpadores de para-brisas elétrico, para-sois reguláveis, aparelho anti-furto que cortava a corrente e trava de volante. Também luzes de setas direcionais na frente e atrás.

Um ano depois ganhou uma grade maior, oblonga ocupando toda a frente. Ficou mais moderno. Todos os bancos tinham forração completa e os para-choques passavam a ser cromados. O painel também ganha um desenho novo. Abaixo vários modelos num encontro especial 4L do Clube Vincenne en Anciennes

Também disponíveis estavam as versões furgão que tinha a capacidade de carga aumentada e era muito boa. Poderia vir com ou sem vidros laterais. A parte atrás da cabine era mais alta e mais larga. Alguns modelos dispunham de bagageiro o que aumentava mais ainda a capacidade de carga. O cliente poderia optar por porta traseira de abertura lateral ou vertical bi-partida. 

No princípio de 1966 o primeiro milhão de unidades vendidas era alcançado. Em 1967 um novo desenho de painel chega. Continua simples, mas agrada e é mais moderno. Em setembro de 1970 o modelo Rodeo era apresentado.

Com carroceria em plástico reforçado com fibra de vidro, tratava-se de um jipinho, de desenho muito simples, com mecânica do R4. Tinha 2 portas e capota de lona. Era um concorrente do Citroën Méhari que era derivado do Citroën 2 CV.

Em 1973 a concorrência era ainda maior para perturbar o velho R4. Na mesma faixa de preço, além dos antigos “inimigos”, estavam o Ford Escort L, o Simca 1100 LS, o Opel Kadett L, o Poski Fiat 1300 (Lada Laika), o Fiat 126 e 127, o DAF 44 e o Autobianchi 112 E. Um de cada canto da Europa.  A gama do Renault neste ano era composta dos modelos L, Export, TL e Safári.

Em 1975 ganha novos para-choques e a grade torna-se retangular. O novo painel, com acabamento quase todo preto, maior e mais seguro, com embrorrachamentos teve inspiração no irmão R5 mais moderno. A alavanca de cambio continuava no meio… e o retrovisor também sobre o painel. Os bancos estavam mais anatômicos, mais confortáveis e com encosto para a cabeça.Também enfrentou um crash-test  encomendado pela revista alemã Auto Motor und Sport e se saiu bem!

Em 1977 completava cinco milhões de unidades produzidas. Números expressivos que confirmavam o sucesso do carro.

Em 1983 ganhava freios a disco dianteiros e novamente o motor ganha potência. A versão mais “brava”, denominada GTL, está com 1.108 cm³ e a velocidade final chega aos 122 km/h. Tinha 5 mancais e potência de 34 cavalos a 4.000 rpm. Já podia ficar mais a vontade nas auto-estradas sem causar constrangimento ao proprietário e nem enervar outros motoristas de carros mais rápidos.

O painel novamente mudava e a quantidade de luzes espia era grande. Só o velocímetro e o marcador de combustível tinham indicadores analógicos. O console também estava com desenho mais de acordo com a época. Bancos mais confortáveis com tecidos novos e coloridos compunham o novo pacote.

Por fora distinguia-se pela frestas de grade maiores, para-choques e protetores laterais na cor cinza claro. Já contava também com um tanque de combustível maior com capacidade de 34 litros e novos pneus 145 SR 13.

Apesar do inegável ar nostálgico a produção ia bem e em 1990 existiam as versões  Savana e GTL Clan. Esta ultima era a mais veloz, mais bem equipada e ambas usavam gasolina comum que era um forte argumento frente a concorrência e ótimo apelo aos compradores. Foi exportado e fabricado em vários países como Espanha e Iugoslávia.

Os anos se passavam, a linha Renault tinha muitos modelos disponíveis em várias versões mas o R4 tornava-se único. Em 1992 foi lançada a versão Bye Bye que era uma série limitada. Foi a despedida do pequeno campeão. Após 8.135.424 unidades produzidas no mundo inteiro. O último modelo ficou na fábrica.  A Renault se orgulha de ter produzido um dos primeiros carros de uso misto do mundo. Dificilmente o Kangoo repetirá o sucesso


Em Escala

O Renault 4L F6 1986, branco, furgão, “Fleuriste” é da Universal Hobbies na escala 1/43.  O amarelo, também na escala 1/43 é da coleção Táxis do Mundo Antananarivo (República de Madagáscar) 1984.. O amarelo furgão na escala 1/64 é da Majorette francesa e o preto Parisenne é da Norev, ano 1964.

Também a Solido francesa apresentou um exemplar na escala 1/18 muito detalhado. Além da versão normal tem a furgoneta em diversas decorações. Não faltam cromados e o teto solar. Na década de 60, a Joustra fez modelos em acetato. Também na escala 1/18 em diversas versões. Valem muito e são raridades. Na escala 1/43 se destacam modelos da Dinky Toys inglesa , da Norev e também da competente portuguesa Vitesse. Todas caprichadas.Abaixo uma versão furgão em escala 1/1


Versatilidade

Este valente serviu e era quase carro oficial dos correios em vários países europeus. Também na polícia e nos bombeiros marcou presença. As empresas de entrega rápida também não o dispensavam. Manutenção simples e barata era o que mais atraía .


Publicidade

Nas publicidades foi rei. Numas delas citava a presença do pequeno e valente carro em 103 países. Noutra as peças da lataria como para-lamas, portas, para-choques e rodas estavam destacadas e com os preços a vista., Famílias no campo se divertindo, fazendeiros carregando, no super mercado, no pico das montanhas, etc. Não faltava humor e irreverência nelas. Acima pede-se para colocar as velas para navegar!


Nas Pistas

Nas competições o R4 também fez sucesso. No campeonato monomarca de Renaut-Cross-Elf durante 10 anos ele mostrou eficiência na terra e na neve. E também revelou e deu início a carreira de vários pilotos. O número de participantes era grande e o grid de largada era sempre uma emoção.

Era uma categoria barata e muito acessível. E tinha apoio direto da fábrica. Tirava-se para-choques, faróis, vidros (só o pára-brisas ficava) e adereços pouco úteis na velocidade. Por dentro arco de proteção e só o banco do piloto. Ia também para a pistas de asfalto. Só que o carro era mais completo, recebia poucas modificações mecânicas e tinha a suspensão rebaixada. Participou de várias edições do Rali de Monte Carlo e também do severo East African Safári.

Em 1979, na 1ª edição do Rali Paris-Dakar fez sua estreia nas areias do continente africano. Em 1980 um versão com quatro rodas motrizes e motor do Renault 5 Alpine de 1400 cm³ e 110 cavalos, nas mãos dos competentes irmãos Marreau, chegou em 5º lugar na classificação geral. Era mais alto ainda e o que chamava a atenção era o cano de descarga que saia do capô dianteiro e subia pela capota.  Chegou na frente de carros muito mais famosos e “esportes”.


Versões Especiais e Acessórios

As versões especiais construídas por produtores independentes começaram a aparecer. Alguns foram bem sucedidos.  A primeira foi feita pela Firma Simpar. Tratava-se de um R4 com quatro  rodas motrizes. Um dos melhores clientes foram as forças armadas. A mesma também fez uma versão civil com capota de lona removível tornando-se, quando o tempo estava bom, num “conversível”. Não tinha portas e era muito descontraído. Fez muito sucesso no litoral da Costa Azul francesa e também em campos de golfe. Um Bugue francês. Outros elevavam a altura do solo, colocavam barras anti-capotagem, pneus maiores e mais grossos, pinturas, grades agressivas, borrachões laterais e bancos especiais. Não decepcionavam. Abaixo e acima um JP4


Acessórios

Não faltaram fabricantes de faróis de neblina, grades e retrovisores esportivos, rodas de liga leve, volantinhos, protetores de grades e  para-choques, spoiler, etc..

Também capô preto fosco em fibra e pinturas psicodélicas…

Abaixo um Rodeo numa versão especial


Nas telas

Um ótimo filme, gênero comédia romântica, de 2010, produção americana, cujo nome original é Leap Year e chamado aqui no Brasil Casa Comigo!

Estrelado pela bela americana Amy Adams e pelo ator inglês Matthew Goode. O filme é sobre uma mulher que vai para a Irlanda atrás do seu namorado para aceita-la em casamento no dia bissexto, quando a tradição irlandesa diz que os homens não podem recusar-se a proposta de uma mulher para o casamento. Seus planos são interrompidos por uma série de acontecimentos, alguns hilários, que divide com Declan (Matthew Goode) que é um cozinheiro, dono de um bar e com um humor bem sarcástico que chega a irritar Anna (Amy Adams). Ela propõe a ele ajudar para fazer uma  viagem através do país, com um pequeno Renault 4, que Declan chama de “bebê”, mas que cai em um lago. Ele insiste em dizer que o carro é um clássico! Com um fim inesperado vale cada minuto.

Veja um trecho


O Carro do Papa Francisco

Foi o carro de Jorge Mario Bergoglio que é o Papa Francisco eleito em 13 de março de 2013. Muito amado em todo mundo e por isso muito popular como o carro. Simples foi a opção deste homem simples, mas muito culto, inteligente, popular e carismático!


Texto, fotos e montagem Francis Castaings. Demais foto de divulgação do site                               

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