Austin Westminster, Riley, Wolseley e Vanden Plas: Classe Palaciana

Austin Westminster, Riley, Wolseley e Vanden Plas: Classe Palaciana

O Palácio londrino de Westminster serve há anos como parlamento inglês. É monumental em tamanho, beleza e muito bem localizado as margens do Rio Tâmisa.

Ele faz parte da paisagem britânica muito tradicional. Guardadas as devidas proporções, marcas longevas de automóveis eram também muito tradicionais no século passado. Uma delas era a Austin fundada em Longbridge, no condado de Birmingham, em 1895, mas que começou a produzir veículos motorizados em 1906.

Na década de 50 a Austin já fazia parte do conglomerado BMC, a Bristih Motor Corporation. E se preparava para lançar um modelo de porte médio mais moderno, mas conservador bem aos costumes britânicos na época. O projeto, denominado ADO 10, do Escritório de Projetos da Austin (Austin Design Office), seria um modelo de quatro portas e três volumes. Em 1954 nascia o modelo A90 Westminster que substituía o A70 Hereford.

Com linhas muito arredondadas o sedã adotava a frente ponton muito em voga na época, tinha boa área envidraçada e linhas equilibradas. Na lateral tinha frisos discretos, mas com desenho pouco convencional. Na porta traseira tinha um “V” estilizado apontado para baixo. Na frente faróis circulares e grade oblonga com dois frisos cromados horizontais. Chamava a atenção a entrada de ar sobre o capô com cinco pequenos frisos dando-lhe certa agressividade. Media 4,34 metros de comprimento e tinha entre-eixos de 2,63. De 1954 a 1955 foram produzidas por volta de 55.000 unidades deste modelo cujo motor de seis cilindros em linha tinha 2.639 cm³, desenvolvia 85 cavalos e pertencia a série I6 que também servia ao esportivo irmão Austin Healey.

Em 1956 mudava a designação para A95 e recebia ligeiros retoques na carroceria. Por dentro era muito espaçoso e contava com apoio de braços dianteiros e traseiros para todos os passageiros. E já contava com bancos reclináveis. O porta-malas farto estava acima da concorrência e o pneu estepe se acomodava abaixo deste.

Porém esta configuração bem típica dos anos 50 não demorou a ser reestilizada. O estúdio italiano Pininfarina já havia participado de alguns projetos para a empresa e daria mais uma vez a sua contribuição. Em 1959 era apresentado no Salão de Londres o novo A99 Westminster acima e abaixo

O sedã tinha linhas muito bonitas e sua frente era muito semelhante ao Lancia Flaminia e também ao Peugeot 404 que seria lançado no ano seguinte. Os três tinham o mesmo tempero italiano.

Este novo sedã de quatro portas tinha 4,76 metros de comprimento, 2,80 de entre-eixos, altura de 1,52 e largura de 1,74 metros. Pesava 1.558 quilos. O que mais chamava a atenção, além de sua bela frente com faróis circulares e grade retangular era o discreto rabo-peixe traseiro com lanternas triangulares.

Seu motor, com bloco e cabeçote em ferro fundido tinha seis cilindros em linha, em posição longitudinal, era refrigerado a água e tinha deslocamento volumétrico de 2.912 cm³. Seu virabrequim tinha quatro mancais, suas válvulas eram no cabeçote com comando lateral e sua potência era de 103 cavalos a 4.500 rpm. Era alimentado por dois carburadores da marca SU em posição invertida e sua velocidade máxima era de 160 km/h. Levando-se em conta o peso do automóvel sua performance era muito satisfatória.

Sua transmissão era pouco comum. Tratava-se de um conjunto Borg-Warner com comando na coluna de direção com três velocidades sendo que as duas superiores era desmultiplicadas. Entrava em ação a partir dos 45 km/h. Caso o motorista quisesse utilizar as marchas inferiores bastava acelerar forte. Também era oferecida uma opção automática Borg-Warner Type 35. Sua tração era traseira

A suspensão dianteira tinha triângulos superpostos, molas helicoidais e barra estabilizadora. Atrás tinha eixo rígido, molas semi-elípticas e também barra estabilizadora. Seus freios dianteiros eram a disco e seus pneus eram na medida 7.00 x 14.

Por dentro levava com conforto cinco passageiros. A parte superior do painel era em borracha e a inferior em madeira. Ao centro tinha velocímetro e no outro mostrador também circular abrigava termômetro de água, nível do tanque e amperímetro. Ao centro dispunha de relógio de horas e rádio. O volante de dois raios tinha aro metálico para acionamento da buzina. Seu acabamento era correto e chegava a ser luxuoso.

No mesmo ano do lançamento as empresas de carrocerias especiais e mais luxuosas, as tradicionais Wolseley e Vanden Plas lançaram também suas versões do Westminster. Eram respectivamente o Wolseley 6/99 e o Vanden Plas Princess. O 6/99 era muito sofisticado em seu interior comparando-se aos Rolls e Bentley da época. Usava em seu painel farta instrumentação e muita madeira de ótima qualidade.

Porém sua frente se destacava pela grade vertical com frisos cromados, mais dois faróis circulares de menor diâmetro e para-choques mais parrudos com protetores. Seus para-lamas também tinham diferenças com relação ao Austin. Quanto ao Princess sua grade quadrada tinha ares mais nobres, para-choques também distintos e cores mais discretas que os irmãos. Seu interior era tão luxuoso quanto o modelo da Wolseley. Porém ambos pertenciam à classe executiva.

Em outubro de 1961 o Westminster passava a ter a denominação A 110. Seu motor ganhava mais potência passando a 122 cavalos a 4.750 rpm. Sua taxa de compressão era de 8,3:1 e o torque máximo era de 22,5 m.kgf a 2.750 rpm. Sua velocidade máxima passava a ser de 164 km/h e fazia de 0 a 100 km/h em 14 segundos.

Três anos mais tarde o Westminster tinha a denominação MK2 sem grandes novidades em sua carroceria, mas na parte mecânica ganhava caixa de marchas mecânica de quatro velocidades. Havia dois canos de descargas traseiros e passava a calçar pneus 7.50-13.

A grande novidade ficava por conta da versão Princess 4 Litre R. Adotava um motor Rolls-Royce FB60, todo fundido em alumínio, com seis cilindros em linha e 3.909 cm³ de cilindrada. Sua potência era de 175 cavalos a 4.800 rpm. Sua taxa de compressão era de 7,8:1, era alimentado também por dois carburadores SU e seu torque era de 30,1 m.kgf. Ainda se distinguia pelos seus freios a disco Lockheed. Sua velocidade máxima era de 177 km/h. Era fornecido exclusivamente com caixa automática Borg-Warner. Por fora se distinguia dos demais por ter traseira mais plana, sem os rabos-de-peixe e faroletes horizontais. Estas unidades eram feitas na cidade de Kingsbury.

Versões perua denominadas Vanden Plas Countryman foram feitas em pequenas unidades sendo que algumas delas para a Rainha Elizabeth e sua corte. Acima a versão argentina e abaixo o sedã Siam Di Tella

Estes automóveis distintos e de classe foram produzidos até 1968. Sem duvida um dos Austin mais belos já produzidos com destaque para o Wolseley 6/99, Riley e o Vanden Plas Princess.


Homenagem ao taxista em Buenos Aires Argentina

Foi fabricado como Siam Di Tella na Argentina 1960 entre 1966


PS: O carro azul é um Wolseley. Também foi, com a mesma carroceria Austin Cambridge Mark II, Morris Oxford, MG Magnette III e Siam di Tella


Texto e montagem Francis Castaings. Demais fotos de publicação

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