Humber Limited: Das duas as quatro rodas
Varias empresas automobilísticas começaram suas atividades no final do século XIX nos Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha e Itália. Começaram produzindo bicicletas, passaram pelas motocicletas, depois os triciclos e por fim os quadriciclos que se tornaram automóveis.
E foi assim com a inglesa Humber fundada por Thomas Humber na cidade de Sheffield em 1868. A empresa se desenvolveu tanto que tinha unidades fabris nas cidades de Nottingham, Beeston e Wolverhampton. Os ventos eram tão bons que abriram uma quarta fábrica em Coventry in 1889. Foi lá que começaram os triciclos e os primeiros quadriciclos motorizados.
Nesta data veio o primeiro veículo com motor de 3 ½ cavalos. Na virada do século, em 1903 já produziam um pequeno carro com chassi tubular e motor monocilíndrico de cinco cavalos.
Na década de 20 a companhia comprou Commer Cars em 1926. Dois anos depois, em 1928 passava as mãos da Hillman e, em 1932, ambas estavam inseridas no Grupo Rootes. E a Humber seria a marca topo de linha.
Antes da Segunda Guerra fabricou modelos de destaque como o Snipe, sua versão alongada Pullman e uma mais luxuosa deste chamada Snipe Imperial.
Durante o conflito se destacou por carros de combate e caminhões que se tornaram famosos na África junto com o Marechal Montgomery. Após a segunda Guerra continuou com os modelos de antes com algumas poucas mudanças e lançava também o modelo Hawk Mk1 com quarto cilindros, 1944 cm³ e 56 cavalos.
O Grupo Rootes já pertencia a Chrysler americana. E a Hillman e a Humber já tinham projetos em andamento. Tratava-se do Sceptre que foi lançado no Salão de Bruxelas, na Bélgica, em 1962.
Um novo carro, mas com linhas já velhas. Ia nascer Hillman, mas os dirigentes da Rootes decidiram pela marca Humber por ter mais prestígio. O sedã de três volumes tinha um para-brisas envolvente e alto. Mais baixo, o vidro traseiro também era visto da lateral do veículo. Tinha ótima visibilidade. A carroceria misturava linhas curvas e retas.
Na frente quatro faróis circulares e a grade quadrada do radiador seguiam a tendência de estilo tradicional britânica dos Rolls, Jaguar, Alvis e Daimler. Perpendicular a esta, havia grades de entrada de ar que contornavam a frente até a lateral do para-lamas dianteiro. Embutidas, havia luzes de direção. Atrás rabos de peixe discretos e lanternas horizontais oblongas.
O Sceptre tinha 4,58 metros de comprimento, entre-eixos com 2,56, largura de 1,61 e altura de 1,45 metros. O peso em ordem de marcha era de 1.095 quilos. E nova frente em 1963
Seu motor tinha quatro cilindros em linha, longitudinal, dianteiro, refrigerado a água e com cilindrada de 1.598 cm³. Era alimentado por dois carburadores em posição invertida sua potência era de 88 cavalos a 5.500 rpm. Levava o Sceptre a 145 km/h.
Tratava-se de um automóvel de produção pequena. Por este fato o acabamento era esmerado empregando matérias de ótima qualidade. O volante tinha dois raios cromados e aro de buzina também. Na frente deste conta-giros e velocímetro. No centro do painel, marcador de temperatura de água, do óleo, nível de combustível e amperímetro. Abaixo destes ficava o bojo de ignição, relógio de horas e um lugar para o rádio. Tudo bem posicionado e de bom gosto.
Em 1965 era lançada a segunda série ou como os ingleses gostavam de chamar suas reestilizações, o Mk Series IV, acima. Ganhava frente nova bem mais agradável aos olhos. Abaixo o modelo Hawk
A grade cromada com frisos horizontais estava completamente remodelada. Tinha dois faróis circulares nas extremidades, dois menores auxiliares e o centro era formado por um trapézio invertido. Acima dos faróis principais ficavam as luzes de sinalização. O conjunto ficou mais moderno. De resto não mudava nada.
O motor passava a ter 1.725 cm³. Era alimentado por um carburador de corpo duplo Solex e sua potência aumentava para 91 cavalos a 5.500 rpm. O torque máximo era de 14,6 mkgf a 3.500 rpm. Suas válvulas eram no cabeçote e o comando lateral. A taxa de compressão era de 9,2:1. Este grupo propulsor mais potente levava o Sceptre a bons 160 km/h e fazia de 0 a 100 km/h em 15 segundos.
A caixa de marchas tinha quatro velocidades sendo que a terceira e a quarta tinham sobre-marcha. A alavanca no assoalho era muito bem posicionada e sua tração era traseira.
Sua suspensão dianteira era independente com amortecedores telescópicos, molas helicoidais e barra estabilizadora. Atrás tinha eixo rígido, amortecedores telescópicos e molas semi-elípticas. Os freios dianteiros eram a disco, da marca Lockheed e os traseiros a tambor. Usava pneus 6.00-13. Para um carro familiar, a estabilidade era razoável.
Seus concorrentes eram os alemães Glas 1700 TS, o BMW 1800 TI, Opel Rekord 2,6, seus conterrâneos Austin A110 Westminster, Ford Zodiac Mk III e MG Magnette Mk IV, Triumph 2000, Vauxhall Cresta, os franceses Citroën ID 19 e Peugeot 404 e o italiano Lancia Flavia 1,8.
No final de 1967 era apresentada uma carroceria completamente nova para o Humber Sceptre. Mas era a mesma do Hillman Hunter, mas muito mais luxuosa. Suas linhas muito retas deixavam-no bem mais moderno. Tinha teto de vinil e frisos nas laterais e no contorno das caixas de rodas. Na frente trazia outra vez quatro faróis circulares do mesmo tamanho e a nova grade cromada em trapézio invertido que era identificação da marca. Para completar ganhava calotas raiadas e pneus 165 x 13.
Estava menor e mais leve. Media 4,34 metros e 1.000 quilos. Na parte mecânica nada era alterado.
Em 1970 o grupo Rootes passava a se chamar Chrysler UK. O comando já estava todo nas mãos dos americanos.
Em outubro de 1974 ganhava uma versão perua, denominada Estate que tinha um desenho bonito. O modelo da terceira série do Sceptre sobreviveu até 1976 sem quase nenhuma mudança estética ou mecânica. E foi o último Humber a ser construído.
Texto e montagem Francis Castaings. Fotos de divulgação e publicadas no site
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