Aero-Willys: O primeiro sedã nacional com seis cilindros

Aero-Willys: O primeiro sedã nacional com seis cilindros

Nos meados dos anos 50 os primeiros carros produzidos no Brasil começaram a ganhar as ruas das cidades. Nossa frota na época, em todo o país não passava de um milhão incluindo caminhões, automóveis e ônibus.  Nossas estradas tinham pouco mais de 8.500 quilômetros pavimentados. O primeiro carro fabricado aqui era um urbano muito famoso. O Romi-Isetta limitado a dois passageiros lançado em 1955. No ano seguinte, para andar na cidade com conforto e enfrentar a lama veio a Rural Willys também chamada de Rural Jeep. Era um produto da Willys-Overland do Brasil.

Neste mesmo ano veio o irmão Jeep ideal para as fazendas e a peruinha DKW-Vemag chamada de Vemaguet, um familiar com pequenas dimensões. No ano seguinte, 1957, o primeiro produto Volkswagen. Era o utilitário Kombi e outro DKW: O Candango, também muito bom para o campo e para as forças armadas. Dois anos depois nascia aqui o mais famoso Volkswagen do mundo, o sedã 1200, chegava aqui também o simpático Renault Dauphine, também da Willys e o FNM 2000 nosso primeiro sedã de médio porte de origem italiana junto com o Simca Chambord de origem francesa. Outro veículo para terrenos ruins que chegava por aqui era o Toyota Land Cruiser que mais tarde seria batizado de Bandeirantes e a grande perua Chevrolet Amazona.  O mercado já havia boas opções como o Belcar derivado da Vemaguet, mas a Willys queria sua fatia lançando o sedã Aero em março de 1960.

Aero_Willys_Site_Garage_(3)

Nosso modelo tinha quatro portas, mas desde seu lançamento nos Estados Unidos em 1952, também havia a versão de duas portas, esta chamada de Bermuda. As outras eram Aero-Ace, Aero-Eagle e Aero-Wing. 

Ficaram em produção apenas três anos, não agradou e todos os concorrentes tinham produtos bem mais modernos. Para economizar, os componentes mecânicos eram dos Jeep Willys o que não traria ao sedã uma performance capaz de concorrer com os modelos de mesmo porte importados dos Estados Unidos e Europa.

No final de 1959 o ferramental veio para o Brasil e a Willys começou a produzir o sedã em 1960. A carroceria tinha 4,70 metros, 1,59 de altura, 1,82 metros e 1.438 quilos foi montada sobre o chassi Jeep, com a mesma suspensão e direção deste e também os freios a tambor nas quatro rodas. Suas linhas, se comparadas ao FNM ou Simca, já estavam envelhecidas e pouco atraentes com relação aos dois. Era um carro sisudo e pouco potente por conta do peso principalmente.

Na frente havia dois faróis circulares, dupla grade paralela sendo que a debaixo tinha frisos grosso verticais e a parte de cima vazada.  Os para-choques eram cromados com protetores idem e friso lateral também com mesmo acabamento em metal junto com o acabamento das portas e vidros dianteiros e traseiros. Na parte de trás o que mais chamava atenção era um ressalto, que mais parecia um cocuruto e deixava-o com esta parte mais infeliz ainda. Seus faroletes eram tímidos e na traseira havia mais cromados ainda, inclusive no puxador do amplo porta-malas. 

Aero_Willys_Site_Garage_Parte_2_(59)

Seu motor, batizado com o nome Hurricane, era refrigerado a água, tinha seis cilindros em linha, em posição longitudinal, 2.638 cm³, bloco construído em ferro fundido, um carburador da marca Zenith-DFV de corpo simples que fornecia 90 cavalos a 4.000 rpm. A título de informação, Hurricane é um ciclone tropical sendo que o nome deste propulsor era completamente inadequado apesar de sua grande robustez.  Fazia de 0 a 100 km/h em 25 segundos e sua velocidade máxima era de 125 km/h.

Aero_Willys_Site_Garage_Parte_2_(61)

Por dentro era bem acabado.  Os bancos eram confortáveis e acomodavam bem seis passageiros.  O grande volante em baquelita, na cor preta, tinha dois raios com um aro metálico para acionar a buzina. Era leve, mas o esterço modesto.

A alavanca de marchas de três velocidades era na coluna. O carro tinha tração traseira. Havia um relógio central e neste estava inserido velocímetro com graduação até 160 km/h, um tanto otimista, indicador de luzes de faróis ativas, carga de bateria, luzes de direção, pressão do óleo, marcadores de temperatura da água e gasolina. O painel era todo em metal, mas como opcional acolchoado na parte de cima o que trazia segurança em caso de impacto, e diversos botões para vários fins como afogador, acionamento de faróis, etc.

Simples, mas discreto. Vinha na mesma cor do acabamento que podia ser vermelho, preto ou branco. O porta-malas tinha ótima capacidade e a carroceria poderia vir em dois tons tipo saia e blusa. Ou a parte debaixo ou a de cima. Era moda.

No início de 1961 começou a ser desenvolvido no Brasil o projeto 213 chamado aqui de 2600. Era um desenho originário das mãos do americano Brook Stevens que nunca se tornaram realidade lá. Tratava-se de um carro mais moderno, com linhas mais retas, maior área envidraçada, mais adequado à década de 60.  Foi feito o primeiro em argila na escala 1:4 e depois em plástico duro e pintado. Aprovado foi feito um modelo comum tipo de argila especial chamado de Clay em escala 1:1. 

Depois em chapas de aço até o carro ser apresentado no Salão de Paris em outubro de 1962 e ganhar as ruas em 1963. Era um carro completamente novo.


Nas Telas

O Homem do Rio

Aero_Willys_Site_Garage_Filme_Aero_Copacabana

Um grupo de ladrões pretende fazer um roubo de uma preciosidade na região amazônica. Chegam ao Brasil e começam a planejar. Trata-se de uma aventura que envolve drogas, morte e sequestro. O elenco é famoso: Agnes (Françoise Dorléac), é a filha de um homem assassinado.

Aero_Willys_Site_Garage_Filme_Aero_1961

Ela é seqüestrada, drogada e enviada ao Rio de Janeiro em um avião. Seu namorado Adrien (o grande Jean-Paul Belmondo), faz papel de um soldado, procura a namorada freneticamente. Muita ação nas cidades do Rio de Janeiro, Brasília e a região da Amazônia.


Em Escala

Americana de 1950, 1/43, modelo Aero Ace 1954


Texto, fotos e montagem Francis Castaings. Fotos de divulgação e fotos publicadas neste site                                                     

© Copyright – Site https://site.retroauto.com.br – Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução de conteúdo do site sem autorização seja de fotos ou textos.

Volte a página principal do site