Chevrolet Corvair: Revolucionário Injustiçado
Nascido em 1960, O Chevrolet Corvair, rompia com os tradicionais americanos. E iria enfrentar o Ford Falcon, o Rambler American e o Studebaker Lark dentro dos Estados Unidos. Mas nasceu com o objetivo de rivalizar com estrangeiros, principalmente os Volkswagen.
Seu motor era posicionado na traseira, com seis cilindros opostos (boxer), arrefecido a ar e tinha suspensão independente que era seu calcanhar de Aquiles. A suspensão independente, com molas helicoidais nas quatro rodas, usava semi-eixos oscilantes na traseira. Os pneus tinham a medida 6,50-13 e os freios eram a tambor. Esse conjunto era responsável pela característica mais criticada do Corvair: por ter motor traseiro e a maior parte do peso concentrada nesse eixo, podia ocorrer sobresterço (saía de traseira) repentino, típico dos carros com esta configuração. E houveram acidentes, alguns graves. O pneu estepe ficava na traseira e seu tanque tinha capacidade para 53 litros.
Um detalhe interessante: O risco era maior pois o muitos consumidores não leram o manual, nem a fábrica alertou, ao não calibrar os pneus ou ter igual pressão colocada em todos os quatro pelos frentistas dos postos, não mantinham a diferença de 11 libras pedida no manual do proprietário. Eram de 15 a 19 libras/pol² na frente e de 26 a 30 atrás, conforme a carga transportada. Daí um problema grave.
O novo Chevrolet tinha ótima área envidraçada proporcionado ótima visibilidade. Era considerado um compacto para o mercado americano, mas media 4,57 metros de comprimento, 1,31 de altura, 1,70 de largura e entre-eixos de 2,74 metros. Sua Era montado numa estrutura monobloco.
O sedã, com três volumes e linhas retas, tinha o vidro traseiro envolvente, que seria aplicado também no seu irmão maior Chevrolet Impala. Atrás lanternas circulares com luzes de ré. Na frente dois faróis também circulares de cada lado. Tinha certa inspiração em carros europeus, mas com estilo bel americano. Em 1960 também já havia a versão cupê que era interessante. O seis cilindros boxer com 2.732 cm³ tinha motor básico com 81 cavalos a 4.000 rpm e outra versão com 98 cavalos. Era alimentado por dois carburadores da marca Rochester em posição invertida. Seu cabeçote era em liga leve e o bloco em ferro fundido. Em seu primeiro ano de produção foram para as ruas 250.000 exemplares.
O câmbio manual tinha três marchas na coluna, ou quatro marchas no assoalho e o automático Powerglide com duas velocidades era opcional. No lançamento a Chevrolet oferecia apenas a carroceria sedã em dois padrões de acabamento, o 500 e o 700, este mais completo. Este mesmo motor seria aplicado nos bugues do construtor americanao Meyers Manx com motor a Chevrolet Turbo-Air 6 cilindros Boxer
Em 1961 tinha as versões 500, 700 e Monza (abaixo) com apelo esportivo. No interior, o painel usava um velocímetro com escala horizontal, até 100 milhas por hora (160 km/h), nível do tanque de gasolina e, do lado do passageiro, o porta-luvas tinha o mesmo formato do quadro de instrumentos para formando uma bela simetria
Era confortável para cinco pessoas e o acabamento interno de bancos e forros em vinil era correto. Na versão cupê o acesso a bordo, atrás era bom. Em 1961 terminava a produção com 62.000 modelos 500 vendidos, 95.000 do 700 e 142.000 do modelo Monza num total de 297.000 exemplares. O Monza tinha 98 cavalos e acabamento externo e interno melhor.
Em 1962 chegava para completar a linha o modelo conversível com capota de lona que podia ter acionamento elétrico.
E também a versão perua wagon chamada Lakewood com quatro portas que tinha ótima aparência. Completando a linha de utilitários a General Motors a série chamada de R10, que tinha emblemas Corvair 95 por causa do entre-eixos de 95 polegadas ou 2,41 metros (e que os americanos tratam como FC, por assim ela ser identificada no catálogo de peças). O mais conhecido dos 95 era o Greenbrier, furgão para passageiros, com janelas em todo o entorno do carro e até uma grade falsa na frente. Havia a versão fechada (Corvan) e também a picape (Rampside). Faria frente ao Volkswagen Type 2, ou Kombi, mas saiu do catálogo em 1963. Não obteve o sucesso esperado.
Essa mesma carroceria na versão fechada para carga chamava-se Corvair 95 Corvan.
Também neste ano chegava Spyder que, como os outros, podia contar com turbocompressor que fazia a potência subir para saudáveis 150 cavalos. Era o primeiro carro americano e do mundo com essa configuração produzida em série. Em 1963 fechava a produção com 254.000 modelos vendidos contra 306.000 de 1962. O interesse pelo Corvair começava a cair.
O caso Nader
No ano de 1965 foi publicado o livro “Unsafe at Any Speed” ou “Inseguro em Qualquer Velocidade”, do então desconhecido advogado Ralph Nader. Neste Nader destacava os problemas na suspensão traseira do modelo, demonstrando que o carro era inseguro em curvas.
Sem dúvida era um ponto problemático do projeto original de 1960 a 1963, mas a Chevrolet já havia resolvido em 1964 e refeito a suspensão para 1965. O problema é que a General Motors teve má reação às acusações feitas por Nader e logicamente o livro se tornou um sucesso de vendas e comprometeu muito a imagem do Corvair no mercado. Em 1964 a suspensão traseira ganhava um feixe de molas transversal, o que controlou mais a tendência de escapar em curvas de traseira e representou, ao lado da potência elevada (110 para toda a linha e 150 para o Turbo) uma ótima alteração. Foi a mais importante melhoria no modelo desde seu lançamento. As vendas em 1964 foram de 190.000 exemplares. Bem abaixo do irmãos Chevy II Nova e Chevrolet Chevelle, dos Ford Falcon e do recém lançado sucesso Ford Mustang.
Em 1965 chegava um carro quase novo. Tinha nova carroceria, novos bancos de novo painel para o modelo esportivos Corsa que podia chegar a ótima potência de 180 cavalos com turbo. Estava disponível nas versões cupê, 500, Monza e Corsa. Seu motor com 2,6 litros podia desenvolver 95, 110, 140 ou 180 cavalos com turbo.
Sua carroceria estava bem mais moderna seguindo o estilo lateral do irmão maior Chevrolet Impala ano 1965
O Chevrolet Corvair revolucionou alguns conceitos e foi pioneiro em outros. Por causa do livro a segurança dos automóveis cresceu muito. Mesmo condenado injustamente, o modelo foi um divisor de águas na história do automóvel. Sua produção terminou em 1969 só vendendo 6.000 exemplares. Só as versões 500 e Monza cupê e conversível. O Chevrolet Camaro já estava como prioridade da empresa da gravata.
Em 1972, o departamento americano de segurança nas estradas (NHTSA – National Highway Traffic Safety Administration) testou os modelos de primeira geração, a pedido de Ralph Nader. E não constatou defeitos que causassem acidentes. A General Motors também não perdeu qualquer processo que tenha sofrido por causa do carro. Portanto, apesar de ter a fama de vilão, o compacto foi há muito absolvido. Hoje ele figura na história de Detroit como uma criativa interpretação americana de uma tecnologia tipicamente europeia, um carro que revolucionou conceitos e experimentou pioneirismos como poucos antes e depois dele.
O Monza GT
Sob a direção de Bill Mitchell, o cupê esportivo Corvair Monza GT foi desenhado por Larry Shinoda e Tony Lapine em 1962, com desenho inspirado no carro-conceito Testudo desenhado por Bertone. Como o projeto anterior, as portas GT se inclinavam para cima e eram na verdade um tipo de teto que se abria com os vidros (laterais e frontal com dobradiças que se estendia até a coluna B. A tampa do motor traseiro também era aberta para trás. O motor era um Turbo-Air 6 de 145 polegadas cúbicas (2380 cm³), 102 cavalos com dois carburadores. Ao contrário do Corvair de produção, o motor GT foi montado à frente do eixo e montado como um motor central. O chassi apresentava uma distância entre eixos de 92 polegadas (2337 mm), 16 polegadas (406 mm) mais curta do que o Corvair original. As dimensões gerais foram reduzidas de forma semelhante com um comprimento de 162 polegadas (4.114,8 mm) e uma altura de 42 polegadas (1.067 mm).
Além de seu visual limpo, o Monza GT tinha características inovadoras, incluindo rodas de liga de magnésio, freios a disco nas quatro rodas, bancos fixos e com pedais ajustáveis. Esses recursos eventualmente apareceriam em carros de produção anos depois. Foi fabricada uma miniatura na escala 1/43 da Tekno Dinamarquesa. Em escala ou no modelo conceito tinha faróis escamoteáveis que se abriam em duas partes. Abaixo
Chevrolet Corvair cupê Monza na escala 1/18. Fotos fornecidas gentilmente pelo colecionador André Luiz Tavares do Vale da cidade mineira de Varginha. Muito bem detalhada! Muito obrigado!
Texto, fotos e montagem Francis Castaings. E Fotos de divulgação
© Copyright – Site https://site.retroauto.com.br – Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução de conteúdo do site sem autorização seja de fotos ou textos.