Dodge Mônaco, Chrysler New Newport e irmãos: Respeitável Fardado ou à Paisana
No inicio da década de 60 os carros americanos deixavam de ter seus enormes rabos-de-peixe atrás, exageros cromados para ter linhas mais retas e modernas. Essa era a tendência das quatro grandes montadoras, as eternas concorrentes Ford, General Motors e Chrysler e atrás a American Motors unindo várias marcas extintas.
Em 1965 a divisão Dodge da Chrysler tinha o Dart, um compacto que enfrentava o Ford Falcon e o Chevrolet Chevy II Nova. Na classe superior a marca tinha o Coronet e o Polara, que não tinham absolutamente nada haver com o nosso Dodge Dart nascido em 1960.
Compartilhando a mesma plataforma deste era lançado o Dodge Mônaco em 1965. Como quase todos americanos na época oferecia uma linha completa de carrocerias. Havia duas portas e quatro sem coluna central, o sedã quatro portas com colunas, a perua Station Wagon e o conversível. Encaixava-se na categoria Full Size americana com 5,42 metros de comprimento, 3,07 de entre-eixos, largura de 2,02, altura de 1,43 metros. Pesava 1.764 quilos para o sedã, mas a perua 1.943 que tinha capacidade para cinco ou sete passageiros e o conversível 1.780 que tinha a estrutura mais rígida para suportar melhor as tensões. Sua frente tinha grade cromada em forma de osso e quatro faróis circulares. Inserido no parrudo para-choque cromado faroletes de sinalização. Portava estrutura monobloco sendo que a suspensão dianteira era independente com molas helicoidais e amortecedores telescópicos. Atrás recebia eixo rígido e feixe de molas. Como quase todos carros americanos na época, em curvas mais fechadas e velozes, havia uma inclinação importante da carroceria e a traseira desgarrava com facilidade. Os freios eram a tambor, sendo que na frente havia assistência hidráulica. Como opcional havia freios à disco. Abaixo um Dodge Hemi Coronet 1966 tinha um V8 426 (6.980 cm³) e potência de 425 cavalos. Fazia de 0 a 100 km/h em 6,4 segundos e cobria o quarto de milha em 14,5 segundos. Dividiam a plataforma C de 1965 e 1968. Antes, nesta época e hoje, são muito comuns carros da mesma empresa, mas com marcas/divisões distintas, terem a mesma plataforma.
O motor dianteiro, arrefecido a água, tinha oito cilindros em “V” à 90°, em ferro fundido e o virabrequim com cinco mancais. A cilindrada começa em 5.210 cm³, taxa de compressão de 9,2:1, era alimentado por carburador de corpo duplo Carter e liberava a potência de 274 cavalos à 4.400. rpm. Seu câmbio era automático Torque Flite com três velocidades e a tração traseira. No caso do cupê e conversível, havia confortáveis bancos separados e a alavanca, automática ou mecânica de quatro marchas, ficava sobre um console com desenho harmonioso que podia receber como opcional um conta-giros.
Por dentro era confortável para seis pessoas na configuração com o banco inteiriço na frente e atrás. No painel havia mostradores circulares com instrumentação básica de boa informação e rádio AM-FM como opcional. A versão denominada 500 era mais luxuosa e podia receber bancos em veludo, acabamento imitando madeira no painel, vidros verdes com acionamento elétrico, direção assistida e ar condicionado. Sua velocidade final era de 165 km/h. Seus concorrentes eram o Chevrolet Impala, o Pontiac Catalina, o Oldsmobile Cutlass, o Ford Galaxie, o Mercury Montego e o Rambler Ambassador. Seu desenho era muito semelhante ao irmão Polara, mas o acabamento do Mônaco era bem mais caprichado.
Agradou muito a polícia americana em vários estados por sua robustez e ferocidade dos motores V8. Um dos motores mais apreciados tinha 383 polegadas cúbicas, 6.212 cm³, 325 cavalos de potência à 4.800 rpm e 42,5 mkgf de torque máximo. Era alimentado por um carburador de corpo quádruplo e sua taxa de compressão era 10:1. Fazia de 0 a 100 km/h em 11 segundos e sua velocidade final era de 190 km/h. Nesta versão os freios à disco na frente estavam presentes. Usava pneus diagonais na medida 8.25 – 14 sendo que a perua usava 8.55 – 14. Abaixo um Plymouth Fury que tinha a mesma plataforma do Mônaco e do Newport. O motor do Fury tinha 413 polegadas cúbicas (6.571 cm³) e 325 cavalos. Em 1965 no Canadá, a versão Plymouth Sport Fury era maquiada e chamada de Dodge Mônaco. compartilhavam a plataforma C usada entre 1965 e 1968.
O motor 440 (7.216 cm³) era o mais apreciado pela potência de 350 cavalos à 4.400 rpm e era alimentado por um carburador de corpo quádruplo. Chegava à 205 km/h e fazia de 0 a 100 km/h em 9,5 segundos. Como o 383 podia receber a caixa de marchas mecânica de quatro velocidades e chegava à 195 km/h.
Em 1967 mudava a frente e a grade formava um grande retângulo na área central. Menos cromada conservava os faróis circulares. O cupê podia já contar com uma versão semi-fastback cuja capota estava longe de ser harmoniosa assim como o vidro do passageiro de trás. Deixava o carro com aparência muito grande atrás. Também este ano toda linha Chrysler recebia um descansa braço novo com maçaneta embutida que evitada abertura involuntária e sem cantos vivos evitando cortes em casos de acidentes de maiores proporções. Começava a preocupação com a segurança dos passageiros neste país.
Em 1969 nascia a carroceria em estilo fuselagem que ficaria até 1973. Entre os anos de 1969 e 1973 todos tinham a mesma plataforma. Era a quinta geração para o Chrysler Newport e a segunda para o Mônaco. Eram da mesma plataforma o Chrysler New Yorker, Chrysler Town and Country, Dodge Monaco, Plymouth Fury, Plymouth Gran Fury e o Chrysler 300.
Abaixo um Chrysler 300 Hurst 1970. Um grande sedã, mas também com ótima musculatura. Seu motor apelidado de Chrysler 440 “TNT”, tinha 375 cavalos de potência e 48,0 quilos de torque. Era equipado com o cambio TorqueFlite automático de três velocidades da Chrysler. Fazia de 0 a 100 km/h em 7,1 segundos e o quarto de milha coberto em 15,9 segundos!
Era mais moderna e também maior. Mantinha os quatro faróis circulares, mas em posição mais baixa. Eles estavam inserido junto com as setas na grade que fazia uma só peça com o para-choque. A bonita Statio-Wagon exibia linhas ainda maiores. Podia ou não ter acabamento lateral imitando madeira. A frente era a mesma do cupê e do sedã quatro portas.
Em 1971 recebia alterações na frente, os faróis eram escamoteáveis e abaixo tinha grade cromada muito ostensiva. Fazia presença.
Em 1974 havia nova mudança de carroceria. Tinha quatro faróis circulares e grade central com frisos cromados horizontais. Abaixo havia para-choques parrudos cromados que na parte central tinha aberturas para melhorar ainda a refrigeração. A lateral continuava bonita tanto nas versões de quatro portas, cupê, tinha como opção mais luxuosa, a famosa Ópera Window, pequena janela na coluna traseira. Nestas versões um vinco da carroceria vinha da frente e tinha leve caída até a traseira.
Conforme a opção de acabamento podia vir no cupê ou no seda com teto de vinil. Na imensa Station-Wagon, na versão Brougham, recebia acabamento em imitação de madeira nas laterais. Nesta época não havia mais conversíveis na linha Chrysler. Os motores V8 tinham 360 polegadas cúbicas para o Mônaco e o Royal Mônaco e o 400 polegadas cúbicas para o Royal Mônaco Brougham. Já eram equipados com ignição eletrônica, catalisadores que logicamente roubavam potência, mas emitiam menos poluentes. Também eram equipados com controle automático de velocidade. Os pneus GR8, HR8 e LR8 x 15 eram radiais e conferiam melhor estabilidade. Outra novidade era o controle automático de altura da suspensão do automóvel. Este era automatizado e para as auto-estradas era ótimo rodar com o carro mais baixo. Abaixo e na foto principal um Chrysler Newport da sexta geração ente 1974 e 1978
Para os carros de polícia, a suspensão era reforçada. No que se refere a conforto, havia vidros dianteiros de acionamento elétrico de série, ar condicionado, direção hidráulica, radio AM-FM e diversos padrões de forrações de bancos. O painel tinha desenho sóbrio e discreto. A instrumentação, velocímetro, hodômetro, relógio de horas, nível do tanque e de temperatura, estava inserida num grande retângulo de fundo preto. O volante de bom diâmetro tinha boa pega e três raios com acolchoamento. A alavanca seletora ficava na coluna. Os bancos dianteiros podiam ser inteiriços ou com encostos separados sendo que estes tinham apoio de braço central. Tinham encosto para cabeça para todos. Atrás muito confortável para adultos.
Continuava agradando muito aos policiais. Desta vez fazia parte da Illinois State Trooper Cars e também da polícia da maior cidade deste estado que é Chicago.
Na versão Royal Mônaco Brougham a frente tinha faróis escamoteáveis e grade maior e imponente, tinha prolongamento abaixo das capas dos faróis. Sobre o capô um mascote circular e inserido neste a estrela de cinco pontas do grupo Chrysler. Nas publicidades abusava das paisagens monegascas. A carroceria crescia para 5,66 metros de comprimento.
As fotografias e desenhos de publicidade tinham como tema a bela cidade do Principado do qual o carro tinha o nome.
Em 1977 a versão da gama baixa ganhava uma versão menor, mais compacta chamada nos Estados Unidos como “Mid Size”
Conservava o sedã de quatro portas desde o acabamento simples até aquele com teto de vinil e vários cromados a mais.
O cupê também com a coluna “C” simples ou com a janelinha Ópera Window e a Station-Wagon também com diversos acabamentos. Era mais bonito, mais moderno sendo que na frente tinha dois faróis verticais de cada lado e grade retangular bi-partida. No para-choque dianteiro estava inserido luzes direcionais assim como nos para-lamas dianteiros. E a polícia continuava um bom cliente!
Atrás grandes lanternas verticais retangulares que incluía luz de freio, de ré e de sinalização. Ficavam inseridas nos para-choques e dava uma ótima abertura e acesso ao porta-malas. A área envidraçada era generosa para os padrões da época e nas portas as maçanetas eram embutidas. O volante tinha regulagem de altura e também, em caso de impacto violento, a barra de direção se rompia. Os americanos estavam ainda mais preocupados com a segurança. A carroceria era quase idêntica ao irmão Dodge Coronet medindo 5,54 metros de comprimento, 1,94 de largura 1,37 de altura e 2,99 de entre – eixos. O novo desenho agradava. E logicamente também agradou muito a policia com suspensões reforçadas, tanto na dianteira com barras de torção, barra estabilizadora, quanto na traseira com eixo rígido, molas semi-elípticas longitudinais e também barra estabilizadora. E estes não apreciavam o motor básico da linha chamado Slant Super Six, um seis cilindros em linha, 225 polegadas cúbicas(3.687 cm³) com 110 cavalos que era mais adequado para tracionar a metade dos 1.864 quilos do carro.
O mais apreciado era o V8 440 (7.210 cm³) com 240 cavalos à 4.400 rpm. Era alimentado por um carburador de corpo quádruplo. Fazia de 0 a 100 km/h em 8,5 segundos e chegava a 205 km/h. Seu torque máximo era de 44,9 mkg.f a 3.200 rpm. Os pneus eram especiais sendo bons para o seco quanto para o molhado. A suspensão desta versão de farda também era reforçada, mais dura deixando o carro mais estável. Era fornecido com transmissão automática de três velocidades mais rápida que os outros modelos da linha. Havia também o famoso 318 que equipou aqui nossos Dodge, o 360 com dupla carburação e o 360 com corpo quádruplo.
Os modelos Royal Mônaco Brougham continuavam praticamente os mesmos em todas as versões, mas a mais atraente era a Station-Wagon.
Era muito espaçosa, podia vir na versão mais luxuosa com bagageiro e lateral imitando madeira. Por dentro, principalmente no porta-malas, tinha vários porta-objetos. A abertura da quinta porta era lateral da esquerda para a direita e o vidro tinha acionamento elétrico podendo ser todo abaixado.
Em 1978 o Mônaco em todas as versões era descontinuado. O Dodge Aspen (abaixo) era menor, tinha carroceria mais discreta, vidros maiores, nova grade, faróis e para-choques.
Era um carro bem mais simples e com versões mais especificas para a policia. Quanto aos grandes Royal Monaco Brougham, a crise de gasolina, os deixava de vez fora da linha de produção também. Foi um carro cinematográfico, mas, também agradou muito ao publico por diversas qualidades apresentadas durante sua vida nas ruas da América.
Nas telas
Tanto na televisão quanto no cinema foi grande astro. Em A View to a Kill que aqui se chamou 007 Na Mira Dos Assassinos, de 1985, que traz Roger Moore como James Bond, a bela Tanya Roberts como Stacey Stuton, Christopher Walken como Max Zorin e a cantora Grace Jones como May Day. As locações se passam na Sibéria, em Paris, Londres e em San Francisco onde podemos ver em ação os Dodge Monaco. Foi o décimo quarto filme da série James Bond e traz o inglês Roger Moore interpretando pela última vez o papel de 007. Ótimo filme disponível em DVD.
Os Dodge se envolvem no filme quando a prefeitura da cidade de San Francisco pega fogo e James e Stacey estão lá dentro. Antes de conseguirem sair do prédio em chamas chega um caminhão American LaFrance dos Bombeiros e alguns Dodge. Salvos, James se identifica com Agente Secreto do Serviço Britânico e um policial não acredita e se identifica como Dick Tracy. A confusão se instala, James “pega o caminhão emprestado” e a perseguição começa pelas ruas da bela cidade americana. É divertido!
E o carro já bem amassado (acima) e cansado conforme a reprodução da miniatura.
Também teve atuação em vários capítulos da série Os Gatões entre 1980 e 1985 (abaixo)
E também no afamado filme The Blues Brothers(Os irmãos cara de pau) de 1980 e também em sua segunda versão em 2000. No cartaz do filme estrelado por John Belushi e Dan Aykroyd o poderoso Dodge, na versão de 1974, está lá.
Em escala.
Este está na escala 1/43 e é muito bem feito. Vem até com um mini cenário.
A apresentação em escala reproduz muito bem o filme. Outros modelos em menor escala, 1/60 que também fazem sucesso. Abaixo a lista: Dodge Monaco 1974 Fire Chief , todas da fabricante Johnny Lightning na escala 1/65. Muito bem feitas!
Texto, fotos e montagem Francis Castaings. Fotos sem o logo do site são de divulgação
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