Ford Corcel II – A Continuidade de um sucesso

Ford Corcel II – A Continuidade de um sucesso

Em 1978 chegava as ruas o novo modelo: O Corcel II. A carroceria foi toda reestilizada. Moderna e bonita. Os faróis, seguindo uma tendência da época, eram retangulares. Lanternas traseiras também e contornavam a parte final da traseira. No modelo cupê, acabamento L, único até então, as portas eram enormes, pesadas demais. Um dos poucos defeitos reclamados pelos donos.

O novo carro parecia maior mas não era. A frente longa com uma descida leve para a frente e a traseira como uma queda suave. Pode-se dizer que era um dois volumes e meio.  Por dentro os bancos, painel e volante também foram redesenhados.

O freio de mão passava a ser entre os bancos, melhoria esta sentida pelos fiéis da marca. Antes ficava abaixo do painel. O desempenho infelizmente não estava muito melhor mas a segurança, a estabilidade e o nível de ruído sim.

As versões oferecidas eram o Corcel II L na versão básica, o luxuoso LDO – Luxuosa Decoração Opcional, com interior totalmente acarpetado e painel com aplicações em madeira .

O Corcel II GT se distinguia pelo volante esportivo de três raios, aro acolchoado em preto e conta-giros no painel. Tinha 4 cavalos a mais que o anterior, não faziam a menor diferença se comparado aos outros. Contava ainda com faróis de milha e pneus radiais. As rodas eram com fundo preto e sobre aro cromado. Os pneus radiais na medida 185 SR 13.

O motor Sierra, dianteiro, longitudinal, cilindrada de 1.372 cm³, potência máxima de 72 cavalos, taxa de compressão de 8:1, torque máximo de 5.400 rpm era alimentado por um carburador de corpo simples.

A carroceria era em dois tons, separados por um filete vermelho. A parte de cima era sempre preta contrastando com a parte de baixo. Não agradou e em 1980, a parte preta só ficava na linha inferior da carroceria, abaixo do friso da porta. O filete vermelho continuava.

Em 1979 veio o esperado motor de 1,6 litros de melhor desempenho melhor. A opção 1,4 litros continuava a ser produzida para quem desejava mais economia. O desempenho do 1,4 era muito modesto e inadequado para o cupê e demonstrado também na perua Belina mais tarde. Se o carro fosse menos pesado, mas era necessário um reforço na carroceria para aguentar nossas belas estradas e ruas, se tivesse uma taxa de compressão maior, em torno de 10:1 e se fosse abastecido com uma gasolina de qualidade, algo inexistente na época, apenas a azul, bem mais cara, o desempenho do Corcel seria muito, mas muito melhor.

A velocidade máxima estava em torno dos 135 km/h e 0 a 100 km/h em torno dos 23 segundos. A de 1,6 litros chegava a máxima de 145 km/h e atingia os 100 km/h em 17 segundos. Seus concorrentes na época eram o VW Passat e o Dodge Polara. Todos eles na categoria de veículos médios. Ambos ofereciam um desempenho melhor que o Corcel. Mas o carro da Ford era mais econômico, mais robusto, com melhor acabamento e mais confortável. Seu estilo também era mais moderno e bonito.

Em 1980, acompanhando e evolução do combustível verde no Brasil, chegava a versão com motor a álcool. A imprensa reportava que era o melhor motor a álcool produzido no país. Pegava rápido, pouca vibração, não demorava a esquentar e se mantinha regulado por muito tempo.

Um pequeno logotipo nos para-lamas dianteiro, com a inscrição Álcool em letras maiúsculas   com quatro gotas azuis em dégradé que indicavam o combustível utilizado. Seu desempenho geral era tão bom quanto o a gasolina, mas tinhas acelerações mais rápidas.

Em 1978 chegava a nova Belina com a carroceria derivada do Corcel II, com dois centímetros a mais no comprimento. Tinha maior espaço interno. Era mais bonita e moderna que a antecessora. Sua única concorrente de peso no mercado nacional na época era a Caravam da GM. A Variant II não lhe fazia pressão .

O vidro lateral era enorme e por isso ela tinha ótima visibilidade. Dependendo do acabamento este vidro poderia ser fixo ou subdividido por um pequeno de correr para os passageiros que vinham atrás. Nesta opção o designer lateral era mais harmonioso. Contava com as duas motorizações só que em 1980 passou a oferecer só a de 1,6 litros que era muito mais adequada ao peso do carro.

Em março de 1980 foi lançado o modelo Hobby, mais uma opção de versão numa linha bastante diversificada. Tinha acabamento despojado com apelo jovem e esportivo.

Tinha alguns acessórios do GT e era uma opção mais barata que este.

Em 1981 nascia outro novo membro de sucesso da família Ford Corcel: – O Del Rey. Especialista em carros de luxo como o Ford Galaxie/LTD/Landau a empresa de origem americana caprichou neste quesito para o novo carro. Era um sedam médio três volumes, confortável, luxuoso, bonito, que oferecia quatro portas, uma opção que faltava na nova linha II do Corcel. O desenho da carroceria agradava.

Tinha duas versões de acabamento: Ouro, mais luxuosa e prata mais simples. Os bancos tinham desenho bonito e sóbrio e o painel contava com instrumentação abundante, a mais completa nacional. Mas o fundo azul era de gosto duvidoso. Ainda como itens de conforto tinha ar condicionado, vidros elétricos e teto solar. A posição de dirigir, como sempre, era ótima, um ponto alto ao seu favor.

Como sempre não tinha pretensão esportiva. Arrancadas e desempenho esportivo não era com ele. Seu rodar era suave para viagens tranquilas. O espaço interno era muito bom e mesmo atrás acomodava bem aqueles mais altos.

Logo depois também seria lançada a versão de duas portas mas a coluna B tinha uma descida mais brusca que o Corcel II. Era um autêntico três volumes.

Em 1982, a Ford Belina movida a álcool foi apresentada e aprovada pelo consumidor brasileiro. Era tão boa quanto ao modelo a gasolina e com um diferencial importantíssimo para os veículos movidos com este combustível: – Não apresentava os problemas de corrosão comuns dos primeiros carros nacionais a álcool. Abaixo um dos últimos GT.

Em 1983 chega as concessionárias Del Rey Ouro movido a álcool. Uma das novidade bem vindas era a opção de transmissão automática.

Tinha mecânica simples e robusta demonstrando longevidade.  Neste o modelo a reestilização da carroceria veio em 1985. O que mais se destacava era a frente, os novos para-choques e as novas lanternas. Houve melhoramentos também no motor no câmbio e na suspensão


A picape Corcel

Seguindo os passos da Fiat, que produzia a City, a pequena picape do modelo 147, a Ford lançou, em 1982, uma camionete que obteve muito sucesso em toda sua longa carreira. Derivada do automóvel, lançou a picape Pampa nome em alusão a um cavalo que tem o corpo todo malhado.  Tinha o mesmo conforto do carro na parte da cabine mas sua caçamba era bem maior que a da concorrente. Esta picape media 4,96 metros, 50 centímetros a mais que o Corcel cupê. Devido ao sucesso, as outras montadoras trataram logo de lançar seus derivados, a VW com a Saveiro e a GM com a Chevy. Por causa do lançamento do Del Rey a fábrica realizou modificações no resto da linha Corcel em 1982. Em todos eles a suspensão foi alterada e o carro ficou mais firme, estável e mais seguro.


Em 1984 toda a gama Corcel/Del Rey passou a contar com o motor CHT da linha Escort. O motor CHT (Combustão em Alta Turbulência/Compound High Turbulence) foi elaborado por Luc de Ferran, engenheiro que trabalhava na Ford e pai do piloto Gil de Ferran que faleceu em 29 de dezembro de 2023. Seu motor com quatro cilindros em linha, em posição longitudinal tinha comando de válvulas no bloco. Tinha 1.555 cm³, era alimentado por um carburador de corpo duplo e desenvolvia 77 cavalos na versão a gasolina e 78 na versão à álcool.Tinha câmbio manual de quatro marchas (opcional cinco ) com alavanca no assoalho.

O CHT era derivado do motor Corcel só que retrabalhado nas câmaras de combustão para obter desempenho melhor. O cliente poderia optar entre o motor 1.3 litros mais econômico ou o 1.6 de melhor desempenho. Para ocupar a lacuna deixada pelo insubstituível Jeep, em 1984 foi lançada a versão 4×4 da picape. Na época o único modelo nacional a oferecer tal opção era a Toyota Bandeirante. Mas era um veículo que ocupava outro segmento e tinha motorização a diesel. Em relação a Pampa de tração convencional, a de tração total não sofreu muitas alterações com este novo conjunto. O desempenho era bom com o motor CHT.

Uma desvantagens da versão 4×4 em relação à comum era a menor capacidade de carga. A Belina mais tarde também teve também esta opção mas, como a Pampa, esbarraram em problemas de confiabilidade e durabilidade.

Em 1983 era lançada mais uma opção de acabamento na linha: – o Del Rey Scala, derivado da Belina II. O acabamento era o destaque. Era mais luxuoso com materiais mais nobres.

Freios e câmbio também ficaram melhores. Era a station wagon mais luxuosa do país.

Em 1985 toda a linha contava externamente com nova grade, nas mesmas cores da carroceria, com frisos horizontais e novo grupo óptico dianteiro.

A nova frente era inclinada . Para o Corcel, que não tina mais o II no nome, o desenho e alguns instrumentos do painel e o volante eram iguais ao do irmão mais luxuoso Del Rey. Com isso o acabamento geral melhorou muito.

No final de 1986 nascia a Autolatina. Era um acordo de cooperação tecnológica entre a Ford e a Volkswagen. Esta holding começou a operar em julho de 1987 e passou a agrupar as atividades automotivas e financeiras das duas fábricas no Brasil e na vizinha Argentina. Este acordo beneficiou muito mais o grupo alemão do que a Ford. A concorrência estava mais acirrada. O Passat envelhecia, o pequeno Dodge não era mais produzido mas o Chevrolet Monza era mais moderno e potente. Com o Corcel deixou as linhas de montagem em 1987. Marcou pelo conforto, acabamento e mecânica de qualidade confirmada. Foram 1,4 milhão de modelos produzidos. Sem dúvida nenhuma, um dos maiores sucessos da nossa indústria de automóveis

Em 1987 foi lançada a Pampa com o acabamento luxuoso Ghia. Tinha um nível de conforto que as outras picapes concorrentes não tinham.

Tinha o luxo do Del Rey na versão Ghia e a praticidade de caminhonete de pequenas cargas. Atendia a um público seleto que queria este tipo de veículo com luxo. O destaque ficava por conta dos freios, do painel completo já conhecido, do bagageiro e o acabamento de primeira para um veículo de carga. Neste mesmo ano o Del Rey Ghia aparecia com opção de câmbio eletrônico.

Com este, o motor não perdia rotações na troca de marchas se comparado com a versão de cambio manual. O desempenho geral era o mesmo. Em termos de manutenção o óleo do câmbio não precisava ser trocado, apenas completado.

A perua continuava sendo produzida e passou a se chamar Del Rey Belina. Houve outra vez alterações com melhorias no acabamento, destacando o painel e o porta-malas.

Para 1990 a Belina contava com o bom, robusto e potente motor AP-1800 da VW que derivava do já conhecido AP-600 que equipava todos os tração dianteira da linha Volks.

Com este motor mais possante tornou-se mais ágil. Ganhou em aceleração e velocidade máxima. Dois quesitos que sempre, durante toda sua existência faltou a linha Corcel. Não que o motor originário da Renault fosse ruim. Pelo contrário, era robusto, econômico e de manutenção simples. Mas sempre inadequado ao peso do carro e já um tanto envelhecido. O consumo continuou bom com a nova alma. O automóvel continuava muito confortável e silencioso. Na versão Ghia era equipada com direção hidráulica, ar condicionado, vidro, portas e retrovisores com acionamento elétrico. O painel ainda como grande destaque, bem aparelhado e bonito. Sua produção foi encerrada em 1991. Deixou saudades aos fiéis por ser um automóvel confortável na cidade e na estrada, econômico, durabilidade a qualquer prova e de ótimo acabamento. Neste mesmo ano chegara também a hora da aposentadoria, com protestos, do Del Rey. Foi um dos carros de luxo mais vendidos no país. Sempre se destacou pela mecânica confiável e o excelente acabamento. O luxo e o conforto nunca faltaram nele. O ultimo remanescente da famosa linha, a Pampa chegaria ao fim em 1996. Foi fabricada nas versões L e GL. Como versões especiais teve a Ghia e a S 1.8 de 1991. Sempre foi líder de vendas em seu segmento.

Especiais

A concessionária SR, Souza Ramos de São Paulo, fez um conversível a partir do Del Rey duas portas. Usava capota de lona e tinha outros acessórios que lhe garantiam certa personalidade e exclusividade. E também um limousine Del Rey de alto luxo. Era 40 centímetros mais longa, alguns tinha bar, TV… Os para-choques originais foram substituídos por outros maiores em plástico reforçado com fibra de vidro. Os frisos laterais originais também foram alterados. Havia peças de plástico nas laterais com friso vermelho, igual ao para-choque que acompanham o desenho dos para-choques.

Na frente quatro faróis retangulares e grade preta diferenciada. Este foi o Del Rey Executivo.

Obs.: Carrozzeria Ghia SpA é um famoso e conceituado estúdio de design de automóveis italiano


Texto, fotos e montagem Francis Castaings.

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